Discurso durante a 47ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Críticas ao modelo de gestão adotado pelo Governo Lula.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • Críticas ao modelo de gestão adotado pelo Governo Lula.
Aparteantes
Gilvam Borges.
Publicação
Publicação no DSF de 14/04/2007 - Página 9779
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • ANALISE, HISTORIA, PAIS ESTRANGEIRO, ELOGIO, BIOGRAFIA, GETULIO VARGAS, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, COMPARAÇÃO, ATUAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CRITICA, SUPERIORIDADE, CRIAÇÃO, CARGO PUBLICO, FUNÇÃO GRATIFICADA, APREENSÃO, AUMENTO, VIOLENCIA, DESAPROVAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO, BRASIL, RESULTADO, DESENVOLVIMENTO, AMBITO INTERNACIONAL.
  • COMENTARIO, AUSENCIA, EXPECTATIVA, ATUAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MELHORIA, PAIS, ACUSAÇÃO, VINCULAÇÃO, CORRUPÇÃO, EXCESSO, ERRO, UTILIZAÇÃO, FUNDOS PUBLICOS, FAVORECIMENTO, SONEGAÇÃO, IMPOSTOS.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, DIARIO DO POVO, ESTADO DO PIAUI (PI), DIVULGAÇÃO, INVESTIGAÇÃO, TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU), COMPROVAÇÃO, MANIPULAÇÃO, AQUISIÇÃO, AMBULANCIA, OBJETIVO, FAVORECIMENTO, CANDIDATURA, REGIÃO.
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, AUSENCIA, CONCLUSÃO, OBRAS, ESTADO DO PIAUI (PI), LIBERAÇÃO, VERBA, GOVERNO ESTRANGEIRO.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Wilson Matos, que preside esta sessão de sexta-feira, 13 de abril; Srªs e Srs. Senadores presentes na Casa; brasileiras e brasileiros que aqui estão e os que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, é preciso entender o que a História nos ensina. Na minha mocidade, a Rússia era motivo de entusiasmo. De repente, sua forma administrativa tombou.

Senador Gilvam Borges, V. Exª que é um admirador da Rússia antiga - atentai bem, Presidente Lula da Silva! -, saiba que Nikita Khrushchov pesquisou quantos barbeiros havia na Rússia? Ele constatou que havia 40 mil barbeiros para fazerem a barba e cabelo do povo. A partir daí, Nikita Khrushchov passou a se debruçar sobre a administração da Rússia. Senador Wilson Matos, ele observou que, para tomar conta dos 40 mil barbeiros, havia outros 120 mil funcionários. Caiu; dividiu-se. Ele se abriu para novos modelos de enriquecimento, de administração, de comercialização.

O mundo muda.

Boris Yeltsin, que tomava suas vodcas, também achou que não dava certo. Senador Gilvam Borges, Boris Yeltsin, aquele que tomava umas vodcas... Esse extraordinário homem, o Putin, dá o exemplo. Ele veio até aqui.

O Presidente do Congresso daquele país, depois da abertura, foi a ele e lhe disse que ele poderia ser reeleito. Aprenda, Presidente Lula: ele não aceitou. E a Rússia está crescendo 10%. Mudou.

Presidente Lula, Vossa Excelência errou. Quando Vossa Excelência assumiu, este País tinha 15 ou 16 Ministros, e Vossa Excelência nomeou quase 40. Vossa Excelência, de repente, criou 30 mil funções gratificadas. Trinta mil! Senador Gilvam Borges, Bush, o poderoso, o destruidor, só tem direito a nomear três mil. Lula da Silva nomeia 30 mil. A Rússia tinha 40 mil barbeiros e tinha 120 mil funcionários para tomar conta desses 40 mil barbeiros.

Na França, de Giscard d’Estaing, de Mitterrand, o Presidente da República só nomeia 300. Tony Blair nomeia 100. Tony Blair, Primeiro-Ministro da Inglaterra, a rainha dos mares, a Inglaterra da Revolução Industrial, de onde saiu o romance A Cabana do Pai Tomás, escrito por uma mulher que incentivou a libertação de todos os escravos - assisti ao filme A Rainha, um filme bom, que indico. Está aí a Inglaterra, poderosa.

