A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Como Líder. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, agradeço, sobremaneira, ao Senador César Borges.

            É com muito orgulho, muito orgulho mesmo, Senador, que estamos comunicando à Casa, à Nação brasileira essa importantíssima vitória do Brasil, a partir de um trabalho muito bem-feito no Estado de Santa Catarina, porque a Organização Internacional de Saúde Animal, a OIE, ontem, declarou o Estado de Santa Catarina livre de febre aftosa sem vacinação. E ainda declarou, também, uma região no Estado do Pará livre de febre aftosa com vacinação.

            Essas duas deliberações são tão importantes para o Brasil, e obviamente não poderia deixar de ser diferente para o Estado de Santa Catarina e para o Estado do Pará, porque abrem o mercado de exportação das carnes brasileiras, de suínos, de bovinos, enfim, de todas as diversas carnes que o Brasil produz, para a União Européia e para os países asiáticos. 

            Essa decisão, que foi destacada pelos jornais Valor Econômico e Gazeta Mercantil, é inédita para a pecuária brasileira, porque é a primeira vez que um Estado brasileiro recebe esse certificado, essa declaração. Esse certificado vai nos permitir negociar com a União Européia, com o Japão, com o Chile e com a Coréia, países que juntos representam 80% do mercado mundial de absorção de carnes.

            Só para se ter uma idéia da importância dessa decisão, lembro que houve o embargo das exportações para a Rússia, o que praticamente deflagrou a crise da suinocultura nos últimos dois ou três anos. Um exemplo disso é a suinocultura catarinense, cujo principal mercado exportador era a Rússia. Quando houve o embargo, o mercado interno não absorveu a produção, e a suinocultura acabou sofrendo uma profunda redução e ficando em situação bastante crítica.

            Em nosso Estado, temos toda a cadeia produtiva: o agricultor familiar, a agroindústria, o corredor de transporte e o segundo maior porto em movimentação de contêiner, que é o Porto de Itajaí, por onde escoa boa parte da carne produzida nas agroindústrias, principalmente o frango e a carne suína.

            Além de conseguirmos chegar a esse mercado ao qual não tínhamos acesso, ainda é um mercado de melhor preço. São cortes nobres, com preços mais significativos. O mercado japonês compra 24% da carne suína exportada no mundo. Portanto, 1\4 da carne suína exportada no mundo é absorvida pelo Japão, e esse 1/4 corresponde a 46% dos valores pagos. O Japão importa um quarto e paga por isso quase que metade da exportação de carne do mundo. Indiscutivelmente, é uma grande vitória.

            No caso do Pará, são 44 Municípios. Eles têm, juntos, um rebanho de treze milhões e meio de bovinos e bubalinos. Portanto, também para a economia do Norte do País, é muito importante esse certificado.

            (O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Estamos comemorando. Santa Catarina hoje amanheceu em festa. Sabemos que haverá ainda uma série de tratativas. Quando participei do almoço do Itamaraty de recepção ao Primeiro-Ministro da Itália, Romano Prodi, o Presidente Lula me chamou, e tivemos a oportunidade de conversar com o Primeiro-Ministro. O Presidente me apresentou: “Esta é a Senadora do Estado que produz a melhor carne de frango e carne suína do Brasil”. E o Primeiro-Ministro expôs muito claramente que a Itália tinha grande interesse em fazer as tratativas com o Brasil e estava aguardando exatamente essa decisão da OIE - Organização Mundial de Saúde Animal.

            Além disso, nesses primeiros quatro meses do ano nós já recuperamos - e muito - as exportações catarinenses com o aumento das vendas da carne de frango.

            O SR. PRESIDENTE (Gerson Camata. PMDB - ES) - V. Exª dispõe de um minuto para encerrar a sua intervenção.

            A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Já vou completar. O País que comandou essa recuperação das exportações catarinenses, no caso das aves, dos nossos franguinhos, como dizemos em Santa Catarina, foi exatamente a Alemanha.

            Então, não poderia deixar de vir aqui fazer este registro e parabenizar a todos que se envolveram, especialmente a iniciativa privada, os governos Federal e estadual, que investiram.

            Aliás, numa das reportagens, Clever Pirola, da Seara alimentos, uma das nossas agroindústrias, diz que foi o maior investimento público-privado, ou seja, é uma PPP em sanidade animal, que foi muito bem-sucedida. Agora, estamos comemorando o resultado que vai beneficiar o País e o meu Estado, de forma especial, com o reconhecimento do esforço grande que a iniciativa privada e as diversas esferas governamentais, tanto federal, estadual como municipal adotaram para que pudéssemos ter esse reconhecimento.

            Portanto, agradeço a V. Exª, Sr. Presidente, e ao Senador César Borges por ter me dado a gentileza de falar antes dele.