Discurso durante a 63ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Responsabiliza o Governo do PT pelo mau desempenho do Estado do Piauí na educação.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA. EDUCAÇÃO. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Responsabiliza o Governo do PT pelo mau desempenho do Estado do Piauí na educação.
Publicação
Publicação no DSF de 05/05/2007 - Página 12646
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA. EDUCAÇÃO. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • EXPECTATIVA, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, COMISSÃO, SENADO, VISITA, PAIS ESTRANGEIRO, CHILE, IMPORTANCIA, PROJETO, CRIAÇÃO, UNIVERSIDADE, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL), CONVITE, SERGIO ZAMBIASI, SENADOR.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, DIVULGAÇÃO, PRECARIEDADE, EDUCAÇÃO BASICA, ESTADO DO PIAUI (PI), CRITICA, GOVERNO ESTADUAL, AUSENCIA, INCENTIVO, MELHORIA, EDUCAÇÃO, INSUFICIENCIA, PROFESSOR, REGIÃO, CONCURSO PUBLICO, COMPARAÇÃO, DADOS, ESTADOS, DEMONSTRAÇÃO, INEFICACIA, POLITICA, ENSINO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).
  • APREENSÃO, GOVERNO FEDERAL, PARALISAÇÃO, OBRA PUBLICA, PORTO, ESTADO DO PIAUI (PI), PRECARIEDADE, SAUDE PUBLICA, AUSENCIA, AEROPORTO INTERNACIONAL, PREJUIZO, TURISMO, CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, OMISSÃO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, NECESSIDADE, LIBERAÇÃO, RECURSOS, CONCLUSÃO, OBRAS.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Paulo Paim, que preside esta sessão de sexta-feira, 4 de maio. Sexta-feira, atentai bem, brasileiros! Isso só ocorreu conosco, porque Paim, Vice-Presidente, o possibilitou; S. Exª muito ajudou na realização desta sessão.

Uma das funções primordiais do Senado, brasileiras e brasileiros, é lançar idéias ao povo do Brasil. Debater idéias e fatos é uma das funções do Senado, assim como fazer leis boas e justas, fiscalizar os governos. Mas, essa a que me refiro é, como Teotônio dizia, parlar: falar, sobrevivendo; falando para sobreviver.

Então, é este debate que é possível agora. E aqui estamos. E a educação? Senador Paulo Paim, a sua cara é o trabalho, o salário do trabalhador, a moralização do trabalho.

É lógico que V. Exª não tem só a cara, mas também o coração, os braços e outras bandeiras que o simbolizam. A educação neste Senado já foi simbolizada por João Calmon e Darcy Ribeiro, hoje, por Cristovam Buarque.

Senador Geraldo Mesquita, não sei quando terminou, mas sei que fiz, ó Marco Maciel, aqueles exames de admissão, que não deveriam ter acabado nunca. Lembro-me ainda hoje de que, quando terminávamos o primário, para entrar no chamado ginásio, tínhamos de fazer o exame de admissão. Lembro que havia dissertação e que todos nós, quando entrávamos no ginásio, sabíamos escrever, e bem, corretamente, ó Geraldo Mesquita. Havia o ditado; lembro-me de que foi “Meu Pai”, de Humberto de Campos. Matemática, sabíamos aquela do Trajano, mas sabíamos. Então, acabou-se. E quis Deus que entrasse aqui uma das mentes mais iluminadas, que é um educador, o Senador Tião Viana. Mas aí vai educação e tudo mais.

Outro dia, eu e Heráclito, orgulhosos, ó Geraldo Mesquita: Dom Barreto, melhor educandário do Brasil, privado, particular. Agora, a educação do Governo, que é do PT, é uma lastima! Está aqui - e vejam que o Governo é forte com os jornais. Ó, Senador Geraldo Mesquita, V. Exª sabe que o Governo é forte. Então, O Dia, um jornal tradicional, “Piauí é reprovado na educação básica”.

