Discurso durante a 52ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Lamenta aumento da violência no Brasil, conforme dados da pesquisa DataSenado. Críticas ao Presidente Lula pela nomeação de Roberto Mangabeira Unger para a nova Secretaria Especial de Ações de Longo Prazo.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO. SEGURANÇA PUBLICA. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • Lamenta aumento da violência no Brasil, conforme dados da pesquisa DataSenado. Críticas ao Presidente Lula pela nomeação de Roberto Mangabeira Unger para a nova Secretaria Especial de Ações de Longo Prazo.
Publicação
Publicação no DSF de 20/04/2007 - Página 11003
Assunto
Outros > SENADO. SEGURANÇA PUBLICA. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • HOMENAGEM, SECRETARIA ESPECIAL, COMUNICAÇÃO SOCIAL, SECRETARIA, PESQUISA, OPINIÃO PUBLICA, SENADO, EFICACIA, VALORIZAÇÃO, INVESTIGAÇÃO, OPINIÃO, CIDADÃO, CRITICA, AUMENTO, VIOLENCIA, BRASIL.
  • GRAVIDADE, SITUAÇÃO, SEGURANÇA PUBLICA, BRASIL, CRITICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), MANIPULAÇÃO, DADOS, VIOLENCIA, REPUDIO, ESTADO, IMPUNIDADE, REU, TRAFICO, DROGA, CORRUPÇÃO, HOMICIDIO, REGISTRO, INICIATIVA, POPULAÇÃO, REIVINDICAÇÃO, GOVERNO, IMPLEMENTAÇÃO, PENA DE MORTE, DETERMINAÇÃO, FORÇAS ARMADAS, FISCALIZAÇÃO, PROTEÇÃO, SOCIEDADE.
  • QUESTIONAMENTO, INCOERENCIA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, NOMEAÇÃO, ROBERTO MANGABEIRA UNGER, MINISTRO DE ESTADO, SECRETARIA ESPECIAL.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Leomar Quintanilha, Srªs e Srs. Senadores na Casa, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos acompanham pelo sistema de comunicação do Senado Federal.

Senador Leomar Quintanilha, o Senado realmente é ainda uma esperança para salvaguardar a nossa democracia, uma estrutura de mais de 180 anos, que, quando adentrou aqui D. Pedro II, tirava a sua coroa e o seu cetro e se igualava aos Senadores. D. Pedro II, Senador Botelho, manifestava que, se não fosse Imperador, queria ser Senador.

Então, o Senado tem essa história, do Joaquim Nabuco, do Rui Barbosa, dos recentes e de nós. É uma estrutura, vamos dizer, que sustenta essa esperança de democracia. E uma estrutura que funciona bem. O sistema de comunicação é perfeito. Senador Leomar Quintanilha, venho aqui homenagear a Secretaria Especial de Comunicação Social e a Secretaria de Pesquisa e Opinião Pública do Senado Federal. Ô, Zezinho, Abraham Lincoln disse uma verdade. Atentai bem: “Não faça nada contra a opinião pública, que malogra. Tudo com ela tem êxito.” Poderiam dizer que já passou muito tempo, mas eu diria que o nosso líder, que construiu isto aqui, humilhado e cassado aqui, Juscelino Kubitschek, Senador Botelho, lá no seu governo, onde ele chama os seus companheiros José Maria Alckmin, Israel Pinheiro, aí eles vêm ao Planalto e dizem: “Que está havendo, Presidente?” Eram dez e meia da noite, Leomar Quintanilha. “Está havendo uma revolução? Jacareacanga, Aragarças?” Ele disse: “Nada. É porque eu estou a lembrar o tempo de nossa juventude, das dificuldades que tivemos. Agora, sou o Presidente, vocês todos, brilhantes postos, vamos tomar um uísque para comemorar. Mas, antes, quero saber como vai o monstro, por isso que os chamei.” Como vai o monstro! Disse Juscelino.

O monstro era o povo. Ele queria saber como ia o povo. Ulysses Guimarães, que nós conhecemos e que está encantado no fundo do mar, dizia: “Ouça a voz rouca das ruas.” É o povo. Nós não estamos na rua, é “com a rua”, com o povo. E aqui está uma pesquisa de opinião pública. Verdade.

