Discurso durante a Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Apoio ao Deputado Michel Temer para a presidência do PMDB.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Apoio ao Deputado Michel Temer para a presidência do PMDB.
Publicação
Publicação no DSF de 13/02/2007 - Página 1851
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • HOMENAGEM, RAMEZ TEBET, EX SENADOR, ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), PROXIMIDADE, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, PARTIDO POLITICO, MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (MDB), PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), REGISTRO, MEMORIA NACIONAL, LUTA, DEFESA, DEMOCRACIA, IMPORTANCIA, REFORÇO, COMBATE, CORRUPÇÃO, ATUALIDADE.
  • DENUNCIA, INCOMPETENCIA, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), GRAVIDADE, DIVIDA PUBLICA, ESTADO DO PIAUI (PI), ATRASO, PAGAMENTO, SERVIDOR, ANUNCIO, GREVE.
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, MICHEL TEMER, PRESIDENTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), RESISTENCIA, CRISE, POLITICA NACIONAL, CRITICA, ORADOR, INTERFERENCIA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, POLITICA PARTIDARIA.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador César Borges que preside esta sessão, Senadoras e Senadores, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado.

Senadora Marisa Serrano, só não compreendi aquela história dos 40 anos, pois V. Exª parece que tem 25.

Mas um bem nunca vem só. Isso é Pe. Antônio Vieira, Senador Geraldo Mesquita. A presença da Senadora Marisa Serrano traz também a presença de Ramez Tebet. Hoje, Mato Grosso o homenageia, ele sendo o patrono do edifício do Tribunal Regional do Trabalho.

Senador César Borges, quando eu governava o Piauí - e nós, traduzindo a admiração do povo do Piauí a V. Exª, que foi um dos homens mais importantes do Nordeste, pois industrializou aquela região, levou o Nordeste à forra -, nós entregamos, quando se comemorava o dia da Batalha de Genipapo - e os irmãos baianos também fizeram uma semelhante depois pela liberdade, pelo afastamento dos portugueses da pátria -, a comenda maior do Estado, a Grã-Cruz Renascença. E o fizemos a Ramez Tebet.

Senador Gilvam Borges, este final de semana irei ao Piauí buscar as fotos que tirei com Ramez Tebet para ampliá-las e colocá-las no meu gabinete de trabalho.

Senador Geraldo Mesquita e Gilvam Borges, isso vem muito... Deus escreve certo por linhas tortas, e isto tudo é o MDB que falei: Ramez Tebet. O PMDB tem muita história.

Senador Gilvam Borges, vamos fazer, no dia 24 de março, 41 anos. Que pena que não seja na Bahia. Quando fizemos 40, o ponto alto foi a história de um rebelde, 40 anos de PMDB, escrito por Tarcísio Delgado, aquele bravo mineiro que foi vereador, prefeito por 3 vezes, deputado estadual, secretário mais de uma vez e ninguém melhor do que ele combateu um bom combate na ditadura.

Senador Gilvam Borges, todos nós temos uma história muito longa. A minha é muito longa. Formei-me no Rio; acompanhei, acompanhava... Em 1970 já votava. Senador Geraldo Mesquita, na minha cidade, naquele período de dois anos, entramos na luta e conquistamos a maior prefeitura do Estado do Piauí, na minha cidade, contra a ditadura.

E isso foi antes de Ulysses. Ulysses foi em 1974. E Barbosa Lima Sobrinho representando a força jurídica, hoje aqui simbolizada pelo Geraldo Mesquita. Foi em 1974, ele e Barbosa Lima Sobrinho. Em 1978, foram buscar um militar, Euler Bentes, com Brossard, o gaúcho, e o MDB marcando sua história. E agora ele vai eleger.

Eu quero lhe dizer o seguinte, Senador César Borges. Gilvam Borges, olhe para cá. Eu conheço a história do PMDB, eu vivi, eu sofri. Este Partido me fez duas vezes Governador e Senador da República. Eu quero lhe dizer o seguinte, ilustre Presidente, eu gosto muito dos mortos do PMDB: Ulysses, encantado no fundo do mar. Recordai dois ensinamentos, Senador Geraldo Mesquita: “ouça a voz rouca das ruas” - isso é o PMDB -, mas o mais importante para o dia de hoje, brasileiros e brasileiras, “a corrupção é o cupim que corrói e destrói a democracia”.

