Discurso durante a 122ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Informação sobre os desdobramentos da denúncia feita por S.Exa., na última terça-feira, sobre tentativa de fraude à lei brasileira na transferência societária da TVA. Informação do recebimento por S. Exa., e envio ao Conselho de Ética, de documento da empresa Schincariol, desmentindo interferência de S. Exa. na transação de compra de uma unidade daquela empresa no Nordeste.

Autor
Renan Calheiros (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AL)
Nome completo: José Renan Vasconcelos Calheiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
TELECOMUNICAÇÃO. SENADO.:
  • Informação sobre os desdobramentos da denúncia feita por S.Exa., na última terça-feira, sobre tentativa de fraude à lei brasileira na transferência societária da TVA. Informação do recebimento por S. Exa., e envio ao Conselho de Ética, de documento da empresa Schincariol, desmentindo interferência de S. Exa. na transação de compra de uma unidade daquela empresa no Nordeste.
Publicação
Publicação no DSF de 10/08/2007 - Página 27047
Assunto
Outros > TELECOMUNICAÇÃO. SENADO.
Indexação
  • INFORMAÇÃO, DESDOBRAMENTO, DENUNCIA, AUTORIA, ORADOR, TENTATIVA, FRAUDE, LEI BRASILEIRA, TRANSFERENCIA, CONTROLE SOCIETARIO, TELEVISÃO POR ASSINATURA (TVA), AGRESSÃO, INTERESSE, POVO, BRASIL, REGISTRO, ENCAMINHAMENTO, OFICIO, POLICIA FEDERAL, CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONOMICA (CADE), MINISTERIO DAS COMUNICAÇÕES (MC), COMISSÃO DE VALORES MOBILIARIOS, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARLAMENTO, PAIS ESTRANGEIRO, ESPANHA, NECESSIDADE, EMPENHO, INVESTIGAÇÃO, OPERAÇÃO.
  • APRESENTAÇÃO, DOCUMENTO, ENCAMINHAMENTO, CONSELHO, ETICA, REGISTRO, INOCENCIA, ORADOR, AUSENCIA, PARTICIPAÇÃO, TRANSAÇÃO, AQUISIÇÃO, UNIDADE, FABRICA, BEBIDA, REGIÃO NORDESTE.
  • QUESTIONAMENTO, ATUAÇÃO, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), INJUSTIÇA, DENUNCIA, PERSEGUIÇÃO, ORADOR, TENTATIVA, INTIMIDAÇÃO, ANUNCIO, ESCLARECIMENTOS, INOCENCIA.

            O SR. RENAN CALHEIROS (PMDB - AL. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo novamente este espaço que é nosso, dos Senadores, para prestar contas e informar V. Exªs sobre os desdobramentos da grave denúncia feita por mim desta tribuna na última terça-feira, que envolve, Srªs e Srs. Senadores, Srs. Líderes partidários, uma tentativa de fraude à lei brasileira na transferência societária da TVA.

            Uma denúncia, Sr. Presidente, essa sim, que fere a soberania nacional, agride os interesses brasileiros, estapeia a concorrência, desrespeita o mercado e rasga definitivamente a legislação brasileira.

            Quero informar aos meus queridos Senadores e Senadoras, após a remessa ao Ministério Público, que é o fiscal da lei, por nossa Constituição, que enviei, na data de hoje, expedientes complementares a autoridades brasileiras e internacionais sobre o escuso e pantanoso negócio que está sendo tocado pela Editora Abril, que publica a revista Veja, para a venda do controle acionário da TVA para a Telefônica, a Telesp, de São Paulo.

            Enviei, Sr. Presidente, hoje, ofícios à Polícia Federal, ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica, Cade, cujo patriotismo de seus conselheiros não tenho dúvida alguma, que se encarregarão de abortar essa sombria transação ao Ministério das Comunicações, à Comissão de Valores Mobiliários, ao Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao Governo e ao Parlamento espanhol, sede da empresa Telefônica.

            A operação pretende, Sr. Presidente, ilegalmente, repassar da Editora Abril para a Telefônica espanhola o controle de 100% de uma operadora de televisão, em São Paulo, com transmissão por microondas, ou MMDS, como é tecnicamente conhecida.

            A mesma operação ameaça transferir 86,7% de uma operadora a cabo, a Comercial Cabo, também em São Paulo, e 91,5% de uma operadora no Sul do País, a TVA Sul, em Curitiba, Foz do Iguaçu, Florianópolis e Camboriú. A transferência desses percentuais, como os senhores sabem, para grupos estrangeiros é ilegal, imoral e o método sub-reptício é absolutamente reprovável. Para tentar fraudar a lei, ludibriar o País, a editora, que se arvora em guardiã da lei, que se autoproclama defensora dos interesses brasileiros, que vive a enxovalhar pessoas sem provas, é a mesma editora que recorre a métodos pouco ortodoxos de formação de um verdadeiro pomar, de um verdadeiro laranjal, tamanha a quantidade de “laranjas” criados se tal proposta for adiante.

