Pronunciamento de Mão Santa em 22/06/2007
Discurso durante a 96ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Registro de viagem que realizará ao Estado do Acre. Críticas ao Governo Lula pela criação de 24 mil de cargos de livre nomeação.
- Autor
- Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
- Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
SEGURANÇA PUBLICA.:
- Registro de viagem que realizará ao Estado do Acre. Críticas ao Governo Lula pela criação de 24 mil de cargos de livre nomeação.
- Publicação
- Publicação no DSF de 23/06/2007 - Página 20550
- Assunto
- Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. SEGURANÇA PUBLICA.
- Indexação
-
- CRITICA, CONDUTA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CRIAÇÃO, CARGO PUBLICO, AUSENCIA, CONCURSO PUBLICO, NOMEAÇÃO, SERVIDOR, INCENTIVO, CORRUPÇÃO.
- DEFESA, INVESTIMENTO, RECURSOS ORÇAMENTARIOS, SEGURANÇA PUBLICA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), PERIODO, JOGOS PANAMERICANOS, APREENSÃO, TRANSFERENCIA PROVISORIA, POLICIAL, PREJUIZO, REGIÃO, AUSENCIA, POLICIAMENTO, AUMENTO, VIOLENCIA.
- APREENSÃO, SITUAÇÃO, ESTADO DO PIAUI (PI), AUSENCIA, CONCLUSÃO, OBRAS, PONTE, HOSPITAL.
O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Geraldo Mesquita Júnior, que preside esta sessão do Senado Federal, sexta-feira, 22 de junho, às 9 horas, um quadro vale por dez mil palavras. Este é o quadro do Senado: trabalho, compromisso com o povo e respeito ao povo.
Srªs e Srs. Senadores aqui presentes, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, eu estou pedindo a inscrição em primeiro lugar porque vou viajar ao Piauí, pois o colégio em que me formei, Ginásio São Luiz Gonzaga, hoje diocesano, o mesmo colégio que formou João Paulo dos Reis Velloso, comemora 70 anos. No outro final de semana, vou atender ao convite com que Deus me premiou: vou conhecer essa grande conquista do Brasil, que é o Estado do Acre, cujo povo, sem dúvida nenhuma, é valoroso. Sei que são inúmeros, mas um quadro vale por dez mil palavras. Sófocles disse que, na natureza, muitas são as maravilhas, mas a mais maravilhosa é o homem. Eu sintetizaria dizendo que conheço um que nos encanta e representa a valia: Adib Jatene, símbolo maior da medicina e da cirurgia.
Senador Geraldo Mesquita, vou ao Acre a convite desse extraordinário Senador que simboliza o amor e a fidelidade à lei e ao Direito, como Rui Barbosa. Então, estarei lá, com a minha Adalgisa, para conhecer aquela gente. Numa campanha, ele, que além de ser dedicado ao Direito é amante do saber e da cultura, vai lançar livros, apoiando autores locais e dando cultura a seu povo.
Estamos aqui pelo seguinte, ô Paim! O Paim está aí, ligado ao mundo, mas a Serys, que representa o que há de melhor no PT... Está aqui, Luiz Inácio, uma candidata boa, uma mulher. Eu conheço a Bachelet, que falou desta mesma tribuna, e a Serys nos encanta mais. Mas, Serys... Olha, Serys, V. Exª sabe que eu votei no Lula na primeira vez. Mas, Serys, não é assim: ele tem de ser mais humilde. Ralph Waldo Emerson diz que toda pessoa que vê é superior a ele em determinado assunto. Nesse particular, procura Emerson aprender. Eu fui prefeitinho, eu fui governador. Eu sei o que é isso. O Lula, em um momento válido, emocional e puro -votei no Lula -, chamou-os de aloprados. Olha, essas nomeações não são brincadeira, Serys. Serys, Serys, isso é um desrespeito a V. Exª, que simboliza a professora. Eu estou indo ao Piauí para homenagear meus mestres. A professora Maria da Penha morreu, mas está em meu coração. A minha irmã Cristina foi minha professora. Então, professora... A minha mãe me alfabetizou. V. Exª é mestra.
