A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Como Líder. Sem revisão da oradora.) - Agradeço, Senador Suplicy, que já se está antecipando aos pedidos.

Venho à tribuna, em nome da Liderança do Partido dos Trabalhadores, para, em primeiro lugar, elogiar uma iniciativa do Democratas, o ex-PFL, que realizou, há poucos dias, uma pesquisa, Senador Eduardo Suplicy, em que buscava fazer uma avaliação e tratar de temas polêmicos, para saber como a população brasileira vê os partidos e a atuação partidária.

O meu elogio à pesquisa feita vem em função do fato de que ela ajuda a compreender várias coisas exatamente no momento em que estamos em pleno debate e embate da reforma política.

Na Câmara dos Deputados, temos percebido que os partidos que estão com uma postura mais clara em termos de fortalecimento partidário e, por mais estranho que possa parecer, também em termos de voto, lista fechada, financiamento público de campanha e fidelidade partidária são exatamente o PT e o PFL, o Democratas. E é neste momento do debate da reforma política e do fortalecimento dos partidos que a pesquisa vem contribuir para esse mesmo debate.

Portanto, quero elogiar o Democratas por ter feito a pesquisa neste momento. E os resultados da pesquisa são bastante claros e devem ajudar os democratas a definirem e a calibrarem a sua atuação, mas acho que servem para todos nós. Estou até curiosa em ter acesso à pesquisa como um todo, porque, pelo que saiu em jornais, a pesquisa foi feita em 17 Estados, entre os dias 19 e 22 de maio, e 2.000 pessoas foram ouvidas.

            Segundo o Correio Braziliense, conforme a pesquisa:

[...] aprovaram o Governo Lula, falaram da imagem dos partidos e se posicionaram de maneira conservadora sobre temas polêmicos. O resultado aponta um eleitor que quer menos impostos, aumento de salário, escola técnica, hospitais perto de casa e a redução da maioridade penal [tema, aliás, que tratamos hoje numa belíssima audiência, comandada pelo Senador Paulo Paim, na Comissão de Direitos Humanos].

A pesquisa também aponta o seguinte:

Redução de impostos e de juros, aumento de salário mínimo é o que o eleitor diz mais querer. Privatização, nem pensar. Questionados se o Governo deveria retomar a Vale do Rio Doce - privatizada em maio de 1997 - [veja bem, Senadora Serys], 64,1% dos entrevistados disseram que sim. [Dois terços da população brasileira disseram que deveríamos retomar a Vale do Rio Doce, que foi privatizada em 1997.]

Há vários outros temas, mas, com relação aos partidos, pareceu-me bastante interessante - e aí não poderia deixar de registrar o fato com satisfação, porque foi uma pesquisa feita pelos democratas.

Portanto, trata-se do resultado de uma pesquisa feita por um dos partidos que tem uma posição ideológica bastante diferenciada da nossa. E um dos itens da pesquisa foi a questão da preferência partidária do eleitor. E 44% dos eleitores disseram não ter preferência por nenhum partido. Portanto, mais da metade dos eleitores têm preferência partidária, sim, o que demonstra que está correto na reforma política nós avançarmos no fortalecimento dos partidos e avançarmos, inclusive, nesta que é uma questão polêmica, mas que contribui de forma significativa para o fortalecimento do partido: a proposta do projeto que é o voto em lista fechada.

Mas, depois, especificando qual o partido preferido, apesar de ter sido, como eu brinco sempre, bombardeado de manhã, à tarde, à noite, de madrugada, um dia sim, outro também, há mais de dois anos, Senador Eduardo Suplicy, o Partido que obteve a maior preferência do eleitorado foi o PT, com 28,2%; seguido do PMDB, com 8,2%; o PSDB, com 7%; o PFL, com 2,9% - eu acho que a população não absorveu ainda a mudança do nome; o Partido Verde, com 2,3%; o PDT, com 1,5%; o PSOL, com 1%; o PTB, com 0,8%; e o Democratas, 0,6%.

Acho dois dados aqui importantes. Um deles é importante para todos nós, todos nós que defendemos o fortalecimento da democracia brasileira e o fortalecimento dos partidos: mais da metade da população tem opção partidária, ou seja, tem partido de preferência, ou seja, faz a opção em termos do que os partidos defendem. E para nós do PT, depois de todo esse processo que o partido sofreu, estarmos com 28,2% da preferência partidária, numa pesquisa feita por um partido que, no espectro ideológico, está num outro campo, é muito importante.

Outro item é como a população vê o partido, suas principais bandeiras e principais defesas. E ainda outro item da pesquisa, sobre o qual temos de fazer certas relevâncias, mas que entendo como importante, até porque teve destaque na reportagem, é a percepção da população de que o maior defensor dos ricos e da elite é o PSDB, 21,9%; o maior defensor dos interesses da classe média, o PT, com 29,2%; dos trabalhadores, o PT, com 63,1%; e dos pobres, o PT, com 56,7%. Números extremamente favoráveis ao PT.

Mas volto a dizer que estou relatando isso como uma petista, em nome da Liderança do PT, deixando bem claro o elogio ao papel primordial que exerceu o Democratas (o PFL) neste momento, ao realizar uma pesquisa que nos traz uma série de informações importantes sobre como o eleitor está enxergando temas polêmicos que estamos tratando aqui no Congresso, como a violência, a união estável entre pessoas do mesmo sexo, o aborto, a redução da maioridade penal. E, além disso, como a população está enxergando a atuação dos partidos no momento em que estamos definindo - espero - e finalmente votando reforma política em determinados pontos, principalmente financiamento público de campanha, fidelidade partidária e, mesmo dentro do PT, Senador Suplicy, divergência a respeito do voto em lista. Mas a posição tanto do PT quanto do PFL, do Democratas, é uma visão de fortalecimento do partido. Penso que é isso que move, é esta linha de argumentação: não há possibilidade de fortalecimento da democracia sem o fortalecimento dos partidos, que são os principais instrumentos. Portanto, tudo o que pudermos fazer para que a democracia seja fortalecida a partir da reforma política é muito importante, e a pesquisa mostra, de forma inequívoca, que a população tem opção partidária, sim. E, se fortalecermos e fizermos a reforma política com o viés de fortalecimento do partido, tenho certeza de que esses 56% que já têm definição partidária vão-se ampliar ainda mais na população brasileira.

Eu agradeço, Sr. Presidente, os minutos a mais que - sei - V. Exª me concedeu.

Muito obrigada.

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE A SRª SENADORA IDELI SALVATTI EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

“PT é preferido dos brasileiros, diz pesquisa encomendada pelo DEM”;

“Ex-PFL já sabe o que o eleitor quer” (Correio Braziliense.