Discurso durante a 74ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem pelo transcurso dos 18 anos do Tribunal Regional Federal da Primeira Região e o lançamento da publicação A Maioridade de um Tribunal - 18 anos de Pacificação Social.

Autor
Romero Jucá (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
JUDICIARIO.:
  • Homenagem pelo transcurso dos 18 anos do Tribunal Regional Federal da Primeira Região e o lançamento da publicação A Maioridade de um Tribunal - 18 anos de Pacificação Social.
Publicação
Publicação no DSF de 22/05/2007 - Página 15489
Assunto
Outros > JUDICIARIO.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL (TRF), DISTRITO FEDERAL (DF), LANÇAMENTO, OBRA LITERARIA, HISTORIA, ENTIDADE, SUBSTITUIÇÃO, TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS (TFR), REGIONALIZAÇÃO, JURISDIÇÃO, MELHORIA, ATENDIMENTO, CRESCIMENTO, DEMANDA, PROCESSO JUDICIAL, QUALIFICAÇÃO, RECURSOS HUMANOS, FACILITAÇÃO, ACESSO, JUSTIÇA, AGILIZAÇÃO, JULGAMENTO, DETALHAMENTO, DIVERSIDADE, DECISÃO JUDICIAL, ANUNCIO, CRIAÇÃO, JUIZADO ESPECIAL, AMBITO NACIONAL, ANALISE, LITIGIO, INFERIORIDADE, NATUREZA ECONOMICA, ASSISTENCIA, INTERIOR, BRASIL.

 

            O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o décimo-oitavo aniversário do Tribunal Regional Federal da Primeira Região, ocorrido em 30 de março último, foi comemorado, entre outros eventos, com o lançamento da publicação A Maioridade de um Tribunal - 18 Anos de Pacificação Social, que acabo de ler. Trata-se de uma publicação bem idealizada e bem realizada do ponto de vista gráfico, mas trata-se, sobretudo, de uma publicação altamente proveitosa. Ali se encontra farto material sobre a história e os personagens daquela Corte, além de um resumo das principais decisões que contribuíram para a consolidação da jurisprudência e das medidas que têm sido tomadas com o objetivo de democratizar o acesso à Justiça e acelerar a sua aplicação.

            Os cinco Tribunais Regionais Federais foram inaugurados simultaneamente, no dia 30 de março de 1989, com o objetivo não apenas de substituir, mas também de regionalizar a jurisdição do extinto Tribunal Federal de Recursos. Com sede em Brasília, o Tribunal Regional Federal da Primeira Região tem uma jurisdição quase continental, abrangendo os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rondônia, Roraima e Tocantins, o que perfaz quase 80% do território nacional.

            Nos seus primórdios, o TRF, presidido pelo Desembargador Federal Alberto Tavares Vieira da Silva, contava com apenas 18 magistrados e enfrentava toda sorte de dificuldades e carências, não só de pessoal, mas também de materiais e equipamentos. Em outras palavras, tinha uma estrutura precariíssima para os desafios que se impunham. Aos poucos, pela tenacidade e pelo descortino de Vieira da Silva e dos que o sucederam, e contando também com a abnegação dos magistrados e do corpo funcional, essa Corte superaria os desafios para, em que pesem dificuldades remanescentes, adaptar-se aos novos tempos e às demandas da chamada “era dos direitos”.

            Ao longo desses anos, a sociedade brasileira, seguindo uma tendência universal, tornou-se mais exigente na defesa dos seus direitos. Para que tenhamos uma idéia, Senhor Presidente, entre 1994 e 2003 a demanda processual em todas as varas federais cresceu 143%, embora o número de juízes tenha apresentado crescimento médio de apenas 43%. No TRF da Primeira Região tramitavam, quando de sua instalação, 12 mil 700 recursos; hoje, são 226 mil processos em tramitação, apesar dos 917 mil que foram julgados nesse período.

            O atendimento às crescentes exigências tem requerido, além da abnegação de magistrados e servidores, muita criatividade e ousadia na busca de soluções alternativas. Nesses casos, enquadram-se a criação de Subseções Judiciárias, o uso de recursos virtuais e a mudança do paradigma dos operadores jurídicos, com incentivo à substituição dos litígios pelos acordos. Entre os novos instrumentos, a Desembargadora Federal Assusete Magalhães, atual presidente do Tribunal Regional Federal da Primeira Região, destaca também o primeiro Plano de Metas, recentemente elaborado por essa Corte, o qual contempla, além da melhoria das condições físicas, novos projetos administrativos e qualificação dos recursos humanos.

