Discurso durante a 37ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração dos 85 anos de fundação do Partido Comunista do Brasil - PC do B.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Comemoração dos 85 anos de fundação do Partido Comunista do Brasil - PC do B.
Publicação
Publicação no DSF de 29/03/2007 - Página 7354
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PC DO B), REGISTRO, HISTORIA, VITIMA, VIOLENCIA, REGIME MILITAR, APOIO, CANDIDATURA, ORADOR, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO PIAUI (PI).

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Renan, eu peço permissão, diante de tantas lideranças, homens e mulheres, para saudar, por amizade e por gratidão, esse extraordinário Senador: Inácio Arruda. Saúdo também as brasileiras e os brasileiros aqui presentes ou que nos assistem pelo sistema de comunicação da Casa.

Senador Renan, V. Exª é muito novo. Eu nasci em 1942, na guerra, e o PCdoB, antes. Olha, há um respeito. Paradigma são as coisas em que se acreditava e que mudam. Olha, Sibá, você não tinha nascido, mas esse negócio de comunista, eles sofreram. Eu comentava ali - Gilvam Borges também é novo - com Jefferson Péres que diziam até que eles comiam criancinhas. E cresci assim, apavorado, ouvindo que comunista come criancinha. Mas isso é o paradigma.

Depois eu fui vendo e entendendo as coisas. Saí do meu Piauí, fui estudar lá no Ceará, do Inácio Arruda, e vi que era diferente; vi um advogado que nasceu no Piauí e foi para lá, Aldy Mentor, defender os pobres, os oprimidos, os estudantes, com vestibulares fraudados em benefícios de privilégios. Aldy Mentor! E aí fiz a faculdade, sonhando, gastando o melhor da nossa mocidade para buscar ciência para, com ciência e consciência, servir ao meu Piauí. E vi que era diferente...

Veio a ditadura. Prenderam os melhores professores e diziam que eram comunistas. José Serra, professor de Fisiologia; Alencar e Aragão. O maior cientista, o melhor livro de Parasitologia da época era do professor Samuel Pessoa. Capítulos e capítulos escritos por Alencar e Aragão. Serra era professor de fisiologia; eu, monitor, no quarto ano. Olha, ele desapareceu. Ô homem correto! Ele devia ler Marx, Engels, Lênin... Mas eu era ligado a ele, e me deu uma oportunidade muito grande. Tiraram-no de Anatomia; eu era o monitor mais velho e passei a dar aula de Fisiologia, a fazer prova, por necessidade.

Mas aí eu encontrei um líder. Olha, ele não era da minha turma, mas era um líder: Valton Leitão - o Inácio conhece. Ele ficou na minha turma porque o prenderam. Passou um ano preso. Fizemos quarenta anos de formados. Ele não tem visão; foi perdendo aos poucos. Foi preso porque tinha ido buscar tratamento na Rússia, mas era bom caráter, um líder. Foi o fundador do PCdoB. Aprendi muito com ele. Apesar de não ter visão, era um homem de uma visão política... Foi ele quem criou o PCdoB.

A gratidão é a mãe de todas as virtudes. Minha mãe, da Ordem Terceira Franciscana, me ensinou isso. Sou agradecido. Estou aqui pelo PCdoB. A primeira vez que fui Governador do Estado do Piauí, tive o apoio desse Partido. Governamos juntos. Da segunda vez que governei, fui buscar um companheiro de chapa. Fui o primeiro a colocá-lo. E ele assumiu várias vezes o Governo do Estado. O Piauí ficou orgulhoso disso, assim como o Brasil se orgulhou quando Aldo Rebelo assumiu algumas vezes a Presidência da República. Fomos os primeiros a acreditar em um líder comunista e a entregar-lhe o Governo de um Estado. (Palmas.)

Queria concluir dizendo que, lá no Piauí, recebi o apoio deles na primeira eleição para o Governo e na segunda. Vivemos, com Arruda, momentos de glória e momentos de adversidade, mas o Arruda simbolizava aquele.

E queria terminar justamente dizendo que lá no Piauí existe um líder que me faz lembrar aquele filme “O Grande Ditador”, de Charles Chaplin: é o João Cláudio Moreno, um líder do PCdoB. É vereador porque quis ser, quis ficar lá, porque, se ele quiser, pode ser senador, governador, prefeito e tudo. Ele é, assim, um Charles Chaplin.

Eu terminaria aqui, já que o Renan está ali - e conheci o seu irmão, companheiro, irmão camarada do PCdoB; mais cabeludo, mas esse aqui é mais oxigenado. Ô homem sabido! Eu terminaria, Renan, citando aquele que é o símbolo da nossa geração. E com gratidão, porque estou aqui no Senado também apoiado pelo PCdoB; talvez, se não tivesse o apoio, eu não estaria aqui. Mas queria dizer o seguinte: o símbolo da minha geração, médico como eu, sem dúvida nenhuma foi Che Guevara. Todos nós o conhecemos, assistimos ao filme, lemos os livros, mas há uma frase que mais me toca e quero fazer minhas as palavras dele. Ele disse: “Se és capaz de tremer de indignação diante de uma injustiça (...), és companheiro”. E os companheiros estão no PCdoB do Brasil. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/03/2007 - Página 7354