Ó, Tião Viana, quero fazer uma solicitação a V. Exª, que é justo. Quanto a gente é da Oposição, a televisão nem coloca, bota em letra pequenininha; quando é do Governo, aumenta. Eu acompanho isso. Liberdade, igualdade e fraternidade. A letra é grande quando é do Governo; eu vejo, e nunca sai. Não saiu desde o dia em que reclamei. Eu vou reclamar; só se fecharem isso. Na certa há um aloprado que está dando essas instruções que estou advertindo.

Está aqui: O Dia. Coloque na letra grande aí; se não colocar, venho de novo. Esta é a única instância da liberdade. Se não houver o confronto, este País fica igual a Cuba, à Venezuela, ao Equador em 60 dias, à Bolívia e à Nicarágua. Nós aqui representamos a lição democrática de Eduardo Gomes; o preço da democracia é a eterna vigilância. Por isso estamos aqui.

“Piauí é reprovado na educação básica”. Então, o que houve? Nós somos justos.

A medida do Ideb, de mensurar o aproveitamento, é louvável. As notas, com o Ideb, variam de 0 a 10. Em todo o Brasil, Senador Geraldo Mesquita, elas não chegam a 4: vão até 3,6. Quanto às do Piauí, poucas passam de 1. As de Guaribas estão em torno de 1. Então, é isso que é lamentável. As notas da educação, Senador Paulo Paim, vão de 0 a 10, e as notas da educação pública no Brasil estão na média de 3,6. O Brasil é reprovado. Mas o Piauí está entre os piores Estados na educação pública, e o Governo é do PT. E como isso aconteceu?

Outro jornal, Diário do Povo, diz: “Educação do Piauí tem as piores notas do país”.

Temos um documento de uma líder de classe. E, como ela identifica isso? Atentai bem para esta denúncia: “Para ser professor no Estado do Piauí, a pessoa basta ter apenas QI”. Senador Geraldo Mesquita, não aquele “Quociente de Inteligência”, mas “Quem Indica”, de tal maneira que é prejudicial.

Um  Professor da Universidade Federal do Paraná vai mais longe, ao indagar: “Como alguém pode cobrar um bom desempenho ou o comprometimento com um projeto pedagógico, se as pessoas estão ali por um tempo?”. Não há concurso: os professores são contratados “politiqueiramente”. Não há estímulo, ou seja, os professores não vão dedicar-se, se não há segurança.

A vergonha é a seguinte - e quem diz não é o Senador Mão Santa; vou citar as palavras da Professora Maria dos Remédios Silva, Vice-Presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica Pública do Piauí (Sinte): “Além de não ter estabilidade nenhuma, há gente que quase paga para trabalhar”. Ela acrescenta que muitos professores temporários já passaram em concurso realizado pelo Estado, mas não foram nomeados.

Senador Geraldo Mesquita, por que trago esse documento? Não vou dizer que isso acontece somente no meu Estado, mas o Piauí está mostrando a maneira aloprada como o PT governa.

Senador Geraldo Mesquita, parabéns ao Acre. Tião, cumprimento o Governo do Acre. Lá, somente 9% dos professores não são concursados. No Piauí, são 75%, o que é uma lástima. Parece que os aloprados estão mais concentrados no Piauí. Alagoas está com 8%. Talvez seja influência daquela brava Senadora, professora, Heloisa Helena, reivindicando, fazendo oposição. Isso é necessário. A Bahia só tem 8%. Meus parabéns ao governador Roriz, pois o Distrito Federal só tem 4% de não concursados. O Roriz é do nosso PMDB independente; pode ser candidato a Presidente da República. Os Estados de Goiás e Pará também são citados. Em São Paulo, 8%. Meus parabéns ao Sergipe que tem somente 8%. Era do PFL o governador, João Alves, marido da nossa Senadora Maria do Carmo.

