Discurso durante a 106ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da insatisfação de profissionais com a situação da saúde no estado do Piauí.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO ESTADUAL, ATUAÇÃO.:
  • Registro da insatisfação de profissionais com a situação da saúde no estado do Piauí.
Publicação
Publicação no DSF de 06/07/2007 - Página 22427
Assunto
Outros > GOVERNO ESTADUAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • ANALISE, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, PAIS, RESULTADO, INEFICACIA, ATUAÇÃO, GOVERNO.
  • LEITURA, TRECHO, PERIODICO, CARTA, AUTORIA, MEDICO, ESTADO DO PIAUI (PI), DESTINAÇÃO, CONGRESSISTA, DENUNCIA, PRECARIEDADE, SAUDE PUBLICA, INSUFICIENCIA, SALARIO, REPUDIO, CORRUPÇÃO, DEFESA, URGENCIA, ADOÇÃO, PROVIDENCIA, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, SAUDE, POPULAÇÃO.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Efraim Morais, que preside esta sessão, Senadoras e Senadores presentes nesta Casa, brasileiros e brasileiras aqui presentes que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado.

            Presidente Efraim, temos que fazer uma reflexão. Para onde vamos levamos a nossa formação profissional. Sou, Cícero Lucena, médico cirurgião. Há algo de errado no Senado da República. Presidente Collor, jamais eu aceitaria ser Presidente da Comissão de Ética do Senado porque, lendo e aprendendo, meditei em um pensamento de Napoleão Bonaparte.

            Dizia ele, Presidente Collor: “A maior desgraça é exercer um cargo para o qual não se está preparado”. Senador, nós vamos levando porque estamos na média, aqui estudamos e aprendemos. O povo do Piauí reconheceu e nos mandou.

            Mas, ali, na Comissão de Ética, eu fui o primeiro a advertir o extraordinário e virtuoso homem do Piauí, o Sibá. Eu cheguei ao Sibá e disse: “Irmão” - porque ele é do Piauí, de União, dos vaqueiros; nós somos orgulhosos -, “você é uma vítima, Sibá”. Como, Efraim, de chofre, o Senador se transforma em juiz? Como? Como? Eu sou muito temente a Deus. Eu não sei se o Luiz Inácio é temente a Deus, mas eu sou. “Não julgueis para não serdes julgado”. Bem, Sibá, juiz. Com todo o respeito, eu não queria.

            Eu tenho esse princípio, Presidente Collor. Uma vez, na eleição para Deputado Federal, eu fiquei como primeiro suplente. Aí não há aquele negócio de acomodar? O governador chamou-me e disse: “Vou dar a Emater para você, Mão Santa”. Eu era primeiro suplente de Deputado Federal. E eu pulei acolá, porque lembrei de Napoleão Bonaparte, não é? Aí um Deputado amigo disse: “Rapaz, lá há carros e até um avião. A Emater é boa, tem tudo”. Eu disse: É, mas eu nem conheço um pé de feijão.

            Então, aquilo é a maior desgraça. Napoleão Bonaparte foi uma vida. Ele foi o primeiro que fez o Código Civil. Não me refiro ao lado militar dele, mas ao de estadista.

            A maior desgraça é exercer um cargo para o qual não se está preparado. Sou do PMDB, mas nunca fui convidado nesse PMDB, o meu é o outro.

            Em 1972, antes de Ulysses, eu enfrentava a ditadura. Com Elias Ximenes do Prado, nós conquistávamos a prefeitura da maior cidade do Piauí, cidade independente, Collor, que votou em V. Exª. E quero dizer-lhe que governei com V. Exª. Sarney foi generoso, com o Programa do Leite; V. Exª foi correto. Ulysses, que beijou a Constituição, disse: “Desrespeitar a Constituição é rasgar a Bandeira brasileira”. Está lá o dinheirão. Deveriam ser 53% só do Presidente - o Collor só ficava com 53% -, 22,5% para os prefeitinhos - e eu era um deles -, 22,5% para os governadores e 2% para os fundos constitucionais. Pode somar que dá 100%. Agora, no Governo do Presidente Luiz Inácio, já vai para mais de 60%, e os prefeitinhos minguando. Fomos bons prefeitos porque V. Exª repassou, e nós atendemos. Mas o Governo, que está voando aí no Aerolula, está voando nas pesquisas. Atentai bem, Luiz Inácio! Não acredito em governo que ganhe também na violência. Nunca antes, na história deste País, teve tanta violência!

