O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Gerson Camata, que preside esta sessão de 30 de maio de 2007; Senadoras e Senadores presentes na Casa; brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado.

Sr. Presidente, “Deus escreve certo por linhas tortas”, e V. Exª, Senador Gerson Camata, representa o símbolo da educação nesta Casa, que foi João Calmon, oriundo lá do Espírito Santo. Senador Casagrande, João Calmon foi o exemplo feliz de um Estado que não precisa buscar exemplos em outros lugares.

Presidente Camata, debruço-me bastante sobre Sócrates. Inclusive já havia lido alguns livros, mas este, intitulado Apologia de Sócrates Críton, me foi dado por um cidadão - “Ao caro Senador e cidadão Francisco de Assis, com especial estima, Carlos Brandão”, o Caqui. Na Justiça, há pessoas corretas, direitas. Ele é um Juiz Federal, de moral, a maioria a tem, Senador Gerson Camata, por isso, refleti novamente. Dentre os títulos Senador e cidadão, eu valorizo mais o cidadão.

            Sr. Presidente, lembro-me de que, viajando pela nossa América, inspirado pelo sentido libertário de Simon Bolívar, e eis que, com a minha Adalgisa, estávamos não na cidade em que ele nasceu - porque foi lá que nasceu o Chávez e melou a história -, mas em Bogotá, onde havia uma casinha em que ele morou, época em que ele libertava tudo - inclusive Dom João VI disse a seu filho, Senador Francisco Dornelles: “Filho, antes que algum aventureiro bote a coroa, ponha-a logo na cabeça”. Esse aventureiro era Simon Bolívar, que queria libertar até os reinos daqui. Então, refletia acerca das expressões: senador e cidadão - obrigado Caqui - e concluí que cidadão é o melhor título. Há um pensamento de Simon Bolívar - isso é muito oportuno, Presidente Collor, atentai para a mensagem de Simon Bolívar! -, que disse: Eu fui tudo; fui soldado, cabo, capitão, major [eu fiz o CPOR e sei o que é isso], general, marechal, comandante da força em mar, comandante-em-chefe, presidente, ditador. Fui tudo. El libertador abdicaria de todos os títulos, mas não abdicaria do de ser bom cidadão. Essa é a razão por eu estar me referindo a Sócrates.

Mas o Padre Antonio Vieira, Senador Antonio Carlos Valadares, disse que “um bem nunca vem só”. Então, Sócrates me faz pensar, Presidente Collor. Ele disse, naquela humildade dele: “Sei que nada sei”. Por essa humildade ele morreu. Obediência à lei e à justiça. Ele podia ter fugido, subornaram os vigias da prisão, mas ele não ia contrariar aquilo que tinha pregado: obediência às leis e à justiça. Admitia que o erro era humano, mas não ia dar o mau exemplo do que tinha defendido.

E Rui Barbosa está ali, Presidente Collor, porque só tem um caminho e uma salvação: a lei e a justiça.

Camata, olhai as crianças. Bilac dizia: “Não verás nenhum país como este”. Hoje, Bilac não diria mais isso. Ele se envergonharia desse mar de corrupção. Aliás, minhas crianças, Rui Barbosa está ali porque disse que de tanto de ver as nulidades assumirem o poder, campear a corrupção, vai chegar o dia em que se vai ter vergonha de ser honesto. Este dia chegou no Brasil.

Mas Sócrates, Camata, deixou um ensinamento, que inspirou, talvez, o seu João Calmon, seu ícone, de que só tem um valor, uma grandeza: o maior bem do mundo é o saber; o maior mal do mundo é a ignorância. Meu professor de cirurgia, Mariano de Andrade, dizia: “A ignorância é audaciosa” - é muita filosofia -, tentando ensinar os cirurgiões a não terem pressa, pois cirurgia não é corrida de cavalo. Não se media por tempo, por segundo, mas pela longevidade, pela saúde futura.

E Sócrates está aqui. Vou falar da educação.

Presidente Collor - o Cafeteira é lá da Atenas do Maranhão -, atentai bem, eu votei em V. Exª, e não me arrependi, porque V. Exª fez muito pela educação. Por onde se anda, vemos os Ciacs. Foi o espírito de João Calmon que baixou no Camata. Os Ciacs, bonitões, eram um palácio para a maior riqueza, que é a mocidade. O Presidente Collor fez. Por onde se anda no Piauí.

O Presidente Luiz Inácio diz que está rodeado de... De bacuraus não. De aloprados, por todos os lados. Eu confundi porque bacurau no Piauí é ladrão. Eu confundi, mas quis dizer aloprados.

Casagrande, quero homenagear o Ministro da Educação. Ele foi ao Piauí e falou a verdade. Sócrates disse: “Busque a verdade”. A verdade. A verdade vem. Lembra, não é?

