Discurso durante a 113ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Defesa de mais investimentos em saúde, segurança e educação.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. SAUDE.:
  • Defesa de mais investimentos em saúde, segurança e educação.
Aparteantes
Valter Pereira.
Publicação
Publicação no DSF de 17/07/2007 - Página 25062
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. SAUDE.
Indexação
  • COMENTARIO, ABERTURA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), JOGOS PANAMERICANOS, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, REJEIÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ANALISE, ORADOR, MOTIVO, PRECARIEDADE, SITUAÇÃO, BRASIL, RETROCESSÃO, SAUDE PUBLICA.
  • CONVITE, PRESIDENTE DA REPUBLICA, RETORNO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), VISITA, SANTA CASA DE MISERICORDIA, SOLUÇÃO, DIFICULDADE, FUNCIONAMENTO, CORREÇÃO, TABELA, PREÇO, SISTEMA UNICO DE SAUDE (SUS).
  • NECESSIDADE, URGENCIA, PROVIDENCIA, MINISTERIO DA SAUDE (MS), COMBATE, EPIDEMIA, DOENÇA TRANSMISSIVEL.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Papaléo Paes, que preside esta sessão de segunda-feira, dia 16 de julho de 2007, Srªs e Srs. Senadores presentes na Casa, brasileiras e brasileiros aqui presentes e os que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, eu estava ouvindo a Rádio Senado e soube que os amapaenses estavam eufóricos porque um filho do Amapá estava competindo e ganhou uma medalha.

            Entristecidos estamos nós, do Piauí, eu e o Heráclito, porque o Governo do Piauí não preparou nenhum atleta para representá-lo nessa competição esportiva.

            Senador Valter Pereira, eu estava no Rio de Janeiro, mas não fui vaiar o Luiz Inácio, não.

            Advertíamos aqui na sessão de sexta-feira. Lembrávamos Ulysses Guimarães, que dizia: “Ouça a voz rouca das ruas”. E eu tenho feito isso. Do Maracanã eu entendo bem, pois estudei no Rio de Janeiro.

            Nelson Rodrigues, o grande romancista, disse que, no Maracanã, se vaia até minuto de silêncio. O atleta vaia até minuto de silêncio. E eu tenho testemunho do que significa aquilo para os políticos. A história se repete.

            Valter Pereira, em 1967, eu fazia pós-graduação no Rio de Janeiro. Na sexta-feira eu advertia, pois conheço bem a alma do Rio de Janeiro. Eu advertia aqui, dizendo que ia começar o Pan e nós íamos sair na frente. Somos medalha de ouro na corrupção; somos medalha de ouro em impostos; somos medalha de ouro na violência; somos medalha de ouro no desemprego; somos medalha de ouro no sucateamento hospitalar. V. Exª, Valter Pereira, estava aqui? Saí dando medalha de ouro, prata e bronze, e o Brasil ia bem.

            Até o Senador Gilvam Borges, que é governista lá do Amapá, estava presente e ficou preocupado por eu estar dando tantas medalhas por antecipação e disse: “Mas, Senador Mão Santa, V. Exª disse que falaria por apenas cinco minutos, porque ia pegar o avião...”

            E eu respondi que não me preocupava mais, porque ia dar uma medalha de ouro para o apagão aéreo. Esse Governo está cheio de medalhas! E ele, que traduz bem a índole governista, querendo me tirar da tribuna, apelou até para a D. Adalgisa.

            Mas eu estava no Rio de Janeiro. Senador Valter Pereira, V. Exª vai aprender agora o que é o Maracanã. Em 1967, eu estava no Maracanã, na época da ditadura. Eu fazia pós-graduação em cirurgia geral, Papaléo. Assistíamos a um jogo no Maracanã e, de repente, eu vi uma explosão de euforia e de gritaria. O Maracanã é o coração do Brasil! Eu era estudante e residente e não tinha nem um rádio de pilha para acompanhar a confusão. Mas havia um alto-falante, a que chamávamos de “boca do mundo”.

            Pensei que devia ser um gol do Pelé lá em São Paulo, porque estava todo mundo vibrando, gritando, ninguém se entendia mais, havia uma verdadeira euforia.

