Discurso durante a 128ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Cumprimentos ao Senador Geraldo Mesquita Júnior por sua eleição para a presidência da Representação Brasileira do Parlamento do Mercosul. Referência às declarações preconceituosas sobre o Estado do Piauí, do Sr. Paulo Zottolo, Presidente da Philips. Considerações sobre a CPMF.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. TRIBUTOS.:
  • Cumprimentos ao Senador Geraldo Mesquita Júnior por sua eleição para a presidência da Representação Brasileira do Parlamento do Mercosul. Referência às declarações preconceituosas sobre o Estado do Piauí, do Sr. Paulo Zottolo, Presidente da Philips. Considerações sobre a CPMF.
Publicação
Publicação no DSF de 18/08/2007 - Página 27914
Assunto
Outros > HOMENAGEM. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. TRIBUTOS.
Indexação
  • CUMPRIMENTO, GERALDO MESQUITA JUNIOR, SENADOR, VITORIA, ELEIÇÃO, PRESIDENCIA, REPRESENTAÇÃO, BRASIL, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL).
  • REITERAÇÃO, CRITICA, PRESIDENTE, EMPRESA MULTINACIONAL, AUTOR, DECLARAÇÃO, DISCRIMINAÇÃO, ESTADO DO PIAUI (PI), ESCLARECIMENTOS, IMPORTANCIA, REGIÃO, CONTRIBUIÇÃO, PAIS.
  • ANALISE, INEFICACIA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, PRORROGAÇÃO, CONTRIBUIÇÃO PROVISORIA SOBRE A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (CPMF), ESCLARECIMENTOS, CARATER PROVISORIO, CONTRIBUIÇÃO, MELHORIA, ASSISTENCIA, SAUDE PUBLICA, APREENSÃO, PRECARIEDADE, SERVIÇO DE SAUDE, RESULTADO, AUMENTO, DOENÇA, EPIDEMIA.
  • CRITICA, VETO (VET), PRESIDENTE DA REPUBLICA, PROJETO, CONGRESSO NACIONAL, REAJUSTE, APOSENTADORIA, AUTORIZAÇÃO, INFERIORIDADE, PERCENTAGEM, AUMENTO, BENEFICIO, AUSENCIA, RECONHECIMENTO, IMPORTANCIA, APOSENTADO.
  • QUESTIONAMENTO, DESTINO, RECURSOS, CONTRIBUIÇÃO PROVISORIA SOBRE A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (CPMF), APREENSÃO, INICIATIVA, GOVERNO FEDERAL, SUPERIORIDADE, CRIAÇÃO, CARGO PUBLICO, AUSENCIA, CONCURSO, AUMENTO, SALARIO, CARGO DE CONFIANÇA.
  • REGISTRO, PESQUISA, INSTITUTO BRASILEIRO, PLANEJAMENTO, TRIBUTOS, DEMONSTRAÇÃO, INCIDENCIA, CONTRIBUIÇÃO PROVISORIA SOBRE A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (CPMF), IMPOSTOS.
  • ELOGIO, PEDRO SIMON, SENADOR, IMPORTANCIA, PRESENÇA, SENADO, CONTRIBUIÇÃO, ETICA.

O SR. MÃO SANTA (PDMB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Pedro Simon, que preside esta Casa nesta sexta-feira, 17 de agosto, Senadoras e Senadores presentes à Casa, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, minhas primeiras palavras são de cumprimento pela eleição, muito justa, do Senador Geraldo Mesquita. Entendo ser o Mercosul uma realidade muito importante, que nasceu do sonho, primeiro, de Simon Bolívar, el libertador. Quando D. João VI disse “Filho, coloque a coroa antes que algum aventureiro a coloque”, foi porque o Simon queria libertar toda a América do Sul, trazendo o governo do povo, pelo povo, para o povo. Embora tenhamos tido sorte, e o Imperador Pedro II tenha sido um extraordinário estadista, ele tinha esse ideal libertário e, vamos dizer, fraterno dos países da América: liberdade, igualdade, fraternidade.

Este Pedro Simon aqui, Governador do Rio Grande do Sul, é quem vislumbrou isso, inspirou o Senador Sarney a dar uns passos, e V. Exª agora continua. Sem dúvida nenhuma, eu vejo perspectivas invejáveis neste Parlamento, presidido por V. Exª.

O nosso grande estadista Napoleão Bonaparte disse um pensamento: o francês é tímido e até preguiçoso, dá trabalho; mas, quando tem um comandante bom, ele vale por cem. Agora, este Parlamento tem esse grande comandante que é o Senador Geraldo Mesquita.

Mas já que nós estamos no Napoleão, Pedro Simon, ele foi um grande estadista, porque passou seis anos preso - depois da Ilha de Alba, a de Santa Helena - e refletiu sobre o que fez, escreveu pensamentos. Há até um livro do Maquiavel, criticado e lido por ele, que é muito interessante: eu fiz isso, não fiz aquilo, é certo. Mas é muito oportuno termos começado a falar daquele estadista. Eu digo, vendo o Renan aí nessa, que Napoleão estava preso em Santa Helena, refletindo, conhecendo a humanidade, conhecendo o poder, e morreu balbuciando as palavras: “Eu não fui bom, eu não fui mau, mas também não fui tirano”. Ele não o foi. Ele tinha aquele sonho de grandeza da França, de que libertaria, faria o Código Civil e deixaria lá, talvez, um parente. Ele não tinha atos de tirania, mas sim de grandeza. Pelo contrário, ele sempre buscava, onde conquistava, fazer um código civil. Ele disse: “Eu não fui bom, eu não fui mau, mas eu não fui tirano; eu fui firme, eu fui firme”. Ele morreu satisfeito com a sua história, porque tinha sido firme. Então, estamos aqui neste momento em que - eu sei - o Presidente Renan está achando firmeza.

