Discurso durante a 94ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Relatório de visita oficial de S.Exa. ao Reino Unido. (como Líder)

Autor
Garibaldi Alves Filho (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RN)
Nome completo: Garibaldi Alves Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR. TURISMO. COMERCIO EXTERIOR.:
  • Relatório de visita oficial de S.Exa. ao Reino Unido. (como Líder)
Aparteantes
Heráclito Fortes, João Tenório.
Publicação
Publicação no DSF de 21/06/2007 - Página 20222
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR. TURISMO. COMERCIO EXTERIOR.
Indexação
  • COMENTARIO, VIAGEM, ORADOR, HERACLITO FORTES, JOÃO TENORIO, SENADOR, VISITA, PAIS ESTRANGEIRO, GRÃ-BRETANHA, CONVITE, PARLAMENTO, COMPROVAÇÃO, MELHORIA, REPUTAÇÃO, BRASIL, EXTERIOR, REFERENCIA, POSSIBILIDADE, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO.
  • ANALISE, DESENVOLVIMENTO, TURISMO, BRASIL, REGIÃO NORDESTE, CRITICA, CENTRALIZAÇÃO, VOO, LINHA INTERNACIONAL, ESTADO DE SÃO PAULO (SP).
  • ANUNCIO, REUNIÃO, ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMERCIO (OMC), IMPORTANCIA, RETIRADA, INJUSTIÇA, BARREIRA (CE), TARIFAS, EXPORTAÇÃO, BRASIL.
  • ELOGIO, DEMOCRACIA, PARLAMENTO, PAIS ESTRANGEIRO, GRÃ-BRETANHA, ESPECIFICAÇÃO, DEBATE, PRIMEIRO-MINISTRO, PARLAMENTAR ESTRANGEIRO.

O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN. Pela Liderança do PMDB. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero dizer aqui da impressão positiva que nos causou a recente visita que fizemos, juntamente com os Senadores João Tenório e Heráclito Fortes, ao Reino Unido, à Inglaterra. A convite do Parlamento inglês, nós três fomos àquele país, onde cumprimos uma programação de visitas, não apenas ao próprio Parlamento, mas também a órgãos da iniciativa privada, como a Confederação das Indústrias do Reino Unido.

Pudemos trazer, Sr. Presidente, para o nosso País, para o nosso Congresso, a certeza de que o Brasil vive um momento muito favorável. O Brasil só era visto, através da imprensa, como o país da desigualdade social, o país da desigualdade regional, o país que só apresentava, no campo econômico e social, esse retrato; hoje, porém, principalmente no campo econômico, há uma consciência de que o Brasil poderá partir para um desenvolvimento até mais expressivo do que esses 4% em que nosso País está patinando há alguns anos.

Fomos recebidos, Senador Papaléo Paes, como representantes de um país emergente, de um país que está ao lado de países como a China, como a Índia. Eles dão a denominação de Bric ao grupo de países que estão emergindo. Pois fomos recebidos lá com essa expectativa.

Creio que é chegada a hora de não apenas fazer um relatório, como vamos fazer, a respeito dessa viagem, mas também de fazer aqui um apelo para que se possa, isto sim, cumprir determinados compromissos, avançar, fazer este País avançar no sentido da realização de determinadas reformas, sem as quais vamos ficar marcando passo.

Usa-se, com freqüência, a expressão “para inglês ver”, até como tirada de humor. Na verdade, o inglês está vendo outra coisa, está vendo que o Brasil pode, sim, com as potencialidades que o País exibe, que o País possui, chegar a um patamar a que nunca chegou. Para isso, Sr. Presidente, nós que somos do Nordeste - o Senador João Tenório, o Senador Heráclito Fortes e eu - falamos do turismo. E por que falamos do turismo? Antes, falávamos do assunto, mas não tínhamos nada de concreto para exibir, para mostrar, Senador Mão Santa, a não ser a beleza das nossas praias. Hoje, entretanto, há uma grande cadeia de hotéis em Natal, em Recife, em Maceió, em Fortaleza. Não sei se há no Piauí, mas acredito que sim, Senador Mão Santa.

O problema todo é que o turista chega muito cansado a esses hotéis, porque hoje somente se chega a essas cidades por São Paulo. O turista que vem do exterior desembarca em São Paulo, passa lá quatro, cinco ou seis horas e fica extenuado. Quando chega a uma capital do Nordeste, o turista precisa passar dois dias descansando para poder, então, ver as nossas belezas naturais.

Mas o importante é que, nessa reunião da Organização Mundial do Comércio, a reunião de Doha, à qual vamos comparecer - para isso, já está na Europa o chanceler do Brasil -, nós vamos ter que, ao lado de outros países que sofrem as mesmas restrições que o Brasil, fazer que essas barreiras tarifárias impostas pelos países do Primeiro Mundo enfim cedam à justiça que deve ser feita aos países como o Brasil.

