Discurso durante a 30ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação sobre a manutenção da obstrução da pauta do Senado Federal.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA FISCAL.:
  • Manifestação sobre a manutenção da obstrução da pauta do Senado Federal.
Publicação
Publicação no DSF de 21/03/2007 - Página 5950
Assunto
Outros > POLITICA FISCAL.
Indexação
  • ANUNCIO, OBSTRUÇÃO PARLAMENTAR, IMPASSE, VOTAÇÃO, SENADO, MOTIVO, DESRESPEITO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, VETO PARCIAL, LEGISLAÇÃO, UNIFICAÇÃO, RECEITA FEDERAL, PREVIDENCIA SOCIAL, PRESERVAÇÃO, PODER, MULTA, AUTUAÇÃO, PESSOA JURIDICA, PRESTAÇÃO DE SERVIÇO, REMESSA, CONGRESSO NACIONAL, PROJETO DE LEI, REGULAMENTAÇÃO, FISCALIZAÇÃO, LEITURA, TRECHO, DECLARAÇÃO, ESPECIALISTA, EDITORIAL, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), EXPECTATIVA, DERRUBADA, VETO (VET).
  • APRESENTAÇÃO, SUGESTÃO, AGILIZAÇÃO, APRECIAÇÃO, VETO (VET), CONSULTA, LIDER, PARTIDO POLITICO, SITUAÇÃO, POLEMICA, URGENCIA, ESPECIFICAÇÃO, PROJETO, SUPERINTENDENCIA DO DESENVOLVIMENTO DA AMAZONIA (SUDAM), SUPERINTENDENCIA DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE (SUDENE), NECESSIDADE, VALORIZAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, COMBATE, AUTORITARISMO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, cumpre-me comunicar à Casa - e disto já é ciente o ilustre Presidente Renan Calheiros - que temos todas as razões para, infelizmente, vermos perdurar o impasse que tem impedido as votações da Casa. Hoje, tampouco, há condições para se votar qualquer matéria, porque o Presidente, em ato de total desrespeito à vontade do Poder Legislativo, decidiu votar, no último dia 16, a Emenda nº 3, que criou a chamada Super-Receita. Desrespeitou também o posicionamento de mais de 40 entidades que já se haviam manifestado favoráveis ao texto da Emenda.

Com o veto, publicado no Diário Oficial de ontem, dia 19, o Governo manteve nas mãos da Receita Federal o poder de autuar e multar prestadores de serviço que se organizam como pessoas jurídicas, tirando uma responsabilidade que seria dos fiscais do trabalho.

            E mais: segundo o entendimento do ex-Secretário da Receita, Everardo Maciel, e do Advogado Ives Gandra Martins, ao vetar a Emenda e enviar um novo projeto ao Congresso, o Governo reconhece que não havia lei que amparasse os atos da fiscalização; por conseqüência, todas as multas aplicadas até agora seriam ilegais - isso é a maior gravidade.

Enfim, diz o editorial da Folha de S.Paulo de ontem, 19 de março:

Como se temia, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva sucumbiu a pressões sindicais e arrecadatórias e vetou a chamada emenda três (...). Lula, porém, não só deu as costas à reforma necessária como agora tenta sabotar um dos poucos meios modernos de gestão de recursos humanos que puderem surgir. Ao Congresso, resta derrubar o veto presidencial.

Portanto, em função da decisão equivocada do Presidente, continuaremos em obstrução nesta semana e não votaremos qualquer item da pauta desta Casa até que chegue ao nosso conhecimento o teor do projeto do Executivo e até que seja convocada uma sessão do Congresso Nacional para a apreciação do veto. Caso tenhamos de apreciá-lo, buscaremos derrubá-lo. Com isso, buscaremos manter a proteção dos contratos de prestação de serviços, da fiscalização abusiva.

Devo dizer a V. Exª, Sr. Presidente Alvaro Dias, que não é com prazer que anuncio que a Oposição se mantém em obstrução. Não é com prazer. Eu gostaria muito de ver votadas as medidas provisórias que obstaculizam a votação de matérias fundamentais de autoria das Srªs e dos Srªs Senadores. Eu mesmo tenho uma PEC que está quase em ponto de bala para ser apreciada, uma PEC que mantém os recursos do Pasep nas mãos dos Estados e Municípios. Da mesma forma, outras matérias de peso, igualmente, estão paradas nesta Casa. Mas não podemos, de forma alguma, suspender a obstrução, enquanto o Presidente da República não nos der a conhecer o teor do projeto, para vermos se esse projeto bate ou não com os anseios da Nação. E já sou sabedor - e anuncio isto com alegria - de que o Presidente Renan Calheiros quer discutir conosco, com os Líderes desta Casa, a forma de se colocarem em votação os vetos. Ele não discute se vai ou não colocar os vetos, mas, sim, como e quando eles seriam colocados em votação.

Eu até fiz a S. Exª o Presidente Renan Calheiros uma sugestão: há vetos muitos antigos, que devem ser mantidos, e a Oposição ajudaria a mantê-los. Faríamos uma lista imensa e votaríamos aquelas matérias rapidamente. Há vetos polêmicos, e eu pedi ao Presidente Renan que os enviasse para os Líderes partidários das duas Casas, para que eles opinassem, para vermos onde ficaria a zona cinzenta, a zona de dúvida.

E há alguns vetos que precisam ser colocados em votação imediatamente. Por exemplo, o da Sudam, o da Sudene, que inviabilizam todo o esforço que fizemos para dotar o Nordeste e o Norte de instrumentos de desenvolvimento à altura do que se pode esperar com a recriação da nova Sudam e da nova Sudene precisamente, ao mesmo tempo em que a Nação não aceitaria que não apreciássemos o veto à Emendanº 3 da Super-Receita.

É preciso saber logo o que pensa a maioria do Congresso a esse respeito. Se não apreciarmos os vetos, o Congresso se diminui, e o Presidente da República - seja Lula; seja Fernando Henrique, no passado; seja Collor, mais atrás; seja Sarney, seja Itamar - fica com poderes ditatoriais, porque, com uma canetada, ele anula o que o Congresso faz e, depois, não tem a sua decisão apreciada. Essa situação fica cômoda demais para os Presidentes da República e fica ruim demais para a imagem e para a soberania do Congresso Nacional.

É nesse sentido que tenho, com absoluta tristeza, de anunciar que a Oposição se mantém em obstrução, porque continua a pendência em torno da Emenda 3 da Super-Receita, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/03/2007 - Página 5950