Hoje, depois de muita saudade, está aqui Pedro Simon. Tenho aqui um e-mail, Senador Geraldo Mesquita. Eu recebo muitos e-mails, e quase todos cobram a ausência de Pedro Simon nesses dias. E hoje ele fez desta uma das mais importantes sessões. Vários Senadores aqui fizeram desta tribuna o tambor de ressonância do sofrimento do povo brasileiro, com as denúncias que se tornam explosivas aqui.

Tanto isso é verdade que ontem nós reagimos aqui contra umas declarações infelizes de um empresário rico da Philips. Aqui está: “Líder do Cansei desdenha Piauí, é chamado de tolo e pede desculpa”. Quer dizer, realmente isso funciona. E o artigo transcreve aqui o que eu, Mão Santa, disse ontem, reagindo às palavras de Paulo Zottolo, milionário da Philips - que disse que, se o Piauí deixar de existir, ninguém vai ficar chateado -, com a bravura do povo do Piauí que nós representamos.

Tive um professor de cirurgia, Mariano de Andrade, que hoje eu compreendo. Ele - que talvez tenha sido a maior autoridade da cirurgia de tireóide do mundo, tireoidectomia subtotal - vivia, Pedro Simon, a dizer assim: “A ignorância é audaciosa”. Quando a gente operava e queria correr, ele dizia: “Isso não é corrida de cavalo, não se marca em tempo”. Às vezes atingia coisa. E a ignorância é audaciosa.

Ontem, li essa declaração. O próprio nome dele é Zottolo, quer dizer, ele está marcado pelo destino. Então, eu dizia aqui: Ó tolo, ignorante, imbecil, cansado - há agora esse movimento Cansei -, a primeira capital planejada deste País foi Teresina, com nossas grandezas.

Pedro Simon, recebi um e-mail desses. Está aqui no jornal. Atentai para o que é o Piauí!

Ó ignorante!

Sófocles disse que muitas são as maravilhas da natureza, mas que a mais maravilhosa é o ser humano, é a gente.

Senador Geraldo Mesquita, respeito muito o seu Estado, o Acre, desde antes de conhecer V. Exª e os outros representantes, porque Adib Jatene nasceu no Acre. E eu vi nascer a cirurgia cardiovascular. Eu vi, está aqui.

É muito comum prestar uma homenagem pelo sol que está nascendo. Sepúlveda Pertence deixando o STF. Reconheçamos que a sua luz, que é vitoriosa e que queremos almejar, foi inspirada por Evandro Lins e Silva. Ó tolo! Ele é um homem do Piauí. Ele pode estar ao lado de Rui Barbosa; Evandro Lins e Silva, que teve a coragem de Bento Gonçalves. Na ditadura, ele era chefe do STF. Foi ele que libertou Miguel Arraes, Senador Pedro Simon. Ele me contou. Este livro, A Mistificação das Massas pela Propaganda Política, Serge Tchakhotine, tradução de Miguel Arraes, foi reimprimido e enviado a mim pela viúva.

Miguel Arraes me contou que traduziu quando estava preso, na prisão do Corpo de Bombeiros, e depois pensou, tal a pressão do regime, em suicídio. Então, sabia francês, e um dicionário para pensar... Mas ele me contou que não esperava mais a liberdade. Esperava ser comido pelo jacaré. Estava na ilha de Fernando de Noronha - aquilo, Geraldo Mesquita, era uma prisão - quando chegou um habeas corpus, ó tolo, de Evandro Lins e Silva. Como ele, centenas. Então, esse é o Piauí.

Nesta Casa, tolo, ignorante, imbecil, rico da Philips - atentai bem! -, um dos maiores homem que passou aqui foi Petrônio Portella. Esse túnel por que nós passamos foi Petrônio Portella... O auditório em que debatemos - em que já vi, várias vezes, Pedro Simon aclamado. Petrônio Portella já estava certo em ser Presidente da República. A anistia foi ele!

Pedro Simon, sou testemunha da história. Por isso, estamos aqui.

Este é o melhor Senado da história. Nunca se trabalhou sexta! Quantos pronunciamentos, representando o clamor do povo brasileiro, saíram daqui? Estamos abertos a receber o povo.

E Petrônio Portella, a anistia. Eu me lembro, eu era Deputado, novinho. Marquei uma audiência com ele. Amigos do Piauí fizeram um hospital e tinham dificuldade de credenciá-lo. Eu, médico mais velho, quis ajudar os meninos, que se endividaram e não tinham aquele credenciamento que, na época, era bom, do SUS, do INPS.

Ele chega e diz assim... Está de testemunha o Antônio Araújo, que rabiscava os discursos do Petrônio. Eu até brinco com ele: Rapaz, você fazia os discursos do Petrônio, agora está fazendo os do Marco Maciel; quando é que você vai fazer um para mim? Ele é de Floriano, é um advogado. O Petrônio morreu, o Marco Maciel, que sabe tudo, pegou. É o tipo do funcionário... Antônio Araújo.