            Uma transação, Srs. Senadores, ilegítima, que venho combatendo e que, para satisfazer a cobiça de seus protagonistas, estava sorrateiramente sendo tocada.

            Agora começo, e só agora começo, Senador Cristovam Buarque, a entender os motivos das denúncias mal costuradas, apressadas, ilógicas, inconsistentes, inverídicas. Só agora começo a entender, Senador Delcídio Amaral, as edições antecipadas da revista, o desespero em desmoralizar em desfavor da instituição que presido, a gana em me linchar com mentiras, leviandades, perseguições e, repito até ficar rouco, uma campanha persecutória sem provas, sem uma prova sequer.

            Eles sabem, Sr. Presidente, o quanto lutarei para impedir que a ganância sem limites lese o interesse nacional. Não me silenciarão. Não temo os seus arreganhos, não me acovardo diante deles, não abaixo a cabeça para os seus interesses menores.

            Queria comunicar à Casa, aos Líderes partidários que acabo de requerer formalmente todos os votos dos Conselheiros da Anatel que trataram deste assunto. É uma operação de R$922 milhões, quase R$1 bilhão, que há de ser impedida em nome do Brasil e em nome do povo brasileiro. E se já houve, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, algum desembolso - e falam que já houve desembolso dessa operação - que encontrem a solução para desfazê-lo.

            Espero que as autoridades brasileiras atuem de maneira enérgica, ponham um termo à operação e punam exemplarmente os envolvidos nela.

            Srªs e Srs. Senadores, Srs. Líderes partidários, o Brasil não pode continuar sendo visto como campo fértil para o exercício da ambição de empresários antiéticos que tratam as leis do País com desrespeito.

            Valho-me da oportunidade para informar também a Casa sobre documento que recebi, e mandei ao Conselho de Ética, da empresa Schincariol, desmentindo categoricamente a mentira publicada pela revista Veja, de que eu tenha, Srs. Senadores, interferido na transação de compra de uma unidade sua no Nordeste.

            Mais do que desmentir o valor, que foi intencionalmente inflado pela revista para conferir, como os senhores sabem, ares de suspeita, a Schincariol desmonta a falsa imputação da revista de que eu teria atuado em benefício da compradora.

            No documento oficial da empresa, Sr. Presidente, a Schincariol diz textualmente:

            “A Schincariol está em dia com o Governo: não tem nenhum débito inscrito na Dívida Ativa da União, do Estado ou do Município exigível”.

            Esclarece a empresa frisando que, como tantas outras, possui débitos em discussão administrativa inclusive no INSS, cujos débitos são de empreiteiras que prestaram serviços para a companhia Schincariol.

            Veja a que ponto chegam os maledicentes. Utilizam, Senador Arthur Virgílio, o covarde anonimato da Internet para disseminar falsas denúncias. Recebi, hoje, a mensagem da Srª Thereza Collor negando ser de sua autoria qualquer texto contra mim que circula na rede de computadores.

            Para encerrar, eu gostaria de transmitir aos Srs. Senadores e às Srªs Senadoras que estão chegando hoje à Polícia Federal os primeiros lotes de cheques depositados em minha conta bancária, lá no Estado, que comprovam as operações de venda de gado.

            Aproveito a oportunidade também para reiterar que os Srs. Senadores podem contar com minha absoluta e integral correção de que os senhores verão que minha defesa está integralmente amparada em provas e que não sou dado, nunca fui dado, a arroubos nem serei algoz de ninguém, absolutamente de ninguém. Prefiro ser vítima a ser autor de injustiças. Se algo me credencia, me credenciou, me fez presidente desta Casa no 1º biênio e, agora, no 2º biênio foi exatamente o diálogo fácil que sempre tive com todos os Srs. Senadores, independentemente de partidos políticos. E vou fazer o que estiver ao meu alcance para que esse diálogo se mantenha alto, para que esta Casa do Congresso Nacional cumpra cada vez mais o seu papel, colaborando com o aperfeiçoamento institucional, com o crescimento da economia do Brasil, com a redução das desigualdades sociais, das desigualdades regionais e fazendo com que esta Casa seja uma instituição respeitada, porque o Brasil se fez no Parlamento e esta obra não está concluída. Para concluí-la, precisamos fazer concessões, precisamos vencer diferenças, precisamos aproximar posições, nós precisamos demonstrar ao Brasil que o Senado Federal é uma Casa madura, sabe o que quer e sabe que rumo deve perseguir.

            Muito obrigado a todos pela atenção.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/08/2007 - Página 27047