Aqui está Zózimo Tavares. Presidente Collor, V. Exª tem uma cadeia de comunicação. Contrate este, que é o melhor jornalista hoje: Zózimo Tavares. Mas é característica nossa, Cafeteira. Carlos Castello Branco foi o melhor jornalista no período mais difícil, a ditadura militar. Castelinho, piauiense como nós.

Zózimo Tavares fala do analfabetismo no Piauí.

Presidente Camata, o Ministro da Educação foi ao Piauí. Iniciou. Ele foi lá e disse a verdade. Primeiro, apavorado com o analfabetismo do País. Presidente Collor, V. Exª sonhou com os Ciacs, mas ele disse, com relação ao analfabetismo, que nenhuma cidade do Nordeste é 100% alfabetizada. No Piauí, então, o quadro é alarmante. Segundo o Ministro da Educação, o analfabetismo cresceu, em vez de diminuir. Um terço da população é totalmente analfabeta. É o Governo do PT.

Além dessa desgraça no Piauí, ele está acometido da dengue, que a classe médica tinha tirado do País em 1950. Eu não gosto do velho Fidel não. Eu estive em Cuba, Cafeteira, que é uma ilha como o seu São Luís. Fidel erradicou a dengue. Na Colômbia, não sei se é a maconha que cura, mas lá o Presidente acabou com a dengue. Não tem mais. E é o mosquitinho, atentai bem, Antonio Carlos Valadares, que Oswaldo Cruz destruiu. É o mesmo mosquitinho da febre amarela, e que agora está aí.

Domingo passado, em Teresina, morreram quatro. E a gravidade é maior porque são quatro vírus transmitidos pelo mosquitinho aedes aegypti, mas um deles causa o que se chama dengue hemorrágica, Cafeteira.

E o pior é que, estatisticamente, antigamente, o índice de mortes era de 4,5% para quem tinha dengue hemorrágica; hoje, são 10% - de 10 com dengue hemorrágica, um morre; de 100, 10. Ou o vírus ficou mais virulento ou as pessoas estão “desproteinizadas”, a população está imunologicamente pior. O fato é grave. Em 1950, não tinha mais. A dengue voltou, e está dizimando. O Piauí só perde para Mato Grosso do Sul, mas, do jeito que vai, o PT vai nos dar a medalha de ouro da dengue. É isso.

E o Ministro da Educação, honrado, homem sério, disse: “Ao todo, são 65 milhões de pessoas semi-analfabetas no País”. É este o primeiro dos mundos que grita. Aqui é o Ministro, lá no Piauí. E há uma novidade: o Governo Federal agora está decepcionado, porque manda dinheiro - ele disse que nunca foi tanto dinheiro -, mas os aloprados são danados, vocês estão vendo, os aloprados estão em tudo, e continuam, e estão aumentando. Vai mandar diretamente para as professorinhas. Foi a melhor coisa que o Ministro fez. O analfabetismo aumentou. Está aqui. Ele diz que 30% no Piauí. Um terço. Um terço é mais do que 30%, é 33,33%. Nunca dantes isso. É o que queremos advertir: o Piauí tem a maior incidência de analfabetismo.

Agradeço ao Ministro, que foi ao Piauí fazer o lançamento, com todos os Secretários de Educação. O Piauí era o que estava mais atrasado no desgoverno dos aloprados, esta é a verdade. Gravado o Governador foi 17 vezes. Não é chamado porque é do PT. Chamam o Governador do Maranhão - Ô Cafeteira, não está direito não; eu conheço o Governador do Maranhão, que é um cirurgião antigo -, chamam o nosso amigo Senador de Alagoas, filho de Teotônio Vilela, e não chamam o do Piauí, que foi flagrado 17 vezes, e em uma delas disse, Camata: “Se não fechar o negócio com a Gautama, eu perco as eleições”. Quer dizer, é este o Governo? É esta a Justiça? É esta a lei que Sócrates entregou e que devia dominar? É como Rui Barbosa disse: “Só existe um caminho e uma salvação: a lei e a justiça”. E eu não vi nenhum algemado desses aloprados, bacuraus mesmo, como se diz no Piauí - “bacurau” é meu, podem anotar aí; “aloprados” é do Lula.

Estas são as nossas palavras. Agradeço a coragem do Ministro da Educação. Baixou o espírito de João Calmon nele, do nosso Cristovam Buarque, do nosso Darcy Ribeiro. Ele foi onde o PT governava. Torcemos para que ele consiga vencer esse grande mal que já era denunciado por Sócrates: a ignorância é o maior mal; o maior bem é o saber, que vem por meio da educação, Rui Barbosa já denunciava.

E queremos também, e até peço a Deus, que no Ministro da Saúde, do qual sou médico, do jeito que o espírito do João Calmon está baixando no Camata, que representa com grandeza o meu Partido e esta Casa, baixe o espírito de Oswaldo Cruz no Temporão, para que ele acabe com essa dengue, que não tem em Cuba, que não tem na Colômbia e que, com a sua erradicação, Osvaldo Cruz se glorificou.

Muito agradecido pelo tempo, Presidente Camata.