Discurso durante a 127ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro do transcurso hoje dos 155 anos de Teresina, capital do Piauí.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Registro do transcurso hoje dos 155 anos de Teresina, capital do Piauí.
Publicação
Publicação no DSF de 17/08/2007 - Página 27794
Assunto
Outros > HOMENAGEM. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO PIAUI (PI), IMPORTANCIA, RECONHECIMENTO, CIDADE, PIONEIRO, PLANEJAMENTO URBANO, ELOGIO, ARQUITETURA, URBANISMO, SERVIÇO DE SAUDE, SERVIÇO DE ESGOTOS, SISTEMA DE ENSINO, SISTEMA VIARIO, ELETRIFICAÇÃO RURAL, CONSTRUÇÃO, UNIVERSIDADE ESTADUAL, RESTAURANTE, POPULAÇÃO CARENTE, PENITENCIARIA, MODERNIZAÇÃO, HOSPITAL.
  • COMENTARIO, GESTÃO, ORADOR, EX PREFEITO, MUNICIPIO, TERESINA (PI), ESTADO DO PIAUI (PI), EX GOVERNADOR, REDUÇÃO, MORTALIDADE INFANTIL, SAUDAÇÃO, PREFEITO.
  • CRITICA, DESCUMPRIMENTO, PROMESSA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CAMPANHA ELEITORAL, CONSTRUÇÃO, PONTE, FERROVIA, HOSPITAL ESCOLA, ESTADO DO PIAUI (PI).

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Augusto Botelho, que preside esta reunião de 16 de agosto de 2007, Senadoras e Senadores, brasileiros e brasileiras aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado Federal.

            Dezesseis de agosto é muito significativo para o Piauí: hoje a nossa capital faz 155 anos.

            Senador Augusto Botelho, temos de entender as coisas. Este grandioso Brasil fez com que nosso Estado fosse colônia de Pernambuco por mais de dois séculos, e, quando nos livramos de Pernambuco, passamos a ser colônia do Maranhão. Então, o Piauí é um Estado novo: Teresina, a nossa capital, com 155 anos, e Oeiras, nossa primeira capital, com uns 30 anos de Oeiras, e essa é a história do Piauí. Um Estado novo, mas de que todos nós nos orgulhamos pelos fatos.

            Primeiro, Saraiva, um baiano muito inteligente, lá da terra de Rui Barbosa, era um funcionário público de grande importância para o Império. Muito novo ainda, exerceu suas atividades administrativas em Sergipe e foi para o Piauí com 24 anos de idade. Saraiva, uma inteligência das mais brilhantes da história do Brasil, chegando ao Piauí, viu que Oeiras não seria ideal para a capital e resolveu mudá-la para Teresina. Esse nome é uma homenagem à esposa de Pedro II, Teresa Cristina.

            Senador Augusto Botelho, ele fez a primeira capital planejada do Brasil. É o primeiro ensinamento que damos ao Brasil: Teresina é a primeira capital planejada. Teresina tem 155 anos. Belo Horizonte foi também planejada, mas tem cento e poucos anos, e Goiana tem menos ainda. Brasília tem quarenta e poucos anos, e Palmas veio depois.

            Esse baiano sentiu dificuldades. Tudo isso ele fez em quatro anos, Augusto Botelho.

            Tentativa primeira, os Deputados de Oeiras não permitiram. Então, ele fez política e elegeu, com a sua liderança, a maioria, que permitiu essa mudança. Um dos discursos dizia o que seria gasto. Senador Cícero Lucena, o estadista Saraiva disse que não há nenhum gasto, quando a perspectiva é de grandeza e de riqueza, o futuro.

            Ele a colocou mesopotâmica, entre dois rios: Poti e Parnaíba - que nos separa do Estado do Maranhão. Esse homem era tão inteligente, que tinha um mestre-de-obras. Cícero Lucena - V. Exª conhece demais o Estado, tem raízes no Piauí e amor a ele -, a Teresina de Saraiva é aquela que vai do Parnaíba à Igreja de São Benedito, que era um monte ali no Carnac. 