No Brasil, nossos antecedentes não são otários, Presidente Lula da Silva. Não temos uma história como a do Iraque, que teve, antes de Cristo, a civilização mesopotâmica, que criou a roda, os primeiros escritos. Nós temos 507 anos. Os portugueses criaram as sesmarias, as capitanias hereditárias, unidades de comando, Governadores-gerais, Pedro I, Pedro II, Rainha Isabel, os Presidentes. Não foram otários não, Presidente Lula da Silva, de maneira nenhuma. Eles tinham entendimento.

Eu citaria apenas Getúlio Vargas. Ô homem trabalhador! Ô homem competente! Ô homem bom! O homem é o homem e suas circunstâncias. Quem diz isso é Ortega y Gasset, filósofo espanhol.

Getúlio enfrentou três guerras. Uma guerra para assumir - os paulistas não o queriam no poder -, outra guerra e a Segunda Guerra Mundial, para a qual mandamos até a FEB. Ô homem trabalhador!

Sei que o Presidente Lula - com todo o respeito, ele é o nosso Presidente e cada um tem direito aos seus gostos - disse que não gosta de ler, que é melhor fazer uma hora de esteira que ler uma página de um livro. Tenho que respeitar. Respeito todas as pessoas, como não respeitaria o Presidente? Mas caiu-me à mão um diário de Getúlio Vargas. Ó Senador Wilson Matos, meu ícone era Juscelino, porque é médico como eu, cirurgião de Santa Casa, com passagem pelo Exército - eu fiz o CPOR, assim como ele. Andou na Polícia Militar; foi prefeitinho, governador, sorridente, cassado aqui, humilhado. Mas o Getúlio trabalhava muito. Aliás, foi um Presidente da OAB do Piauí, Reginaldo Furtado, que disse que o Getúlio é melhor. Fiquei perplexo com aquilo, porque, para mim, Juscelino era o ícone. Então, comecei a estudar o Getúlio. E caiu-me à mão o diário do Getúlio. Dois volumes, lia todo dia. Ô homem trabalhador! Ô homem honesto! Ô homem autêntico!

Eu só quero dizer que este Estado teve gente. O Getúlio deu uma organização a isso. Os ministérios, o trabalho, o TRE... Ele tinha essa visão de estadista. Li mais, no diário, que, no Sete de Setembro, após o desfile, ele estudava, trabalhava. Trabalhava sábado, domingo. Era um estadista.

Ele criou o Dasp - Departamento Administrativo do Serviço Público, Presidente Lula da Silva.

O primeiro livro que li, antes de ser Prefeito, - acredito em Deus e no estudo - foi um livro do Dasp, escrito por Wagner Estelita Campos: Chefia e Liderança. Então, os funcionários públicos que aí estão são preparados. De repente, a máquina é destruída. Pegam companheiros e colocam para comandar. Emperrou tudo. Não foi somente esse negócio do “apagão”, não. Isso afeta os ricos. Pior é o “apagão” da segurança. Isto está igual Bagdá, no Iraque.

Eu mostrava uma pesquisa. No Rio de Janeiro, 597 assassinatos em janeiro. Na Cidade Maravilhosa. E um jornalista - de quando em quando aparece um - me disse que essa pesquisa só mostrava os números oficiais. E os assassinatos que não apareciam nas estatísticas, porque os corpos eram jogados no fundo do mar, enterrados nas matas? Quer dizer que são praticamente 600. Em Bagdá são 1,8 mil.

Somente no Rio de Janeiro é um terço. Se somarmos os números do Brasil todo, estamos concorrendo com o Iraque! Isso é uma barbárie, não é civilização!

Senador Gilvam Borges, V. Exª, que é da Base do Governo, tem de mostrar esses dados e a verdade ao Presidente da República. É uma barbárie!

Escapamos de ser o último lugar no ranking do desenvolvimento, porque tem o Haiti, Senador Gilvam Borges...

O Sr. Gilvam Borges (PMDB - AP) - V. Exª me concede um aparte?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Em seguida.

Tem uma pesquisa, ô Senador Wilson Matos, sobre gastos de recursos com responsabilidade. Somente ganhamos da Colômbia. Dizem que tem muita maconha na Colômbia...

O Sr. Gilvam Borges (PMDB - AP) - V. Exª me concede um aparte?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Senador, está ansiosamente sendo aguardada a sua manifestação.

O Sr. Gilvam Borges (PMDB - AP) - Se V. Exª quiser me conceder um aparte em seguida, vou sair rapidinho e volto.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Nós o aguardamos. Pode ir.

