Discurso durante a 112ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comentários ao artigo intitulado "Pan-Pan-Pan", de autoria do Senador José Sarney, publicado no Jornal do Brasil, edição de hoje. Críticas ao Governo Lula.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Comentários ao artigo intitulado "Pan-Pan-Pan", de autoria do Senador José Sarney, publicado no Jornal do Brasil, edição de hoje. Críticas ao Governo Lula.
Publicação
Publicação no DSF de 14/07/2007 - Página 23935
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, AUTORIA, JOSE SARNEY, SENADOR, REALIZAÇÃO, JOGOS PANAMERICANOS, DEBATE, ORADOR, VIOLENCIA, CORRUPÇÃO, EXCESSO, TRIBUTAÇÃO, BRASIL, CRITICA, ATUAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, INFERIORIDADE, CRESCIMENTO ECONOMICO, PRECARIEDADE, SAUDE PUBLICA, EPIDEMIA, DOENÇA TRANSMISSIVEL, REGISTRO, DADOS, MORTE, FALTA, POLITICA DE EMPREGO.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Senador Gilvam Borges, Srªs e Srs. Senadores presentes na Casa, brasileiras e brasileiros presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação, saudações a todos.

            Presidente Gilvam Borges, pelo assunto de que vou tratar, V. Exª daria maior tempo, porque aí nós empatamos na empatia ao cidadão.

            O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - Senador Mão Santa, a minha preocupação com o tempo é por causa de V. Exª. 

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Professor Cristovam Buarque, outro dia, eu estava numa festividade e me perguntaram sobre um companheiro nosso. Veio à minha mente Leonardo Da Vinci. A festa era na casa do Mauro Fecuri, que esteve entre nós, suplente de Roseana, um sábio. Por que me veio à mente Leonardo Da Vinci? Certa vez, fui à casa do ex-Senador Álvaro Pacheco, que foi suplente do Senador Hugo Napoleão, que, quando Ministro, se afastou, assumindo Álvaro Pacheco, com muito brilho, um intelectual. Lá, Gilvam Borges, eu encontrei uns quadros de pintura muito bonitos e fiquei olhando. Aí ele disse: “Foi o Presidente Sarney que me deu”.

            Eu perguntei: ele lhe deu? Ele comprou? E ele respondeu: - não, ele pintou. Eu sabia que Sarney escrevia bem. Ele escreveu o livro Saraminda. Senador Cristovam Buarque, você já o leu? Leia, relaxe e goze. Você também, Wellington Salgado. Saraminda é um dos melhores livros... Há o livro O Dono do Mar também, que fala daquela canoa do pescador, a canoa Chita Verde. Mas Saraminda é melhor. Eu leio as publicações de José Sarney.

            Hoje, Cristovam, ele escreve no Jornal do Brasil o artigo intitulado “Pan-Pan-Pan” É sobre os jogos pan-americanos. É um artigo agradável, estou fazendo até um comercial. É interessante ele contando as histórias do rádio, quando ouvia essas disputas desportivas nos rádios antigos, que tinham aquelas descargas, bombardeios, etc. E ele termina, como a Dª Marta disse, mandando relaxar e etc e tal. E ele chama para o pan-pan-pan. É uma benção o Senador Sarney estar aqui entre nós, um intelectual que foi Presidente, lá de Pinheiro.

            Vou dizer que pensava, como o Gilvam, em reelegê-lo Presidente desta Casa. Iria votar nele mesmo. Trabalhei, mas não deu certo. Cheguei constrangido e ele me disse: Mão Santa, Deus é que sabe. Sei lá se vai haver tanta confusão. Deus é bom para mim, saí de Pinheiro... E eu comecei a aceitar as coisas.

            Aí ele me orientou no “Pan-Pan-Pan”. Olha aí, Gilvam Borges. 

            Eu vou inspirado pelo Presidente Sarney.

            O Pan. Brasileiros e brasileiras, nós vamos ganhar é muito. Já ganhamos! Luiz Inácio sai na frente. Luiz Inácio no pan-pan-pan.

            Corrupção: Ganhamos medalha de ouro. Já estamos aí. E não sou eu que estou colocando essa medalha no peito dele, não. Corrupção, ô Sarney, medalha de ouro para o Brasil. Luiz Inácio, medalha no peito.

            Duque, V. Exª é mais do que o Caxias para nós. V. Exª representa... Caxias faltou com a palavra lá na Guerra da Farroupilha. Ele disse que ia libertar os negros, mas enganou e fez foi matar o Lanceiro Negro. V. Exª não. V. Exª representa... Outro dia fez o melhor pronunciamento desta Casa: sobre as crises que houve na nossa Pátria e neste Senado.