            Então, apesar de não ter engenheiro, tinha um prático mestre-de-obras europeu. Vê-se aquela parte antiga - que não é antiga, mas nova, pois tem 155 anos. Esse tempo em cidade é comparado a uma debutante, é uma jovem de 15 anos. Cícero Lucena, vai do rio Parnaíba até a Igreja São Benedito, ao lado do Carnac. Terminava ali. Tudo foi traçado por Saraiva, essa inteligência, em quatro anos.

            Vê-se a quantidade de praças bem arruadas, de parques e tal.

            Um homem de uma visão extraordinária! E por que ele fez Teresina? Atentai bem. Dizem aí... Ele devia... Todas as capitais do Nordeste são no litoral; Teresina, ele a fez como Deus fez o corpo humano: botou o coração no meio do Estado.

            O litoral não era do Piauí. O litoral era do Ceará. Depois, o Governador Firmino Souza trocou-o por Crateús. Mas por que ele fez?

            A navegação do rio Parnaíba era necessária e tinha uma cidade muito pujante do Maranhão: Caxias. E ele disse que Caxias ia engolir comercialmente o Piauí. Caxias é bem mais velha do que Teresina. E hoje você vê Teresina e Caxias.

            Conheço muitas cidades do mundo, ô Efraim. Poucas, em pouco tempo, chegaram ao desenvolvimento cultural.

            Outro dia o Colégio Dom Barreto, de Teresina, foi tido como o melhor colégio do Brasil.

            Quero dizer que sou cirurgião há quarenta anos. Eu vi nascer a cirurgia cardiovascular. Eu vi, no Rio de Janeiro, que se operava errado, Cícero Lucena. Meu mestre, Professor Mariano de Andrade, cirurgião geral, fazia também cardiovascular. Morria muita gente. Eu até brincando, Augusto Botelho, tinha CTI, naquele tempo era CTI, e eu acompanhava o pós-operatório - como morria! - eu dizia: CTI - companhia de transporte para o inferno.

            Eu vi nascer a cirurgia cardiovascular.

            De tanto morrer, os clínicos do hospital, os servidores do Estado mandaram buscar o Zerbini. Pegaram trinta doentes, Augusto Botelho, e não veio o Zerbini. Veio um homem grandão, desajeitado; era o Adib Jatene. Eu o auxiliei como médico residente. Um êxito total! Eu vi nascer.

            Mas o que me impressiona, Cícero, é a inteligência do povo do Piauí. Dez anos depois se fazia cirurgia cardiovascular no Piauí com êxito. No Piauí, hoje, se faz transplante cardíaco com êxito. Poucas capitais do Brasil fazem, ô Augusto Botelho, transplante cardíaco. Por quê? Pelo seguinte: na era Vargas, de 1930 a 1945, ele saiu colocando tenentes como interventores do Brasil todo. No Maranhão, no Ceará, e no Piauí não deu certo - tenente cearense -, e continuou em seu governo um médico, Leônidas Melo, que fez o maior hospital regional do Norte-Nordeste para a época. O hospital recebeu o nome de Getúlio Vargas. Então, deslanchou a medicina piauiense.

            O que eu queria dizer é que essa Teresina, encantadora, um pólo cultural, sem dúvida tem tido extraordinários prefeitos, ao longo de sua história: Joel Ribeiro, Freitas Neto, Wall Ferraz, Jesus Tágira,

            Bona Medeiros, Francisco Gerardo e esse extraordinário último prefeito Firmino Filho, que dirigiu por oito anos. Convivi com esses três e fizemos muitas parcerias que floresceram, tanto com Wall Ferraz, como com Francisco Gerardo e Firmino Filho.