Então, temos de estar em alerta, pois nunca vi tanto cupim no Governo que temos aí. Nunca dantes houve tanta corrupção! Eu sei a História do Brasil. Nunca, desde a chegada em Porto Seguro aos dias de hoje! Nunca dantes houve tanta corrupção! O Governo que está aí tem quatro pernas: uma delas é a corrupção, o desperdício, a sonegação.

No Piauí, sonegam tanto que está aqui o desastre do PT. V. Exª vai ver. Jorge Tavares é o mais honrado jornalista do Brasil, ele é o Carlos Castelo Branco, no seu espírito. Não sou discípulo do Kardec, mas parece.

Não vou ler tudo: “O Estado afunda em dívidas”. Isso é o PT. O Piauí hoje é a Bahia amanhã. A Bahia que o Senhor do Bonfim abençoou, da Irmã Dulce, e que V. Exªs governaram tão bem. Está aqui, nos melhores jornais. Em outro: “Médicos do Piauí podem parar geral depois do carnaval”. Quatro meses devendo os médicos. Só tem dinheiro para malandragem. Outro: “Médicos acusam o Governo do Piauí de dar calote”. Os empreiteiros, os seguranças.

Sei que todo o País está sensibilizado com o que aconteceu no Rio de Janeiro, mas, no Piauí cristão, tínhamos aquele ato de sentinela. Não temos mais, Senador Geraldo Mesquita. Morreu, enterra logo, porque, se fizer sentinela, tem arrastão. Esse é o Governo que estamos vivendo, esse é o Brasil da violência.

Eu comemorava porque o Piauí teve a primeira escola privada, uma bela coisa.

Ao mesmo tempo, era uma lástima ver que caíram as matrículas, aumentou o índice de reprovação e de abandono dos estudantes das escolas. Esse é o Brasil. Emprego? E os 10 milhões de empregos?

Houve um milagre: o Bolsa Família foi transformado em Bolsa Esmola. Fico com o Luiz Gonzaga, do sertão. O Luiz Gonzaga é nosso, Senador César Borges! A primeira vez que o vi foi em cima de um posto de gasolina Texaco. Naquele tempo, não havia essa parafernália de trio elétrico. Ele subia numa escada, punha uma lâmpada e pegava a sanfona. E ele cantava, Senador Geraldo Mesquita. Tomás de Aquino, filósofo cristão, dizia que “quem canta reza duas vezes”. Na Bíblia, Davi canta os Salmos. Luiz Gonzaga cantava: “Uma esmola pra um homem que é são/ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”(*). Nós queremos que o nosso homem busque no estudo a sabedoria, tenha o trabalho, porque o trabalho vem antes e faz a riqueza, como Rui Barbosa nos ensinou.

Esse PMDB vai eleger o seu Presidente. O Presidente Lula da Silva é um homem esperto, não chegaria a Presidente. Eu poderia errar um diagnóstico com olho clínico.

Mas, não, li o livro do Roberto Jefferson: o PT está contaminado mesmo, é muito micróbio, é pus, é necrose.

            Então, eles querem um Partido saneado, por Ulysses, por Tancredo Neves, por Teotônio, por Juscelino, cassado, bem aí, sofrido, por Ramez Tebet...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (César Borges. PFL - BA) - Senador Mão Santa, vou prorrogar a sessão por mais quinze minutos. V. Exª, em cinco minutos, irá concluir o seu pronunciamento, e os dez minutos restantes serão para o Senador Geraldo Mesquita.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Pois não, Senador César Borges, agradeço-o.

Entregar, ao que vejo, para uma pessoa que o Presidente Lula vai indicar para Presidente do PT. Como? Isso não é governabilidade; isso é falta de respeito aos Partidos e à história. Essa é a democracia representativa. O Partido é o povo, nós somos o povo.

Ó, Senador Geraldo Mesquita, sei que tem de haver isso. O PFL apoiou o Fernando Henrique Cardoso, mas não indicou o seu Presidente; o PSDB também apoiou, mas ele não indicou. Aí já é demais!

