Fala da Presidência durante a 121ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem à memória do Senador Antônio Carlos Magalhães.

Autor
Renan Calheiros (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AL)
Nome completo: José Renan Vasconcelos Calheiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à memória do Senador Antônio Carlos Magalhães.
Publicação
Publicação no DSF de 09/08/2007 - Página 26907
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • ABERTURA, SESSÃO ESPECIAL, HOMENAGEM POSTUMA, ANTONIO CARLOS MAGALHÃES, SENADOR, EX PRESIDENTE, SENADO, EX-DEPUTADO, EX GOVERNADOR, ESTADO DA BAHIA (BA), EX MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DAS COMUNICAÇÕES (MC), ELOGIO, VIDA PUBLICA, LIDERANÇA, CONTRIBUIÇÃO, POLITICA NACIONAL, DESENVOLVIMENTO NACIONAL, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, DETALHAMENTO, DEFESA, PROPOSIÇÃO, ATENDIMENTO, DEMANDA, POPULAÇÃO.
  • ANUNCIO, CONFECÇÃO, MONUMENTO, HOMENAGEM POSTUMA, EDIFICIO SEDE, SENADO.

     O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

     A presente sessão especial destina-se a reverenciar a memória do Senador Antonio Carlos Magalhães. (Pausa.)

     Tenho a honra de convidar, em primeiro lugar, para compor a mesa, Dona Arlete Magalhães, viúva do Exmo Sr. Senador Antonio Carlos Magalhães. (Pausa.)

     Convido para compor a mesa o Deputado Osmar Serraglio, representando a Câmara dos Deputados. (Pausa.)

     Convido também para compor a mesa, com muita honra, o Exmo Sr. Senador Antonio Carlos Júnior. (Pausa.)

     Tenho a honra de convidar também, para compor a mesa, a Srª Teresa Helena Magalhães, filha do Exmo Sr. Senador Antonio Carlos Magalhães. (Pausa.)

     Convido, para compor a Mesa, o Exmº Sr. Ministro Rider Nogueira de Brito, Presidente do Tribunal Superior do Trabalho. (Pausa.)

     Convido, por fim, para compor a Mesa, o Exmº Sr. Vice-Governador do Distrito Federal, Paulo Octávio, representando, nesta oportunidade, o Governador do Distrito Federal. (Pausa.)

     Exmºs Srs. Senadores, Exmªs Srªs Senadoras, Exmºs Representantes do Corpo Diplomático, autoridades presentes e familiares do Senador Antonio Carlos Magalhães, a todos eu gostaria de cumprimentar ao cumprimentar Dona Arlete Magalhães, viúva do Senador.

     Poucas atribuições na vida pública doem tão profundamente quanto a de homenagear o amigo ausente. Consumimos boa parte de nossas energias administrando contratempos, buscando novas soluções, soluções engenhosas para o País, superando obstáculos, assoberbados por compromissos, mas nada, Srªs e Srs. Senadores, Srªs e Srs. Deputados, senhores convidados, nada mesmo é tão pesado e triste quanto a perda de um amigo, de um honrado homem público, de uma lenda do Parlamento brasileiro.

     O Brasil perde uma de suas últimas figuras públicas históricas. A Bahia ainda se ressentirá por muitos e muitos anos da ausência de sua máxima expressão política; o Partido dos Democratas perceberá logo a lacuna que se abre; sua família sentirá a falta do pai dedicado, do irmão solidário, do companheiro inestimável. Eu, de minha parte, Srªs e Srs. Senadores, perco um grande amigo pessoal, um companheiro cada vez mais próximo, pelo qual minha admiração só aumentava.

     Sempre tive a humildade de buscar conselhos, orientações e sugestões do Senador Antonio Carlos Magalhães. Essa relação, os senhores sabem, acabou criando um vínculo estreito e muito pessoal com esse grande homem público.

     É desnecessário recapitular e frisar a importância insubstituível de Antonio Carlos Magalhães para as últimas quatro décadas da política brasileira. Seria falar para aqueles que o conhecem tão sobejamente, e certamente minhas palavras, por mais que sejam sinceras, mostrar-se-iam insuficientes diante da intensidade e duração do convívio que tiveram com ele outros valorosos Senadores desta Casa, entre os quais destacaria o Senador José Sarney, o Senador Tasso Jereissati, o Senador Heráclito Fortes, o Senador Demóstenes Torres, o Senador Aloizio Mercadante, o Senador César Borges, o Senador Marco Maciel, seus amigos, seus filhos, sua família.