O Piauí tem 75%. Essas são as informações. Então, o que queremos dizer é o seguinte: não dá. O Piauí está saindo na mídia só por essas coisas.

São 11 milhões de hectares de cerrado, 3 milhões ao lado do rio Parnaíba. Há uma estrada Transcerrado que iniciei. Mas o Piauí apareceu, entrou na mídia: todos os caminhões atolados, desgraçados nas estradas. E fico constrangido porque fui a Santa Catarina, na cidade de Gaspar, buscar uma Ceval, que hoje é a Bunge, uma multinacional, produtora de alimentos, beneficiadora de soja.

Mas não se pode transportar. Saiu na mídia:todos os caminhões atolados no Piauí. Saiu no Fantástico, da TV Globo, os hospitais: um médico chorando por causa da dificuldade que ele tem de, entre quatro doentes, escolher um para colocar na UTI. Qual o critério? O médico, traduzindo o amor, a sensibilidade, o sacerdócio, o compromisso, teve uma crise de choro ao ser entrevistado. É muito penoso, a cada instante, filas e filas no pronto-socorro. E o pior: há um pronto-socorro começado por Heráclito Fortes, em 1989, terminado pelo extraordinário Prefeito Firmino Filho, porque é do PSDB e elegeu o Prefeito atual do PSDB - faltam só uns convênios; porque é do PSDB, prometeram na campanha Governador e Presidente, e o povo sofre. O pronto-socorro não é do PSDB, não é do Prefeito, é de Teresina, é do Piauí, é do Maranhão, é do Tocantins, é do Ceará, é nosso. Qualquer um de nós pode necessitar do pronto-socorro.

Mas, porque o Prefeito é do PSDB, está lá um elefante branco. Um Hospital Universitário que me fazia chorar: o material todo deteriorado, porque nunca funcionou. É isso que está acontecendo.

Mas, um mal nunca vem só. Senador, ô Sibá, Padre Antônio Vieira disse: “Um bem é acompanhado de outro bem”. Eu digo, Geraldo Mesquita: o mal também traz outro mal.

E adentra no plenário Pedro Simon. Quero dizer o seguinte: Ô Paim... Cadê o Paim? Já saiu. Só tinha aqui o Rio Grande do Sul, e eu estava pensando que até a gente pode fazer chapa, mas na minha o candidato é Pedro Simon. Só com aquele discurso que Pedro Simon fez, só com aquele ele supera todos os Senadores nesses 180 anos. Rui Barbosa, V. Exª agora encontrou um concorrente. Geraldo Mesquita, um homem que sobe aqui e em vinte minutos bota os podres, que são muitos, deste Congresso e dos congressistas. O Lula já disse, uma época, assim como falou em aloprados, que todos os Deputados são picaretas, os trezentos. E V. Exª teve a coragem que só um homem sem rabo de palha tem, só um homem de virtude para mostrar também os podres do Judiciário, os nossos e os do Executivo.

O PMDB independente tem candidato. Somos um grupo. Quantitativamente sabemos contar, somos menos; mas, qualitativamente, está aí um. Roriz é outro. Só tem candidato do PMDB dos independentes. Ele ganhou na educação. Brasília é o lugar, Senador Pedro Simon, que tem só 4% de professores com influência política; os demais todos são concursados. No Piauí, 75% são indicados. O seu Rio Grande do Sul está mais ou menos, não está essas coisas não. Se V. Exª estivesse no Governo, estaria melhor. No Rio Grande do Sul são 12%. Está até bom, porque no Piauí está uma lástima. É o modelo do PT.

Temos nosso candidato: Jarbas Vasconcelos. Se ele não topar, tem o Geraldo Mesquita. Mas o nosso grupo independente do PMDB tem candidato. Não vamos assim não.

Pedro Simon, ontem o País... Aquilo deve ser reproduzido.

Mas, de desgraça em desgraça, mentindo e mentindo, o PT vai governando.