Nosso País, produzindo o que produz, exportando o que exporta e tendo o superávit que tem hoje, não tem, entretanto, como exportar mais, porque países como os Estados Unidos e alguns da Europa resolvem impor um sobrepreço, uma sobretaxa. É isso que faz, muitas vezes, que países como o Brasil não possam alcançar o seu desenvolvimento. 

Então, eu voltei, Sr. Presidente, com a convicção de que, se adotarmos esse caminho, esse rumo, vamos ser bem-sucedidos.

E eu, com a chegada, ao plenário, do Senador Heráclito Fortes, que foi o chefe da nossa delegação...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Papaléo Paes. PSDB - AP) - V. Exª tem um minuto para concluir seu pronunciamento.

O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) - Sr. Presidente, só para fazer a saudação ao chefe da nossa delegação.

O SR. PRESIDENTE (Papaléo Paes. PSDB - AP) - Muito justamente!

O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) - Estou falando sem autorização do chefe da nossa delegação, que foi o Senador Heráclito Fortes, mas quero dizer que vou voltar à tribuna, até para falar sobre os aspectos políticos da viagem, sobre o que vimos no Parlamento inglês, porque pode ser que o que vimos lá possa nos inspirar numa hora de dificuldade como esta em que estamos vivendo, em que é necessário muito equilíbrio, muita serenidade, para que não faltemos, Sr. Presidente, a uma Nação que espera que tomemos uma decisão à altura da história deste Senado e deste Congresso Nacional.

Confio no Presidente Renan Calheiros, mas sei que S. Exª há de desejar que a decisão tomada represente o que o Congresso Nacional tem representado, principalmente este Senado, para o nosso País.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Agradeço a V. Exª...

O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) - Senador Heráclito Fortes, o Senador Mão Santa será liberal e permitirá o aparte de V. Exª.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Associo-me a V. Exª no que se refere à viagem que realizamos com êxito ao Reino Unido. Em minha pequena experiência parlamentar em viagens externas, essa talvez tenha sido a que mais me impressionou, pela maneira como os britânicos nos receberam, pela intimidade com que eles trataram os assuntos do país, pelo interesse em que haja reciprocidade em investimentos. Acredito que foi uma missão coroada de êxito. Penso, Senador Garibaldi, que temos de continuar nessa trilha da diplomacia parlamentar, pois auxilia de maneira muito positiva a diplomacia formal que os países realizam. A diplomacia parlamentar, quando concatenada com a diplomacia formal, forma exatamente o cenário positivo para que os países avancem em suas relações, principalmente as comerciais. Posteriormente, em outra oportunidade, iremos tratar mais detalhadamente dessa viagem, mas quero dizer, testemunhando o que disse aqui V. Exª, que o povo britânico está de parabéns pela maneira como vem tratando as questões bilaterais daquele país com o nosso. Aproveito esta oportunidade para registrar aqui os agradecimentos, como chefe da delegação, pela maneira fidalga como fomos tratados naquela viagem. Agradeço a V. Exª.

O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) - Sr. Presidente, eu gostaria também de me estender mais neste depoimento, mas, diante do tempo, não quero criar dificuldades para o Senador Mão Santa, que preside esta sessão...

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Concedi a V. Exª mais cinco minutos, mas a nota como Parlamentar é dez.

O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) - Obrigado, Senador Mão Santa.

Eu gostaria que V. Exª tivesse entrado, como entrei, pela porta da frente do Parlamento inglês e se deparado só com aquela sala de entrada, que tem, Senador Mão Santa, 900 anos. Isso significa que o Brasil, que tem 500 anos, é mais novo do que aquela sala do Parlamento do Reino Unido 400 anos. Queria, sobretudo, que V. Exª tivesse visto, como eu e os Senadores Heráclito Fortes e João Tenório vimos, a chamada Question Time, que é o encontro do Primeiro-Ministro Tony Blair frente a frente com todos os parlamentares, principalmente, com a Oposição. A Oposição pergunta o que quer, e o Ministro Tony Blair responde também o que quiser. Isso se faz durante meia hora. E não pense, Senador Mão Santa, que, por se tratar do povo inglês, supostamente um povo frio, reservado, não tenham faltado apupos ao Primeiro-Ministro, vaias, manifestações as mais irreverentes na oportunidade daquele diálogo. Queiram chamar isso de teatro, de show, porque muitos criticam o que acontece no Parlamento inglês por ocasião da chamada Question Time. Muitos criticam, mas só não podem criticar uma coisa: a falta de democracia. Porque a democracia secular do Parlamento da Inglaterra permite que o Primeiro-Ministro se exponha, como faz todas as semanas, não apenas às perguntas - o Senador João Tenório viu isso e ficou impressionado -, mas também se submete aos apupos da Oposição, às vaias, às manifestações mais contundentes. Isso, Sr. Presidente, pode ser mal-educado, mas é democracia, é liberdade, é oposição. É dizer ao governo o que se quer dizer.

