O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tem muito sentido o apelo que faz a Senadora Ideli Salvatti. De fato, em nenhum momento, pretendo sair do equilíbrio. Não se precisa sair do equilíbrio para se tomarem as atitudes justas e necessárias aos olhos de quem está analisando o quadro.

            Eu gostaria, Senador Inácio Arruda,...

            Muito bem. Quando, por duas vezes, solicitei o afastamento do Senador Renan Calheiros da Presidência do Senado Federal, eu não o fiz motivado por qualquer outra razão que não a consciência partidária, a atitude partidária de que a sua presença à frente da direção da Casa terminaria redundando no que já começamos a ver: improdutividade, divisão entre Senadores, acirramento de ânimos, dificuldade para se fazer um julgamento justo, garantindo ao Senador o que ele merece e o que a democracia lhe assegura, amplíssimo direito de defesa, e garantindo à Nação o direito que ela exige - e ela terá - de ver esse caso investigado tintim por tintim até o final.

            Estamos em reunião na Liderança do PSDB, e um grupo de Senadores houve por bem se retirar do plenário, só por esta sessão, porque não haveria sentido que isso virasse uma tática permanente. Nós temos os nossos compromissos com o País e temos, por outro lado, a nossa morada aqui na tribuna. É aqui da tribuna que vamos dizer o que a Nação precisa ouvir; é aqui da tribuna que vamos pontuar e vamos pontificar em cima dos temas que, como o caso a envolver o Presidente Renan Calheiros, estão a chamar a atenção da Nação brasileira.

            Sr. Presidente, ouvi parte do discurso do Senador Inácio Arruda, do qual recebi um relato. Diria a V. Exª, Senador Inácio Arruda, de maneira muito clara, que V. Exª está na obrigação de declinar o nome dos Senadores corruptos, aqueles que não são confiáveis, a começar por mim. Se crê haver alguma coisa a dizer de mim, por favor, suba à tribuna e diga agora, ou V. Exª será instado a depor no Conselho de Ética por provocação da Liderança do PSDB, para lá, se não o fizer aqui, apontar os Senadores que não são confiáveis.

            Não vamos permitir essa coisa de vala comum, não! Não vamos tolerar isso! Queremos a mais absoluta condição de respeito a quem exerce o mandato nesta Casa. Se V. Exª conhece algum Senador que não seja merecedor de confiança pública e se sabe de algo grave a envolver esse Senador - e V. Exª teria dito, mais gravemente, que são muitos Senadores, que quase todos, aliás “a maioria esmagadora dos Senadores não mereceria confiança no campo ético” - e se V. Exª, por qualquer razão, não declina o que sabe, V. Exª, que sempre mereceu de mim fraterna amizade e respeito, estaria sendo cúmplice do autor do malfeito. Se V. Exª não sabe e, ainda assim, acusa os seus colegas, V. Exª estaria em mim causando uma decepção muito profunda.

            Sempre o conhecei bravo, equilibrado com as suas idéias, e sempre o respeitei, apesar das divergências que, ideologicamente, de forma tão aguda, nos separam.

            Volto, então, no aguardo da manifestação do Senador Inácio Arruda, a dizer, de uma maneira muito serena, que isso estava previsto. Digo isso para todos os que me conhecem mais de perto e os que não me conhecem tão de perto assim. Ter vindo a esta tribuna pedir o afastamento do Senador Renan Calheiros não foi tarefa que eu porventura cumprisse de maneira feliz.

            Cheguei junto com o Senador Renan Calheiros ao Congresso Nacional, participei junto com ele de lutas por liberdade, por democracia neste País. Não sou adepto de política de caça às bruxas. Entendi bem o que o Senador Romeu Tuma quis dizer, quando disse que gostaria que o Senador Renan Calheiros fosse inocente. Foi um Deus nos acuda, houve uma verdadeira caça macartista ao Senador naquele instante.

            Um colunista, quando falei que eu também torcia para que o Senador pudesse comprovar a sua inocência, disse que eu tinha sido despudorado. E eu que não sou Catão, que defendo a minha moral até o final, mas que não sou moralista - faço muita diferença entre quem é o moralistazinho de meia-tigela e quem é moral nas suas atitudes do começo até o fim -, volto a dizer que é um momento de dor, sim, que cumpri sem alegria, até porque não fiz minha carreira em cima de denuncismo, não fiz minha carreira em cima do que poderia ser a infelicidade pessoal de qualquer colega meu, mas está em jogo algo acima da amizade pessoal, que eu gostaria que se mantivesse, que me liga ao Senador Renan Calheiros: é a questão da instituição. Instituição que jurei defender; instituição que tem que merecer de nós o máximo de cuidado e o máximo de atenção; instituição que, está se vendo, está hoje a demandar, na sua cultura secular, e até para se manter como instituição respeitada, respeitável, resgatada aos olhos da Nação...

(O Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Já concluo, Sr. Presidente. Precisa, sim, que o Senador Renan Calheiros se afaste da Presidência temporariamente, pelo menos, para que não aconteçam mais esses percalços, para que as investigações fluam e, ao final, exponha-se uma verdade, seja ela qual for, mas a verdade, que, apresentada pelos três Relatores, seja apreciada pelo Conselho de Ética, com recurso evidente para o Plenário, que terá a palavra final sobre caso tão grave.

            Sr. Presidente, sinto que é a vez do Senador Inácio Arruda falar, portanto, prefiro ceder a palavra a S. Exª, reservando-me o direito de voltar à tribuna, se for o caso.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.