Quero lhe dizer o seguinte, Senador Gilvam Borges: conheço a história do PMDB. O Partido teve muitos presidentes, o que teve mais longo mandato foi Ulysses Guimarães. Foram muitos e muitos presidentes, e muitos eram íntimos, Senador César Borges: o Jarbas Vasconcelos, irmão do Nordeste; o Maguito foi Presidente, irmão, Senador, gente boa, viajei até para a Itália com ele e os filhos; Paes de Andrade; Quércia, a quem devo favor. Quando ele se candidatou a Presidente, eu me candidatei a Governador e ele me ajudou.

O resto o povo sabe. Tenho gratidão. Mas o melhor de todos foi esse Michel Temer. “Navegar é preciso; viver não é preciso”. Ele navegou. Olha, era tempestade, tormenta!

Senador Geraldo Mesquita, tivemos quatro candidatos a Presidente, todos muito bons: Anthony Garotinho, extraordinário, um garoto, radialista, repórter, uma encantadora mulher, ganharam as eleições duas vezes, entregaram-se ao povo em obras sociais; Rigotto, jovem; Itamar, Presidente “pai d’égua”! Ele ou Fernando Henrique, não sei qual - só fazendo o teste de DNA que iremos saber -, acabou com a inflação. Pedro Simon tentou ser presidente do Partido. Estávamos lá eu, Geraldo e outros. E Michel Temer, quanta dignidade, quanto respeito, quanto apoio! Não acredito que o Pedro Simon - e todos imaginamos -, porque ele encontrou o apoio e a solidariedade em Michel Temer. Ele navegou.

Valeu a pena. “Só não vale a luta quando a alma é pequena”. Ele navegou. E por que o PMDB está grande? Porque teve coragem. Olha, aprendi Direito, estou perto do saber do Senador Geraldo Mesquita, porque, em cada convenção, era liminar, era uma batalha jurídica. Eu acompanhei tudo. E Michel Temer ficou firme. Desceu às massas, houve participação! Não tem democracia sem participação.

Por isso, o PMDB deu... Foi o sacrifício e a coragem dele, que foi o comandante. Nenhum. Eu os conheço todos. Serenidade, equilíbrio e decência.

Então, entendo e fui. Quero terminar e, desse livro, só lerei uma frase de Ulysses Guimarães. Senador Geraldo Mesquita, o povo francês é importante: “Les Gaulois croyaient que les sources et les rivières, la montagne d’Alsace étaient des Dieux qui pouvaient faire de bien et de mal” (Júlio César). A França da liberdade, da igualdade e da fraternidade. Depois, passou. A democracia é difícil mesmo. Lá rolou cabeça. Aqui, não. Foi uma ditadura de Vargas. Eduardo Gomes surgiu e disse: “Atentai bem. A eterna vigilância é o preço da liberdade e da democracia”. Temos de estar vigilantes.

Quanto a esse PMDB no colo de Lula, ele viu que o PT está estragado. O PMDB será o super Chávez, e não foi para isso a luta, as mortes, a cassação. O PMDB não é de Lula. Ele é do povo, da Pátria, da democracia. Aqui estamos, Senador Geraldo Mesquita. Aqui mesmo, no Senado, somos uma minoria. Mas, qualitativamente, existimos e temos essa consciência.

Terminarei minhas palavras. E para todo o PMDB, que vergonha!

Atentai bem! Ulysses beijou a Constituição cidadã e disse: “Desobedecê-la é rasgar a bandeira”. Eu vi.

Há aqueles que confessam que fraudaram a Constituição. V. Exª, que é jurista, Senador Geraldo Mesquita, desobedecer dá cadeia, fraudar, mesmo que seja réu confesso, não minimiza. Essa é a diferença!

Napoleão, o francês, disse... Francês é tímido, preguiçoso até. Às vezes, tem até preguiça de tomar banho, mas, com um grande comandante, ele vale por cem e por mil.

E nós estamos fazendo esse Partido grandioso, esse Partido que é da Pátria, do povo e da democracia. E aquele que nos guiou, que está encantado no fundo do mar, e que colocou 1,5 milhão de brasileiros nas ruas pelas Diretas Já, disse: “A Frente Democrática Nacional percorrerá com os pés do povo a geografia do Brasil. Em São Paulo, clarinou o toque de reunir, avançar e vencer, sob o comando do lema imortal ‘Unidos, venceremos’”.

O nosso comandante é Michel Temer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/02/2007 - Página 1851