Essa palhaçada, Lula, da “Sealopra” é uma vergonha. V. Exª deu quase noventa cargos a esse homem que fala mal do Brasil, fala mal o português. Esse, sim; nós, não. A todos os brasileiros amamos.
“Criança, não verás nenhum país como este.
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá”.
Este texto é de um dos nossos poetas, Da Costa e Silva: “Minha terra é um céu, se há na terra um céu”, do poema Amarante.
Todos falam bem do Piauí. Quem fala mal de lá fala mal a nossa língua, que é a nossa vida. É a “Sealopra”, que está aí.
Senadora Serys Slhessarenko, olhe para cá! Professoras do Brasil, generais do Brasil, coronéis, capitães, almirantes, brigadeiros, homens do trânsito, engenheiros, médicos, essa vergonha é tão grande que detentores de alguns cargos vão ganhar quase R$11 mil por causa de uma canetada!
E os concursados? E os que acreditaram no serviço público? E os que seguiram as diretrizes do Dasp - Departamento de Aperfeiçoamento do Serviço Público -, criado por Getúlio?
Wagner Estelita, que escreveu o primeiro livro do Governo brasileiro, sobre chefia e administração, fala dos critérios de promoção.
Senador Mozarildo Cavalcanti, atentai bem!
E as enfermeirinhas? Há gente nomeada, há aloprado que vai ter cargo cujo salário é quase R$11 mil. Essa é uma vergonha!
Paim, olha a luta do seu pai! Olha a luta dos seus companheiros! Há aloprados nessas quase setecentas nomeações.
Geraldo Mesquita, já são quase vinte e quatro mil. Trouxe aqui uma revista brasileira. A imprensa é boa. Se não fosse essa imprensa, onde estaria essa corrupção, esse descaramento, essa sem-vergonhice? Ela cumpre o seu dever, e estou aqui. Há nomeação... Olha o salário! Não são todas, mas aqueles aloprados privilegiados...
O erro disso, Paim, é que nessa barbárie em que vivemos ninguém quer o direito que o Geraldo Mesquita prega e vive; quer privilégios. Isso é privilégio. São os excomungados, aloprados que vão entrar neste País, na máquina estatal, pela porta estreita, a da vergonha, a da corrupção, a da malandragem. E o comandante é a “Sealopra”. Quase setecentas nomeações!
Ó meus generais! Olha os que vão ganhar mais, quase R$11 mil!
Geraldo Mesquita, sou médico e cirurgião há quarenta anos. Sou aposentado, Paulo Paim. Ó Mozarildo Cavalcanti, atenção! Quanto tempo V. Exª tem de medicina? Nem olho o meu contracheque, porque fui perguntar à Adalgisa... E o meu emprego era federal.
Os meus companheiros hoje não têm mais nem aposentadoria, são médicos de família. Eu não olho porque dá úlcera, Geraldo Mesquita. É a Adalgisinha que recebe e olha. É dois e pouco. Quarenta anos médico federal: Mão Santa. E entra aloprado com quase 11 mil. E ainda veio o Mercadante ontem com um negócio. Ô Mercadante, eu estudei, Mercadante. Por isso, o povo do Piauí me trouxe para cá.
O que quero dizer é isto: Geraldo Mesquita, o nosso Luiz Inácio já nomeia 24 mil, aumentando. Nos outros países, não é assim. O Bush, o poderoso, descuidou - ô confusão no Iraque, ontem mesmo -, só nomeou 4.500. O Bush, se tivesse esses cargos, com o aquecimento global, isso aqui já estava igual ao inferno. Graças a Deus, não é o Bush que tem o número de cargos do Luiz Inácio. O Luiz Inácio é melhor do que o Bush, porque o Bush só nomeou 4.500. Se fosse o Bush com 24 mil, isso aqui já tinha dado 100 graus, e estava todo mundo fervendo. Mas, Sarkozy, esse homem que entrou aí, simpático, ô Paim, só vai nomear 350. O tal amigo do Tony Blair que era Ministro da Fazenda, só 150. Na Alemanha, uma mulher agora Primeira Ministra - como desejo que V. Exª o seja, viu Serys? - não vai nomear 600 pessoas. A Alemanha juntou duas.