     Nos últimos episódios relevantes da História do Brasil era impossível não haver o nome de Antonio Carlos Magalhães, não termos a colaboração desse ilustre brasileiro, desse destacado político baiano. Foi assim na reabertura política, foi assim na Constituinte, nas Diretas, na reconquista da democracia, no Colégio Eleitoral, onde sua liderança foi decisiva para os novos ares que passamos a respirar. Seu nome marcará a História de maneira única, exclusiva. Seu filho, Antonio Carlos Júnior, netos e herdeiros - tenho certeza - têm o talento genético, os ensinamentos e o discernimento de Antonio Carlos Magalhães e saberão elevar ainda mais o nome desse memorável homem público brasileiro.

Sua determinação, sua altivez, espírito público, garra e, sobretudo, sua sinceridade e lealdade com os amigos marcaram e marcarão para sempre a história do Senado, que pôde ter a honra de tê-lo como Presidente duas vezes.

     A boa polêmica, a boa batalha política, a alma guerreira, mas, acima de tudo, a lealdade e a liderança transformaram Antonio Carlos Magalhães no maior ícone político da Bahia. Muito me honra poder ter convivido e aprendido importantes lições com Antonio Carlos Magalhães, como já disse. Não perdemos apenas um grande Senador; não perdemos apenas um grande Governador, um Prefeito, um Deputado; perdemos, Srªs e Srs. Senadores, parte da história política nacional, perdemos uma lenda, perdemos um grande amigo.

     Recentemente, falávamos da experiência do Governo Juscelino Kubitschek, de como Antonio Carlos foi amigo do ex-Presidente Juscelino. E dessa conversa nasceu a idéia de um discurso que seria feito pelo Senador Antonio Carlos Magalhães e de um livro que ele editaria para, definitivamente, marcar esse glorioso momento da história do nosso País.

     Nos últimos tempos, eu vinha mantendo com o Senador Antonio Carlos Magalhães uma relação muito próxima, e o visitei, algumas vezes com o Senador Sarney, ainda no hospital, onde ele se mostrava ávido, ansioso para regressar ao cenário onde mais se sentia confortável: a arena política, o plenário do Senado Federal, palco para tantos embates e tantas disputas de idéias que ajudaram, ao longo dos anos, o Brasil a avançar e a Bahia a progredir.

     Foi Antonio Carlos Magalhães o indutor, o fomentador, o responsável pelo começo da solução de um dos mais angustiantes problemas brasileiros: a segurança pública. Sob a sua batuta, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania removeu o bolor da inércia que encobria o assunto e elaborou dezenas de projetos de lei para coibir a violência no Brasil.

     Meu caro Deputado Antonio Carlos Magalhães Neto, meu caro Senador Antonio Carlos Magalhães Júnior, a maior homenagem que poderia ser prestada ao Senador Antonio Carlos seria a urgente aprovação dessas medidas pelas quais ele tanto se empenhou.

     Refiro-me a esses fatos recentes para ilustrar a vigilante sensibilidade do Senador Antonio Carlos com os anseios da população. Foi dele também, lá atrás, o embrião do Bolsa-Família, a lúcida e imperativa idéia do orçamento impositivo, as mudanças na edição de medidas provisórias, a política permanente de recuperação e crescimento do salário mínimo e tantas outras que eu gastaria, sem dúvida, horas e horas só para enumerá-las.

     Antonio Carlos sabia captar as demandas da sociedade. Suas antenas estavam sempre atentas para as ruas, e, em todos os momentos de sua vida, em todos eles, o Senador Antonio Carlos foi portador desses clamores e tomou suas decisões a partir da demanda da sociedade. Não foi por outro motivo que edificou um movimento que leva seu nome, um feito raro na vida política nacional.

     O luto pelo falecimento do Senador Antonio Carlos Magalhães extrapola o luto protocolar e todas as honras às quais ele faz jus. Para mim, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, o luto é íntimo, pessoal, e dói no fundo da minha alma.

O que nos conforta é saber que o exemplo dele tem seguidores, ou melhor, que o exemplo dele tem continuadores. O que nos consola é saber que, lá de cima, ele estará ainda mais olhando por nós, torcendo por nós e pelo Brasil.

     Quero, neste momento em que prestamos esta justa homenagem, anunciar ao Senado Federal, aos seus familiares, a Dona Arlete, à Bahia e ao Brasil que, numa singela homenagem, já mandei confeccionar um busto do Senador Antonio Carlos Magalhães, que ficará ao lado do busto de Affonso Arinos, no Salão Nobre do Senado Federal.

     Além disso, estarei pedindo ao Conselho Editorial da Casa que organize as obras completas do Senador Antonio Carlos Magalhães, com seus pronunciamentos inesquecíveis e suas propostas para o País. É uma modesta forma de eternizar a presença, entre nós e entre todos os brasileiros, desse grande Senador, desse homem que tão bem, ao longo da sua vida, nos representou.

     Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/08/2007 - Página 26907