Discurso durante a 105ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem aos 97 anos de criação da cidade de Piripiri/PI.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA SALARIAL.:
  • Homenagem aos 97 anos de criação da cidade de Piripiri/PI.
Publicação
Publicação no DSF de 05/07/2007 - Página 22368
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA SALARIAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, MUNICIPIO, PIRIPIRI (PI), ESTADO DO PIAUI (PI).
  • CRITICA, POLITICA SALARIAL, GOVERNO FEDERAL.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Senador Gilvam Borges, que preside esta reunião de 4 de julho, Srªs e Srs. Senadores, brasileiros e brasileiras aqui presentes e que nos assistem pelo Sistema de Comunicação do Senado, foi um prazer, não foi paciência não, foi uma satisfação, porque eu estava ao lado de V. Exª.

Ô Suplicy, são três em um só agora. Deu certo, Gilvam Borges. Na religião, temos Pai, Filho e Espírito Santo. Eu não sei se isso vai dar certo. Pai, Filho e Espírito Santo eram três pessoas em uma só. Não sei se estas personalidades: Casagrande, Almeida Lima e, graças a Deus, a Professora Marisa Serrano. Se fossem apenas homens, eu já não acreditava; havendo uma mulher... A virtude está no meio, e essa é a mulher.

Mas, Suplicy, V. Exª está acompanhando, que não seja uma vitória de Pirro, general grego que ganhou dos romanos na Batalha de Ásculo. Constatando que o desastre havia sido grande e que os companheiros todos se tinham desgraçado na guerra, disse: “Com outra vitória dessa, estamos acabados”.

Mas estamos aqui, Suplicy, e não é São Paulo, mas Sena, o filósofo, que não morava nem em Atenas, nem em Esparta, que dizia: ”Não é uma cidade pequena, é a minha cidade”. Sei que os Estados Unidos hoje comemoram, mas viemos pela cidade de Piripiri. Não é a grandiosa São Paulo, mas é a cidade do Piauí, Piripiri.

Gilvam Borges, Piripiri faz 97 anos. Quero crer que o Suplicy já está ligando o telefone para falar com o Prefeito de Piripiri, Odival Andrade, e cumprimentá-lo, parabenizá-lo. Essa cidade é extraordinária. Ela é, em população e número de eleitores, ô, Gilvam Borges, a quarta do Piauí; em riqueza, ICMS, é a quinta. Em população, é Teresina, Parnaíba, onde nasci, Picos, Piripiri e Floriano. É uma cidade com um entreposto comercial extraordinário, com capacidade industrial em confecção, com pecuária e caprinocultura e com um povo bravo.

Quando governei o Piauí, constatei que é uma das cidades que têm o melhor nível de educação pública. Piripiri teve um dos Embaixadores mais notáveis da história do Itamaraty, Espedito Resende, que esteve no Vaticano e outras cidades importantes. Lá há um memorial com seu nome.

Há poucos dias, morreu um dos mais brilhantes cirurgiões que conheci, Odival Coelho Resende. Não exercia a profissão lá, mas na minha cidade.

Quero homenagear essa cidade, lendo um poema. O poeta traduz o sentimento daquela gente, com os seguintes versos:

Piripiri, cidade querida,

De dores escondidas,

De pessoas que suam, choram e riem.

Piripiri, cidade amada,

Faça de mim uma esperança

E dessa esperança uma solução.

Ah, minha querida Piripiri,

Quem encontrará a solução

Para ter paz no coração?

Faça dos teus filhos

A expressão da solidariedade.

Piripiri de dores escondidas,

Tu sempre serás para mim

A minha Piripiri querida.

E ela hoje está em festa. Está em festa o Piauí. Senador Gilvam Borges, nos dias 13, 14, 15 de julho, eles vão fazer...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - Senador Mão Santa, a Mesa tem a obrigação de comunicar que o tempo destinado a V. Exª terminou. Mas como V. Exª esperou pacientemente, e só resta inscrito o Senador Eduardo Suplicy, acredito que podemos conceder mais algum tempo a V. Exª.

Qual é o tempo de que V. Exª necessita para concluir a homenagem a Piripiri?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Primeiro, quero convidá-lo para ir a Piripiri.

O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - Qual é o tempo de que V. Exª necessita?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Cinco minutos, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - A Presidência concede mais 20 minutos a V. Exª.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Está bem, Sr. Presidente.

Então, Piripiri, nos dias 13, 14 e 15 de julho - sexta-feira, sábado e domingo - estará em festa. Convido o Senador Eduardo Suplicy para ir a Piripiri, com a Mônica, sua esposa. É uma importante cidade.

Mas esse Embaixador, Espedido Resende, um dos mais brilhantes da história do Itamaraty, tem um memorial. A minha cidade, Senador Eduardo Suplicy, é Parnaíba. Piripiri está no meio, entre Parnaíba e Teresina. As Sagradas Escrituras, Senador Guerra, dizem que a virtude está no meio.

