Discurso durante a 33ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Reflexão sobre a falta de garantia, por parte do governo, de dar acesso aos brasileiros à educação, saúde e segurança.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Reflexão sobre a falta de garantia, por parte do governo, de dar acesso aos brasileiros à educação, saúde e segurança.
Publicação
Publicação no DSF de 23/03/2007 - Página 6484
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), FALTA, EMPENHO, INVESTIMENTO, SAUDE, EDUCAÇÃO, SEGURANÇA PUBLICA, BALANÇO, PRECARIEDADE, SITUAÇÃO, SAUDE PUBLICA, BRASIL, REPUDIO, AUMENTO, INDICE, DESEMPREGO.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Neuto de Conto, Senadoras e Senadores, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, Cristo, quando falava, dizia, ó Roriz: “Em verdade, em verdade, Eu vos digo...”. E um filósofo, Senador Cristovam Buarque, ensinou que quem tem bastante luz própria não precisa apagar ou diminuir a luz dos outros.

A este Governo está faltando essa luz própria. Olhem, não sou do PSDB, não votei em Fernando Henrique Cardoso, mas ele cumpriu a sua missão. Ele é um estadista. Quero dizer que ninguém vai apagar o monstro que era a inflação. Mas inventaram uma metodologia para o Canto do Rio - Canto do Rio é aquele time que sempre perde, como o Brasil, que está sempre perdendo no campeonato da riqueza mundial; só ganha porque tem o Haiti -, e aí, Presidente Neuto de Conto, inventaram uma metodologia para dizer: “Ganhamos de Fernando Henrique Cardoso”. Isso é ridículo! A História é a História. Ninguém pode comparar.

Eu governei o Piauí recentemente, mas não posso comparar os dados com os do muito mais iluminado do que eu: Petrônio Portella. Não posso porque, evidentemente, criei 78 novas cidades - as circunstâncias eram outras; era necessário -, criei 400 faculdades... Petrônio Portella não criou isso, mas criou a universidade, que me possibilitou andar, visar. Freitas Neto começou esse projeto de expansão, de transformação. Falar agora em metodologia para que um Mantega, Mantega derretida, diga: “Ganhamos de Fernando Henrique Cardoso!”. Ó Mantega, pare com essa conversa ridícula!

A verdade é que a educação, a saúde e a segurança são o verdadeiro tripé do povo, que é a Pátria. Sem segurança, Norberto Bobbio já disse, é zero o governo.

Educação. Está aí Cristovam Buarque, que levou ontem... Educação e saúde ainda estão longe do ideal. O Presidente diz que a saúde está boa aqui. Saúde! Só se for para nós, para quem o Senado paga; para nós, que temos dinheiro; para quem tem plano de saúde. Para os pobres? Eu passei no Rio, no Miguel Couto, à noite, Roriz, e pensei que era uma revolução. O povo brigando, chorando para ser atendido. É, Sr. Sérgio Cabral, passei no Rio e tomei um choque. O que era aquilo? Será que foi tiroteio? Era não! Lá no Rio de Janeiro. Fiquei perplexo, tive medo. Gente implorando, brigando para ser atendido.

Eu queria dizer que a educação está aí. O Cristovam Buarque, ontem, entregou ao Ministro uma luz: tempo integral, lei de responsabilidade... Lei de Responsabilidade Fiscal! Ó Mantega, crie vergonha! A Lei de Responsabilidade Fiscal foi uma das coisas mais sérias neste País. Agora, o Senador Cristovam Buarque, inspirado, pede a Lei de Responsabilidade Educacional. Cumpram! Ficar se comparando é ridículo. Iria me comparar a Tomé de Souza, Duarte da Costa, Mem de Sá? Não tem razão, o mundo é outro, evolui.

Aprendi no meu Piauí, Senador Sibá, onde V. Exª teve o privilégio de nascer, que é mais fácil tapar o sol com a peneira do que esconder a verdade. Deixem o Fernando Henrique Cardoso, que é um estadista, um professor, foi Presidente da República, tem sua história! A inveja e a mágoa corrompem os corações.

Não adianta, quem tem bastante luz, quem tem luz própria não precisa diminuir ou apagar a luz dos outros para brilhar. Quem quiser apagar a luz de Roriz é um tresloucado, porque ela não se apaga.

Fernando Henrique teve sua participação. Eu sou do PMDB. Não votei nele, nem o deixei fazer o seu candidato Presidente do PMDB - Paes de Andrade. Mas ele tem sua história, é um estadista e foi um exemplo. Tanto ele quanto a sua mulher.

Ó cara de Mantega, que número? Os números são estes - quer que eu diga? Esse negócio de PAC, propaganda enganosa, eu conhecia. É publicidade aumentada e criminosa.