Mas eu, com a minha Adalgisa, estava lá com uns médicos novos, eram 9 horas da manhã. Aí o Petrônio entra. Eu era Deputado Estadual e ia pedir esse credenciamento. Foi o último contacto com Petrônio Portella. Por isso, quero dar os ensinamentos aqui. Aí ele diz: “Mão Santa, faltaria com o João, mas não faltaria com você”. Eram 9 horas da manhã. E eu: Que João? Estava vindo no avião. Era o João... Ele estava tomando café com o João para dar o resultado da anistia. Tinha sido, na véspera, a votação. Foi de 6 a 7 votos a diferença. “Mas deixei, porque você é um homem da minha base.” E começou.

            Aí eu, aquele meu jeito espontâneo, Pedro Simon, a Adalgisa, está aí o Antônio Araújo, um médico que já morreu, Mário Laje - está no céu -, e o irmão dele que foi meu secretário de saúde, Paulo Laje, uma figura extraordinária. E eu disse: eu trouxe a Adalgisa porque, você sabe, Deputado Estadual, ela vai ficar em Parnaíba, Buriti, Luís Correia, Piracuruca... Não vai mais, nunca mais... Então, ela vê ao menos isso aqui, Brasília.

Então, ele, de dedo em riste, falou: “Mão Santa” - foi a última vez que vi Petrônio - “você será tudo o que quiser no Piauí”. Eu não quero nada, eu só quero que o Piauí cresça. Aí eu disse: eu trouxe a Adalgisa porque ela não ia ver nada. “Antônio Araújo, vá mostrar o Palácio à Dona Adalgisa.” E eu fiquei fazendo a reivindicação.

Oito dias depois, ele estava estirado, morto. E o pedido era o credenciamento. Eu voltei e, como Deputado, anunciei: o homem já apalavrou, o homem se interessou. Ele disse que eu sou uma das bases, até predestinou que eu ia ser tudo. E o homem morreu. Foi a última vez que eu vi Petrônio.

Isso saiu no jornal, porque o homem era de palavra, e eu era Deputado - que você já foi, não é, Pedro Simon? E disse: rapaz, isso é besteira, o homem garantiu que vai se empenhar. Aí, Pedro Simon, o homem morre... E os médicos ficaram apavorados, porque não tinha dado tempo de realizar o credenciamento.

Pedro Simon, aquele que foi Ministro lá, foi Governador, foi Presidente da Assembléia, da Previdência... Jair Soares. Petrônio chamou Valdir Arcoverde - que é de família de Senador -, Soares, e tinha determinado antes de morrer. Aí, chamei os meninos, o Petrônio aqui, chamei um médico e disse: “Mário Alberto Lage, vá lá, pegue o Deputado Ludgero”... Aquilo funcionava assim: cada Deputado com a área de saúde, é Ludgero. Pedro Simon, olhe esse acontecimento: aí o médico diretor do hospital pegou o avião e veio. Foi com o Ludgero e o gaúcho que era Ministro, Jair Soares. Olha a cena interessante: o Petrônio estirado aqui, no Salão Negro, ele ouviu um telefonema, um médico do lado e dizia “não, o credenciamento está fechado, está tudo suspenso, está fechado”. Aí deu a palavra, o médico contou. Sabe o que o Jair Soares fez? Já tinha negado na frente, o médico disse: “Estou lascado. O homem prometeu, mas morreu. E o homem negando aqui, no telefone”. Levou um jornal que eu tinha dito, aí ele se levantou - aquilo é homem de vergonha -, foi lá na janela do Ministério da Saúde, olhou para cá, onde Petrônio estava estendido, disse: “Mas é a última homenagem que posso fazer àquele grande homem”. Tocou a campainha e o hospital foi credenciado.

Mas o Petrônio me disse uma frase muito importante. Eu ouvia ele balbuciar - eu não entendia, mas hoje eu entendo - dizendo para não agredir os fatos. Outra que ele repetia: “só não muda quem abdica do seu direito de pensar”. As coisas são assim, Renan. V. Exª está pensando umas coisas, mas só não muda a gente que não pensa. Aliás, um filósofo, Francis Bacon, já dizia: “penso, logo existo” E Petrônio foi mais adiante: “só não muda quem abdica do seu direito de pensar.”

O Pedro Simon, hoje, apresentou um quadro deste Senado, do compromisso deste Senado com a democracia. Mas é para uma reflexão do nosso Renan. Agora, eu entendo que só tem razão, Pedro Simon. Ao Geraldo Mesquita eu me curvo. Eu aprendi com Franklin Delano Roosevelt, que quatro vezes foi Presidente dos Estados Unidos, que venceu a guerra, se uniu com Stalin, com a Rússia os Estados Unidos. Ele disse: “toda pessoa que eu encontro é superior a mim em determinado assunto”. E eu procuro aprender. Quantas e quantas vezes eu já procurei o Geraldo Mesquita para me orientar no Direito, até para redigir, porque ele é mais ligado. Mas há um assunto em que eu sou aqui o bom. Professor Pedro Simon, eu me curvo diante da sua história, dos seus exemplos, do Direito aí do Geraldo Mesquita.

Eu fui professor de Biologia e de Fisiologia. Nunca entrei em curso de oratória e acho que isso me ajudou muito. Veio a Revolução quando eu era monitor de Fisiologia. Aí prenderam o melhor assistente. Eu era mais velho. Para você ver, o hoje Reitor da Universidade de São Paulo, Manassés, era um ano mais novo que eu. Outro dia ele veio aqui. Aí prenderam o Professor Serra, um homem espetacular, que não era comunista, não. Ele tinha lido aquele Karl Marx, o Engels, Lênin, esse povo todo. Eu trabalhava com ele, Geraldo Mesquita, mas ele nunca tentou fazer minha cabeça. Era um homem estudioso, mas foi preso. A gente nem sabia, mas a pessoa desaparecia.