Essa é a verdade. Aqui se pegou a máquina, e colocaram-se aloprados em tudo que é chefia. Não leram!
Fundação Getúlio Vargas. Wagner Estelita escreveu um livro, Chefia: sua técnica e seus problemas, e há o capítulo “Critério de Promoção”, que é a coisa mais séria que existe. Aqueles funcionários públicos sonharam como o sonho de Martin Luther King: estudaram, dedicaram-se, amaram, serviram, para ter a sua hierarquia, a sua estruturação.
Senador Geraldo Mesquita, eu sou oficial da reserva. Aprendi muito. Disciplina e hierarquia, forças que repousam e fazem a grandeza dos órgãos militares. Mas quero lhes dizer, Geraldo Mesquita, ô Mozarildo, que trabalhei em um hospital organizado, o Hospital do Servidor do Estado. A hierarquia de um hospital organizado - não esses de agora do Governo do PT - é maior que a do Exército. Tem interno, residente 1, 2 e 3, doutor, chefe de clínica, chefe de serviços, o diretor, o catedrático. Existe uma hierarquia intelectual e do saber. É muito maior. Assim, estou dizendo do que vivi, porque assim é nos outros serviços públicos. Destroçou-se. Destroçou-se, ó Paim.
Daí a Segurança. A Segurança! Segurança. Fundamental. Ó, Presidente Luiz Inácio, mande tirar, mande esse Mercadante recolher essa porcaria dessa medida provisória e meta esse dinheiro na Segurança. No Rio, ó Paim! Vai - e nós queremos -, vai ter paz nos jogos. Mas, Geraldo Mesquita, saíram tirando os policiais de todo o Brasil. Houve um acidente, eu parei na estrada: ó Senador, daqui vão 50. Tirando do Piauí para o Rio de Janeiro - que eu adoro! O Cristo. O Cristo deve ganhar os votos entre as belezas do mundo. Mas tirar do meu Piauí!? Lá nunca dantes houve tanta violência e tanta criminalidade. Devem ter tirado do Acre. Tiraram para servir. Tiraram de Brasília. Foi o próprio que me contou que ia. Vão 26, já vão embarcar tal dia, da rodoviária.
Quer dizer, tirem esses aloprados aí, esses 4.700, com esses ordenados, e vamos investir no que tem: na Segurança. Eu repito. Todo dia não se repete o Pai-Nosso, a Ave-Maria, nos transportando desta terra aos céus? Pois eu repito Norberto Bobbio. Ó Luiz Inácio, ele é o papa da democracia. Senador vitalício. Morreu, mas está ali o título. O mínimo que tem de se exigir de um governo é a segurança, a vida, a liberdade e a propriedade.
Ó Mozarildo! Vai bem a segurança no seu Estado? Ontem, V. Exª falava que é aloprado de todo leque, tomando terra, tomando os direitos, tomando a mãe. As ONGs? Aquilo é segurança? Aquilo está acabando... Aquilo é uma praga pior do que a Aids. Estão aí. Recebem o dinheiro e não são julgadas. Assinei aqui uma CPI que não sai.
Então, esse excesso de cargos. Padre Antônio Vieira, Geraldo Mesquita! O Sarney entende mais do que eu do Padre Antônio Vieira. No Maranhão, tem um museu que homenageia Padre Antônio Vieira e o Sarney! É uma bela obra. Ele saía a pé de Fortaleza a São Luís, seguindo um trajeto desses rios do Ceará, secos. Passava por Cocal, que foi Parnaíba; e construiu uma igreja. A primeira. Dizem que era 60 dias. Mas Padre Antonio Vieira disse que todo bem é acompanhado de outro bem, ele não vem só. E eu, por analogia, digo que o mal vem acompanhado de outro mal.