            Os ânimos foram se apaziguando, e compreendemos o que era aquela euforia. A “boca do mundo” havia dito que o Presidente Castello Branco tinha acabado de fechar o Congresso Nacional. Olhem para onde estávamos indo.E foi aquela confusão. Então, o Presidente Luiz Inácio foi ali e eu o advertia. Ele tem viajado muito, mas eu o aconselhava. Na primeira vez eu votei em Luiz Inácio Lula da Silva. Luiz Inácio, quando Vossa Excelência foi ao México, acompanhado da encantadora primeira-dama, excelente dama, e tirou uns retratos da pirâmide. Mas talvez ele devesse ir ao Palácio do México. Lá, Valter Pereira, existe uma frase do General Obregón, que diz: “Prefiro os adversários que me dizem a verdade do que os aliados puxa-sacos.” Os aloprados, como eles chamam, que só levam a mentira.

            E era mentira que ele estava voando mais alto do que o Aerolula. Esse é o País medalha de ouro da corrupção; medalha de ouro da violência; medalha de ouro de sucateamento dos hospitais. A dengue voltou - a dengue cujo mosquitinho Oswaldo Cruz tinha acabado. E o nosso Ministro é gente boa, é bonito, parece um artista, simpático e é do PMDB. Estivemos com ele, Valter Pereira. Mas ele está perdendo do mosquitinho. Ele fica perdendo tempo com o nosso amigo que canta “Deixa a vida me levar” Como é, Papaléo? Da quarta-feira, ele tirou “feira” e formou Zeca-feira. Ele fica discutindo, e a dengue está aí. Ela havia desaparecido do Brasil em 1950. Agora voltou e está matando muito. O Piauí está competindo com o Mato Grosso para saber onde morre mais gente de dengue.

            Acho que o Luiz Inácio deve voltar ao Rio, onde está o Cristo de braços abertos, a sétima maravilha. Adoro o Rio. Ó Valter Pereira, não é assim a imagem dos políticos. Andei no Rio e isso aqui... Tu sabes de que estamos falando? O Maquiavel disse: “Use suas armas”. Uma das armas que o Parlamento tem é o sistema de comunicação, pelo qual ficamos conhecidos. E a reputação dos políticos não está como dizem. Papaléo, eu dei autógrafo e tirei muitos retratos e a imagem ruim do político não é generalizada, não. O Senado, em 183 anos, nunca trabalhou na segunda-feira em julho sem receber jetom. O Papaléo estava aqui desde cedo, e outros estão por aí nos gabinetes e nas Comissões.

            Eu faria ao Luiz Inácio o convite para voltar ao Rio de Janeiro. Eu sempre disse: pegue a sua encantadora Marisa e vá à Confeitaria Colombo. Olha, Papaléo, quando eu estudava no Rio, a gente ia lá tomar chocolate com as meninas. No Aterro do Flamengo, Romero, nos anos 60, eu cheguei a namorar, embolado, naquela grama. Hoje quando nós contamos isso, dizem que é mentira. Não é, não. Naquele tempo não havia bala perdida, não havia bandido. Havia malandros, sambistas agradáveis. Hoje parece até mentira, Valter Pereira. E eu convidaria Luiz Inácio, dizendo-lhe: vá, com a sua encantadora esposa, à Confeitaria Colombo que é um símbolo do Rio. É o restaurante mais bonito, mais antigo, com aqueles espelhos e até violino. Mas digo que vá antes das 5 horas porque depois desse horário está fechado porque os bandidos tomaram conta daquela área. Antigamente íamos lá à noite. Jantei lá muitas vezes, Senador Papaléo Paes. Mas esse é o Rio.

            Então, Romero - quis Deus o Romero... Ele é o “Robinho” da equipe do Governo, é o melhor. Ontem o Robinho não fez gol. Eu não assisti ao jogo porque eu estava vindo de avião. Eu não fui lá para vaiar. Eu fui porque a minha filha - e Deus escreve certo - está terminando Medicina e vai estagiar no Professor Azulay, na Santa Casa.

            Mas, Romero, atentai bem, convide V. Exª, que tem prestígio. Diga:: rapaz. Mão Santa o convida. Ele é garoto da Praça Mauá. Estagiou ali no Hospital dos Servidores do Estado. Eu quero convidar.

            Há gente boa ali. Esse Ciro Gomes é um exemplo. Eu nem conhecia a Patrícia - não foi ela quem pediu -, e votei nele na primeira vez em que ele se candidatou. Na segunda, eu votei no Luiz Inácio. Mas eu já votei no Ciro Gomes, meu companheiro. E eu não conhecia a Patrícia.

            “Eu não aceito ser vetado” - disse o ex-Ministro. Ciro Gomes todos nós conhecemos. É vizinho ali. São cidades muito próximas - a dele e a minha: Parnaíba e Sobral. Ele foi prefeito, eu também fui; ele foi Governador, eu também. E ele foi Ministro da Fazenda.