Senador João Tenório, agradeço a V. Exª pela companhia. Participamos lá de um debate com os parlamentares ingleses, a respeito do qual ainda vou encontrar uma maneira de dar um depoimento.

Mas, agora, vou ouvir V. Exª, Senador João Tenório, que esteve lá comigo. Por isso, eu pediria só dois ou três minutos, Sr. Presidente, Senador Mão Santa, para que o Senador João Tenório possa falar.

O Sr. João Tenório (PSDB - AL) - Eu gostaria de, num rápido depoimento, registrar a minha imensa satisfação por ter participado dessa comitiva, principalmente pela companhia excepcional de Senadores e Deputados, e registrar também o meu entusiasmo pelo tratamento que recebemos, pelo entendimento do que seja democracia, que V. Exª cita com tanta propriedade. Chamo a atenção para dois pontos que me deixaram muito impressionado. O primeiro, a curiosidade, o respeito, a expectativa e a esperança que os britânicos demonstram, por intermédio de seu Parlamento, no sentido de que o Brasil possa dar uma contribuição efetivamente forte, contundente, a fim de resolver o problema que toma conta da opinião pública mundial: a questão do meio ambiente e do aquecimento global.

Há grande curiosidade, preocupação e entusiasmo de todos eles nesse sentido. O segundo ponto, Senador Garibaldi, que me deixou profundamente impressionado - acredito que tenha sido um aprendizado para todos nós nessa viagem - é algo que faz falta aqui no Brasil: o respeito que os britânicos, particularmente os Parlamentares britânicos, têm pelo tempo alheio, o rigor do tempo que eles utilizam para executar os seus eventos. V. Exª citou o caso específico da Question Time com a presença do Primeiro-Ministro Tony Blair, e foi um evento realizado rigorosamente no horário. Começou ao meio-dia e meia, se não estou enganado, e terminou à uma hora da tarde - era questão de segundos a mais, segundos a menos. Então, esse respeito que os britânicos, particularmente os parlamentares britânicos, demonstram em seus eventos e em suas manifestações deixou-me profundamente bem impressionado. É o registro de uma viagem, como disse o Senador Heráclito Fortes, muito bem-sucedida, que nos deixou duas constatações, duas percepções muito grandes. Primeiro, o respeito, a expectativa e a confiança que o britânico de um modo geral deposita na contribuição efetiva que o Brasil venha a dar nessas questões do meio ambiente e, segundo, o aprendizado, para mim muito interessante, que foi o respeito ao tempo alheio.

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Senador Garibaldi, V. Exª também viu o Big Ben, a precisão britânica e o compromisso que eles têm com o horário.

O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) - Vi! Eu vi, mas pensava que a pontualidade era apenas do Big Ben, mas é de todos os relógios na Inglaterra, Sr. Presidente.

Portanto, eu...

(Interrupção do som.)

O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) - Só um minuto, um minuto agora.

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Se V. Exª não estudou, Winston Churchill, durante um bombardeio a Londres, não quis faltar a uma solenidade da qual era paraninfo. Quando todos pensavam que ele não viria, ele chegou e disse: “Meus jovens, não desanimem, não desanimem, não desanimem nunca mesmo.” E terminou o discurso.

O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) - Nós estivemos no museu, no bunker do Primeiro-Ministro Winston Churchill, o grande herói da 2ª Grande Guerra Mundial.

Senador Mão Santa, eu me lembrei de V. Exª por ocasião do Question Time, pois acho que, se estivéssemos num regime parlamentarista e o Presidente Lula viesse aqui e soubesse que haveria um Senador como Mão Santa para abordá-lo, para indagá-lo, ele recuaria. Sr. Presidente, eu estou é elogiando V. Exª...

Portanto, Sr. Presidente, eu quero, nesta oportunidade, agradecer ao próprio Senado Federal, que nos deu essa oportunidade, mas nós atendemos a um convite da união parlamentar inglesa, e a organização foi absolutamente perfeita. Voltamos de lá com essas impressões.

Pretendo voltar ainda a esta tribuna ou irei a uma comissão para falar a respeito dessa viagem.

Destaco ainda a presença, ao nosso lado, dos três Senadores e dos três Deputados: Maurício Rands, pelo PT de Pernambuco; Carlos Vinhati, por Santa Catarina, e o Deputado Vieira da Cunha, pelo Estado do Rio Grande do Sul.

Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/06/2007 - Página 20222