Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Protesto contra paralisação da maternidade do Hospital da Universidade de Brasília (HUB).

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA. SAUDE.:
  • Protesto contra paralisação da maternidade do Hospital da Universidade de Brasília (HUB).
Publicação
Publicação no DSF de 14/02/2007 - Página 1935
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA. SAUDE.
Indexação
  • GRAVIDADE, CRIME, FALTA, SEGURANÇA PUBLICA, PAIS, COMENTARIO, PESQUISA, AVALIAÇÃO, EDUCAÇÃO, REDUÇÃO, MATRICULA, AUMENTO, REPROVAÇÃO POR AVALIAÇÃO, DESISTENCIA, PREJUIZO, CIDADANIA.
  • COMENTARIO, NOTICIARIO, JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), FECHAMENTO, MATERNIDADE, HOSPITAL ESCOLA, UNIVERSIDADE DE BRASILIA (UNB), SOLICITAÇÃO, GOVERNO, SOLUÇÃO, PROBLEMA, ATENDIMENTO, POPULAÇÃO CARENTE, CONTRATAÇÃO, MEDICO, ESPECIALISTA, REAJUSTE, SALARIO, CONTINUAÇÃO, RESIDENCIA MEDICA.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Efraim Morais, que preside esta sessão, Srªs. e Srs. Senadores, brasileiros e brasileiras aqui presentes e que nos acompanham pelo sistema de comunicação do Senado Federal;Senador José Agripino, esse negócio de PAC está caindo de forma tal que não sei mais o que seja PAC. Romeu Tuma disse que a sigla deveria ser Programa Anticrime. Papaléo, seria mesmo mais oportuno: Programa Anticrime.

Senador José Agripino, V. Exª lidera bem essa Oposição, que tem de existir. Entendam que governo é algo velho; qualquer tribo de índio tinha governo. Oposição é que é evolução da civilização. Foi a Oposição que fez Rui Barbosa estar ali. Em 32 anos de Senado, Rui Barbosa foi Governo. Na Proclamação da República, Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto quiseram incluir outro militar, e ele disse: estou fora. Ofereceram-lhe novamente o Ministério da Fazenda, Geraldo Mesquita, e Rui disse: “não troco a trouxa de minhas convicções por um ministério” Quão atual! E ele foi Oposição. Hoje, José Agripino simboliza essa coragem de Rui Barbosa.

José Agripino, quero estimulá-lo. Não votei por circunstância partidária. Abraham Lincoln viveu um fato semelhante. Ele foi candidato a Vice-Presidente da República, e os colégios eleitorais chegaram a negociar votos com ele, em dinheiro. Ele ganharia a vaga de Vice-Presidente. Abraham Lincoln, candidato a Vice-Presidente da República, respondeu: olha, eu não tenho esse dinheiro e, se tivesse, não o usaria para isso; é contra meus princípios. Quatro anos depois, José Agripino, Abraham Lincoln ganha a convenção para Presidente, e o povo o consagrou. Só não lhe desejo a bala que deram a Abraham Lincoln.

Atentai bem, Papaléo, que vergonha! Senador Cafeteira: fé, esperança e caridade. PAC para mim, Geraldo Mesquita, é “programa de acaba cidadania”. Acabou a cidadania.

A violência está aí. Segurança é o mínimo que um governo tem de oferecer a seu povo, segurança à vida, à liberdade e à propriedade - Norberto Bobbio. Depois, a educação.

Senador Renan, V. Exª, muito atarefado e ocupado dirigindo bem esta Casa, talvez não tenha tido oportunidade de ver as últimas pesquisas sobre a educação no País. A escola privada que ocupa o primeiro lugar é do Piauí. Que beleza! E que vergonha, Papaléo, pois caiu no Brasil o número de matrículas, aumentou a reprovação, aumentou a evasão, aumentou a ignorância. Educação e saúde, Papaléo, devem ser prioridade.