Vamos falar da educação no Piauí. Onde está a Universidade Delta? Está na lei, mas não tem nada. E o Hospital Universitário? Está parado. E o Pronto-Socorro municipal, Senador Sibá? Só na educação e na saúde. O Prefeito Firmino Filho, que é tucano, terminou, beleza! O que tem lá e funciona fui eu que fiz. Mas tem outro, moderno, e falta um convênio federal. Todos os hospitais estão em falência: as santas casas, hospitais, e do Brasil todo. A Uesp, que era a educação do Estado, tinha 12 mil vagas para pobre; hoje tem 3 mil. Está aqui: educação e saúde ainda estão longe... Diminuiu.

            O IBGE, que eles estão cantando, que o Mantega - ô Mantega, presta atenção...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - O Presidente tem de nos proteger, tem de haver o corporativismo partidário. Somos do PMDB, da vergonha, da verdade. Sr. Presidente Neuto de Conto, um quadro vale por 10 mil palavras.

Ô Mantega, o IBGE - o próprio, que eles utilizam para se gabar: “passando do Fernando Henrique” -, em relação ao desempregado, dirá que aumentou o número de desempregados. Estão aqui os números: caiu de 4,3% para 3,8% o investimento na educação; caiu também o investimento na saúde. Aqui diz: “Com isso, os gastos do Governo na saúde, que deveriam ser de R$43,5 bilhões, caíram para R$39,5 bilhões”.

Segurança. Norberto Bobbio, o maior sábio político e teólogo, Senador Neuto de Conto, da Itália, do Renascimento, dizia que o mínimo que temos de exigir de um governo é segurança à vida, à liberdade e à propriedade. Brasileiras e brasileiros têm essa segurança?

Educação. Ô Cristovam, seu sonho acabou. Estamos mais mal-educados. Bem aí no Chile - atentai bem -, o pai e a mãe de uma criança de 12 anos que não estuda vão para a cadeia. Aos doze anos, as crianças são obrigadas a falar duas línguas. Não há mais analfabetos. Aqui, é uma vergonha. O Boris Casoy não pode mais dizer, mas eu posso.

E a saúde? Da saúde, posso falar. Sou médico há quarenta anos. Ô Senador Sibá, o SUS paga R$2,50 a consulta. Desafio aqui e agora o Presidente Lula da Silva - ô Senador César, V. Exª é inspirado, é engenheiro e fez a maior obra do Nordeste, a Ford, a indústria, o trabalho -, desafio aqui e agora que o SUS, que deveria ser como um sol, igual para todos, ó Roriz, me consiga uma operação de próstata. Pelo SUS! Não faz. Uma anestesia hoje vale R$9,00. Qual o anestesista que vai, Senador Roriz, sair da sua casa para ganhar R$9,00? Paguei a meu engraxate, Senador César, em Teresina, antes de pegar o avião, R$10,00. A consulta é R$2,50!

Então, propagou-se o médico de família. Grandes especialistas deixam o SUS, porque o Governo não lhes paga, estão em greve por aí e vão ser médicos de família, não tendo “resolutividade”. A medicina não avançou. Saudade, temos do passado, quando o pobre saía com a receita do medicamento da Ceme.

A verdade está aqui. Não adiantam essas farsas de mudar a metodologia. Ulysses dizia: “Saiam e vão conversar com os pobres para ver”.

O General Oregon, do México - Senador Delcídio, sinta o que vou dizer, ele não era elegante como V. Exª - dizia: “Prefiro a verdade que me é trazida por um adversário à mentira e à ilusão de um aliado”.

O SR. PRESIDENTE (Neuto de Conto. PMDB - SC) - Senador Mão Santa, V. Exª tem mais um minuto para encerrar seu pronunciamento.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Sr. Presidente, tenho mais um minuto para agradecer a generosidade de V. Exª, que está tão bem na Presidência.

Esse é o PMDB, que representa o povo, a voz rouca das ruas, como dizia Ulysses. Falo pelo PMDB de Brossard, que aqui chegou em época mais difícil e disse que não é preciso pedir licença para fazer oposição. A oposição é tão necessária que Rui Barbosa, que está aí, foi oposição durante mais de 80% da sua vida. Joaquim Nabuco, do meu Nordeste, chegou a ser uma oposição solidária.

Senador Eurípedes, V. Exª é de cor preta. Houve instantes em que Joaquim Nabuco, lá do Pernambuco do professor Cristovam Buarque, chegou a dizer que era uma voz solitária para defender a liberdade dos excluídos. Estamos aqui. Não estou solitário no PMDB, que contou com a aquiescência e a generosidade deste descendente da Itália, que engrandece o Senado da República ao ocupar a Presidência neste momento.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/03/2007 - Página 6484