Pedro Simon, o Presidente Lula foi lá. Tem um porto cuja construção começou por Epitácio Pessoa. Ele disse que iria terminar, tomou até banho. Tião, até o hotel em que ele ficou hospedado fechou, porque o Governo do PT não pagou as contas e os compromissos. De mentira em mentira, levaram o Alberto Silva - não respeitaram nem a idade nem a sua biografia de conselheiro. Disseram que iriam botar os trens para funcionar. Pedro Simon, ouvi a zoada: Puuu! Puuu! Em sessenta dias estaria funcionando, mas não tem um dormente trocado. É muita falta de vergonha! Tem uma ponte lá...

Ô Heráclito, Arimatéia Azevedo disse: “A ponte é nossa!” Não. Não, Arimatéia, a nossa, eu e o Heráclito a fizemos no rio Poti. Heráclito foi primeiro e a fez em 100 dias. Olhe aí. Olhe o que são os aloprados. Em 100 dias! Depois, com previsão de 90 dias, fiz em 87 dias. No mesmo rio, o PT de Lula, do Governo de aloprados, comemoraria os 150 anos de Teresina. A cidade completará 156 anos. Seis anos, e Lula... Estão comprometendo a palavra do Presidente. Acho que ele já mandou os recursos, mas os aloprados são tranqüilos.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Heráclito está suando. Terei de ser breve. A desgraça é pior. Eu aprendi, professor da Academia de Letras, Marco Maciel, que mentira tem pernas curtas. Aquela empolgação... Só mentira, mentira, mentira!

“Piauí fora do mapa”. Olhe aí. Pedem para colocar aquela letra grande. Isto não está certo. Tião, quando é do Governo, colocam letronas; o meu, não sai. Estou acompanhando. Não há esse truque? Quando é deles: Eta! É grandão! Há um aloprado aí sujando a liberdade do Senado nessa comunicação. Não é possível! Estou acompanhando, Tião. Olhe aqui. Vejo que, quando é do Governo, a letra é grande. Do Pedro Simon não sai de jeito nenhum.

Está aqui: “Piauí fora do mapa”. Olhe a vergonha! Quatro rodas. Não tem mesmo aeroporto. Só tem na conversa. Não há uma linha aérea. 

Ô, Heráclito, você se lembra da Paraense Transportes Aéreos, que chamávamos de PTA, Prepare Tua Alma, porque caía? Mas passavam lá Panair, Aerovias, Aeronorte, Aerobrasil, Cruzeiro, Taba, Taf. Todo dia passavam na minha cidade. Não há aviões e, no jornal, tem que haver aeroporto internacional. E, olhe aqui - a mentira tem pernas curtas: “Piauí fora do mapa”. A revista Quatro Rodas por ver que não há avião, nem nada, tirou do mapa o Piauí e a nossa praia. Fecharam até o hotel. Não pagaram. Essa é a história. Está aqui: “Piauí fora do mapa”. Esta é uma vergonha.

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana - Bloco/PT - AC) - Peço a V. Exª que conclua o seu pronunciamento, Senador Mão Santa.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Vamos concluir, dizendo que o Piauí existe. Houve uma desgraça. Qual é o povo? Deus, muito bom, fez esses mares bravios, brancas dunas, ventos que nos acariciam, sol que nos tosta, rios que nos abraçam, a melhor gente do mundo. Mas, aí, deu a desgraça do Governo do PT e está aqui: “Piauí fora do mapa”. 

Queremos pedir ao Presidente da República que termine a ponte - eu e Heráclito fizemos duas no mesmo rio; termine o pronto-socorro - não é do PSDB; cumpra com Alberto Silva, conselheiro da República, engenheiro ferroviário - não colocaram um dormente; termine o porto. Meu Presidente Lula, a Vossa Excelência que reconheceu os aloprados, quero denunciar: eles se concentraram no Piauí.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/05/2007 - Página 12646