Discurso durante a 45ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Estudo realizado por especialistas do IPEA - diminuição da desigualdade social.

Autor
Ideli Salvatti (PT - Partido dos Trabalhadores/SC)
Nome completo: Ideli Salvatti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIAL. IMPRENSA. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. ORÇAMENTO.:
  • Estudo realizado por especialistas do IPEA - diminuição da desigualdade social.
Aparteantes
Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 12/04/2007 - Página 9543
Assunto
Outros > POLITICA SOCIAL. IMPRENSA. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. ORÇAMENTO.
Indexação
  • REGISTRO, ESTUDO, INSTITUTO DE PESQUISA ECONOMICA APLICADA (IPEA), APRESENTAÇÃO, EVOLUÇÃO, REDUÇÃO, DESIGUALDADE SOCIAL, CRITICA, NOTICIARIO, TELEVISÃO, VALORIZAÇÃO, FALTA, JUSTIÇA SOCIAL, BRASIL, AUSENCIA, RECONHECIMENTO, MELHORIA, SITUAÇÃO, NATUREZA SOCIAL.
  • CRITICA, NOTICIARIO, IMPRENSA, DIFAMAÇÃO, INICIO, MANDATO, REELEIÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CONTRADIÇÃO, OPINIÃO PUBLICA, AUMENTO, POPULARIDADE, CHEFE DE ESTADO, PAIS.
  • ANALISE, NOTICIARIO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ELOGIO, Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, PEQUENO AGRICULTOR, REGISTRO, AUMENTO, NUMERO, CONSORCIO, CASA PROPRIA, DEMONSTRAÇÃO, QUALIDADE, GESTÃO, GOVERNO FEDERAL.
  • PEDIDO, CONGRESSO NACIONAL, ACELERAÇÃO, VOTAÇÃO, PROJETO DE LEI, AUMENTO, ORÇAMENTO, DESTINAÇÃO, INVESTIMENTO, REDUÇÃO, CONTRIBUIÇÃO, PREFEITURA, MELHORIA, HABITAÇÃO, SANEAMENTO.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Como Líder. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, agradeço-lhe e quero dizer que o Senador Jefferson Péres está repleto de razão, porque, realmente, organizarmos os nossos horários com o do Congresso e, de forma especial, com o do Senado, às vezes é bastante difícil.

Inicio o meu pronunciamento por um assunto que já me motivou várias vezes a vir à tribuna nos últimos dias, Senador João Durval: refiro-me ao estudo realizado por especialistas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que apresentou, de forma contundente, a evolução da diminuição da desigualdade social, a diminuição desse imenso fosso, uma das principais chagas. O Senador Romeu Tuma, inclusive, teve oportunidade de me apartear em vários pronunciamentos sobre o tema.

O livro, que será lançado nesta sexta-feira, resultado do estudo feito por esses especialistas, dá conta de que a diminuição da desigualdade, ou seja, da injustiça social no Brasil, acelerou-se e é a menor dos últimos 30 anos, em volume e em velocidade, como não víamos há várias décadas.

Ontem, tive oportunidade de assistir à tevê. É engraçado, Senador João Durval, porque, na reportagem a que assisti, numa das principais redes de tevê do País, a ênfase era: o Brasil é o 10º país em injustiça. E, no “rodapé” da notícia, Senador Romeu Tuma, aparecia a notícia de que estamos melhorando, de que está havendo uma pequena melhora, uma evolução. Ou seja, o foco da pesquisa dos especialistas do Ipea é o de estávamos alcançando um dos melhores índices dos últimos 30 anos. É claro que sermos o 10º país em injustiça social, em concentração de renda, é realmente muito grave. Só que já fomos campeões! Ficamos em segundo lugar durante um bom tempo, atrás apenas de um país africano - já tive oportunidade de dizê-lo aqui -, cujo nome nem me lembro, por ser tão desconhecido.