O Sr. Gilvam Borges (PMDB - AP) - É melhor, para não cortar o raciocínio de V. Exª.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - V. Exª nos inspira. V. Exª falava sobre a ecologia e eu queria lhe ensinar que Sófocles, o primeiro ecologista filósofo da Grécia, disse que muitas são as maravilhas da natureza, mas mais maravilhoso é o homem. Nós simbolizamos esse homem brasileiro sofrido e intranqüilo, que não tem segurança neste País, homem e mulher brasileiros, porque, quando o filósofo se refere ao homem, ele fala do homo sapiens, a espécie, do homem e mulher que não têm educação, homem e mulher que não têm saúde. E eu queria dizer o porquê: Padre Antônio Vieira, Figueiredo, disse que o exemplo arrasta. O Presidente Lula da Silva aumentou para 15 ou 16 o número de Ministérios, e os governantes deste Brasil, em 507 anos, governaram para 30, quase 40 mil funcionários, por nomeação própria, por indicação própria do PMDB. E o Presidente transformou isso nesta Torre de Babel! Parou a segurança, parou a educação, parou a saúde, parou o desenvolvimento. Essa é a verdade.

O exemplo arrasta o Governador do Piauí. Ontem, o bravo Senador Heráclito Fortes - já li e está aqui; não vou ler - leu três páginas de nomes dos Secretários de Governo do Piauí neste novo Governo. Três páginas! O Heráclito citou um por um, contou e parece que somaram-se 66 ou 67. O Senador Heráclito contou, leu os nomes - estão aqui as folhas - dos Secretários do Piauí, o equivalente a Secretários. Tenho a lista dos de Minas. O número desses funcionários é três ou quatro vezes maior do que o de Minas Gerais. Minas Gerais é o Estado que tem mais Municípios neste Brasil.

Esse é o exemplo do PT. É o exemplo daqueles 40 mil barbeiros, que Kruschev, quando os viu, Figueiredo, percebeu que havia mais 120 mil para tomar conta dos 40 mil barbeiros.

E quem vai tomar conta desses 65 secretários? Eles não têm nem condições de se reunir! Esse está atolado! O Brasil está atolado!

Não adianta a mentira. Isso foi denunciado ao mundo, inventado pelo marqueteiro de Hitler, Goebbels, que dizia que uma mentira repetida se torna verdade. E repetia, e mentia. Mas tudo foi denunciado, e deu no que deu. Hitler, o desastre mundial. E é a isto que Lula e seu Governo procedem agora: à mentira, à mentira!

Contratam serviço de pesquisa. Ô Figueiredo, o essencial é invisível aos olhos. Lula, tanta popularidade, como se nós fôssemos imbecis!

Wilson Matos, lê-se na mesma pesquisa - o essencial é invisível aos olhos: Lula, popularidade mais de 90%. Em cada 10 cidadãos, mais de 9 disseram que a violência aumentou neste País.

Neste Governo, de 10 pessoas, 9 disseram que aumentou. E sentimos a barbárie. Mais de 80%! Olhai isso! Estão enganando o Lula! Lula da Silva é bom, é generoso, mas ele é uma ilha, rodeada de aloprados, de mentirosos e de aproveitadores por todos os lados. Disse que tudo está bem. Porém, mais de 80%, hoje, querem que prevaleça neste País cristão a lei de Deus: não matar.

Já queremos, neste País, a pena de morte. O povo está sem esperança, quer qualquer alternativa para essa barbárie. Se houver um plebiscito hoje, ô Mourão, passa a pena de morte. Ela nunca passou, porque temos índole de amor. “Amai o próximo como a si mesmo”. Mas passa, por causa dessa loucura que está aí.

No Rio de Janeiro, a violência aumentou 10%. Está lá o meu amigo Sérgio Cabral, do meu Partido; perdeu para Rosinha Garotinho em janeiro - muita mídia. Aumentou a criminalidade em 10% no Rio de Janeiro. Lula - muita mídia - mandou um organismo militar federal para o Rio de Janeiro, tirando de Brasília, tirando do Mato Grosso, do Piauí, do Brasil todo. Essa é a verdade.

