Discurso durante a 32ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Transcurso hoje do Dia Internacional de Solidariedade aos Portadores da Síndrome de Down. (como Líder)

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIAL.:
  • Transcurso hoje do Dia Internacional de Solidariedade aos Portadores da Síndrome de Down. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 22/03/2007 - Página 6371
Assunto
Outros > POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, SESSÃO ESPECIAL, COMISSÃO, DEFESA, DIREITOS HUMANOS, COMISSÃO DE ASSUNTOS SOCIAIS (CAS), COMEMORAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, SOLIDARIEDADE, PESSOA PORTADORA DE DEFICIENCIA, ELOGIO, EMPENHO, PATRICIA SABOYA, SENADOR, LUTA, AUMENTO, PERIODO, ALEITAMENTO MATERNO, TRABALHADOR.
  • IMPORTANCIA, CONSCIENTIZAÇÃO, POPULAÇÃO, REDUÇÃO, DISCRIMINAÇÃO, CIDADÃO, DIFERENÇA, COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ANALISE, EFICACIA, INTEGRAÇÃO, PESSOA PORTADORA DE DEFICIENCIA, SOCIEDADE, AUMENTO, EXPECTATIVA, VIDA, DEFICIENTE FISICO, DEFICIENTE MENTAL.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, presenciei hoje uma cena extremamente comovente na Sessão Especial da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana e na Comissão de Assuntos Sociais, ambas desta Casa, a propósito do Dia Internacional de Solidariedade aos Portadores da Síndrome de Down.

            Tenho aqui, Senador Flávio Arns, um livro que encontrei por acaso, pertence à Senadora Patrícia Saboya Gomes, mas não resisti à tentação de folheá-lo. A escritora se chama Maria Carolina Coelho Vergara Balesteros, portadora de Síndrome de Down, campeã de hipismo, artista de rara sensibilidade, mexendo com cerâmica. Um currículo esportivo belíssimo. Assim como a Tatiana, atriz, que cuida de um salão de beleza nas suas horas mais cotidianas; assim como a filha do artilheiro Romário, que o Presidente Renan Calheiros, num momento de rara felicidade, disse que foi o gol mais bonito da vida dele.

            Uma figura que prezo profundamente, Senador Eduardo Suplicy, que não pôde vir porque tinha realmente compromissos - o convite que fiz a ele foi muito em cima, ele tinha compromissos de entrevistas, de palestras no dia de hoje em São Paulo - é o campeão de judô Breno Viola, que, na Inglaterra, levantou um título, enfrentado atletas não portadores de Síndrome de Down. Ele trabalha como atleta de alto rendimento, faz musculação, treina horas e horas seguidas, tem muita vontade de participar um dia de uma competição em nível de Pan-americano, em nível olímpico. Mas o fato é que, se nós juntarmos a isso a sensibilidade do projeto da Senadora Patrícia Saboya dos 6 meses de direito ao aleitamento, depois de discutirmos na Comissão de Direitos Humanos, hoje pela manhã, aspectos econômicos para se mostrar que havia economicidade ali também, além da clara sensibilidade social.

            Fiquei feliz com tudo isso porque percebo, Senador Inácio Arruda, que está havendo uma tomada de consciência no País e o preconceito está sendo vencido, derrotado, a ponto de uma colega ter me perguntado, uma vez que fiquei comovido com a sessão, se eu havia ficado triste. Não, eu fiquei alegre, feliz, comovido de felicidade.

            Li outro dia aquela matéria da revista Veja. Nessa matéria, Senador Paulo Duque, a revista Veja coloca um bom problema para ser resolvido pelo Estado brasileiro, pela sociedade brasileira: é o fato de que antes os pais tinham a tristeza - e eu dizia isso ainda há pouco ao Senador Arns - e, de certa forma, o conforto de saber que a regra geral era eles darem assistência a seus filhos portadores de Down até o final da vida de seus filhos, porque, na maioria esmagadora dos casos, os pais sobreviviam aos filhos. Hoje não. Hoje com a integração à sociedade cada vez mais forte, mais expressiva dos portadores de Down, nós encontramos muitos deles com setenta e tantos anos com saúde e querendo chegar aos oitenta e passar dos oitenta. E, portanto, sobrevivendo aos seus pais. E, portanto, gerando um bom problema que precisa de uma resposta muito clara do Estado brasileiro e da sociedade nacional: como fazer para que, sobrevivendo aos seus pais, não fiquem relegados ao abandono. Daí, Sr. Presidente, a necessidade de nós os prepararmos, lhes darmos as oportunidades adequadas para que se preparem para a vida, para que se preparem para viverem sós, viverem independentes.

            Isto aqui é obra de uma artista, que tem um livro publicado, que mexe muito bem com cerâmica, Senador Sibá Machado. Campeã de hipismo. É capaz de fazer absolutamente tudo, ela faz tudo. Eu vi aquela sessão de hoje operar milagres. Eu estava ao lado do Senador Flexa Ribeiro e desse grande ator, desse grande amigo dos portadores de Down que é o ator Marcos Frota, que é como eu flamenguista doente. E eu disse para o Marcos: Marcos, isso aqui está nos fazendo aplaudir vascaíno! Nós aplaudimos de pé o Romário...

            O Sr. Inácio Arruda (PCdoB - CE) - Que jogou muito tempo no Flamengo.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - ...que jogou muito tempo no Flamengo. E mais: a única coisa que peço dele, depois de passar a admirá-lo, até pelo gesto corajoso de ajudar com sua popularidade que se enfrente o preconceito, é cobrar dele que faça o milésimo gol antes ou depois do jogo com o Flamengo. Não precisa fazer durante!

            O Sr. Inácio Arruda (PCdoB - CE) - Isso já está resolvido.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Isso já está resolvido e a defesa é boa, enfim.

            Mas foi um dia muito bonito, foi um dia muito bonito, algo que serviu para unir o Congresso como um todo, algo que mostrou a sensibilidade social desta Casa e que nos deu a certeza de que nos temos, nas pessoas portadoras de Down, diferenças delas para outras pessoas, mas não temos deficiências delas, a não ser quando seus casos são por demais severos. São diferentes, não são inferiores. E são capazes de construir tudo na arte, tudo no esporte, tudo na vida, se houver sensibilidade e vontade política dos governos e muita conscientização por parte da sociedade no sentido de dar-lhes as oportunidades que precisam para ser felizes, cada uma delas individualmente e todas no coletivo, ajudando a transformar a sociedade brasileira em uma sociedade mais justa.

            Quero parabenizar a Senadora Patrícia Saboya Gomes, o Senador Paulo Paim, o Presidente Renan Calheiros e a Casa como um todo. Nossa Casa viveu um momento de gala, porque, unida, disse “não” ao preconceito e disse “sim”, de maneira muito valorosa, à vida.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/03/2007 - Página 6371