Assisti àquilo e fiquei pensando, meditando. Depois, lê-se no editorial de um dos principais jornais de circulação do nosso País: “Cem dias desperdiçados”. Vou ler a primeira frase do artigo: “O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva completa os primeiros cem dias do segundo mandato sem uma só realização importante para exibir e sem haver avanços na execução de um único plano”. Leio isto e penso: como é que pode? No mesmo dia, sai a pesquisa CNT/Sensus. Parece que a população brasileira não tem senso, porque 83% da população brasileira responde à pesquisa da CNT/Sensus - que, obviamente, não tem nada de petista, é um instituto responsável e não tem viés ideológico-partidário, pelo menos que eu tenha conhecimento - fazendo uma avaliação positiva do Governo. Quarenta e nove por cento - quase 50% - faz uma avaliação positiva e 34%, regular. Portanto, 83% fazem uma avaliação positiva do Governo.

Há alguma contradição entre a forma como estão sendo veiculados os fatos e a forma como a população está enxergando os fatos, vivendo os fatos, vivenciando as ações. Há uma contradição, quando se lê, segundo a pesquisa, que é crescente a avaliação positiva do Governo; é crescente a avaliação, inclusive no que concerne à aprovação do Governo Lula. Sessenta e três por cento aprovam. A aprovação é crescente. Em novembro de 2005, era de 46%. Portanto, 20% a mais de avaliação positiva.

Ouvi um outro comentarista. Dediquei-me a assistir à tevê e a ler os jornais, para ver como que se veiculam os fatos, como as ações estão sendo avaliadas.

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP) - Desculpe-me, Senadora, não percebi. Eu estava tão...

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - V. Exª estava emocionado com o meu pronunciamento, Senador Romeu Tuma!

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP) - Eu estava atento.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Eu lhe agradeço.

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP) - V. Exª está lendo as estatísticas recentes, e estou me atualizando.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Estou vendo. V. Exª tem acompanhado bem.

Assisti, então, a um dos grandes comentaristas brasileiros, na telinha, dizer assim - avaliando a pesquisa, Senador Romeu Tuma -: “Nada atinge o Lula”. Nada. No entanto, há um editorial que noticia: “Cem dias desperdiçados”: não exibiu nada, não apresentou nada, não executou nada. Oitenta e três por cento da população avalia o Governo entre positivo e regular, e disseram que nada atinge o Lula. Como não atinge? Tem alguma coisa errada!

Volto a um tema que debatemos na época da eleição ou em seguida à eleição, Senador José Maranhão: parece que há uma falta de capacidade e de sensibilidade para se perceber que o cotidiano de boa parcela da população mudou. O cotidiano mudou, melhorou, aumentou a renda, há mais emprego, há mais oportunidade.

Não preciso nem ir muito longe. Basta ler as notícias de hoje, no Valor Econômico. Recomendo, inclusive, a leitura, Senador Cristovam Buarque, da extensa reportagem deste jornal, que traz muitos exemplos, muitos depoimentos de agricultores. Eles falam de uma verdadeira revolução pelo crédito na agricultura familiar, concedido pelo Pronaf. Desde que o Pronaf foi criado, em 1986, Senador Romeu Tuma, até agora, foram aplicados R$26 bilhões. Mas, só para esta safra (2006/2007), estão previstos R$10 bilhões para os agricultores familiares. Só nesta safra, R$10 bilhões, mais do que um terço, do que o histórico do Pronaf. Isso modifica a vida das pessoas.

Há um depoimento precioso de um agricultor familiar na reportagem: “Antes, só entrei no banco uma vez, para levar um recado do meu patrão para o gerente. Agora, tenho conta, o gerente sabe o meu nome, me reconhece e me bate continência”.

É claro que uma pessoa como esta, que teve a vida modificada, inclusive a auto-estima, o respeito, porque teve acesso ao crédito e pode investir na sua propriedade, com certeza não achou os cem dias desperdiçados, nem achou que a pesquisa não representa a opinião da população, como se pudéssemos desligar o Presidente da ação do Governo do Presidente Lula.

Há outra matéria da Gazeta Mercantil, para não dizer que é só para pobre, porque tem gente que não gosta de política social para pobre. Ontem, durante a marcha dos Prefeitos, o Presidente foi contundente, dizendo que faz, fará e continuará fazendo, e ai de quem não se preocupar com os pobres ou o fizer somente na época de pedir voto. A matéria da Gazeta Mercantil trata da contratação de consórcios para a casa própria. Houve um crescimento recorde. Em 2006, 210 mil novos participantes aderiram ao sistema, que reúne 400 mil quotistas apenas no setor imobiliário. O perfil é formado pela classe média.

