Fala da Presidência durante a 40ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Críticas ao Presidente da República por quebrar a hierarquia militar.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • Críticas ao Presidente da República por quebrar a hierarquia militar.
Publicação
Publicação no DSF de 03/04/2007 - Página 8263
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DESRESPEITO, CONSTITUIÇÃO FEDERAL, TENTATIVA, SOLUÇÃO, CRISE, TRANSPORTE AEREO, COMPARAÇÃO, ERRO, JOÃO GOULART, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, VITIMA, GOLPE DE ESTADO, HISTORIA.

     O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - V. Exª tranqüiliza o País, porque representa a grandiosa Minas Gerais, onde nasceram as liberdades com o sacrifício e a inteligência de muitos.

     O Presidente da República estava ausente, mas ausente não estava a Constituição. Presidentes passarão.

     Conheci e quero dar meu testemunho - não sei onde V. Exª estava. Mas em 1964, eu era universitário, indiretamente ligado à UNE - era do DCE -, e vi o que houve com um Presidente muito mais popular do que o Lula, muito mais sábio, que tinha ganho um plebiscito - o Congresso ajeitou um parlamentarismo. Ele impôs, tal a admiração que tinha do povo do Brasil, e a confiança, um plebiscito, que ele ganhou. Foi o maior arraso que houve na história. E esse Presidente, em 13 de março... Estou relembrando para a história não se repetir.

     O Presidente Lula - sei que ele está cercado de aloprados - tem que ouvir o Senado da República, os pais da Pátria. Essa é a verdade.

     O Presidente João Goulart, em 13 de março de 1964, fez o maior comício da história do Brasil, nas devidas proporções. Lá da minha Parnaíba, Custodio Amorim, José Tiago, líderes sindicalistas populares, foram para o Rio de Janeiro, que V. Exª conhece bem e onde tem unidades educacionais. Lá na praça da estrada-de-ferro, no dia 13, ele fez o maior comício. Ele ficou tão emocionado com o apoio que estava tendo da Pátria, das forças populares, que deixou o discurso e falou de improviso, com emoção, com calor, com cultura, com a luta trabalhista ímpar de João Goulart, ao lado de sua encantadora Maria Tereza, para o País todo.

     De repente, entra uma pessoa que ele não conhecia e o abraça. Era o Cabo Anselmo, que tinha sido punido e havia saído da prisão da Marinha. Dois dias depois, 15 de março, no Rio de Janeiro, no Clube Militar, os oficiais estavam salvaguardando a hierarquia. Em 31 de março, João Goulart, em nome da paz, deixa-nos. E levamos este País aos dias de hoje. E queremos resguardar isso.

Sr. Presidente da República, nós viemos do Piauí de Petrônio Portella, que nos ensinou a não agredir os fatos.

     Sabemos que Lula tem popularidade, sabemos que venceu a eleição com 20 milhões de votos, mas também sabemos que a opinião pública muda. Ontem, domingo, foi Dia de Ramos. Estou com Jesus! Todo o povo. Sexta-Feira da Paixão. Barrabás vencia cristo. No Senado, até tu, Brutus. Brutus falava ao povo que César era cobrador de imposto, e o povo, emocionado, gritava “liberdade!”. O Senador Marco Antônio teve de dizer: “Não vim louvar César; vim enterrar César!”. E Brutus deixou. E ele disse: “Eu tenho um testamento de César aqui”. E o povo curioso: “Queremos ver o testamento de César”. O povo viu a pureza de César, e Brutus teve de sair pelos fundos, e veio o Triunvirato.

     Então, que o Presidente Lula e os nossos companheiros, que V. Exª representa, que o estão apoiando, saibam que esta é a Carta Magna da Nação.

     Estou com Ulysses, quando beijou a Constituição e disse que desobedecê-la era rasgar a bandeira do Brasil.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/04/2007 - Página 8263