Piripiri é uma cidade extraordinária. Eu me lembrava do Embaixador, ó, Gilvam Borges, que nasceu na minha cidade de Parnaíba. O Embaixador Clark foi muito importante na história das relações exteriores; foi amigo de De Gaulle, reconheceu seu governo. Paris, na sua época, era a capital do mundo, Suplicy. Ele gozou da intimidade de Oswaldo Aranha, no Governo de Getúlio.

Então, o Embaixador Clark só andou em cidades grandes: Roma, Nova Iorque, Washington, Londres, Tóquio, Buenos Aires. Teve um câncer e, no final de sua vida, resolveu voltar a Parnaíba, Gilvam Borges. Seu médico era esse que citei, de Piripiri, Odival Resende - eu era muito jovem. Na ausência dele, eu o atendi, e ele me disse o seguinte, Senador Eduardo Suplicy... Atentai bem para o convite que já fiz a V. Exª e a Mônica para conhecerem o Delta do Rio Parnaíba.

Ele dizia, no seu livro, que as duas mais belas cidades do mundo começam com a letra “p”: Paris e Parnaíba. Isso foi o Embaixador Clark; mas Espedito Resende, que conheci, nascido em Piripiri, com certeza, diria: Paris e Piripiri. Eu me lembro de que Odival Resende, brilhante cirurgião, um dos mais extraordinários que conheci, brincava e dizia assim: “Mão Santa, você pode até fazer da Parnaíba a capital do Piauí, mas a capital do mundo é Piripiri”.

É isso que retrata aquela gente. Essa cidade tem um time de futebol cujo aniversário é o dia de hoje, 4 de julho. É um dos times queridos do Piauí, é quase como o Boca Juniors, amado. Então, essa é a homenagem.

Quando governamos o Estado... E falo aqui por delegação também deste extraordinário Senador municipalista, que é Heráclito Fortes. Heráclito Fortes tem uma liderança extraordinária no Piauí, principalmente em Piripiri. Então, essa é a nossa homenagem a essa cidade, em que, por sua importância, quando governei o Estado, deixei mais de 400 casas populares e uma rodoviária em parceria com o Prefeito Luiz Menezes. Encravamos o ensino universitário, e a eletrificação, que era de 69 quilowatts, foi aumentada para 138 quilowatts.

Aeroporto asfaltado, fórum e grande apoio ao seu parque industrial.

Portanto, esta é a homenagem que fazemos a Piripiri, pelo seu 97º aniversário.

Quero parabenizar aqueles que, por seu Prefeito Odival Andrade, lideram o crescimento e a pujança dessa cidade.

Já aproveitando a sensibilidade de Gilvam Borges, quero dizer que é importante esta tribuna, Suplicy. Por isso o Suplicy está aí, por isso o Suplicy é consagrado na hora em que se abrem as urnas em São Paulo. Quisera eu ter uma homenagem aqui para dar ao Suplicy; neste Senado, é o “senhor trabalho”. Ninguém se dedica e ninguém trabalha mais do que Suplicy.

Mas isso é tão importante...

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª trabalha muito, Senador Mão Santa.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - ... Suplicy, que, para onde vamos, levamos a nossa formação profissional. Sou um médico, cirurgião, e é com muito orgulho que estou aqui, na Revista Médico, órgão informativo do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal, num desses pronunciamentos que fizemos aqui defendendo a classe médica.

Suplicy, imagine quanto ganha o médico e quanto ganha, hoje, um profissional da Justiça. Senador Gilvam Borges, eu, médico federal, 40 anos contribuindo para a Previdência Social, dedicados à Santa Casa de Misericórdia, nem olho o contracheque, porque dá úlcera, de tão pequeno. Eu deixo Adalgisa recebê-lo. Isso é um descalabro!

Ô Suplicy, V. Exª que é justo, este País está cada vez mais injusto. A diferença entre o maior e o menor salário aumentou, alargou-se. Nos países organizados e civilizados a diferença entre o maior e o menor é de dez vezes. Veja os altos salários desta República e os menores salários: dos professores, dos médicos, dos soldados, dos militares.

“Senador Mão Santa reconhece que os médicos ganham mal”. Esse foi um pronunciamento. Aí está a farsa do Brasil.

Ô Suplicy, V. Exª é um homem de coragem. Diga ao seu Presidente - V. Exª não vai dizer porque ele voou no aerolula, foi para a Europa -, quando ele voltar, que o SUS foi desmoralizado no Governo no PT. Uma consulta médica custa R$2,50.

Os anestesistas do Piauí estão em greve. Ô Gilvam Borges, tem tabela de anestesia a R$9,00.

Desafio o Ministro da Saúde. Ele é muito bom para ser artista da Globo. Ele vai cuidar do Zeca Baleiro e do Zeca Pagodinho e deixa os pobres médicos ganhando R$2,50 por uma consulta e, por uma anestesia, R$9,00.