O PMDB tem sua missão histórica, tem os autênticos; nós, os autênticos, não fomos ao banquete; nós, os autênticos, aceitamos um convite do Presidente da República não para comer e tomar vinho, mas para discutir os problemas dos pobres: a segurança, a educação e a saúde. Nós, os autênticos do PMDB - traduzindo: Ulysses, Teotônio, Tancredo, Ramez Tebet e Juscelino -, já assinamos a CPI; os autênticos do PMDB. O PMDB, não é da sua história, ele é irredento. Gilvam Borges, havia um Prefeito em Teresina, Wall Ferraz, que dizia: “Teresina, cidade irredenta”. É o PMDB. A CPI já tem assinatura, porque muitos de nós, autênticos, assinamos a CPI.

O Sr. Gilvam Borges (PMDB - AP) - Senador Mão Santa, V. Exª me concede um aparte?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Concedo.

Só quero dizer que este Parlamento tem o seu tripé - para V. Exª que está chegando, Senador Wilson Matos: uma das pontas é fazer leis boas e justas, a exemplo das leis de Deus, das leis de Rui Barbosa, que deixou a Pátria; a outra é fiscalizar os contrapoderes. Mitterrand, ao morrer, deixou uma mensagem: os governantes fortaleceriam os contrapoderes. Então, é fiscalizar. A CPI é um instrumento de fiscal. E a outra ponta do tripé, Gilvam Borges, é um legado de Teotônio Vilela, do PMDB, moribundo, com câncer, pregando o renascer da democracia. Ele disse, Wilson Matos...

O Sr. Gilvam Borges (PMDB - AP) - Senador Mão Santa, se V. Exª não vai me conceder o aparte, vou embora para casa.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Vou conceder. Eu só queria pedir permissão à sua sensibilidade para terminar a frase de Teotônio Vilela, que é um ensinamento a nós.

Ele disse: parlamentar, parlar. A função mais importante e soberana do Congresso é o parlar, é o falar: sobrevivendo para falar, falando para sobreviver. E ele engrandeceu este Congresso e o fez renascer.

Concedo um aparte ao brilhante e bravo Senador do Estado do Amapá, Gilvam Borges.

O Sr. Gilvam Borges (PMDB - AP) - Senador Mão Santa, a pérola que é o pronunciamento de V. Exª, sempre que se comunica com a Nação, é realmente impressionante. Quero voltar à Rússia. V. Exª citou a Rússia, que não tinha barbeiro.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Não! Tinha 40 mil.

O Sr. Gilvam Borges (PMDB - AP) - Quantos?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Tinha 40 mil. Foi Kruschev quem o disse, quando ele assumiu. E, para tomar conta dos 40 mil, o Estado pagava 120 mil. Por isso que aquele modelo entrou em derrocada.

E quero entrar no raciocínio de que a modernização levou Bill Clinton, que foi quatro vezes Governador do Arkansas e chegou à Presidência, a recrutar os melhores técnicos, Ted Gaebler, David Osborne, para escreverem o livro Reinventando o Governo. E o Presidente Lula viu que era difícil governar na democracia. E lá no livro, Gilvam Borges, eles disseram que o governo não pode ser grande demais, não; se for como um transatlântico, afunda como o Titanic. É o que o Brasil está tendo, com essa grandeza de funcionários.

O Sr. Gilvam Borges (PMDB - AP) - Senador Mão Santa, realmente a Rússia teve um papel histórico muito importante na política mundial, durante a Revolução de 1917. A partir daquele instante, os russos, com os seus teóricos, já advindos também de uma transformação na sociedade, das sociedades feudais, decorrente da Revolução Industrial, dessa relação do homem com o campo, do surgimento das grandes cidades e da nova economia, realmente trouxeram aspectos importantes para a política mundial. Essa revolução, então, dividiu o mundo entre aqueles que acreditavam na iniciativa privada e na pouca intervenção do Estado, e os que acreditavam nas políticas gerenciadas pelo Estado na sua totalidade, como os países socialistas e comunistas. Mas o que quero chegar a dizer a V. Exª é que, dentre aqueles doutrinadores e filósofos da época, como Karl Marx, também os teóricos como Engels, um grande colaborador e pesquisador dos movimentos sociais e doutrinador da política, trouxeram uma contribuição importante. Mas V. Exª, quando jovem, na faculdade era um adepto e seguia a linha Bakunin, também um teórico...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Um anarquista da Rússia.