Aí está o que eu adverti, Senador Mozarildo. No País, relatório do TCU, Tribunal de Contas da União, órgão federal - agora nós mandamos até o nosso companheiro aqui, nós mandamos o nosso Ministro Carreiro da Silva: 400 obras inacabadas! Eu pedi V. Exª para ver as de lá. Do Piauí, eram 12. Aumentaram, Mozarildo, porque, nesse rol de corrupção, o Piauí está no olho do furacão. O Governador todo dia ganha as manchetes. Atentai bem: eram 12. Mas parou-se uma adutora, a Adutora do Sudeste, uma água que vinha de Pernambuco para as cidades de Simões, Caridade, Curral Velho e Marcolândia. Só nos canos, superfaturaram quase R$4 milhões. Parou-se a BR-020, estrada sonhada por Juscelino, de Fortaleza a Brasília, e que passa... Era a Gautama, já pensou? E aquele negócio de Luz para Todos era lá, e o Governador disse que, se não fechasse os contratos, perdia a eleição. Está gravado.
Então, eram 12. Porto de Luís Correia. Esse dinheiro aqui, piauienses, só o que ele vai gastar nessas nomeações, nessa medida provisória imoral, indecente, indigna, daria para concluir o Porto de Luís Correia, começado por Epitácio Pessoa. E ele foi ao Piauí e ganhou as eleições bonito, ganhou até na minha cidade. Mas não há mal que dure para sempre. Geraldo Mesquita, o Presidente levou o Alberto Silva, que era Senador e por entusiasmo. Alberto Silva é engenheiro, engenheiro de estrada-de-ferro. E ele disse que ia recuperar, em 60 dias, o trem Luís Correia - Parnaíba. Olha, o povo ouvia até a zoada da máquina: pu, pu, pu... Eu mesmo pensei: “Rapaz, não posso, estou lascado aqui, porque o homem vai botar mesmo, e a eleição vai ser a zero”. Presidente, eu acreditei. Eu costumo acreditar, o povo acreditou. Agora, o povo do Piauí empata com o do Acre, pois eu vi a história. Quem é que está livre de ser enganado? Foi enganado.
Meu amigo Alberto Silva, que deveria estar aqui, foi na conversa. Deveria, o povo votaria nele para Senador. Rapaz, nenhum dormente! Vocês sabem o que é dormente? Existe estrada de ferro lá em Roraima, Senador Mozarildo? Pois é aquele pau que segura os trilhos. Nenhum foi tocado. Isso é falta de palavra. Nenhum! Há uma ponte lá, Senador Geraldo Mesquita, que é só o esqueleto. Era para os 150 anos de Teresina; vai fazer 157. Está só o esqueleto. No mesmo rio, eu fiz uma ponte em 87 dias. Convidei Fernando Henrique Cardoso para bailar, pois ele não deu o dinheiro. O dinheiro era do povo do Piauí, pelo Governador do Piauí, com engenheiro do Piauí, Lourival Parente, e operários. O Heráclito fez outra, em 100 dias, no mesmo rio. Está lá só mostrando o esqueleto. É a estrada dos cerrados, estão nos abandonando.
Esse dinheiro, Presidente... O cobertor é curto. Os aloprados mentem. O senhor tira o dinheiro para essas 700 novas nomeações. Esse dinheiro eu já somei. Olha, o porto de Luís Correia, no Piauí, US$10 milhões. É o que ele vai gastar só nessas nomeações, daqui para o fim do ano. Vossa Excelência seria eternizado: o Presidente que concluiu a obra começada por Epitácio Pessoa. Isso aí vai diluir-se. Isso são uns pilantras! Isso são uns picaretas! Isso são uns aloprados!
Quero parabenizar Vossa Excelência. Fé, esperança e caridade. Nós temos esperança de que esse líder aí, um bom moço, que estuda um pouquinho, o Mercadante, leve ao Presidente a verdade. Não é hora. Olhai os aviões! Olhai as estradas esburacadas! Os hospitais do Piauí estão parados, não têm mais nada. Ô Mozarildo, não há anestesista, porque pagam R$9,00.
Ô Presidente Lula, queremos aqui voltar a aplaudi-lo, engrandecê-lo, agradecê-lo, se Vossa excelência atender a minha voz, que é o clamor do povo, que é a voz rouca, retirar isso e colocar recursos para terminar as obras inacabadas do Brasil, dando preferência ao Piauí, terra querida, filha do sol do equador.
Obrigado.