Naquela confusão, a direção da Faculdade pegou dois de anatomia e colocou, mas eles eram cirurgiões e não estavam a fim. De repente, quando vi, os alunos pediam para eu dar as aulas. É, tenho essa experiência. E, de repente, eu estava fazendo as provas. Um outro professor disse que ia ficar com a neurofisiologia e que eu ia ficar... De repente, o substituto - não estou contando uma história - era cirurgião da anatomia, e eu já vivia... Então, estudei muito esse negócio. E eu queria dar aqui o meu quadro de psicologia. Pedro Simon, nem V. Exª e nem a brasileira e o brasileiro, o homem não sabe, mas existem certas coisas que temos. Temos porque temos e não adianta; são o que o caboclo chama impulso, intuição. No Piauí diz-se intuição e no Sul se diz impulso, mas nós chamamos reflexo condicionado. Quando vamos ao médico e ele bate no joelho, aquilo é um imediato. Para dar um exemplo, “levante essa perna; se está bom... Se tem sífilis, corta”. Mas temos esses instintos, intuição, impulso, que nós chamamos de arco-reflexo. Então, temos uns seis, que estão dentro de nós e que favorecia se o Renan seguisse o conselho de Pedro Simon.

O primeiro é o de combatividade. Todo mundo tem luta. Se se provocar o menino, ele já reage. Está em nós reagir.

O impulso de agregação. Você nem sabe. Formiga só quer estar onde tem formiga. O Luiz Inácio ontem falou do negócio da formiguinha que trabalha e guarda. Então aquilo, até o Luiz Inácio comentou, é um impulso. Os passarinhos querem estar juntos. O homem é um animal político: estamos aqui e queremos estar... Esse aí é o corporativismo, de corpo.

Existe o impulso de poder, de auto-estima. Todos nós queremos e gostamos de ser prestigiados.

Impulso sexual, que Freud diz ser o mais importante. Não estou levando o negócio, mas ele tem, o Renan tem, eu tenho.

Existe o de sobrevivência. Tem de comer para a sobrevivência, alimentar-se.

E tem outro importante, que as mulheres têm mais do que o homem: o de proteger, o impulso materno, paterno, de proteção. Se tiver bem ali um aleijado e estiverem batendo nele, sairemos daqui e iremos lá defendê-lo. A gente defende o mais fraco. Se for grandão, deixa lá que ele se vira. Isso está na gente... O tolo ninguém vai defender, porque ele é muito poderoso, muito rico, é dinheiro aí da Holanda, é dólar e pensa que vai humilhar.

Unir-se é o espírito. Olha, quando eu vi aqui, está o Governador do PT, está o Heráclito, do Democratas, e o Mão Santa aqui... Uniu, porque ele é poderoso e mexeu no Piauí. E os outros... O Geraldo é uma inteligência que deu um exemplo bem real.

Então, na medida, se ele está na Presidência, ele perde esses impulsos que nós temos. Perde! Ele é mais forte do que eu, ele está lá em cima, ele é mais e é o que tem. E eu sei que todos nós temos isso. Votamos nele, como o Pedro Simon teve o cuidado de dizer...

Eu dou um exemplo bem claro: Antonio Carlos Magalhães entrou num seribolo no começo do meu mandato. Eu tinha motivos pessoais para ser contra Antonio Carlos Magalhães, e fui eu, não foi Renan, não foi Sarney... Foi lá na casa do Wellington Salgado. O Geraldo Mesquita não estava nesse momento no PT. O Pedro Simon estava quando o Senador Antonio Carlos Magalhães, acusado, com os problemas de amor, problema de telefone e o PMDB intimidado pela imprensa, pela coisa. Eu tomei umas doses de uísque e falei primeiro. V. Exª se lembra que eu disse: Eu sei, Pedro Simon, que V. Exª é franciscano, mas eu venho com Cristo: atire a primeira pedra.

E fui eu que mais trabalhei... Disse que aquilo era ignomínia para defender Antonio Carlos Magalhães. Mesmo ele tendo ido ao Piauí, bateu em mim, eu era Governador. Ele foi, na política, defender o Senador Hugo. Mas é natural. Era do lado dele. Mas também eu bati lá nele. Mas não tenho ressentimento e ódio, porque trabalhamos muito aqui, e o Pedro Simon é testemunha disso. Fui eu a primeira voz a se levantar, do PMDB, para... Então, por quê? Porque, naquele instante, ele era igual a mim. Eu acho que esses sentimentos existem. Não se vai tirar de nenhum dos Senadores. E, aí, como Pedro Simon mostrou, isso vai se alargar. Ortega y Gasset, o espanhol, disse: “O homem é o homem em todas as suas circunstâncias”. As circunstâncias variaram. Já não é uma, são três. Olha que eu peguei o jornal ontem para escolher um relator. Foram buscar o meu amigo... Esse negócio de suplente para mim, tudo é... Para mim, Suplente é o que vale! A minha Suplente é a Adalgisa. Então, para mim, suplente é melhor que os donos da cadeira.

Então, não é pelo fato... Mas quer dizer que já tiraram um para botar aquele... Não era lá da Ética, não é? Quer dizer, está difícil! O segundo e já tem um terceiro. Então, vai-se alargar o que será o tempo para a defesa.

Então, Pedro Simon, é muito útil a sua presença. E, desses e-mails aqui, quero dizer que o Brasil reclamava: “Onde está o Pedro Simon?” V. Exª é como o sol: tem de estar todo dia. No dia em que o sol... Não pode faltar!