O Presidente Luiz Inácio - votei nele da primeira vez - é uma pessoa generosa. Mas ele mesmo, no desespero, disse: “Estou cercado de aloprados por todo lado.”

Aristóteles disse, Senador Paulo Paim: “O homem é um animal político”. O filósofo cristão, Thomas Merton, disse: “O homem não é uma ilha.” Não é só. E o Lula não está rodeado de mar; está “rodeado de aloprados por todo lado.” Ele, no desespero, disse isso.

Então, é aquela estratégia do velho Hitler. Hitler ganhou todas a eleições.

Havia eleições lá, Senador Paulo Paim. Está vendo, Senador Leomar Quintanilha? Olhe a preocupação. Ele pregava que uma mentira, repetida várias vezes, se tornava verdade. Duda usou essa estratégia.

A verdade é esta que o Senado busca - a opinião pública: a violência. Senador Paulo Paim, Cícero, no Senado Romano, já vociferou: “Pares cum paribus facillime congregantur” - “os iguais facilmente se juntam”. “Violência atrai violência”.

Senador Paulo Paim, riqueza é o que todos queremos - trabalho só tem um sentido: fazer riquezas e felicidade. No campeonato das riquezas, que ocorre todo ano - não é como a Copa do Mundo -, não estamos em último lugar, porque existe o Haiti. São os dados, os números, a verdade.

Senador Augusto Botelho, há um campeonato também de eficiências e gasto público. Nós não tiramos o último lugar, mas ficamos em penúltimo. Só ganhamos da Colômbia, porque lá há muita maconha. Estão gastando mal, pior do que o Brasil. Essa é a verdade.

Então, em todas essas competições, o Brasil aí está. Quanto aos juros, está disputando o lugar de mais caro do mundo. Tributos e impostos são 76. Se não somos os mais perversos, estamos perto disso, disputando também.

E a violência? Paim, temos o Iraque. Ontem morreram 100. Mas nós estamos perto. Em janeiro, no Rio de Janeiro, cidade maravilhosa, foram 597 mortes.

Atentai bem! O Senado faz uma pesquisa e diz com seriedade. Ô Paim, essa estrela do PT deve levar a verdade. Como Cristo dizia: de verdade em verdade, eu vos digo. Então, é uma pesquisa feita, bem feita, bem analisada. Nossa homenagem à Secretaria Especial de Comunicação Social, ao Presidente Renan, que busca a verdade.

As conclusões: para a população, a violência não vai diminuir. Fé, esperança - ninguém pode viver sem esperança - e caridade, cantava o Apóstolo Paulo.

Que esperança tem um povo que afirma, numa pesquisa feita pelo Senado, que a violência não vai diminuir? Paim, vamos acabar ganhando do Iraque. O Rio de Janeiro vai passar Bagdá. E Bagdá é mesopotâmica como a minha Teresina.

E o pior: de mentira em mentira, esse povo vai governando o Brasil e o meu Piauí.

Olha, Senador Paulo Paim, a gravidade: no Piauí há uma pesquisa e um trabalho feito pelo Vereador Jacinto Teles, do PT, na Secretaria de Segurança e Justiça, em que cita todos os assassinatos. E a conclusão a que chega é de que o número é quatro vezes maior do que o governo anuncia. Quer dizer, de mentira em mentira, eles vão governando.

O próprio Vereador do PT, que é líder, presidente sindical - eles têm um ideal -, disse que é quatro vezes o número de mortes no Piauí do que o que o Governo do meu Estado, a Secretaria de Segurança e a Polícia anunciam. Então essa é uma estratégia mentirosa.

Se for verdade, no Rio, Senador Paulo Paim, o número anunciado é 597; então, se multiplicarmos por quatro, vamos ganhar do Iraque!

Então esse é o Brasil. E o povo diz aqui: a violência não vai diminuir. Qual é a esperança, Leomar Quintanilha? É a pesquisa do Senado. Renan Calheiros foi buscar a verdade, um homem correto. O sentimento da população brasileira é de que a violência é um fenômeno que não pára de crescer no País. Em comparação com o passado, 86% do meu Estado, avaliado em 2,5 milhões de habitantes, diz hoje que é maior do que nos últimos 12 meses, e vai aumentar.