(Interrupção do som.)

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Já vou concluir, Senador Romeu Tuma.

O perfil é formado pela classe média - 58% -, entre 30 e 39 anos. Portanto, uma faixa etária bastante jovem da classe média.

Então, é por isso que a pesquisa apresenta esses números, Senador Suplicy: 83%, 69% de avaliação. Aí, os especialistas de Economia, de Sociologia, de política, saem com estas pérolas: “Cem dias desperdiçados”, “nada atinge o Presidente Lula” e por aí vamos.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senadora Ideli...

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Não sei se o Presidente me permite conceder o aparte, porque já vou encerrar.

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP) - Senador Eduardo Suplicy, V. Exª tem o prazer de pedir aparte depois de encerrado o tempo do orador.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Porque eu queria justamente, Senador Romeu Tuma, dizer que nós dois fomos testemunhas...

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP) - Aliás, ontem, falei isso para a Senadora.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - ... do encontro realizado na Feira da Indústria de Autopeças, quando o Presidente Lula, no Anhembi, na segunda-feira, teve um diálogo muito positivo e franco com os empresários da indústria automobilística e conclamou-os, inclusive, a dizer mais claramente aquilo que, muitas vezes, alguns deles dizem, ou seja, como as suas empresas estão indo tão bem e, no entanto, quando se reúnem, às vezes começam a avaliar que nem sempre as coisas estariam tão bem. Cada um deles deu testemunho pessoal muito positivo sobre o crescimento de suas vendas e de sua produção. Em verdade, a indústria automobilística teve o melhor ano, com a produção de 2,7 milhões de automóveis, e há uma perspectiva de, em breve, se alcançarem três milhões, três milhões e pouco, com um volume de exportações muito significativo. Pude testemunhar, prezada Líder, Senadora Ideli Salvatti, que esse ambiente de otimismo começa a se espalhar por quase todos os segmentos da sociedade brasileira. Então, os resultados citados por V. Exª, da CNT/Sensus, indicam que podemos, hoje, ouvir aqueles que são, por exemplo, os beneficiários de programas sociais, como o Programa de Crédito para os Agricultores Familiares (Pronaf), os que são beneficiários do Programa Bolsa-Família e aqueles que estão percebendo que a economia está tendo sinais muito positivos, inclusive com a diminuição da taxa de risco Brasil para o menor nível em tantos anos - pouco mais de 150 pontos -, o que é um dado excepcional. Quão bom será se o Congresso Nacional puder acelerar a votação das medidas que estão sob a nossa responsabilidade. Que sejam debatidas, sejam ouvidas as sugestões de aprimoramento de cada uma delas e, na medida do possível, sejam votadas. Espero que, no Senado Federal, haja a disposição de logo apreciarmos e votarmos essas matérias. Meus cumprimentos a V. Exª.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Agradeço, Senador Eduardo Suplicy. O meu discurso de hoje foi feito exatamente para, mais uma vez, confirmar que a opinião pública e a opinião publicada andam muito distantes em vários casos. Isso já se confirmou na eleição e continua acontecendo.

Para que não nos distanciemos da opinião pública, aquela do povo brasileiro, o Congresso Nacional tem a tarefa de desempacar, Senador Romeu Tuma, as votações de interesse da Nação brasileira. Só posso lamentar que hoje, na Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização, tenhamos deixado ainda para semana que vem a votação do PLN nº 1, aquele que vai aumentar os recursos do Orçamento para investimentos, de 4,3 bilhões para 11,2 bilhões. Nesse projeto, vai ser incluída emenda para diminuir a contrapartida das prefeituras, a fim de que possam acessar um volume maior de recursos para habitação e saneamento.

Não podemos ser contrários à opinião pública. Penso que a população brasileira exige isso de nós.

Muito obrigada e desculpe-me por ter ultrapassado meu tempo.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/04/2007 - Página 9543