Discurso durante a 46ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à situação da segurança pública, da educação e da saúde no Brasil. Defesa da conclusão das obras do Porto de Luís Correia, no Piauí.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Críticas à situação da segurança pública, da educação e da saúde no Brasil. Defesa da conclusão das obras do Porto de Luís Correia, no Piauí.
Publicação
Publicação no DSF de 13/04/2007 - Página 9648
Assunto
Outros > ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, GOVERNADOR, ESTADO DO PIAUI (PI), MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), DESNECESSIDADE, CRIAÇÃO, SECRETARIA, AUMENTO, GASTOS PUBLICOS, ACUSAÇÃO, GOVERNO, CORRUPÇÃO, INCOMPETENCIA, ADMINISTRAÇÃO, FALTA, SOLUÇÃO, CRISE, SEGURANÇA PUBLICA, EDUCAÇÃO, SAUDE.
  • SOLICITAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CONCLUSÃO, OBRAS, ESTADO DO PIAUI (PI).

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Renan Calheiros, é muita honra vê-lo na Presidência e ter a oportunidade de falar com V. Exª na Presidência; Srªs e Srs. Senadores, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, crença é muito importante. A nossa Igreja Católica tem até uma reza, o Credo. Eu tenho as minhas crenças. E, hoje, eu tenho as positivas e as negativas.

Senador Jarbas Vasconcelos, acreditamos em Deus. Buscamos a verdade. Acredito no estudo, que busca sabedoria, e no trabalho, que produz riquezas. Mas tem muita coisa em que eu não creio: eu não creio na mentira, eu não creio no Governo do PT. Questão de crença, Senador Renan Calheiros.

Eu nunca vi tanta corrupção no Brasil e no Estado de onde venho. Eu nunca vi tanto desperdício. O Senador Heráclito Fortes, que já foi Prefeito da capital do Piauí, um extraordinário Prefeito, acaba de denunciar um secretariado de 60 nomes. Mas não é só no Piauí, é no Brasil. Quando começou este Governo... Nesses anos todos, desde as Capitanias Hereditárias, passando pelos Governos Gerais, pelos Imperadores Pedro I, Pedro II, Princesa Isabel e por todos os Presidentes, havia de 15 a 16 Ministérios.

Ô Jarbas Vasconcelos, de repente, o Presidente da República colocou quase 40. São criados mais de 30 mil cargos de confiança para os companheiros.

Atentai bem, Jarbas Vasconcelos! Bush, o poderoso, Bush, o destruidor, só tem três mil cargos para nomear. O Presidente da França, qualquer que seja, tem 300. Existe a máquina administrativa. Tony Blair, da Inglaterra, só nomeia 100 pessoas. O Governador do Piauí, o Senador Heráclito Fortes acaba de mostrar, tem sessenta e tantos cargos. Esse é o PT! E eu não acredito nele, porque segue-se o desperdício, segue-se a sonegação dos poderosos, segue-se a incompetência.

Este País, Senador Aloizio Mercadante, foi bem estruturado. Quinhentos e sete anos! Getúlio Vargas, um homem muito trabalhador, criou essa estrutura, criou o DASP - Departamento de Aperfeiçoamento do Serviço Público. Getúlio já mandava imprimir livros para Wagner Estelita, de chefia e liderança administrativa. Getúlio Vargas! E aí tiraram toda a estrutura e a desmontaram, colocando companheiros, nomeando-os para a máquina, que está emperrada. E emperrou mesmo. Do jeito que a democracia funciona nesse tripé de divisão de poderes, desse mesmo jeito, a máquina administrativa se desmantelou, de tal maneira que emperrou no tripé mais importante do funcionamento de uma sociedade: a segurança, a saúde e a educação.

Vamos ficar aí.

Qual a nota que a brasileira e o brasileiro dão à segurança que temos neste País? Aqui, Jarbas Vasconcelos e Roseana Sarney, isto é uma barbárie! No Rio de Janeiro, em janeiro, assassinaram 597 pessoas! Assassinaram. Roseana, no Iraque morreram 1.800. É, no Rio o número foi menor do que no Iraque, mas vá contar no seu Maranhão, em Pernambuco, no meu Piauí...

Ô Heráclito Fortes, greve dos agentes penitenciários: fugiram os bandidos!

O Brasil, que só ganhava do Haiti em desenvolvimento, o Brasil, que só ganhou em responsabilidade em gastos da Colômbia - porque há muita maconha por lá, eles gastam mal -, em criminalidade, nós só estamos ganhando talvez do Iraque. E aumentou: em janeiro de 2006, a mortalidade por assassinato no Rio foi 10% menor. A mulher do Garotinho foi mais vitoriosa do que o Sérgio Cabral, nosso companheiro do PMDB. Aumentou 10% em janeiro! Apoiado por Lula, que tirou a segurança de Brasília, do Piauí, do Maranhão e de Pernambuco e levou para o Rio de Janeiro.

Ô Jarbas, eu queria ver o Lula, como Jarbas, como Mão Santa. Nós andamos a peito aberto. Vi Petrônio andando como Ministro. Aí o Presidente vai para o Maracanã e leva o Governador, vai cobrar um pênalti e fazer um gol. O gol que o Brasil queria ver era o do Romário. O Governador pula para um lado, e ele lança.

Eu queria ver, Dona Roseana! Mande este Presidente e o Governador do Estado andar nas favelas, na Rocinha. Quando governei o Piauí, andava em todas as cidades só, eu e Adalgisa. Eu vi Petrônio Portella fazer isso.