            Mas o nível de corrupção no Brasil é o pior em dez anos. Foi o Bird que colocou no peito de Luiz Inácio a medalha de ouro. Foi o Banco, do jeito que ele gosta, foram os banqueiros. É dele. Tinha que ser uma homenagem. Não sei se houve falcatrua, mas o Bird deu medalha de ouro, não de prata.

            No Pan-Pan-Pan de José Sarney, a violência. Ô Luiz Inácio, eu estudei a pesquisa que V. Exª voa em ares mais altos do que no Aerolula.

            Ma o essencial é invisível aos olhos...

            O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - Senador Mão Santa, V. Exª tem um minuto para concluir o pronunciamento.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Atentai bem, nós multiplicamos o tempo e tudo.

            A violência, pior, trouxe desesperança ao povo.

            Na mesma pesquisa, Luiz Inácio, o povo brasileiro disse que não tem esperança de a violência diminuir. Perdeu a esperança? Enterre. Medalha de ouro em violência.

            Medalha de ouro em impostos: 40% de impostos.

            V. Exª está me ouvindo, Cristovam: do salário de 12 meses dos professores e das professoras, cinco são para pagar impostos, e um mês, para os juros do banco.

            O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - Senador Mão Santa, como V. Exª deve viajar e já são 11 horas - V. Exª deveria chegar, no mínimo, com 20 minutos de antecedência -, há grande possibilidade de que perca o vôo, mas vou conceder-lhe mais 20 minutos.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Aí, eu pediria a V. Exª que, com seu prestígio, conseguisse o Aerolula.

            Essa Mesa é poderosa, eu já vi.

            O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - Pronto. V. Exª tem 20 minutos. Acredito que vá ficar conosco aqui. Continue.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Em impostos, então, a medalha é de ouro também.

            Ô, Wellington Salgado, este é o País que cobra mais impostos.

            Vocês que nos estão ouvindo, o homem e a mulher que trabalham, neste País: dos 12 meses, cinco são para pagar imposto e um, para juros de banco.

            Então, a metade do dinheiro é para o Governo de Luiz Inácio. Os juros são os mais altos.

            Ó, Cristóvão Buarque, aí, eles dizem que baixaram a taxa de juros Selic, mas é tudo mentira. Quem tem cheque ouro pode ver isso. Eles baixam a taxa de juros Selic, fazem propaganda na mídia, que é deles, pagam-na com o dinheiro do povo, mas aumentam o spread: o valor do talão de cheque, a taxa de seguro, o trabalho, a administração do dinheiro. Eles aumentam as taxas internas do banco. O chamado spread são o talão de cheques e as outras despesas que o banco cobra, que os banqueiros cobram e não pagam aos trabalhadores do banco. Então, o imposto continua - medalha de ouro.

            E o crescimento? Esse não ganha medalha de ouro, Cristovam Buarque, no “ Pan-Pan-Pan” de Sarney, no segundo artigo que ele vai escrever nesses dias. Nisso, somos medalha de prata, nós, o País paradão. Dos países das Américas, só ganhamos do Haiti, que está em guerra.

            Não vamos fazer vergonha nesse Pan, não. Luiz Inácio está aí, no “Pan-Pan-Pan”. No segundo capítulo de Sarney - estou continuando - há outra medalha de ouro: para o dengue.

            O Ministro da Saúde, bacanão, parece um artista da Globo. Se faltar um ali, podem colocá-lo, porque ele é bom e dará certo. Ele é lá do Rio. É, mas ele está perdendo para o mosquitinho do qual Oswaldo Cruz ganhou. É o mesmo mosquitinho, Cristovam, da febre amarela, e ele fica com o negócio da “Zeca-feira”, do Zeca Pagodinho dizendo que “quarta-feira vamos fazer campanha”, e o dengue está aí, matando muito. O Piauí e o Mato Grosso estão disputando a tocha da morte do dengue. No último fim de semana, na capital do Piauí, morreram cinco pessoas.

            Veja a gravidade, ô, Gilvam. Aí é a minha praia. Ô, Cristovam, aí é a minha sala de aula.

            O dengue, eu sei, é mundial, mas Fidel, de quem não gosto, acabou com a doença, que lá não existe mais. Bem ali, na Colômbia, acabaram com ela. Aqui, em 1950, ela não existia mais, mas agora aumentou, Cristovam. E a gravidade é grande. Sabe-se, hoje, por observação, que existem quatro tipos da doença, e o dengue hemorrágico é um deles.

            O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - Senador Mão Santa, a Mesa tem o dever e a obrigação de alertá-lo, porque sabe do entusiasmo e do compromisso de V. Exª, de que o avião está para sair. V. Exª vai perder o vôo.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Rapaz, essa Mesa é forte, por isso essa confusão toda.

