Discurso durante a 65ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Denúncia sobre irregularidades no governo do Piauí com empréstimos consignados.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Denúncia sobre irregularidades no governo do Piauí com empréstimos consignados.
Publicação
Publicação no DSF de 09/05/2007 - Página 13715
Assunto
Outros > ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, DIARIO DO POVO, ESTADO DO PIAUI (PI), DENUNCIA, IRREGULARIDADE, GOVERNO ESTADUAL, DIVIDA, ORIGEM, EMPRESTIMO EM CONSIGNAÇÃO, PREJUIZO, SERVIDOR.
  • ELOGIO, GESTÃO, PEDRO MALAN, EX MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), CRIAÇÃO, LEGISLAÇÃO, FISCAL.
  • CRITICA, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO PIAUI (PI), PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PREJUIZO, CREDITOS, SERVIDOR.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Gerson Camata; Senadoras e Senadores; brasileiras e brasileiros que nos assistem.

            Senador Camata, V. Exª fica bem aí como Presidente. E isso me faz lembrar dos Presidentes dos Estados Unidos e do maior líder democrático. Cafeteira, ele disse: “Não baseie sua prosperidade em dinheiro emprestado”. E foi o que houve aí: os velhinhos, com o empréstimo consignado. 

            O Piauí, organizado, entrou aí numa época de aloprados.

            Senador João Pedro, todo dia estamos na mídia, mas só com decepções: estradas intrafegáveis, hospitais que não atendem, a bandidagem dominando. E Sebastião Nery - ninguém entende mais de política do que Sebastião Nery. Senador Gerson Camata, todos nós conhecemos o livro de Sebastião Nery. Está aqui a crônica dele, transcrita Brasil afora. E foi publicada no Piauí por um jornal independente, Diário do Povo do Piauí, de um empresário: “Estado deve R$ 100 milhões em empréstimos consignados”. Isso se espalhou. Aqui fomos contra. Oposição é necessária.

            Ô, Camata, gosto do Presidente. O povo gostou, mas o estão enganando. O General Obregón, do México - está escrito no Palácio do Presidente, no México -, disse: “Prefiro um adversário que me leve à verdade a um aliado que me leve à ilusão, à mentira, o puxa-saco”.

            O fato é que contestamos. Os velhinhos estão aí. Esse empréstimo consignado foi uma desgraça. Mas lá, no Piauí, foi pior, Senador Gerson Camata. E vou ler, as palavras não são minhas. Sebastião Nery. Ninguém entende mais de política. Ele foi eleito na Bahia, em Minas e no Rio de Janeiro. Ele diz o seguinte:

“No Piauí, o Governo do PT recolhe dinheiro dos servidores, em folha, mas não repassa aos bancos.

Lula e o PT fizeram um carnaval de propaganda e um balaio de votos com os empréstimos e seguros consignados em folha de pagamento dos funcionários. Mas, às vezes, eles mesmos descarregam a benemerência na cabeça do povo. No Piauí, está acontecendo uma história revoltante.

Até certo tempo, o Piauí era o único Estado que não tinha desconto em folha. O Governador Hugo Napoleão, depois de uma série de exigências, liberou os descontos em folha para bancos e empresas que tinham solidez.

Veio o Governo do PT: Wellington Dias. Os descontos continuaram e o Governo do Estado recolhe o dinheiro dos funcionários e ainda cobra taxas das empresas para fazer os descontos em folha. Mas, em vez de repassar para os bancos, planos de saúde, seguradoras, associações de classe, o Governo do PT começou a ficar com o dinheiro, que não é dele. Não paga nada. Pega tudo.

            Está dando a maior confusão. O funcionário é descontado todo mês na folha do pagamento. Como o Governo não repassa o dinheiro, os planos de saúde, seguros de vida, associações de pensões suspendem os atendimentos. E pior: os bancos estão cobrando mais juros e processando os funcionários.

            Isso é coisa que se faça, Governador? Que papelão! Logo você, do PT!”

            É aquilo que o Lula dizia: que tem muitos aloprados aí.

            Senador Camata, tenho aqui um trabalho da Serasa, do SPC, dizendo como os funcionários estão, o que é uma lástima. Uma reportagem do jornal Diário do Povo do Piauí, que tem como coordenador em sua redação um intelectual, Zozímo Tavares, faz uma reportagem por intermédio de Luciano Coelho: “Estado deve mais de R$100 milhões a bancos financeiros. Governo não nega o débito.” É longa a reportagem...