Roseana, eu me lembro, Jarbas, de receber Petrônio Portella, que foi Ministro da Justiça, lá na Parnaíba. De repente, ele disse: “Mão Santa, pára, pára, pára!”. Eu tomei um susto. Sabe o que era? Havia uns batedores, e ele disse: “Dispense isso!”. Era este País: “Dispense! Não quero batedor! Eu sou Ministro da Justiça! A autoridade é moral!”.

Esse foi um País de outro dia. Aqui, assaltaram a bela Ministra do STF. Num sítio, num churrasco, o Ministro da Fazenda teve de esconder-se no banheiro, porque houve um assalto. Se não tem segurança essa gente, Renan, e nós, o povo?

Renan, eu vi V. Exª, com sua simplicidade e coragem, chorar o desgoverno de Alagoas. E eu choro o do Piauí.

Renan, isso foi outro dia! Olha, esse negócio de violência... V. Exª pode estar de cabeça erguida. V. Exª foi extraordinário Ministro da Justiça, ajudou-nos no Piauí a construir presídios, a combater o crime organizado. V. Exª pode manter-se com altivez, pois enfrentou. Mas está muito pior!

            Renan, no Piauí, cristão como a sua Maceió, temos os nossos costumes, a nossa história, a nossa tradição. Não sei lá, mas no Piauí é assim. Eu vou querer. Eu tenho a minha casa com a Adalgisa e, quando eu morrer, quero o meu velório na sala. É tradição! Eu vi meu avô, minha avó, meus pais! Pois, outro dia, cheguei a Teresina, Heráclito, e havia morrido uma pessoa influente. Às 17 horas e 30 minutos, eu e Adalgisa combinamos de ir à sentinela. Jarbas, quando fui à sentinela, de noite, bem em Teresina - olhe a barbárie em que vivemos neste Brasil! -, eles disseram: “Não, não. Nós enterramos às 18 horas, porque, se se fizer sentinela agora, chegam os bandidos e assaltam até o defunto!”.

Então, essa violência do Rio foi pior do que as viroses e a Aids: expandiu-se pelo Brasil todo. Esse é o Governo da corrupção, do desperdício, da sonegação, da incompetência!

Senador Renan Calheiros, quisera que o nosso Partido chegue à Presidência! E V. Exª pode ser um deles.

Eu queria dar a V. Exª minha primeira colaboração. O Bill Clinton, que governou quatro vezes Arkansas para ser Presidente, disse que era difícil e complicado governar na democracia. Ele mandou os melhores técnicos estudarem. E David Osborne e Ted Gaebler estudaram e escreveram o livro Reinventando o Governo. Eles chegaram à conclusão de que o governo não pode ser grande demais, porque não dá certo. Senador Romero, até um transatlântico grande afunda. Quem não assistiu ao filme Titanic? Titanic...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Esse Governo está afundando, comprometendo a nossa segurança. Nunca tivemos uma má educação como temos hoje, assim como a saúde, Renan!

Renan, tenho uma história a contar. Como é mesmo o nome do Ministro da Saúde do PMDB? Temporal? Temporão? Não o conheço. Pode ser boa gente. Deve ser, se é Ministro. Há 40 anos sou médico-cirurgião, e o desafio a me mostrar, aqui e agora, e desafio o PMDB - ó Romero -, a me mostrarem uma próstata operada pelo SUS; a me mostrarem uma tireóide - e fiz milhares - operada pelo SUS; a me mostrarem uma duodenopancreactomia! De maneira nenhuma!

Pela tabela do SUS, Renan, é R$2,50 a consulta. Pagam-se R$ 9,00 ou R$ 10,00 pela anestesia, e R$ 20,00 por uma cirurgia. Uma cesariana é R$ 100,00. Pode-se fazer por amizade, ou para nós, privilegiados, ou para quem tem plano de saúde ou dinheiro. Mas o Brasil vai muito mal.

E a segurança, Renan? Não me dê a nota agora. Amanhã, com sua sinceridade, dê-me uma nota para a segurança.

Romero, fui ao Chile. Ao chegar ao aeroporto, o motorista, percebendo que éramos brasileiros, perguntou: “Você não quer falar inglês, não?” Lá, todos já falam duas línguas. No Chile, são obrigatórios 12 anos de escola...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Essas são as nossas advertências.

É justo! O Presidente foi lá, tomou um banho naquela prainha em que V. Exª tomou, na praia do Coqueiro, Renan, lá onde V. Exª, em momentos, fazia uma reflexão. Lula também passou por lá e prometeu o Porto de Luís Correia, que foi iniciado por Epitácio Pessoa. Faltam US$10 milhões, e não sai. Só promessa, só conversa.

Eu não acredito. Renan, eu acredito, se terminarem as obras inacabadas. Pense nas obras inacabadas do seu Estado, V. Exª, Romero, e eu, do Piauí.

Estas são as nossas palavras para o Presidente da República: termine, pelo menos, as obras inacabadas do nosso Piauí, o Porto de Luís Correia. Ele deu para a Bolívia 20 milhões. Era dinheiro suficiente para terminar o porto do nosso Estado, o único que não tem porto. A ferrovia que levou Alberto Silva, encantado, a apoiar a candidatura, está lá. Não colocaram um dormente. Levaram os votos.

Aí você diz: Renan, qual é o povo que está livre de ser enganado?

Enganaram. O Piauí está um caos, como o caos e as dificuldades que Alagoas e o Brasil enfrentam.

Essas são as nossas palavras.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/04/2007 - Página 9648