Discurso durante a 19ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Justifica encaminhamento de voto de lembrança pelos 6 anos do falecimento de Mário Covas.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Justifica encaminhamento de voto de lembrança pelos 6 anos do falecimento de Mário Covas.
Publicação
Publicação no DSF de 07/03/2007 - Página 4100
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, MARIO COVAS, EX GOVERNADOR, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), EX-DEPUTADO, EX SENADOR, ELOGIO, BIOGRAFIA, VIDA PUBLICA, EMPENHO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, LIDER, PARTIDO POLITICO, MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (MDB), PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB).

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, V. Exª tem razão, basicamente, no início da sua fala. Mário Covas é tão relevante que o ideal seria mesmo que todos os Senadores presentes prestassem o tributo que ele merece. O resto todo é menor. As medidas provisórias do Presidente Lula são absolutamente insignificantes diante da figura magna do Governador Mário Covas.

Por iniciativa do Senador Marconi Perillo, com a minha assinatura e a assinatura de quase todos os Senadores tucanos aqui presentes - V. Exª terá o prazer de assinar, tenho certeza disso, e também todos os Senadores do País - estamos requerendo o voto de lembrança ao ensejo do 6º aniversário de falecimento de Mário Covas.

Eu aqui não poderia deixar de relembrar algumas passagens de Mário Covas. Ele foi o Líder indomável do MDB no episódio em que a Câmara negou - e aí quero ressaltar também e lembrar a bravura de Djalma Marinho - o pedido que a ditadura fazia para se cassar o mandato do Deputado Márcio Moreira Alves. Mário Covas era o tribuno que virava o jogo. Uma tese minoritária, pela sua voz, virava majoritária no transcorrer de uma acalorada sessão de debates na Comissão de Justiça, no plenário ou nas reuniões do PSDB; o Governador da moralidade, o Prefeito notável de São Paulo, o Senador insigne que estudava para valer, estudava para valer, as teses que chegavam às suas mãos para relatar ou que amanhã merecessem a sua opinião.

Mário Covas era um querido amigo, figura extremamente sensível, sob a capa de uma forma rude de ser que não expressava o seu coração. Ele era sincero, mas dizia as coisas face a face, mas era extremamente meigo. Terno. E se preocupava com as pessoas de maneira fundamental.

Certa vez, eu expus a ele determinado problema que eu vivia, e ele foi extremamente correto e cordial, veio de São Paulo para me ouvir. Eu não acreditava. Eu sabia que ele estava lá, pois os companheiros me diziam. José Aníbal me disse “O Mário está te esperando na Liderança do Senado”. Eu era Deputado à época. Não, ele não falou isso, mas “O Mário está na Liderança do Senado.” Ele não disse, Senador Jefferson, que estava me esperando, disse que estava na Liderança do Senado. Eu não imaginei que fosse por minha causa. Então, eu fiquei no debate em que estava na Câmara.

Daqui a pouco, vem o quinto e me diz: “Olha, o Mário está na Liderança do Senado”. Daqui a pouco, recebo um aviso já malcriado: “Poxa, venho de São Paulo para vê-lo e você não vem falar comigo!” Lá, ele me deu uma porção de aconselhamentos sábios.

Ao fim e ao cabo, eu disse a ele: “Mário, você vai terminar Presidente da República”. Ele disse: “Arthur, eu não sei se eu tenho o conjunto de qualidades e de defeitos que fazem de alguém Presidente da República neste País”. Eu não digo isso pejorando nem Juscelino nem Fernando nem qualquer pessoa que tenha, com honra, com decência e com construtividade, sido Presidente da República. Ele disse apenas que ele, Mário, não reunia o conjunto de qualidades e de defeitos - e eu digo que talvez ele não reunisse o conjunto de defeitos, porque as qualidades, ele as tinha de maneira sobeja - para exercer a Presidência da República.

Há outro episódio que, antes de encerrar, devo lembrar. Houve uma exacerbação de ânimos - evidenciando que a oposição que fazemos hoje, embora às vezes acalorada, é tão mais nobre e tão mais generosa com o País - a ponto de, no Governo passado, ter-se suspendido uma sessão de homenagem a Mário Covas que haveria aqui no Senado Federal, porque ela viraria um tumulto enorme promovido por adversários do Governo passado, aproveitando o ensejo da mobilização que se faria e da presença de autoridades para homenagear Mário Covas. Considero que foi um equívoco do Governo do qual fui Líder ter consentido com a suspensão daquela sessão. Eu teria exposto mal-educado quem era mal-educado e teria exposto generoso quem era generoso. Muito bem. Depois de muito tempo, decidimos que iríamos, num grupo de pessoas, até Dona Lila para comunicar a ela que não havia sessão. Depois de mais algum tempo, escolheram que eu deveria subir para dizer a Dona Lila que não haveria sessão.

Eu me senti como se eu fosse gado indo para o matadouro. Chegando lá, resolvi ir direto ao assunto. Ouvi dela coisas muito duras, mas não eram comigo. No final, ela disse assim: “Arthur, entendo você, porque era o mesmo papel que sempre coube ao Mário”.

Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/03/2007 - Página 4100