É o povo sem esperança da paz e do bem. Francisco Santos andava com essa bandeira, vai aumentar. Atentai para a vergonha! Ó Botelho! Vinte por cento dos brasileiros dão nota um para a segurança. Caro Luiz Inácio, meu Presidente, nota um; 20%.

Norberto Bobbio, o mais sábio dos teóricos políticos, Senador vitalício da Itália, disse que o mínimo que se tem de exigir de um governo é segurança à vida, à propriedade e à liberdade. Nota um. Mas, enfim, 68% reprovam, menos de quatro. Esse é o resultado e a verdade.

Causas da violência, Paim: impunidade. Estão aí. Vocês viram o mensalão. Aliás, o primeiro a denunciar isso fui eu. Eu disse que havia mesada. O grande jornalista Cláudio Humberto colocou isso em sua coluna, e depois apelidaram de mensalão. Quem foi punido, Leomar Quintanilha? Impunidade, tráfico e consumo de drogas, desemprego, que é problema do Governo.

“Comerás com o suor do teu rosto” é uma mensagem de Deus aos governantes, para que propiciem emprego e trabalho.

Falta de ensino, ausência do Estado e acesso às armas. A maior criminalidade está no Sul, Centro-Oeste e no nosso Nordeste. A sociedade espera uma presença mais forte do Estado. Como alternativa aos baixos índices de segurança disponível, atualmente a população e os Estados aprovaram propostas de uso das Forças Armadas. Pela Constituição, as Forças Armadas não são para isso. Há um artigo, o art. 144. Mas, o povo quer.

Paim! Cristãos que somos! Amai-vos uns aos outros. Não matarás. Isso não funciona mais. Mais de 80% quer a pena de morte já. Se houver um plebiscito, passa. Somos cristãos, mas é porque o povo está perplexo diante da barbárie em que vivemos.

E vai mais além: alternativas para melhorar a segurança. O povo pede já as Forças Armadas. A Constituição não prevê isso, mas temos que pensar e refletir. O povo pede. E mais: que haja um orçamento fixo. Não temos para a educação, 25%; para a saúde, hoje, 12%, com a emenda, 29%, porque aumenta. Que tenha!

O brasileiro deseja maior rigor nas penas. É claro! E aqueles benefícios dos presos, que sejam afastados os dos crimes hediondos: assassinato, estupro, seqüestro.

E que se diminua já. Isso é o povo. É a pesquisa bem-feita. Enfim, a grande maioria dos brasileiros já acha que o indivíduo deve ser punido a partir de 14 ou 16 anos de idade. Somando os dois dá 36, mais 29, é igual a 65, a grande maioria. Adoção de prisão perpétua, que não temos.

Enfim, a violência é uma experiência real para a população. E a mais grave, Senador Leomar Quintanilha. Isso é uma barbárie! “Criança, não verás nenhum país como este”. Olavo Bilac não declamaria mais isso hoje. Ele, Patrono Civil do Exército, obrigava o serviço militar. O Governo não tem dinheiro. Antigamente havia o “Tiro de Guerra”. Eu fiz o CPOR. No Exército ensina-se cidadania, disciplina, hierarquia, respeito à Pátria, simbolizada pela inscrição “Ordem e Progresso”. Não tem mais. Não tem dinheiro para coisa séria. Acabou.

Ó Senador Leomar Quintanilha, eu fiz o CPOR. Presidente Luiz Inácio, com todo o respeito, V. Exª não o fez. Eu fiz o CPOR. Eu era estudante de medicina; foi muito importante para a minha vida. Centro de Preparação de Oficiais da Reserva. Senador Paulo Paim, acabou. Não existe. O número é insuficiente. Não há dinheiro. O Bilac é Patrono Civil do Exército. Tem que voltar, Presidente Luiz Inácio, porque é onde a mocidade aprende cidadania, respeito, disciplina, hierarquia, amor à família e à Pátria.

Então, são essas as queixas e lamentos.

Presidente Luiz Inácio, aí está o bravo Prefeito de Esperantina, Prefeito Felipe Santolia. Lá de Passa Quatro, Minas Gerais, ele foi para o Piauí. Jornalista vibrante, tornou-se uma grande liderança e transformou sua secretaria de comunicação: os Vereadores Gilber Chaves, Jânio Aguiar, Paulo Brasil, que é radialista, e a secretária Rosimar.