O Sr. Gilvam Borges (PMDB - AP) - Exatamente. V. Exª era um simpatizante dele. Até que o discurso de V. Exª ele se espraia por várias vertentes. V. Exª sempre foi um rebelde, um irreverente, que pauta suas ações pela liberdade total. Não sei se estou falando realmente o que deveria falar no sentido da sua figura. Então V. Exª é um homem que engrandece o Senado Federal com esse desempenho. Na juventude, seguia a linha de Bakunin, era um anarquista convicto, porque não se associava ao tradicional, às doutrinas tradicionais e margeava por uma outra vertente liderada por Bakunin, que foi um grande líder. E slogan dele sempre prosperou muito pelas universidades, pelas academias nas quais se discutem e se formam as grandes idéias: nem pátria, nem patrão. O Senador Mão Santa, quando no Piauí, sempre dizia: nem caatinga, nem sertão. Somos um povo da libertação. Muitas vezes, V. Exª usou essas metáforas nos seus pronunciamentos. Agora, Senador Mão Santa, eu queria fazer aqui uma consideração em relação a seu pronunciamento. V. Exª tem sido muito ingrato com o Presidente Lula. O Presidente Lula, apesar de todas as dificuldades herdadas e não as herdadas, tem se esforçado nas políticas públicas com muita sabedoria inclusive. Eu estava fazendo uma comparação entre Lula e o Presidente Fernando Collor, hoje nosso colega Senador, e percebi que realmente o Presidente Lula deu um grande exemplo de capacidade política. Sua Excelência vem atravessando as várias crises, associado ao Congresso, às reuniões que eles fazem. Então, apelo a V. Exª para que abrande um pouco essas críticas e procure ver o lado positivo do Presidente Lula. E V. Exª será reconhecido.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Pronto. Agora, permita-me continuar?

O Sr. Gilvam Borges (PMDB - AP) - Ainda, não, porque V. Exª me concedeu um aparte. Se V. Exª quer continuar, eu posso encerrar. Posso encerrar?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Eu acho que temos que continuar, prosseguir, não é?

O Sr. Gilvam Borges (PMDB - AP) - Então, continue, que eu vou ficar...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Vamos analisar e agradecemos a V. Exª...

Não, eu não vejo... Muito pelo contrário, eu votei no Presidente Lula da Silva, na primeira eleição. E eu aprendi, ó Gilvam, com um grande líder - não foi com Bakunin, o anarquista da Rússia -, com Petrônio Portella a não agredir os fatos. O Presidente Lula é o nosso Presidente da República, e eu quero é ajudá-lo. Eu acho que eu o ajudo levando a verdade. Eu creio em Deus, ó Gilvam, e eu tenho coragem de dizer minhas crenças. Eu sou um homem do Piauí. Eu creio em Deus, eu creio na verdade. Eu não acredito neste Governo, porque é um Governo que - imaginem um banco - ele é forte porque tem quatro pernas, uma delas é a corrupção, que é uma perna em que não acredito.

Nunca dantes na história deste País teve tanta corrupção. Nunca dantes houve tanta corrupção.

E a sonegação, aí estão os poderosos que não pagam, quem paga é o povo, que tem 76 impostos.

Os desperdícios com essas nomeações, essas farras, como no Piauí, mais 65 secretários nomeados. O desperdício que é simbolizado pelo aerolula.

O Brasil conhece hoje a história e a incompetência. Tirou-se aquela máquina administrativa formada neste País ao longo de nossa história de extraordinários presidentes e colocou-se na chefia todos os companheiros do PT, incompetentes, e muitos deles corruptos, PhDs em corrupção. Então, essas são as pernas.

Quero dizer ao Brasil que não acredito neste Governo. Está aqui o jornal O Diário do Povo. Mourão, o Congresso, porque esse jornal independente do Piauí diz umas verdades, cortou a assinatura. Tem um jornal que botaram no fim de semana que é uma imoralidade, botaram um companheiro do PT.

Senador Wilson Matos, V. Exª chegou outro dia, mas quem mais discute os problemas aqui sou eu, mas sou discriminado e não apareço. Botaram uma patota aí no jornal - não precisava, é desperdício. O Jornal do Senado, diário, é bom, bem feito, mas arrumaram uma picaretagem de fim de semana, na certa para dar emprego a um picareta do PT, que eu não saio.

Esse jornal, digo para V. Exª, é para sintetizar o que tem o Parlamento aqui. E o Brasil é testemunha de que estamos na televisão. Esse é o PT. Mas aprendi lá, ó Zezinho, lá no nosso Nordeste, não com Goebbels, com Duda Mendonça, transformar a mentira repetida em verdade. Não! Porque é mais fácil tapar o sol com a peneira do que esconder a verdade.