Esse negócio é complicado. Vou contar uma, não é desse negócio de vaia, não.

Senador Geraldo Mesquita Júnior, gosto do Ceará. Formei-me lá, mas devo dizer que o cearense é moleque. Quando éramos estudantes e lá chovia, íamos para a Praça do Ferreiro, onde havia um abrigo. Houve um temporal lá, foram cinco dias chovendo. No dia em que o sol saiu, nós estudantes, eu estava entre eles, vaiamos o sol. Até o sol a turma vaia.

V. Exª não pode ter cinco dias de ausência aqui, porque em muitos e-mails reclamam. Hoje, V. Exª voltou com o seu brilho, que é maior que o do sol, porque o sol só brilha de dia e V. Exª ilumina esta Casa de dia e de noite. Essa frase não fui eu quem disse, mas Héctor Cámpora, saudando a volta do Perón, renunciando à Presidência. Não vou roubar o dizer dos outros, mas é oportuno dizer isso para V. Exª.

O que eu queria dizer aqui é a minha vida. Nesses e-mails dizem o seguinte - ninguém pode abri-los, são só refletir: que esse negócio, essa conversa do Governo de que R$39 bilhões é muito, que o Governo não pode, olhem aqui, esses e-mails são tudo. Imposto.

Senador Pedro Simon, V. Exª que sabe tudo ou quase tudo, sabe quantos impostos há no Brasil? São 76. Fiz um discurso, Senador Geraldo Mesquita - se fosse o Camata, que é só na lei - dizendo que são 76. Citei nesta tribuna um por um. Ninguém nem sabe de tantos impostos. Setenta e Seis. Não dava tempo. Eu li. E lá no meu Piauí tem um livro... Eu sei que o Luiz Inácio estudou em escola boa. O Brasil era organizado, Luiz Inácio. Vossa Excelência estudou no Senai, que era organizado. Hoje ele está tudo aí, mas, no Piauí, tem um livro que lá se chama “pai dos burros”. Lá, no Rio Grande do Sul, deve ser dicionário, mas é o pai dos burros. Então, ali era verdade. A gente é criado: vai no pai dos burros ali, ver o dicionário, para a gente saber, entender as coisas. Então, Luiz Inácio, eu conheço. Essa casa aí é abandonada. Deve ser por isso que Vossa Excelência não quer sair. Fernando Henrique é que é sincero. Desse livro aqui eu dei uma cópia, que eu tinha contado lá para ele. Aí, depois de uns governadores, ele me levou lá em cima. Eu achei bom. Rapaz, e eu sei que o bicho é seguro. Sabe por quê, Pedro Simon? Porque eu tenho poucos paletós, gravatas, mas, sabe, porque no Nordeste tem um negócio de festa junina, não tem? Então, os que estão velhos a Adalgisa vai logo dando para aqueles caipiras. Rapaz, Fernando Henrique não dá nenhum, não. Ele tem um monte de ternos, gravatas. Mas o importante é dizer que tem uma biblioteca lá, do lado do quarto. Quer dizer que o Luiz Inácio... Não sei se ele lê, mas tem. E tem a grandona, que V. Exª deve ter conhecido, não é, Pedro Simon? Lá, no Alvorada. Ô coisa bonita. Eu vi muito o Fernando Henrique puxando aqueles livros. Então, puxa o dicionário lá, o pai dos burros, ô, Luiz Inácio. CPMF: Contribuição Provisória. Nós vamos enganar o povo. Eu vou sair lá do meu Piauí para vir mentir aqui, enganar e votar contra o povo, Pedro Simon?

Pedro Simon, eu só tenho uma mulher, sou aposentado como Médico, quarenta anos, a Adalgisinha ainda acha pouco... Eu vou me render, vou enganar com o que nos estão oferecendo aí, lugar, emprego, o diabo, mensalão?

Prove como vamos enganar o povo. Contribuição provisória, movimento provisório. É provisória. Foi um momento de crise na saúde, que hoje está pior.

O Jatene, que eu auxiliei em cirurgia, é lá do seu Acre, acreditado o melhor Ministro da Saúde. José Serra é medalha de prata. Par mim, o melhor foi o Jatene, a quem conheci e com quem convivi. Alguns dizem que acham que foi o Jatene. E ele, vendo o problema, com a sua credibilidade, convenceu este País, este Congresso, para criá-la, dar esse oxigênio, essa adrenalina, ao sistema de saúde. Não foi isso, Pedro Simon? Provisória. Já faz 11 anos. Tinha época marcada para terminar, era agora. Provisório é provisório. Tenhamos vergonha na cara! Deputados, não envergonhem este País! Provisório é provisório. E a saúde? Piorou. Quem está dizendo aqui sou eu. Eu sou mais velho que o Temporão, mais vivido, mais experiente, já passei de 40 anos de Medicina, fazendo o mesmo, em Santa Casa de Misericórdia. A sala de cirurgia era um templo do meu trabalho, onde essas mãos, guiadas por Deus, salvavam um aqui e outro acolá.

Então não melhorou. Não colocaram o dinheiro na saúde. O dinheiro está para os aloprados. Pedro Simon, V. Exª sabe que nunca este País teve mais de 16 Ministros. O Collor diminuiu para 12; subiu para 16 de novo, agora são quase 40 - botaram um Chico Mendes aí.

