Discurso durante a 38ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a precariedade dos serviços prestados pelo Governo Federal nas áreas de saúde, educação e segurança e o excesso de impostos no país.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Considerações sobre a precariedade dos serviços prestados pelo Governo Federal nas áreas de saúde, educação e segurança e o excesso de impostos no país.
Publicação
Publicação no DSF de 30/03/2007 - Página 7924
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, NUMERO, MINISTERIOS, FALTA, CONFIANÇA, GOVERNO FEDERAL, AUSENCIA, GARANTIA, SEGURANÇA PUBLICA, SAUDE, EDUCAÇÃO, EMPREGO, NECESSIDADE, REFORMA TRIBUTARIA, MELHORIA, CONDIÇÕES DE TRABALHO.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Inácio Arruda, Srªs e Srs. Senadores, brasileiras e brasileiros presentes e os que nos assistem pelo sistema de comunicação, Cícero disse: “Nunca fale depois de um grande orador”. E falo depois de Mário Couto, extraordinário e bravo Senador do Pará.

Mário Couto, permita-me ler Teotônio Vilela: “Falar é a atividade suprema do Parlamento. É preciso sobreviver falando e falar sobrevivendo”.

Nós estamos na Oposição. E faço oposição não por ódio. Não tenho ódio. Mas também, como V. Exª, não tenho medo. Sou um homem do Piauí.

Creio em Deus, na verdade, no amor, no estudo e no trabalho. Não creio nesse Governo, Inácio Arruda. Não creio, porque vi uma fotografia de Lula e seus Ministros. É muita gente! São muitos Ministros! Este País tinha dezesseis Ministérios; agora tem quase quarenta. E não acredito, Senador Inácio Arruda, porque Bush, o poderoso, tem 3.000 cargos a sua disposição para nomear. Na França, Jacques Chirac tem 300 cargos para nomear. Tony Blair, da formação inglesa, só tem cem. Lula tem 30 mil para desmantelar uma máquina - e saiu desmantelada - que foi construída ao longo da vida pelo Dasp, por Getúlio e todos os outros. Botou os companheiros por cima e está aí o rolo.

Não temos segurança. Ô, João Claudino, qual é a nota que V. Exª dá à segurança? É zero. Norberto Bobbio diz que o mínimo que se tem de exigir de um governo é segurança à vida, à liberdade e à propriedade. Educação: nunca antes tivemos tão péssima educação neste País. A saúde é uma lástima. Ô, Temporão, aponte-me um brasileiro operado hoje de próstata ou de tireóide pelo SUS? Isso é uma enrolação. Consulta a R$2,00; anestesia a menos de R$10,00; cirurgia a R$20,00; isso não existe, é uma farsa. Eu sei, Temporão, eu tenho quarenta anos como médico.

Há pouco eu elogiava Waldir Pires. Fui da Previdência, e ele era meu chefe. Havia tabelas honradas e funcionávamos.

Quem me trouxe até aqui, Senador Inácio Arruda? O estudo e o trabalho. Estudando e trabalhando, trabalhando e estudando aqui cheguei.

É a diferença!

Acredito no estudo. Está aqui um trabalho. Ô, Inácio Arruda, V. Exª é do PCdoB - tem muita gente boa lá. Quero dizer a V. Exª, que é aliado, que leve este trabalho ao Lula. Estão enganando o Lula. O Lula é bonzinho, como o Zezinho. O Zezinho é uma pessoa boazinha. Ele é um homem bom, mas está sendo enganado. Não tem perspectiva neste País. Os aproveitadores estão aí.

Olha, é o trabalho... João Claudino, quis Deus que V. Exª estivesse aí. Ele diz que acredita. Atentai bem! Eu estudei muito, minha entrada aqui não foi...

Ô, Presidente Lula da Silva, o trabalho é de José Pastore. Resumindo: “Reforma que é bom nada. Governo, Congresso e entidades empresariais discutem quem fiscaliza o trabalho, mas não avançam em medidas de que o País precisa nessa área”.

No Brasil, o custo para se empregar é de 103%; na França, 70%; na Alemanha, 60%; na Inglaterra, 59%; e nos Estados Unidos, 9%. O Governo não vai dar trabalho e emprego! O Lula já deu emprego para 30 mil.

Não deu certo, não vai dar certo. Não tem como. Algum herói vai ser sonegador e não vai pagar isso de imposto. Não existe. Não está aumentando. O que está aumentando...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Senador Inácio Arruda, agora é a mentira. A mais alta taxa de impostos... Eu já fiz um pronunciamento sobre isso - V. Exª não era Senador. Sabem quantos impostos existem neste Brasil? Setenta e seis impostos. Eu já citei um por um. E os juros são os mais altos do mundo! Dizem que diminuem, o Copom e tal, mas é mentira! Tem o spread e aumenta. Vai ter cheque ouro! Não existe. Somente pagam se assaltarem um banco ou seqüestrarem alguém.

Então, aqui está o resultado: o alto custo das obrigações trabalhistas estimula a informalidade. Trinta e dois milhões de brasileiros possuíam carteira assinada e 48 milhões trabalham sem vínculo empregatício, por causa dessas coisas.

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - E Pastore diz que a Espanha passou por isso e teve a coragem de reformar.

Bastaria, segundo Pastore, o corte de um ponto percentual nos encargos sobre o trabalho para gerar 900 mil empregos. Um ponto percentual em 76 tributos!

Então, era sobre isso que queríamos advertir. Brasileiras e brasileiros que trabalham, você que nos está ouvindo: de cada 12 meses de trabalho, seis vão para o Governo, cinco para pagar 76 impostos e um é de juro bancário. Seis meses de cada trabalhador são para o Governo. E o Governo não lhe devolve em segurança, educação e saúde.

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Sr. Presidente Inácio Arruda, solicitamos a prorrogação pela homenagem justa que fizemos ao PCdoB, que acredita no trabalho e na divisão.

            É hora de analisarmos reformas sérias nesta Casa, uma reforma tributária séria, uma reforma trabalhista que estimule os que possam produzir.

Acreditamos no trabalho, porque, Senador Cristovam Buarque, é uma mensagem de Deus aos governantes: “Comerás o pão com o suor do teu rosto”. É uma mensagem de Deus para os governantes propiciarem trabalho, facilitando as condições para quem quer trabalhar.

Essas são nossas palavras e a nossa crença.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/03/2007 - Página 7924