            De tal maneira que hoje nos orgulhamos da nossa capital. Para lá, Augusto Botelho, vão doentes do Maranhão, do Tocantins, do Ceará. É um pólo médico, é um pólo de engenharia.

            Teresina, ô Efraim Morais, eu governava o Estado quando um Presidente do PMN foi nos visitar com a esposa. Esse pequeno partido me apoiava e o recebi. Atentai bem, Efraim Morais, V. Exª que é engenheiro. O Presidente disse: Governador, você já viu como são bonitas as construções de Teresina, as residências e os edifícios? Aquilo me chamou atenção porque já andei no mundo. Quer dizer, não é só o desenvolvimento dos médicos, não, mas dos arquitetos e dos engenheiros. Aí eu passei a olhar. É um pessoal de uma arquitetura extraordinária!

            E assim se desenvolveu Teresina, e eu, orgulhosamente, convivi com estes três extraordinários prefeitos. Respeitei os que os antecederam, mas administrei junto com Wall Ferraz, com Francisco Gerardo e com Firmino Filho, e construímos muito. Eu diria que a obra que transformou Teresina... Ô Flexa Ribeiro, Pe. Antonio Vieira disse: “um bem sempre vem acompanhado de outro bem”. Então, resolvi fazer o Sistema Sanear, esgoto sanitário em Teresina. Com a nossa formação médica, eu visava diminuir a mortalidade infantil. De repente, quando vi, ela se verticalizou. Teresina tem 400 quilômetros de esgoto construídos por nós - poucas capitais têm.

            Um dia, Efraim, fui convidado pelo Diretor-Presidente da Construtora Moana, para ir à inauguração de um edifício de 26 andares - eu não queria ir porque era uma obra de iniciativa privada. Ele disse: “Pois só começa quando o Governador chegar”. E eu cheguei. Ô Raupp, ele disse: ”Isso aqui só é possível porque o Governador fez o Projeto Sanear. Ninguém ia fazer 80 fossas num fundo de quintal”. Nós inspiramos empresários a construir, e entraram na era dos shoppings

            Além de diminuir a mortalidade infantil, houve a verticalização - esses edifícios bonitos, e trabalho.

            Uma ponte, Wall Ferraz, que o nosso governo fez em 87 dias. E o Presidente Luiz Inácio prometeu que nos 150 anos de Teresina faria uma ponte do lado - já se passaram cinco anos e não faz; com Governador do PT e tudo.

            Um anel viário para entrada de Teresina, que se comunica com as cidades do sul; o Pronto-Socorro de Getúlio Vargas; 12 conjuntos habitacionais; construímos um complexo, por assim dizer, na defesa de cidadania para os pequenos meninos de rua terem uma orientação; a construção da sede do Detran; a Uesp - Universidade Estadual do Piauí. Implantamos 50 cursos-sede em Teresina - Faculdades de Medicina, de Engenharia, de Fisioterapia e Direito. A capital do Piauí transformou-se num pólo universitário. Água potável para todos os bairros de Teresina; a Luz Santa que seguia para os que não podiam pagá-la, e conseguiram, bem como a eletrificação da zona rural; construção do Corredor de Turismo - Clube do Diário, Teatro 4 de Setembro, Praça Pedro II; foi reconstruído o Centro Artesanal e reforma de todas as escolas - e não tinha o Fundef. Modernização de todos os hospitais, que depois entregamos, alguns deles, os da periferia, ao Governo Municipal. Incentivos fiscais que tornaram possível o nascimento de distritos industriais, construídos pelo Firmino Filho, Prefeito na época. Reconstrução do Estádio Verdinho - pólo esportivo que tinha tombado; laboratórios médicos; orfanato modelo na vida operária; Penitenciária São Guido; restaurantes, pioneiros da alimentação da população pobre, o Sopa na Mão, modelo do nosso Governo copiado por Mário Covas e Anthony Garotinho. Palácio da Defensoria Pública. Então, são essas obras que hoje embelezam e estruturam Teresina.