Os meus amigos Almeida Lima e Garibaldi Alves pediram para usar a palavra, mas não cedi porque ainda tenha algo muito importante a dizer. É que estudantes e professores da universidade, por eu ser médico, me trouxeram aqui uma denúncia. Olha a vergonha: PAC, programa acaba a cidadania. Renan, mães e bebês sem atendimento em Brasília, na maternidade da Universidade de Brasília. Justamente em Brasília, a ilha da fantasia. Lá no meu Piauí, há um hospital universitário que está há trinta anos em construção. Juscelino Kubitschek fez esta Brasília em três anos e seis meses, e o hospital universitário do Piauí não funciona. Brasília, PAC, programa acaba a cidadania: mães pobres não têm mais o direito de parir em Brasília. É o que noticia o Correio Braziliense.

Eu queria pedir ao Tião Viana, homem de muita responsabilidade e sensibilidade, para resolver esse problema da maternidade da Universidade de Brasília. A Organização Mundial de Saúde - o Papaléo está ali e sabe disso - determina que toda maternidade tem de ter um neonatologista, um médico de criancinha recém-nascida.

Geraldo Mesquita, fiz muitos partos, muitas cesarianas, milhares delas, Efraim, mas de menino pequenininho eu não sabia. Aquilo é para especialista. Há uma determinação, Garibaldi, de que todas as maternidades tenham neonatologistas. E por que a maternidade da Universidade de Brasília não tem?

Ô Lula, bota para funcionar o que foi feito, o que existiu, o que construímos. Uma maternidade fechada? Isso é um desrespeito! É um programa para acabar com a cidadania.

Renan, V. Exª vai dizer: “O Mão Santa tem razão”. Eu nunca pedi nada, mas, pelas mães, tenho de interceder. Padre Antonio Vieira, Renan, diz que todo bem é acompanhado de outro bem. E eu digo, Romeu Tuma, que todo mal é acompanhado de outro mal.

A maternidade não tem, está fechada. Por quê? Os neonatologistas ganhavam R$1,2 mil. Que vergonha! Nós discutirmos salário! Nós temos de resolver o deles, que é de R$ 1,2 mil. Tratar de criancinhas é difícil. Eu puxei muita criança pelos pés, fazendo cesárea, Efraim, e sei que R$1,2 mil é pouco.

Há concursos para outros hospitais onde se paga R$3 mil. Havia vinte, e são precisos vinte neonatologistas para fazer funcionar a maternidade. Romeu Tuma, eles ganhavam pouco e, para subsistir, saíram: dos vinte colegas nossos neonatologistas que havia, Papaléo, só ficaram oito. Então, não dá para cobrir, fecha-se a maternidade.

O mal nunca vem só, Tasso Jereissati. Vocês não têm problema, o Congresso paga, os planos de saúde pagam, as contas bancárias pagam; o pobre é que é assistido e atendido nos hospitais públicos.

Uma desgraça, Geraldo Mesquita, nunca vem só: os estudantes universitários que lá faziam internato não estão fazendo e muitos deles, Papaléo, buscam, além do sacrifício da ciência médica, que são seis anos, uma residência médica, que dura de dois a cinco anos. Eles fazem a prova e têm de estar no dia 1º de janeiro assumindo suas residências médicas, Renan.

Renan, os estudantes estão parados. Eles vão perder as residências médicas em que se inscreveram, para as quais fizeram concurso, porque eles têm data marcada para iniciar.

A debilidade do Governo, a incompetência do Governo que aí está tem quatro pernas. O Governo é sustentado, Aloizio Mercadante, por uma perna da corrupção, por uma perna do desperdício, outra da sonegação e outra da incompetência. Isso prejudica a mocidade.

Os jovens que estão no internato, se isso não funciona, não vão perder apenas dias: vão perder suas residências médicas, que têm data marcada para começar. Se eles prorrogarem o curso, eles perdem - eles, que sacrificam a sua mocidade buscando ciência para, com consciência, servir à nossa gente.

O nosso PMDB está empenhado em conseguir essas coisas, não lugares.

Faço este apelo e tenho feito outros. Há meses encontrei o apoio de Tião Viana, homem de muita sensibilidade e conhecimento, professor universitário que ajudou a solucionar o problema dos médicos residentes que passaram quase seis meses em greve.

Essas são as nossas palavras.

Quis Deus estar presente o Presidente Renan, homem de grande sensibilidade. E não só de grande sensibilidade, mas também de grande capacidade para resolver os problemas.

Esse é o pleito da mocidade estudiosa, das gestantes que não têm dinheiro e que querem fazer nascer suas crianças na maternidade da Universidade de Brasília.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/02/2007 - Página 1935