            Os números do TRF da Primeira Região, Senhor Presidente, são eloqüentes. Em 1989, eram 18 os desembargadores regionais; hoje, são 27. Havia 546 servidores em sua jurisdição; hoje, são 1.237. Entretanto, os números que mais impressionam são os seguintes: por ocasião de sua instalação, foram distribuídos 18.599 processos; em 2006, foram distribuídos nada menos que 80.583. Em relação aos processos julgados, o número subiu de 5.914, em 1989, para 81.680, em 2006.

            Alguns fatos marcantes para o aprimoramento da prestação judiciária podem ser destacados, entre muitos outros, nesses 18 anos de história: em 1991, dois anos após a Corte ser instalada, inaugurou-se a gráfica do Tribunal; em 1993, foi implantado o Núcleo de Preparação e Aperfeiçoamento dos Magistrados; em 1997, foi inaugurado o Centro de Treinamento da Justiça Federal - Centrejufe; no ano 2000, ampliou-se de 18 para 27 o número de juízes, posteriormente denominados desembargadores federais.

            Um fato que merece grande destaque foi a implantação, em 2002, dos Juizados Especiais Federais, no âmbito da Primeira Região, em atendimento à Lei nº 10.259, do ano anterior; em 2003, inaugurou-se a TV Destaque e, no ano seguinte, começou a funcionar a Turma Regional de Uniformização; no ano passado, foi assinado o contrato para projetar a nova sede do Tribunal; e este ano, atendendo recomendação da presidente Assusete Magalhães, ficou pronto o primeiro Programa de Metas do TRF da Primeira Região.

            Essas, Srªs e Srs. Senadores, são algumas das preciosas informações que nos traz a publicação alusiva ao décimo-oitavo aniversário dessa Corte. O documento cita ainda algumas das decisões judiciais, na jurisdição desse Tribunal, que tiveram grande repercussão social ao longo dos últimos 18 anos, podendo-se citar entre elas: a obrigatoriedade do uso do cinto de segurança nas rodovias federais brasileiras; o uso do composto metanol, etanol e gasolina como combustível; a não ocorrência de prescrição na responsabilidade do Estado por ofensa a direitos fundamentais; a extinção de benefício fiscal e inconstitucionalidade da regulação de crédito-prêmio de IPI por Ministro da Fazenda; a natureza criminal da publicação de fotografias eróticas de crianças ou adolescentes, independentemente de dano individual efetivo; o reconhecimento do direito de habitação dos povos indígenas.

            Entre as providências da Corte para democratizar e agilizar a prestação judiciária, a publicação enfatiza os esforços para a interiorização do atendimento, com a instalação de unidades descentralizadas em comunidades do interior com alta concentração de conflitos. A propósito, não custa lembrar que, das 194 varas federais da Primeira Região, 49 estão em municípios do interior.

            Também deve ser enfatizada a criação dos Juizados Especiais Federais, destinados ao exame de litígios de menor complexidade e expressão econômica, aí incluídos os Juizados Itinerantes, para atendimento das regiões distantes e de baixa densidade demográfica, como a Amazônia, o pantanal do Mato Grosso e determinadas áreas de Minas Gerais, Bahia, Goiás, Piauí e Maranhão.

            Não se pode ignorar, também, a criação do Projeto de Conciliação, concebido como solução para o impasse que afligia milhares de mutuários do antigo Sistema Financeiro da Habitação.

            A ampliação do horário de funcionamento, para 11 horas diárias, a instalação de terminais de auto-atendimento para obtenção de informações processuais, o lançamento do Sistema Integrado de Divulgação Jornalística, compreendendo três módulos (Rádio Destaque, TV Destaque e transmissão de julgamentos ao vivo), além da criação da Ouvidoria da Primeira Região, são também iniciativas louváveis dessa Corte, que a cada dia mais se moderniza e mais se aprimora.

            Ao ensejo, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, do décimo-oitavo aniversário, recentemente celebrado, do Tribunal Regional Federal da Primeira Região, quero cumprimentar seus magistrados e seu corpo funcional, na pessoa da Desembargadora Assusete Magalhães, formulando votos para que essa Corte continue sempre atuante e inovadora na prestação de seus notáveis serviços de pacificação social.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/05/2007 - Página 15489