            Então, ó Romero, o Lula tem de afastar aqueles aloprados. Sempre adverti. Não temos uma convivência buscando a verdade em tudo? Ai, se ele não tivesse V. Exª, que apelidei até de Robinho, porque é difícil defender esse time! Eu, na intimidade, digo: ó Robinho do Governo, porque é o melhorzinho, que faz o jogo! É difícil! E ele foi Ministro, extraordinário. E há algo em comum entre nós dois, que é o amor à Pátria e o respeito ao voto.

            Olhe aqui, Robinho! Leve ao Luiz Inácio um convite. Eu quero convidá-lo a voltar. Levaram-no para as coisas erradas: ir ao Maracanã, fazer gol de pênalti, um político pula para um lado, e a bola vai para o outro. Ó Robinho, isso é ridículo! Ele não é jogador. Eu fui prefeito e Governador. Perguntam: você andou fazendo gol lá? Não. Essas coisas ridículas levaram o nosso Presidente...

            Heráclito, V. Exª é muito querido no Rio de Janeiro. O Piauí está grande. Eu andava e dava autógrafo. Tirei retrato como o quê, por causa dessa televisão! Valter Pereira, aí diziam: “Olhe, você e o Heráclito”... Heráclito, V. Exª está muito querido no Rio de Janeiro. V. Exª foi elogiado pela atuação. Mas, Valter Pereira, olha o que diz o Ministro do Luiz Inácio! É quando ele fica ouvindo os puxa-sacos, os aloprados... Deu no que deu. Olha o Ciro! Mereceu o meu voto na primeira vez. Na segunda, votei no Luiz Inácio.

            Olha o que ele diz aqui, em O Estado de S.Paulo:

             “Que coisas?

            Ele sabia que tinha coisas para melhorar. Todo mundo está vendo, eu estou vendo. Eu adverti: a violência no Rio, a corrupção, o sucateamento dos hospitais.

            Valter Pereira, ouça o que disse o Ciro:

            “Estamos com 10% de desemprego”.

            Então, aquela vaia foi dos desempregados. Dez por cento de desemprego!

            “Cresce em 22% a demanda de passagem aérea e tudo entra em colapso”.

            Foram os que estavam no aeroporto, Heráclito.

            “O país volta a crescer 4,5%, e pode faltar energia. Tudo bem, está tudo melhor. Mas olhando para trás. E a agenda do povo?”

             Atentai bem, Papaléo! É Ciro Gomes, como eu dizia. Estou trazendo documento dele.

            “E a agenda do povo? Emprego, salário, saúde, segurança pública. É uma esculhambação.”

            Quem disse isso foi Ciro Gomes. Ó, Romero, Robinho... É capaz de ter o meu voto de novo só por essa esculhambação. É ele. Taquigrafia... Não me levem para o Conselho de Ética porque o nome aqui é dele.“´É uma esculhambação. Está todo mundo apavorado no País.”

            Ciro Gomes é que diz isso. Esculhambação... São palavras dele.

            Ó Luiz Inácio, eu dizia isso, não com esses termos. Sim, mas mais brando, olhando para o Romero, para o Robinho seu, olhando... Quantas vezes não adverti?

            “Não existe um projeto para o País?” “Com começo, meio e fim, não. Mas é o maior projeto que o País tem desde muitos anos.”

            E vai mais adiante:

            “E as questões mais do cotidiano da população, como estão?

            “O que está acontecendo nos hospitais das grandes cidades brasileiras não faz sentido. É incompreensível, é criminoso, é bárbaro. A educação está piorando no Brasil. No limiar do século 21, a gente com tudo na mão, e o capital humano está sendo deteriorado, e não incrementado.”

            “Como desatar esse nó?”

            “Para cobrir isso, o País precisa crescer mais, desde que não traga inflação e não perca o olhar da taxa de investimento.”

            Quem disse isso foi Ciro Gomes. Então, eu convido o Ciro também. Vamos eu, o Robinho aqui - o Romero, RR -, o nosso Presidente Luiz Inácio, a encantadora Primeira-Dama, Dona Marisa, gente boa.

            Dona Marisa, olha, os meus erros são mesmo meus; quando eu acerto é porque ouço Dona Adalgisa.

            O Luiz Inácio está uma ilha rodeada de aloprados por todos os lados.

            Então, eu faço o convite. Tem que voltar ao Rio agora, o Cristo Redentor está ali, de braços abertos. O Governador é nosso amigo, Senador aqui. O Duque ficou em seu lugar. O Dornelles... Vamos todos nós, “Robinho”.