Está aqui, o jornal Diário do Povo foi cancelado, que é um jornal do Piauí que tem coragem e independência: “TCU comprova máfia dos sanguessugas no Piauí”. Tem um jornalista lá, Zózimo Tavares, que eu acho que o Castellinho incorporou nesse Zózimo Tavares. Não acredito nesse negócio de Allan Kardec porque nunca estudei. Assim, espiritismo não é comigo, não é minha praia. Não estou dizendo que não é verdade, não sei. Sou médico cirurgião, mas penso que aquele Carlos Castello Branco, Mourão, o Castellinho, o melhor jornalista deste País em toda a sua história, que combateu a ditadura, que era do Piauí e era um homem como eu, incorporou nesse Zózimo Tavares.

Então, está aqui, jornal Diário do Povo: “TCU comprova máfia dos sanguessugas do Piauí”. Aquela imoralidade das ambulâncias, assim ganharam a eleição. Foram mais de 500 ambulâncias trocadas por voto. Está aqui: “TCU comprova máfia das ambulâncias”.

É o Tribunal de Contas da União, que diz que são ladrões. Trata-se de uma denúncia. Isso é uma vergonha! Cortaram o Diário do Povo e oferecem umas porcarias que levam à mentira, ao dinheiro pago e à propaganda. Eu quero, no meu gabinete, o Diário do Povo. Eu quero.

Ó Presidente Renan Calheiros, que ordem é essa? Estou aqui com este pasquim que se faz em um fim-de-semana, de um picareta do PT! Eu quero o Diário. Está aqui o Zózimo.

O Tribunal de Contas: “Sanguessuga no Piauí condenado”. Esse é o PT! Esconde isso, mande fechar este Congresso. É a verdade. Estou aqui como Afonso Arinos. No drama de Getúlio Vargas, Afonso Arinos chegou aqui: “Será mentira o órfão? Será mentira a viúva?” Getúlio viu a verdade e se envergonhou da corrupção.

Então, Lula, eu quero ajudá-lo. Sou do Piauí, não tenho ressentimento, ódio. O que eu tenho é amor, coragem. Eu quero ajudar. Lula da Silva, Vossa Excelência foi ao México com a sua encantadora esposa, Dª Marisa. Tirou muitos retratos das pirâmides. As pirâmides foram construídas não para tirar fotografia, não; era para dar trabalho ao povo.

Está aqui o jornal O Diário: “Tribunal de Contas da União comprova máfia dos sanguessugas no Piauí”.

Atentai bem!

“Desemprego entre jovens avançou 300%”, no Diário do Povo, do Piauí. Foi cancelado. Ô Mourão, que vergonha! Ô Presidente Renan, eu quero é o Diário do Povo.

Outra manchete do jornal do Zózimo: “100 dias de desgraça no Piauí”. Não são 100 dias, mas 200, porque desde que terminou a eleição parou tudo.

“Porto: paralisação compromete material e gera prejuízo para o Piauí”.

Presidente Lula da Silva, o que nós queremos é o seguinte: Vossa Excelência ganhou as eleições no Piauí, ganhou no Brasil. Chiquinho Escórcio, qual é o povo que está livre de ser enganado? Quem é que está livre de ser enganado? O povo de Tróia era um povo sábio; colocaram lá o Cavalo de Tróia, e o povo foi enganado, foi humilhado, foi arrasado.

Nós também fomos enganados. Vossa Excelência, Lula da Silva, foi ao Piauí, tomou banho de mar. É muito bom. Eu tenho uma casa na praia. Verdes mares bravios, brancas dunas, vento que nos acaricia, sol que nos tosta o ano inteiro. Senador Wilson Matos, já foi lá? Rio que nos abraça. E Lula tomou banho, um bom banho e viu o porto e disse que ia concluir o porto.

Viu o porto, disse que iria concluir suas obras. Levou voto igual o Cavalo de Tróia, mas está lá o porto. Começou com Epitácio Pessoa.