Ô, Luiz Inácio, eu fui prefeitinho e governador. Nos governos, o DAS, cargo de Direção e Assessoria Superior vai até o 4, aqui vai até o 6. O DAS 6 ganha R$10.448,00, entrando assim, pela porta aberta, pela porta escancarada e larga da vergonha e da corrupção, sem concurso. Companheiros pelegos, aloprados, do PT, que já são em 24 mil... Ô, Pedro Simon, esse é o Piauí, o Piauí, cujo maior tolo da vida, jornalista no momento mais difícil, foi Carlos Castello Branco, Castelinho, na ditadura. É este que eu represento. João Paulo dos Reis Velloso, a luz do momento revolucionário, filho de carteiro com costureira, mania de primeiro lugar, 20 anos sendo luz aqui, nenhuma indignidade, nenhuma imoralidade nem corrupção. Somos nós, tolos, do Piauí que eu represento.

Então, esse imposto não foi para a saúde, Pedro Simon, que está pior.

Oswaldo Cruz tinha acabado com o mosquitinho da dengue que transmitia a febre amarela. E é o mesmo que está aí matando como o que, lá no Piauí. E pior: descobriu-se uma dengue hemorrágica que provocava 4,5% de mortalidade, agora, 14%. Ou o vírus ficou mais exacerbado ou o hospedeiro, o homem, está mais fraco. A tuberculose aumentou. A malária... Geraldo Mesquita está dizendo que há epidemia de malária. E tuberculose? Pedro Simon, o dia mais difícil da minha vida, eu vou contar. Ô Luiz Inácio, eu vou dar esse testemunho ao Pedro Simon. O dia mais triste da minha vida foi quando eu fui olhar o resultado do vestibular de medicina: eu tinha passado. Aí tinha que fazer um raio X. Pedro Simon, deu um diabo de uma mancha e parou lá: entra ou não entra. Para ver como este País era organizado! Rapaz, e eu querendo ser médico, realizar um sonho! Eu estudei que só. Naquele tempo, eram 800 candidatos e havia 60 vagas. Eram 10 por vaga. Tomei muito Perventin para não dormir. Não tinha estenamina, não é? Rapaz, aquele rolo! Deu uma mancha. Aí pensei: “Não, não dá, tuberculoso”. Rapaz, mas Deus me ajuda: aí eu fui cair na mão do Gilmário Mourão Teixeira, pneumologista, olhou, disse: “Pode botar o rapaz, eu me responsabilizo”. Aí ele mesmo me dava o remédio; tomei umas hidrazidas; depois, já fiz foi o Exército, e estou aqui. Minha mãe tinha tido tuberculose, morreu com 84 anos. 

Então, com isso, quero dizer isso que o governo funcionava. Agora, a tuberculose aumentou. No Piauí, está epidemia em hospital. Então, esse dinheiro não foi para a saúde - enganaram Adib Jatene, enganaram o povo -, está indo para os aloprados.

Senador Pedro Simon, V. Exª foi outro dia no Palácio. Eu votei no Lula em 1994, eu não sei se V. Exª votou alguma vez. Votou? Você votou no Lula, no Luiz Inácio, alguma vez? Eu votei em 1994. Mas arrependimento não mata porque senão eu estava morto.

Mas o que eu quero dizer é que as coisas funcionavam. Agora, aumentou a tuberculose no Brasil, e esse dinheiro está indo para os aloprados, para os DAS do Ministério.

Mas o Luiz Inácio, V. Exª que o conhece, grande convivência - eu tenho minhas dúvidas porque o Frei Beto saiu de lá do Palácio - é crente a Deus, é? Ô Pedro Simon, Sua Excelência é crente a Deus? Crê em Deus?

O SR. PRESIDENTE (Pedro Simon. PMDB - RS. Fora do microfone) - Crê, mas não é fanático.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Ah, crê! Mas se iguala ao Sancho Pancho? V. Exª leu Dom Quixote de La Mancha, escrito por Cervantes. D. Quixote era idealista, defendia a pobreza. Depois de muitas lutas, ele disse a Sancho Pancho, seu companheiro de lutas, que daria de presente a ele uma ilha para governar: Baratária. Sancho respondeu que não podia porque tinha poucos estudos, poucas letras, que não gostava de ler, que não sabia ler. Mas D. Quixote disse-lhe que ele podia sim, porque o havia observado e sabia que ele era temente a Deus e que isso era uma sabedoria. Aí deu mesmo a ilha, e Sancho governou. Depois dos ensinamentos, D. Quixote disse a ele que arrumasse uma esposa descente, que fosse trabalhador, honesto, que não tivesse preguiça. D. Quixote disse a ele que só havia esquecido de uma coisa: que só não tinha jeito para a morte. E ele governou até bem. O homem temente a Deus é uma sabedoria. Mas, eu estou em dúvida. Primeiro porque o Frei Beto saiu do Palácio. Quando Lula estava lá com o Frei Beto, eu estava mais animado. Eu acredito mesmo em Deus. A minha mãe era uma Terceira Franciscana, eu sou Francisco, não é? Mas Pedro Simon, eu estou em dúvida: enganam ou enganaram ele, viu Geraldo Mesquita? Ele pode ser enganado. Quem está livre de ser enganado? O povo do Piauí foi enganado. Prometeram e tal... Mas ninguém está livre de ser enganado.

