Discurso durante a 111ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defende a calma e o entendimento dos Senadores na condução do processo de investigação que ora tumultua o Senado.

Autor
Ideli Salvatti (PT - Partido dos Trabalhadores/SC)
Nome completo: Ideli Salvatti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO.:
  • Defende a calma e o entendimento dos Senadores na condução do processo de investigação que ora tumultua o Senado.
Publicação
Publicação no DSF de 13/07/2007 - Página 23883
Assunto
Outros > SENADO.
Indexação
  • DEFESA, ENTENDIMENTO, CONCILIAÇÃO, EFICACIA, SOLUÇÃO, CRISE, PROCESSO, INVESTIGAÇÃO, PRESIDENTE, SENADO.
  • DEFESA, IMPORTANCIA, REALIZAÇÃO, REUNIÃO, MESA DIRETORA, SENADO, GARANTIA, LEGALIDADE, ANDAMENTO, PROCESSO, INVESTIGAÇÃO.

     A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em primeiro lugar, eu acho que todos nós temos que ter muita, muita e muita calma. Nesta Casa há um nível de tensão e de acirramento que estão se tornando insustentável, a ponto, Sr. Presidente, de a presença de um médico aqui, à nossa esquerda, ter sido questionada. Queriam saber se era alguma ação preventiva, caso o processo se tornasse mais acirrado e, digamos, houvesse descontrole, com alguma conseqüência física, em virtude das emoções a que estamos submetidos todos nós.

     Quero dizer que, a partir do momento em que a calma é retirada do contexto - retirada coletivamente do contexto -, nós vamos adotando posturas e proferindo palavras que vão, cada vez mais, criando dificuldades para cumprirmos o papel que a sociedade brasileira espera de todos nós. E qual é o papel que a sociedade brasileira espera de todos nós? Primeiro, que nós tenhamos a capacidade de concluir o processo de investigação e de julgamento do Senador Renan Calheiros, e que, ao mesmo tempo, nós façamos isso dentro da legalidade; façamos isso com credibilidade; segundo, que façamos isso de forma a dar continuidade do nosso trabalho prioritário, que é o trabalho legislativo. E, cada vez, as coisas estão ficando mais difíceis.

     Eu gostaria de deixar consignado que lamento, Senador Tião Viana, que a reunião da Mesa não tenha sido realizada hoje.

     Sei que V. Exª não tem qualquer poder para agir de modo diferente, a partir da determinação do Senador Renan Calheiros, mas era muito importante que a reunião da Mesa tivesse ocorrido hoje para dar andamento, dentro da legalidade, ao processo de investigação.

     Como não houve a reunião da Mesa hoje, vamos esticar até terça-feira esse clima de acirramento, mais uma vez. Eu estou abismada. Eu vi Senadores, que têm respeito entre si e que são de excelente nível, que só faltaram chegar às vias de fato! Então, com toda sinceridade, Senador Cristovam Buarque, acho ótimo que entremos em recesso! Quem sabe todos nós descansemos e nos acalmemos um pouco, para dar continuidade ao processo.

      Lamento, porque poderíamos ter feito isso a partir da reunião da Mesa hoje. Infelizmente, essa situação vai perdurar até terça-feira. Todos nós estamos angustiados, todos nós estamos tensos, todos nós estamos nos digladiando e nos afrontando, sem que se resolva praticamente nada.

     Senador Tião Viana, eu fiquei ausente deste plenário por menos de duas horas. Eu passei por aqui às 15 horas e 45 minutos e, junto com os Senadores Romeu Tuma e Mozarildo Cavalcanti, fomos cumprir uma agenda de um trabalho que assumimos na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. Refiro-me ao grupo de trabalho que busca aprovar os projetos que vão acelerar o processo judiciário, que tratam do Código de Processo Penal. Houve uma excelente reunião com a Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministra Ellen Gracie, que acolheu esse grupo de trabalho de forma extremamente receptiva, calorosa, colocando-se integralmente à disposição dele e determinando aos seus assessores que tomem providências no sentido de que sejam recolhidas na 1ª instância, na 2ª e na instância superior do Judiciário brasileiro as sugestões para que o processo judicial seja agilizado, Senador Cristóvam Buarque, para que tenhamos uma justiça cada vez mais ágil e, portanto, ao ser mais ágil, seja cada vez mais justa e não permita a impunidade.

     Saímos satisfeitos da reunião, eu e o Senador Mozarildo Cavalcanti e Romeu Tuma, pela acolhida e por saber que, em 15 dias, vamos ter todas essas sugestões. Já marcamos outra audiência para dia 7 de agosto, para acolher as sugestões. Quando cheguei ao plenário, vi que ele estava transformado em um campo de guerra! Então, quero dizer que precisamos ter calma! Nós precisamos ter bom senso! Está difícil, sim, mas indago: o que é que vai ajudar o Brasil?

     O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Peço a V. Exª que conclua.

     A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Peço um pouco de paciência, Sr. Presidente. Estou tentando encontrar alguma forma de pôr fim a esse acirramento.

     Sei que o Senador Arthur Virgílio, agora, virá aqui para afirmar, legitimamente, fruto do que foi dito anteriormente, o seu posicionamento e as suas exigências. Ou seja, nós já não temos mais limites. Não temos mais limites.

     Quero dizer com toda sinceridade: vamos baixar a temperatura. É necessário que se baixe a temperatura, é necessário que tenhamos um mínimo de bom senso, de respeito entre nós e que possamos conduzir esse processo, cuja investigação é absolutamente necessária, pois está sendo clamada pelas ruas, mas que não transformemos o Senado da República em um verdadeiro ringue, em uma verdadeira praça de guerra.

(Interrupção do som.)

     A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Não vamos ter condições de dar uma resposta à opinião pública e à sociedade brasileira.

     Portanto, quero fazer um apelo, que pode ser até emocional. Peço que voltemos a nos respeitar e a ter calma, como efetivamente ocorreu em muitos momentos, quando encontramos a saída, as alternativas, discutidas e acordadas entre as Lideranças, com o respeito de todos os Pares neste plenário.

     Senador Tião Viana, peço desculpas por estar emocionada, porque foi esse o sentimento. Saí daqui sob um clima, mas, ao voltar para cá, em menos de duas horas, parecia que o mundo havia acabado. E o mundo ainda não acabou. Pelo contrário. O Brasil parece que vai muito, mas muito melhor do que o Plenário deste Senado. Basta acordarmos, atentarmos e nos acalmarmos.

     Sr. Presidente, era o que eu tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/07/2007 - Página 23883