Chiquinho Escórcio, passou aqui uma medida provisória que permitia ao Presidente dar US$20 milhões para o Morales, companheiro da Bolívia, o do gás. O porto precisava de US$10 milhões. Começou com Epitácio Pessoa, João Paulo dos Reis Velloso era Ministro, de tal maneira que faltam US$10 milhões, menos do que o que ele deu à Bolívia. Ele sai dando dinheiro por aí. Aprendi com a minha mãe, terceira franciscana, que a caridade que é boa começa com os de casa. Dá para a Bolívia, para a Venezuela, dá dinheiro por onde anda, e o porto do Piauí está parado por causa de US$10 milhões. O pior é que falta com a verdade o Presidente de República, que se comprometeu. Levou Alberto Silva, engenheiro ferroviário, um idealista, Presidente do meu Partido; disse que ia fazer os trens circulados: Teresina, Parnaíba e Luís Correia, às vésperas da eleição, mas não pôs nem um dormente.

Chiquinho Escórcio, há uma ponte em Teresina. Senador Paulo Paim, Teresina é mesopotâmica como o Iraque, que tem o Tigre e o Eufrates, essa grande civilização que está destruída. O Piauí tem o rio Poti. O PT é “Pára Tudo”. Pára a segurança. Está tudo parado. O povo aqui morre mais do que no Iraque.

Olha, Paim, são dois rios, Parnaíba e Poti, e Teresina no meio. Ela é mesopotâmica. Essa ponte era para comemorar 150 anos de Teresina. Teresina vai fazer 156 anos. Tudo parado, só o esqueleto. Senador Wilson Matos, fiz uma ponte no mesmo rio, com engenheiro do Piauí - Lourival Parente -, com construtora do Piauí, operários do Piauí, dinheiro do Piauí, em 87 dias. Heráclito Fortes fez no mesmo rio em 100 dias. O PT já está há seis anos e só o esqueleto. Esse PT é “Pára Tudo”. Está aí a universidade sonhando com o seu hospital universitário. Parado. Está lá um pronto-socorro; está lá, começado por Heráclito, quando foi Prefeito de Teresina - eu era de Parnaíba - em 1989, 1990, terminado por esse extraordinário Prefeito que foi Firmino Filho, do PSDB. Está lá. Lula foi e disse, na véspera da eleição, que ia botar para funcionar. Está parado, porque o Firmino Filho, que concluiu, é do PSDB e o povo do Piauí votou nele. Esse é o “Pára Tudo”. Está lá, Chiquinho Escórcio, que conhece tudo. O Deputado Federal Milton Brandão com Castello Branco entregaram a nossa eclusa.

O rio Parnaíba era navegável e fizeram lá a hidrelétrica que serve ao Piauí e ao Maranhão, Senador Paulo Paim. Faltam as eclusas. Castello Branco! Quanto tempo faz? Está lá, e eles prometeram. Prometeram até cinco hidrelétricas. Eu quero. E a hidrovia, o transporte ferroviário. O cerrado, que é a última fronteira agrícola. Levamos a Bunge para aumentar a produção de soja. Eletrificamos com dinheiro levado por Fernando Henrique Cardoso. Eletrificação do cerrado. A Transcerrado está do jeito que eu deixei, intrafegável.

E o sonho do Piauí seria se este Governo não fosse de visão, se o Governo do PT não estivesse lá parando tudo. Houve greve dos agentes penitenciários, os presos fugiram, e Teresina é uma cidade que hoje amedronta a todos. Estão em greve os médicos, que não são useiros a isso, eles são resignados. Os fazendários, os professores estão ameaçando. Esse é o modelo de Governo do PT.

Quis Deus chegasse aqui Paulo Paim, essa figura do PT, para que justamente eu pudesse aqui pedir o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o verdadeiro PAC, esse que vem do povo. Que Sua Excelência, o Presidente da República, conclua essas obras federais inacabadas que atrasam o Piauí.

Essas são nossas reivindicações, ô Presidente Lula. Eu represento a história do Piauí. Aprendemos que a gratidão é a mãe de todas as virtudes.

Se essas obras forem reiniciadas, estarei presente no próximo banquete que o PMDB oferecer a Vossa Excelência. Enquanto isso eu fico aqui, talvez numa posição solitária, como fez Rui Barbosa, defendendo as liberdades democráticas e cidadã, como Joaquim Nabuco era uma voz solitária, como Paulo Brossard e tantos outros.

Nós daremos o apoio a Vossa Excelência, justamente quando fizer as obras prometidas ao povo do Piauí, ou então entendemos que aquilo tudo foi um Cavalo de Tróia em nossa história.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/04/2007 - Página 9779