Suplicy, olhe para cá. Não é “mão santa”, não. São mãos humanas guiadas por Deus, iguais a todos os médicos que aí estão. Suplicy, tenho 40 anos de Medicina. Desafio hoje, desafio hoje o Governo de Luiz Inácio a mostrar um operado hoje, pelo SUS, de tireóide, de próstata, de supraduodenotomia, de mastectomia. Não está bem. Está muito bem para nós que temos plano de saúde. O Senado, sem a gente estar doente, está nos oferecendo a toda hora para ir a São Paulo. Está muito bem para quem tem dinheiro; está muito bem para quem tem plano de saúde. As Santas Casas, que represento e que por elas estou sendo reconhecido, estão todas na falência. Só se consegue uma operação se tiver muita amizade.

Gilvam - olha para cá, Suplicy -, não vou citar nome por se tratar de uma pessoa importante no Piauí, um ex-Deputado. Opera-se no seu São Paulo usando tráfico de influência. Eu fui atrás do Pinotti, extraordinário médico e reitor do ensino superior, para conseguir. Esse é o sistema de saúde.

Aqui estão uma publicação e uma homenagem aos médicos do Brasil.

Em pronunciamento, eu dizia - atentai bem -: em 1994, um médico recebia o salário de R$755,00 e um promotor público, R$1,3 mil. Ô Suplicy, anote: em 1994, um médico recebia o salário de R$755,00 e um promotor público, R$1,3 mil. Hoje, a realidade é bem diferente, não para os médicos de alguns Estados que continuam recebendo os mesmos R$755,00. O promotor, R$18 mil. Ô Suplicy, e não é aí, não. Fiquei, pacientemente, para dizer o que Boris Casoy não pode dizer: isso é uma vergonha!

Aí vem uma medida provisória: sem concurso, centenas e centenas de aloprados ganharão mais de R$10 mil. E vai passar aqui porque o Congresso está assim. Mas sem concurso.

Ô Suplicy, vergonha não mata. Sou médico. V. Exª está envergonhado hoje desse partido que deu aumento de 139% para os que têm DAS, os diretamente nomeados por Lula, os companheiros aloprados que o estão estragando, e deu 3% para os médicos, para as enfermeiras, para as professoras, para os engenheiros, para os geólogos, para os guardas, para os soldados.

Suplicy, vou lhe fazer uma pergunta: V. Exª é temente a Deus? Responda só “sim” ou “não”.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Sim.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Posso fazer uma segunda pergunta? E Luiz Inácio teme a Deus?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Claro.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Claro? Teme não. Um Presidente da República que permite um aumento de 139% para os seus nomeados, para os seus aloprados, que aumentam, que incham o serviço público, e 3% para os outros, não é justo, não respeita a Deus, não teme a Deus. O Filho de Deus passou e bradou: "Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça".

Ô Suplicy, vergonha não mata. Caso contrário, V. Exª morreria envergonhado pela injustiça desse Governo.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - Senador Mão Santa, acabei de comunicar à minha esposa que vamos demorar. V. Exª dispõe de mais tempo.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Não. Estou muito satisfeito. Não quero mais tempo. Quero aumento, justiça salarial. Vai chegar uma medida criando o Ministério do Sealopra. Haverá centenas de nomeações. Mais de R$10.000,00, ô Gilvam, sem concurso! É como está no livro de Deus: a porta larga das falcatruas e da falsidade!

O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - V. Exª não quer falar mais?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Não, não. Eu peço a Deus e ao Luiz Inácio Lula da Silva, que está voando no aerolula e que está perto do céu, que o Senador Eduardo Suplicy leve ao Presidente a verdade. Eu quero crer que estão enganando o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Eu votei nele em 1994, porque pensava que era temente a Deus.

Senador Eduardo Suplicy, V. Exª é um sábio, um culto - já leu Thomas Paine todinho -, mas leia Cervantes: Dom Quixote de La Mancha. Dom Quixote de La Mancha saiu no mundo, tentando fazer justiça e defender os fracos. Acompanhava-lhe Sancho Pança. Não é verdade? Ele disse que iria premiar Sancho Pança, dando-lhe uma ilha, Bravataria, para governar. O caboclo “véio” disse: “Eu não posso. Eu sou analfabeto”. Porém, Dom Quixote disse: “Mas eu o observei. Você é temente a Deus. Isso é uma sabedoria”. E até que ele governou bem. Dom Quixote lhe ensinou que fosse honesto, trabalhador, justo, casasse bem, fosse asseado...

O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - Senador Mão Santa, como V. Exª já anunciou que está encerrando seu pronunciamento e que não quer mais tempo para continuar...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Eu já vou encerrar.

O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - Então, encerre. Há um telefonema aqui para V. Exª.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Sim. Dom Quixote ainda lhe disse para lembrar-se de uma coisa: só não tem jeito para a morte. Isso é muito oportuno hoje.

Então, queria que V. Exª, Senador Eduardo Suplicy, levasse esse apelo de justiça que o povo brasileiro espera do nosso Presidente da República.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/07/2007 - Página 22368