            Mas eu queria convidar o Luiz Inácio. E garanto que ele receberia os aplausos do Rio, do Brasil e do mundo.

            Ô “Robinho”, você não estava perguntando o que eu queria? Primeiro, um convite. Olha a agenda.

            Deus escreve certo por linhas tortas. Minha filha está terminando Medicina, e o sonho dela era estagiar com o Professor Azulay, paraense, na Santa Casa. E eu fui ver onde ela ia ficar, como pai, etc. Fui ver o trajeto, e fui à Santa Casa. A Santa Casa era um orgulho, é da História, fundada por Dom João VI. Meu professor, Mariano de Andrade, era do Hospital do Servidor do Estado, onde fiz pós-graduação, e tinha uma enfermaria lá. Ivo Pitanguy opera toda sexta-feira. Olha, está com muitas dificuldades.

            Eu convidaria, Senador Valter Pereira, o Luiz Inácio a voltar ao Rio, não para fazer gol no Maracanã, porque isso não tem sentido, é ridículo esse negócio de Presidente fazer gol - o nosso amigo pula para um lado, o meu amigo Sérgio Cabral -, mas para ir à Santa Casa, Valter Pereira. Aquilo vem de Dom João VI. É muita história. É a cara do Rio. Existe muito antes do que o Cristo Redentor a Santa Casa. Atendeu a milhares e milhares de pessoas, mas está em dificuldades, Senador Heráclito. Está em dificuldades. Ele deveria ir à Santa Casa, ao Hospital do Servidor do Estado, onde fiz pós-graduação. E está sucateado.

            Lembro-me que é de Alcides Carneiro, que era da Paraíba, uma frase que lá está: "Este hospital nasceu dos que sentem para os que sofrem". Há um busto de Getúlio Vargas. E havia um apartamento presidencial. Ciro Gomes denuncia: "Estão sucateados".

            Senador Romero “Robinho”, há o Fundão. Perto de onde saltamos do avião. Passamos pelo lado de fora. Nesse não entrei. Conhecia, mas conheci novo. Não tem janela, não tem porta, não tem entrada. Eu imagino. Porque eu estive na Santa Casa, e vi que está uma penúria. Sabem por que está uma penúria? Meu avô doou o primeiro aparelho de raios-x para a Santa Casa. Meu pai foi tesoureiro. Meio-dia - e o Senador Heráclito Fortes, que é do Piauí, conhece os costumes - batiam palmas. Meu pai se levantava, e iam doar dinheiro para a Santa Casa. Emília Correia Lima, miss, foi desfilar para angariar dinheiro para a Santa Casa.

            Eu vendia bingo nas quermesses. O povo arrematava o garrote e devolvia. Naquele tempo, o povo doava. Hoje, o povo está explorado. São 76 impostos, Luiz Inácio. Meu pai foi tesoureiro de Santa Casa. A medalha de que tenho mais orgulho, Luiz Inácio, foi, quando a Santa Casa de Parnaíba fez 100 anos, eu era Governador, e recebi.

            Senador Heráclito, V. Exª conheceu o Dr. Cândido Almeida Athaíde? Ele morreu com 94 anos, e era diretor. Pois, seis meses antes de ele morrer - ele morreu emedalhado -, coloquei no peito dele a medalha Grã-Cruz Renascença.

            Mas hoje a Santa Casa vive do SUS, e a tabela está imoral, indecente: R$2,50 a consulta; R$9,00 a anestesia. Então, elas caíram todas. A do Rio, que tem a mais bela história,... Pitanguy, toda sexta-feira opera lá. O Azulay... Tive o prazer de ir lá ver um colombiano terminando a residência, com a esposa, nutricionista, onde minha filha vai estagiar. Vi e senti. E o Fundão? Olha, no Fundão não estive, ô “Robinho” Romero, mas, ao passar pelo aeroporto, podemos ver que não tem porta, não tem janela.

            Então, vamos levar Luiz Inácio a essa agenda, a agenda da vergonha, a agenda da verdade, agenda onde ele vai receber o viva do povo do Rio de Janeiro. Viu, Lula? Aceite o convite, vamos nós três. Eu gostaria de acompanhá-lo. Tenho 40 anos de medicina

            Gostaria de aconselhar o Ministro, que é sanitarista, e sei que é mais importante a medicina coletiva. Mas há a medicina hospitalar, em que tenho bem mais experiência e vivência do que ele.

            O Sr. Valter Pereira (PMDB - MS) - V. Exª me permite um aparte, Senador Mão Santa?