            Senador Suplicy, eu diria ao Ministro Mantega que nós fomos Governo e quero prestar uma homenagem aqui, e preciso que V. Exª a aprove, Presidente Camata, ao ex-Ministro Malan.

            Senador Marco Maciel, Malan nunca foi do meu partido. Eu governei, em nome do PMDB, por seis meses e dez dias, o meu Estado, e posso dizer: que homem honrado, honesto e decente! Convivi com ele. Não se tinha noção do que se devia no Brasil. Ele mensurou as dívidas, dividiu-as entre os Estados e Municípios e fez a mais séria lei, a Lei de Responsabilidade Fiscal.

            O Sr. Marco Maciel (PFL - PE) - V. Exª tem razão, nobre Senador Mão Santa.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Lei de Responsabilidade Fiscal que não é cumprida. O que adianta fazermos lei? Aliás, acho que vocês se enganaram. O candidato a Presidente deveria ser o Malan. O Piauí devia muito. Homem sério, digno, honrado. Não era do meu partido, não. Eu acho que, se esse Papa fosse canonizar outro, poderia ser o Malan. Ninguém roubou e o jogo era limpo.

            Eu me lembro que uma vez, Marco Maciel, o Piauí estava com dificuldade para pagar - nós pagávamos, mas esse Governo do PT não paga nada; um empresário no Piauí diz que o Governador deve R$250 milhões a ele. Isso é uma lástima! Eu fui e disse: “Malan, não dá. Está aqui: cobrança demais não é justo”.

            Marco Maciel, o Malan, junto com Pedro Parente - outra figura extraordinária -, é que promoveram o equilíbrio. O equilíbrio foi feito por essa gente. Acho até que, se houver um segundo para ser canonizado, deve ser o Malan. Tanto dinheiro, tanta coisa, e não vi uma malandragem! Não vi e não sou do partido dele.

            Eu me lembro que fui lá, João Pedro, e tinha de pagar - quem deve tem de pagar, isso é o mínimo da responsabilidade de uma administração. Então o Malan disse: “Bem, vou tirar esse montante aqui, mas você paga daqui a noventa dias” - eu era Governador. Tinha responsabilidade fiscal esse Malan, era sério. Até brinquei quando me perguntaram o que ele havia me dado. Eu disse: “Não, ele me deu uma Novalgina. Eu ia entrar em convulsão, estava com febre, mas jogou para frente”.

            Eu vi seriedade, eu vi honestidade, mas isto aqui é malandragem: tiraram dinheiro para ganhar eleição. Pagou-se tudo que é funcionário. Usaram os nomes dos pobres coitados dos funcionários - está aqui, estão todos no SPC, na Serasa. Não pagaram os bancos, e os nomes são dos funcionários. O Malan não deixava isso não. Ô, Mantega, com todo respeito: eu não me dou com ele, mas sei que isso ele não deixava não. Olha, Camata, você está metido a durão aí, mas o Malan era sério, honesto e honrado. Eu negociei essas dívidas todinhas.

            Então, Mantega, pelo amor de Deus, dê lá o dinheiro para o Governador. Eu estou pedindo, pelo amor de Deus, pelo Piauí, mas peço também que se vigiem os aloprados, porque chega muito dinheiro lá e desaparece. É para ele pagar as contas.

            Ô Camata, você está pensando que é durão? Não é não. O Malan era muito mais sério, muito mais durão e muito mais eficiente. É por isso que nós estamos nessa estabilidade econômica.

            O SR. PRESIDENTE (Gerson Camata. PMDB - ES) - O orador não pode ser aparteado pois está fazendo uma comunicação urgente.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Eu nunca mais vi o Malan, mas eu quero dizer aqui, cristão que sou como São Francisco, que, se houver um segundo a ser canonizado, deve ser o Malan. Arrochou muito, mas era homem sério, e eu via que era em nome da decência, da dignidade. Tinha de saber quanto ganhava, era a responsabilidade fiscal.

            Agora são uns aloprados fazendo economia. Devem a Deus e... Têm de pagar. Então, Mantega, pelo amor de Deus, de nosso Santo Galvão... Faça esse milagre, São Galvão, mas que o dinheiro chegue, pois está todo mundo falido, todo mundo à bancarrota. Esse Governo engana todo mundo.

            Essas são as palavras e aqui estão as provas. Os nomes estão no Serasa, no SPC, no Diário do Povo. Há uma reportagem longa sobre isso, Camata, minuciosa. Então, Frei Galvão, faça este milagre para o Piauí: que os aloprados recebam o dinheiro do nosso Presidente Lula, mas que o entreguem a quem eles devem.

            Essas são as palavras que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/05/2007 - Página 13715