Estou na tribuna com a aquiescência do Presidente. Regimentalmente, eu teria dez minutos, mas ele me concede mais dez por causa da mulher que encontrou no Piauí e que fez dele um homem feliz. Então, em nome da Márcia, ele vai deixar que eu fale pelo tempo que quiser, porque sua mulher é piauiense. Ele foi inteligente ao buscar uma dessas pérolas que são as mulheres do Piauí e constituiu uma das famílias mais belas do nosso Tocantins e do Brasil.

Então, piauienses, Felipe Santolia, é preciso estudar. V. Exª estudou comunicação para ser jornalista. Até para jogar futebol se estuda. Leomar Quintanilha, V. Exª é bancário, brilhante. Teve de estudar para aquela escola de seriedade que é o Banco do Brasil. Para administrar, é preciso estudar. Bill Clinton, ó Felipe Santolia, viu que é complexo, depois de ter sido quatro vezes Governador do Estado de Arkansas. Quatro vezes! Inicialmente, eram dois anos e, depois, aumentaram. Mas foi quatro! Perdeu uma eleição, ganhou outra... Quatro vezes! Quando chegou à Presidência da República, ele viu que era complicado, Presidente Luiz Inácio! Mandou buscar os maiores experts, que fizeram o livro “Reinventando o Governo” - Ted Gaebler e David Osborne. Eles dizem, sinteticamente, que o governo não pode ser grande demais, porque afunda. É como um transatlântico. O Titanic, a maior obra da engenharia naval daquela época, afundou, porque era grande demais! O governo tem de ser menor, mais ágil, e chegar ao povo. E V. Exª cai no erro. Não caia na conversa desses aloprados! V. Exª pegou 507 anos de Brasil, todos governados com 15 a 16 ministros. V. Exª está com quase 40 ministros. E estão metendo em sua cabeça a idéia de nomear outro, o Professor Roberto Mangabeira Unger, para a Secretaria Especial de Ações de Longo Prazo. Olha, um jornalista, Reinaldo de Azevedo, já a chama de Sealopra - Secretaria dos Aloprados. Que ele foi professor, foi! Ele foi o guru do nosso Ciro Gomes.

Mas é o seguinte, Senador Leomar Quintanilha: será que o Presidente Luiz Inácio sabe qual o conceito que ele tinha de Sua Excelência no Governo passado? “O atual Governo é o mais corrupto da história nacional.” E esse homem vai ser ministro. O povo vai ficar perplexo.

Dona Marisa, V. Sª é uma mulher extraordinária. As mulheres superam os homens. Lembro a mulher de Pilatos, Cláudia, a Verônica e as três Marias. Não deixe o Presidente da República, Luiz Inácio, cercar-se de mais um aloprado. Esse dinheiro, vamos investi-lo na segurança, na saúde, na educação. Vamos investi-lo, vamos dá-lo aos prefeitinhos, que são pessoas dedicadas. Os prefeitos, no organograma da democracia, são os mais importantes. Os prefeitos e os vereadores. Tanto isso é verdade que Mitterrand, ao derrotar Giscard D´Estaing, que por sete anos governou a França, perguntou-lhe o que ele iria fazer. E disse D’Estaing: “Vou voltar para minha cidade natal e ser vereador”, mostrando que se vive é na cidade, que o povo está na cidade, que o prefeito administra para sua mãe, sua mulher, suas filhas, seus avós e todos os habitantes.

Então, Senhor Presidente da República, pense antes de nomear mais um aloprado e de criar mais uma secretaria, que o povo já está apelidando de “Sealopra”.

Senador Paulo Paim, quero parabenizar V. Exª, que hoje, como sempre, foi buscar os excluídos, desta vez os índios, e fez-lhes uma homenagem, atendendo as reivindicações deles.

Lamento o meu Piauí não ter índios mais, porque foi lá o Domingos Jorge Velho e matou todos. Mas lá nas minhas ilhas do Delta havia uns índios louros, os Tremembés, dos quais acredito ser descendente. E aqui, como índio, estamos apelando para a melhor conselheira do Lula, a sua esposa: não deixe o Lula nomear mais um aloprado, Dona Marisa; mande o dinheiro para os prefeitos que vieram em marcha reivindicar 1%, que eles levarão esse dinheiro de volta ao povo que elegeu e admira o Presidente da República.

Era o que eu tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/04/2007 - Página 11003