            Sobre saúde eu posso falar, essa é a minha praia; juiz, não, eu não seria. Mas esse negócio de saúde é comigo. Precisa o Ministro Temporão andar muitos quilômetros e ler muitos livros para entender isto: nunca esteve tão ruim a saúde neste País. Nunca! E a dengue? Oswaldo Cruz ganhou do mosquitinho. Era a febre amarela. Gente, tinha desaparecido! Na Colômbia, acabaram; em Cuba, não tem mais. Aqui está matando todo mundo!

            Há aqui dois artigos. Um é da Revista Médico: “Senador Mão Santa reconhece que os médicos ganham mal”. Eu só ia citar o seguinte, uma reflexão: Ô Luiz Inácio! Eu acho que ele não é temente a Deus, não. Dom Quixote deu a Ilha Barataria a Sancho Pança porque achou que ele era temente a Deus. E outras coisas eu aprendi... Mas, olha aqui o que está no jornal da classe médica: “Senador Mão Santa reconhece que os médicos ganham mal”. Está aqui: Revista Médico! Olha o que eles pinçaram no discurso:

Aqui estamos diante do fato de que o teto dos homens da Justiça é de R$18 mil - é bom, é muito bom. Eles merecem porque estudaram; e os médicos muito mais, porque cuidam de vidas. O Senador Mão Santa disse [eles anotam; o que digo é ouvido] que em 1994 um médico recebia um salário de R$755,00, e um promotor público, R$1,3 mil. Hoje, a realidade é bem diferente, não para os médicos de alguns estados que continuam recebendo os mesmos R$755,00, e o promotor, mais de R$18 mil. “Que diferença de responsabilidade ou de curso faz com que ocorra tal disparidade?”.

            Senador Sibá Machado, orgulhe-se de saber que uma das medicinas mais avançadas é a do Piauí. Na Ditadura de Vargas, colocaram-se tenentes como interventores. Lá, não. Tenente não deu certo, então entrou um médico: Leônidas Melo. Sabido, montou o Hospital Getúlio Vargas e avançou. Era o único médico, na época da ditadura, que governava um Estado. Faziam transplante cardíaco no meu Governo; eu ajudei, com êxito.

            Carta dos médicos piauienses aos Deputados Federais e Senadores:

A categoria médica, através de seus legítimos representantes: Associação Piauiense de Medicina (Aspimed), Sindicato dos Médicos do Estado do Piauí (Simepi) e Conselho Regional de Medicina (Cremepi), vêm à procura de seus dignos representantes no Congresso Nacional [mandaram para mim] para mostrar a nossa insatisfação com o atual estado em que se encontra a saúde no nosso estado.

Os médicos piauienses vêm manifestar, através desta, o seu posicionamento acerca do importante momento político que vivemos, com o nosso repúdio a essa roubalheira desenfreada que sangra os cofres públicos, bem como apontar as medidas que consideramos necessárias para a melhoria das condições de vida e saúde de nosso povo.

            Um documento sério, assinado pelo Dr. Felipe Eulálio de Pádua, Presidente da Aspimed; pelo Dr. Leonardo Eulálio de Araújo Lima, Presidente da Simepi; e pelo Dr. Wilton Mendes da Silva, Presidente da Cremepi.

                   Dessa forma, a categoria médica vem reafirmar seu apoio ao Sistema Único de Saúde, público, integral, universal e equânime. Como cidadãos piauienses, mantemos a luta e a expectativa por um Piauí melhor, onde a saúde e o direito a uma vida digna sejam garantidos a todos os piauienses.

            Sibá, os anestesistas estão em greve no Piauí. E esse negócio, Efraim Morais, de dizer que medicina é sacerdócio... Mas, nessa tabela do SUS, ainda é R$ 2,50 uma consulta médica. A última vez que fui a Teresina, Efraim Morais...

            O SR. PRESIDENTE (Efraim Morais. PFL - PB) - Senador Mão Santa, esta Presidência vai dar mais um minuto a V. Exª, para concluir seu discurso.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Pois é. Então, era R$5,00 e dei R$ 10,00 para o engraxate. A consulta médica é R$2,50 neste Brasil. A anestesia é R$9,00. Desafio o Luiz Inácio Lula da Silva a mostrar uma grande cirurgia feita pelo SUS. Fiz milhares de tireoidectomias, colecistectomias, mastectomias e histerectomias.

            Mas, já está chegando o fim do meu tempo - estou olhando, faltam trinta segundos -, e Cristo fez o Pai Nosso em um minuto. Ó Deus, no Piauí temos duas grandes pragas: a dengue, que voltou e está matando - matou cinco pessoas neste fim de semana -, mas a praga maior que entrou lá foi o PT. Oh, Deus, livrai-nos da dengue e do PT!

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/07/2007 - Página 22427