            E V. Exª já telefonou pedindo o Aerolula?

            Cristovam, veja a gravidade: de cada 100 casos de dengue hemorrágico, morriam 4,5%. Hoje, morrem 13,5%. O Ministro não sabe por quê. Eu também não sei, não vou mentir, embora tenha mais experiência médica do que ele, mais vivência - 40 anos. No entanto, estatisticamente, está aí a gravidade: morriam 4,5% e estão morrendo 13,5%. Ou o agente está mais virulento, ou o povo brasileiro, o hospedeiro, está mais fraco. Aí está a gravidade!

            Então, o Brasil ganha medalha de ouro na dengue. Isso é uma vergonha, porque a doença já havia desaparecido. Ela é transmitida pelo mesmo mosquitinho que o Oswaldo Cruz exterminou, acabando, assim, com a febre amarela.

            Desemprego. Sei que há a bolsa-família e que V. Exª criou a bolsa-escola. De bolsa-família a chama o Governo, mas alguns a chamam de bolsa-esmola. V. Exª criou a bolsa-escola, mas eu fico com o poeta e filósofo Luiz Gonzaga, que disse que a esmola que se dá a um homem são ou mata de vergonha, ou vicia o cidadão.

            Eu quero emprego!

            Os jovens, rapazes e moças, estão desesperados. Qual medalha o Brasil vai ganhar em desemprego? Não a classifiquei, porque sou Senador e isso aqui é uma boa. Assim, deixo para os jovens a escolha da medalha - ouro, prata ou bronze - que deve ser colocada no peito do capitão Luiz Inácio, na crônica “Pan-Pan-Pan” do nosso Leonardo da Vinci, que é o José Sarney.

            Caos aéreo: estou tranqüilo, porque o avião não sai às 12 horas. Não sai. Não sai. Eu posso falar, aqui: não sai o avião. Como o avião vai sair na hora? Sairia às 12 horas, mas já estou contanto com o atraso. O Duque está tranqüilo e nós vamos juntos. Ele vai sair lá pelas cinco horas, ou amanhã, só Deus sabe.

            Para o caos aéreo, medalha. Estou tranqüilo, porque ao meio-dia deveria voar, mas não vai.

            Eu vou lhes ensinar uma coisa, Gilvam Borges e Wellington Salgado: não se perde avião, porque ele atrasa. Assim, estou tranqüilo, tenho uma margem de segurança.

            Cristovam Buarque, V. Exª sabe tudo ou quase tudo, a melhor coisa é pegar um trem na Europa, com o Europass. Os caboclos, por lá, não sabem o que é errar.

            Eu nunca andei naquele quartinho, Mozarildo, com a Adalgisa. Eu a deixei na poltrona.

            Eu não gostei desse negócio do Euro, não gostei. Em cada país existia uma moeda, não é, Wellington Salgado? Eu dizia: Não, Adalgisa, fica aí que eu vou ao bar - é bom! - trocar esse dinheiro, porque ele não vale.

            O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - Senador Mão Santa, eu precisarei apelar à dona Adalgisa para apanhar V. Exª, senão vai perder o vôo. Os vôos já foram regularizados.

            V. Exª, por gentileza, queira encerrar seu pronunciamento, porque há outros oradores inscritos.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Para o caos aéreo, a medalha é a de ouro, não tem jeito.

(Interrupção do som)

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - O som, por favor.

            Observem que estou elogiando o Sarney, que é nosso. Vai começar às cinco horas e o Brasil deve estar na frente. Deixem-me dar as minhas medalhinhas para o povo.

            Para o analfabetismo, professor Cristovam, você é quem vai dar a medalha: ouro ou prata? Você é quem vai julgar.

            Ralph Waldo Emerson, filósofo americano: “Todo mundo é superior a mim em alguma coisa.” V. Exª é. V. Exª vai dar a medalha do analfabetismo, se ouro, prata ou bronze. Para a mentira, medalha de ouro! Ô gente pra mentir! O Goebbels ressuscitou, entrou no Duda e fez este Governo! Goebbels dizia: “Uma mentira repetida muitas vezes torna-se verdade”. E este Governo. A Alemanha não vai mandar o Goebbels para cá. Nós vamos ganhar a medalha de ouro da mentira. Essa é uma contribuição ao grande Leonardo da Vinci.

            José Sarney, escreveu o artigo intitulado Pan-Pan-Pan, maravilhoso, esta aqui, além de outros artigos, como o da corrupção. Há outras matérias que estavam marcadas para eu comentar, mas, agora, vou para o aeroporto. Qualquer coisa, à tarde, se tiver reunião, eu volto, porque o avião não sai na hora.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/07/2007 - Página 23935