            Nós estamos neste momento de festa. Estive ontem lá. O jornalista Nelito Marques, que é um Ibrahim Sued da nossa capital, fez uma festa tão bela que contou até com a presença da Miss Brasil. Nelito Marques outorgou vários prêmios a personalidades que fazem o crescimento de Teresina. Eu e Adalgisa, Augusto Botelho, com muito orgulho, recebemos pelo jornalista um troféu reconhecendo o casal que faz política com decência. Troféu Genu Moraes, uma senhora filha de Governador que, sem dúvida alguma, ao longo dos anos, com a sua inteligência, engrandece o Piauí.

            Queremos, neste dia, orgulhosos de Teresina, lembrar ao Presidente da República os seus compromissos com a nossa capital. A ponte do sesquicentenário de Teresina. Dizia Luiz Inácio que era para comemorar os 150 anos, mas já está fazendo 155 anos. No mesmo rio, fizemos uma ponte em 87 dias; Heráclito fez uma em 100 dias.

            E o Governo de Luiz Inácio, com o Governador, cinco anos só na roubalheira; só tem o esqueleto da ponte.

            O Hospital Universitário - Trindade, grande Líder do PT, acho, que, de tanto lutar, morreu traumatizada pela enganação do seu Partido e foi para o céu. No Hospital Universitário, iniciado pelo Presidente Sarney, funciona só um ambulatório; não tem um leito.

            O Pronto-Socorro de Teresina, iniciado por Heráclito Fortes, que foi um extraordinário Prefeito de Teresina, concluído por Firmino Filho, e o Governo Federal ficou de assinar os convênios... Heráclito era Prefeito de Teresina, e eu, de Parnaíba - 1989, 1990.

            Um pré-metrô parado, que vi Luiz Inácio prometer.

            E pior, a estrada de ferro central do Piauí.

            Mário Couto, olha, ninguém deve mentir. Luiz Inácio foi lá, nas vésperas da eleição, pegou Alberto Silva, aquele Senador a quem todos nós, carinhosamente, respeitamos. Ele foi até Conselheiro da República, governou o Estado. E o Alberto...

(Interrupção do som.)

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - ... é engenheiro. Augusto Botelho, como nós nos entregamos à Medicina, à ciência da saúde, ele se entregou à Engenharia. Ele é engenheiro ferroviário, primeiro emprego seu, e Luiz Inácio disse que ia colocar os trens para funcionar.

            Olha, foi lá, nas vésperas da eleição, na minha cidade de Parnaíba. Eu vi o trem cheio, ouvi os apitos, “pu-pu”, e o homem ganhou a eleição, ganhou os votos, levou tudo e levou até Alberto Silva com o meu MDB. Levou, Raupp! Ele ia ser candidato.

            Quanto tempo já faz essa eleição? Isso foi antes da eleição. Ô, Luiz Inácio! Olhe esse negócio. Não fica bem um Presidente mentir. Vossa Excelência disse, Vossa Excelência falou.

            Senador Augusto Botelho!

            O SR. PRESIDENTE (Augusto Botelho. Bloco/PT - RR) - Dois minutos para V. Exª concluir.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - V. Exª sabe o que é um dormente? Aquele pau que fica em cima dos trilhos. Não trocaram nem um dormente. Ganharam a eleição, levaram.

            E aquele Projeto Sanear, do qual me orgulho, que diminuiu a mortalidade infantil, que deu trabalho?

            Nós construímos 400 quilômetros. Diz o outro que verticalizou Teresina; só ficou do jeito que está. Eles têm o Governo Federal... Não chegou aos pobres, aos bairros mais distantes - como eu chorava.

            Então, nós viemos, aqui, cantar e exaltar, orgulhosos, por aquela gente que trabalha, o povo de Teresina e lembrar ao Luiz Inácio a sua dívida com a nossa capital.

            E salve Teresina, primeira capital planejada deste País!

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/08/2007 - Página 27794