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Eu garanto, “Robinho” Romero, que nós saímos. Era coisa rápida. Em pouco mais de uma hora, ele teria a noção exata de como vai a saúde.

            Concedo um aparte ao Senador Valter Pereira.

            O Sr. Valter Pereira (PMDB - MS) - Senador Mão Santa, apenas para dizer a V. Exª que grande parte da crítica que formula da tribuna com relação à saúde pública no País procede. Sou testemunha das dificuldades vividas pelas Santas Casas. A Santa Casa de Campo Grande, por exemplo, está sob intervenção e está operando com pouco mais da sua capacidade original de atendimento. Outras instituições hospitalares do Estado também passam por graves dificuldades. Todavia, o Ministro José Gomes Temporão está avaliando, com muita maturidade, a conjuntura da saúde pública de todo o País. Ainda na semana passada, discuti com ele um tema que V. Exª sempre tem abordado, e com justa razão: a questão da dengue. Fui até o Ministro discutir sobre esse assunto exatamente porque entendo que as campanhas anteriores de combate ao Aedes aegypti e às suas conseqüências, especialmente a dengue, foram feitas de forma muito conservadora. No momento em que fui levar ao Ministro o resultado de uma extraordinária experiência levada a efeito no Município de Três Lagoas, conduzida pela Prefeita Simone Tebet,...

(Interrupção do som.)

            O Sr. Valter Pereira (PMDB - MS) - Na semana passada, quando fui levar ao Ministro a experiência da Prefeita Simone Tebet, que conseguiu praticamente zerar a incidência da dengue no Município de Três Lagoas, com todo o aparato estratégico desenvolvido naquela cidade, eu senti que o Ministro efetivamente caminha na direção certa, porque ele está rompendo os grilhões conservadores para adotar uma política mais ousada e mais firme no combate à dengue para este ano. As preocupações de V. Exª são justas, as críticas são procedentes, mas há algumas coisas que estão mudando na administração da saúde, sob a batuta do Ministro José Temporão. Pode prestar atenção. V. Exª ainda vai subir a essa tribuna para realçar a ousadia que o Ministro vai imprimir ao seu Ministério.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Eu agradeço. As preocupações são enormes, porque esse mosquitinho foi o mesmo que Oswaldo Cruz venceu, mas, naquele tempo, ele transmitia a febre amarela; agora, a dengue. A doença está mais grave. Há quatro tipos de dengue, sendo que um deles é o hemorrágico, cujo índice de mortalidade era de 4,5%. Ou seja, de 100 casos de dengue hemorrágica, morriam quatro a cinco pessoas; agora, morrem de 14 a 15. Assim, ou o agente etiológico está mais agressivo e virulento, ou o hospedeiro está mais fraco. Isso provoca apreensão e, segundo dados informados, o seu Estado e o Piauí estão disputando a medalha de ouro.

            Quero aplaudir a Prefeita e filha do nosso Ramez Tebet, que está vencendo a doença. No entanto, esse não é um problema municipal, mas uma epidemia nacional e é necessário ação do Ministério.

            A denúncia veio, principalmente, de Ciro Gomes. Eu estou me baseando no Estado de São Paulo. Ciro Gomes, do PSB, é advogado e Deputado Federal pelo Ceará, tendo sido, proporcionalmente, o mais votado. Ele denuncia - está aqui, na entrevista, e ele deve ouvir o Ciro, ele deve me ouvir, ele deve ouvir V. Exª - que os grandes hospitais do Brasil estão sucateados, fato que comprovei na Santa Casa e num hospital que foi padrão na América Latina, o Hospital do Servidor do Estado, no qual eu me pós-graduei. O Fundão, pelo qual passo e, por fora, vejo que está sem janelas, sem portas, sem tudo, presumo que tem deficiências.

            O que queremos, e acho que é simples, é que o Presidente da República mereça os aplausos do povo do Rio de Janeiro e do Brasil. Isso ele conseguirá seguindo os nossos aconselhamentos. É melhor a verdade de um adversário do que a mentira, a enganação, o louvar de um puxa-saco, que ele muito bem apelidou de aloprado.

            Heráclito, quero, com emoção, dizer-lhe que estamos cumprindo bem o nosso mandato. Recebi muitos aplausos e todos mandavam mensagem para V. Exª: reconhecimento do povo do Brasil pela nossa luta neste Senado da República. Estamos correspondendo à grandeza de Senadores que nos precederam, como Petrônio Portella.

            Muito agradecido pelo tempo.

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/07/2007 - Página 25062