Digo isso quando vejo esses aumentos. E aí é que eu conversei com Renan, com firmeza, quando eu vi que nós estudamos, entramos pela madrugada, vieram os fundos, e demos um aumento para os velhinhos de 16,7%; para os velhinhos aposentados, queridos aposentados, não foi Pedro Simon? Passou pela CAE, pela Mesa, Plenário, audiência pública, fundo: 16,7%. Aqui, aqueles trezentos picaretas se transformaram em homens de bem e justos. Fizemos a lei para dar 16,7% aos aposentados. Aí vai, o Luiz Inácio veta, e dá 3,4% para os velhinhos aposentados: 3,4%. Iludiram os velhinhos com o dinheiro emprestado, com o empréstimo consignado. E os velhinhos, de boa índole, televisão... Olha, estão todos no aperto. Eu tinha um que foi o meu padrinho de Rotary, que se suicidou. Homem de bem, o melhor homem que eu conheci. Mas os bancos estão tomando as coisas; fazem a cobrança. Abraão Lincoln já dizia para não basear a prosperidade com dinheiro emprestado. Aos velhinhos nós demos 16,7 %, e Luiz Inácio baixa para 3,4%. Ô Pedro Simon, sabe quanto foi o aumento dos aloprados, desses DAS que foram nomeados sem concurso, esses 24 mil? 140%.

São Francisco de Assis pregava: onde tiver erro que eu leve a verdade; onde houver o desespero, que eu leve a esperança. Então, Pedro Simon, V. Exª que é de Deus, V. Exª que é franciscano, como é que ele deu 140% para os aloprados - que estão nesses cargos sem concurso, nomeados - e 3,4% para os nossos velhinhos? Ô Pedro Simon, bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça. Geraldo Mesquita, isso é justo, esse aumento que houve? Cento e quarenta por cento para os DAS, os nomeados sem concurso, os correligionários o PT, e 3,4% para os aposentados. Essa não é a justiça que Deus nos ensinou, Pedro Simon. Por isso é que vamos votar contra.

Está aqui corroborando o meu raciocínio esta revista, da qual o melhor artigo é o que se refere justamente à CPMF, de Marcos Cézari, da reportagem local - ele recebe medalha de ouro de toda a mídia da semana. Olha o que ele diz aqui, Geraldo Mesquita: “Cada família terá de gastar R$ 626,41 neste ano apenas para o pagamento da CPMF (contribuição cobrada de cada cidadão quando movimenta dinheiro em contas bancárias). O valor representa aumento de R$61,90 em relação aos R$ 564,51 pagos no ano passado. Por pessoa, serão R$187,95 neste ano, contra R$171,76 em 2006.

E vai mais. Olha, ele diz aqui, Pedro Simon, que o estudo do IBPT - é o instituto que ele segue aqui - Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, mostra que a CPMF é um tributo perverso.

É a ciência, ô Luiz Inácio. Aqui é a casa dos pais, o nosso dever é ensinar. Se não tivesse sentido, não teria razão, feche o Congresso.

Diz ele: “Primeiro, como incide em todas as etapas de produção, seu custo é repassado ao consumidor final, que tem de arcar com 1,7%, em média, na hora de comprar qualquer produto ou serviço, seja arroz, feijão, carne ou ovos. Você está pagando, ele prova lá.

Segundo, a CPMF incide sobre os outros tributos. Isso significa dizer que quando uma pessoa paga o IPTU, o IPVA ou outro tributo, seja por meio de dinheiro, cheque ou débito em conta, está pagando 0,38%. Isso ocorre também quando uma empresa recolhe Imposto de Renda, PIS, Cofins etc.

Então, cada família brasileira, em média, paga R$626,41. Esse negócio de dizer aí: “Não, o dinheiro fica nas melhores mãos”. Ô Pedro Simon, eu fui prefeitinho, eu fui Governador: “Fica não, não desaparece, fica no Brasil”.

Eu tive essa atitude. Vocês não conhecem? Não viajam pelas estradas? Há aquela Polícia Rodoviária. Eles me chamaram e disseram: “Governador, assine aqui que vamos cobrar multa das pessoas no Piauí todo”. E quanto eu ganho para o Piauí? Para mim, o Piauí é o maior. Eles disseram: “Dez por cento”. O quê, rapaz? “Nós cobramos, está tudo multado, mas não temos a estrutura”. A estrutura é o Detran. Quer dizer que vou deixar vocês assaltarem todos os motoristas, e voltam 10% para mim, para o Governo do Piauí, para o Estado? Não.

Iris Rezende prometeu, depois o Renan, meio a meio. Chinaglia... Eu não cobrei nem um tostão. O dinheiro ficou com o povo. Foi muito melhor que dar para este Governo, corrupto, que dá emprego para aloprado que viaja irresponsavelmente. Estou com a minha consciência tranqüila. Enquanto eu estava no Governo não cobrei nada. Você entendeu? O dinheiro ficou com o povo.

Essa quantia de R$624,41 é pouco para quem tem mensalão, é pouco para os aloprados que estão entrando aí com DAS-6, recebendo R$10.448,00, sem concurso. É pouco, mas, com esse dinheiro, uma família média compra o remédio que o Governo não dá; ela paga a consulta médica que, hoje, custa R$2,50. Os médicos não estão mais atendendo pelo SUS. Sem esse dinheirinho, no aperreio, vão ao médico no sistema popular. A Medicina, Pedro Simon, é boa para nós. É uma piada. Deixou de vir, mas, todo dia, havia um cara aqui dizendo: “Você não quer ir a São Paulo, não?” Fazer o quê? Comer uma pizza? “Não, se consultar; aqui paga tudo. Vamos? É tudo bonzinho.” Então, é muito bom. É assim. Rapaz, eu sou médico. Só vou se precisar. A esse negócio, eu não vou. É bom para nós, que temos aí a toda hora. Você não quer ir para São Paulo fazer exame, não? É um negócio aí. Aqui está bom. É bom para quem tem plano de saúde. É bom para quem tem dinheiro. Mas, para o pobre o SUS não funciona, não.

Pedro Simon, noutro dia, uma pessoa muito importante do Piauí - não vou citar o nome - já tinha ido a tudo. Então, com dificuldade, precisou. Eu precisei do Pinotti para arrumar vaga. Atende assim, por uma influência. Mas ninguém vai dar consulta por R$2,50. É o que o Governo paga a um médico. A anestesia é por R$9,00. É a volta da malária, da dengue; é a tuberculose. Quando eu era menino, eu ouvia. Estou aqui e entrei na faculdade.

Então, piorou. Dar esse dinheiro para os aloprados? Melhorou onde a saúde? Onde melhorou? Eu estudei numa faculdade de medicina séria e boa. Está tudo escancarado; até as privadas! A mensalidade de curso de um estudante de medicina é R$3.500,00. Qual é o pai ou a mãe que pode pagar? Esse dinheiro vai para a mídia. Eu tinha até medo. Pedro Simon, se colocassem ali, para fazer um plebiscito, o Santo Galvão, o Frei Galvão, e Luiz Inácio, o Luiz Inácio ganharia, com a mídia, com tudo, com esse dinheiro.

Então, é hora, Pedro Simon, de V. Exª liderar. Esse dinheiro vai ficar com a mãe, com a dona de casa para, no desespero, buscar saúde, que o Governo não dá, melhorar a educação do seu filho, até a segurança. É isso. Não vai perder, não. Fica com o povo brasileiro. Na mão do povo brasileiro está muito melhor. Nós temos de ser claros.

Agora, eu veria firmeza no Luiz Inácio? No Luiz Inácio, não, no nosso Renan. Aí ele cresceria, aí estaria até perdoado dos pecados. Se ele pegasse... Porque é para isso.

Pedro Simon, você já foi prefeitinho? Você já foi prefeitinho? (Pausa.)

Não foi. Pois esse Petrônio me pegou uma vez e disse: Seja prefeito da sua cidade. E aconteceu. Ele tinha intuição.

Mas é o jogo democrático. Eu fazia lei. Vetava? Os vereadores derrubavam o meu veto. Eu, como Governador do Estado, alguns Municípios, eu vetei; eles derrubavam. Eu não estou diminuído, não; eu estou é exaltado porque eu obedeci o jogo democrático.

Então, o Presidente vetou o nosso aumento para os velhinhos, responsável, que engrandecia... De 16,7 baixou para 3,4. E o dos técnicos dele? Dos aloprados? Esse veto dele tem que voltar para cá e ser discutido. E não volta. Não é verdade, Pedro Simon? (Pausa.)

Pronto. Está aí, falou o homem da ética e da verdade.

A Sudene. Juscelino fez tudo, e ele era médico cirurgião, como eu - às vezes dá certo, vocês que são advogados. Juscelino botou pólo industrial no Sul, botou esta Brasília no Centro e botou no Norte/Nordeste a Sudene e a Sudam. Para o equilíbrio. Nós fizemos a Sudene, e voltou aqui a lei. De madrugada, Antonio Carlos trabalhou - já morreu -, e todos nós, do Nordeste.

Aí ele veta o dinheiro da Sudene, o oxigênio. Esse veto dele poderia voltar para cá para derrubarmos. Isso não o diminui não, Luiz Inácio. Mitterrand, aprenda isso, ele morreu, mas deixou como mensagem: fortalecer os contrapoderes. Vossa Excelência se curvar, permitir que seja analisado um veto seu é grandeza.

Renan, estarei aqui terça-feira enaltecendo-o. Aí sim, aí é firmeza se V. Exª colocar aqui o veto dos velhinhos. Vamos derrubar o veto do Lula. Ele está criando aí aumento, CPMF. Vamos discutir por que ele diminuiu a aposentadoria dos velhinhos! Ao mesmo tempo, deu 140% para os aloprados, que são muitos.

Para você ter uma noção, Pedro Simon, porque sou seu discípulo, e você não se decepcionar com o seu discípulo: o Bush só nomeou 4.500, graças a Deus. O Luiz Inácio é melhor do que o Bush. O Bush só nomeou 4.500; Luiz Inácio, 24 mil aloprados. Por isso eles querem estes impostos, 76 impostos. O Gordon Brown, da Inglaterra, que ficou no lugar do Tony Blair...

Pedro Simon, já assistiu ao filme A Rainha? Vá, para você ver o Tony Blair. São 160 nomeações; permanecem todos os funcionários, a hierarquia, a máquina. Esse Nicolas Sarkozy nomeou 350 pessoas; na Alemanha, 650; o Luiz Inácio já nomeou 24 mil aloprados, uns ganhando dez mil. Está certo o Bolsa-Família, mas quanto é o Bolsa-Família?

E há os aloprados do coração, da estrelinha, que entraram ganhando R$ 10.448,00.

Pedro Simon, o País o convoca. V. Exª, que viu o seu companheiro Ulysses, o seu companheiro Teotônio, o seu companheiro Tancredo redemocratizarem este País. O problema agora é outro, é a decência, é a dignidade e a ética. Se Ulysses foi chamado Sr. Diretas, V. Exª, o País já o batizou: Sr. Decência, Sr. Ética. Mas a sua bandeira é essa. Faça um ofício, um requerimento para aqui discutirmos o veto dos aposentados, discutirmos o veto da Sudene.

Eram essas as minhas palavras, Sr. Presidente.

Muito agradecido.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/08/2007 - Página 27914