Discurso durante a 132ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Relato da viagem de S.Exa. ao Estado do Rio de Janeiro, quando visitou a Marinha brasileira e a Petrobrás.

Autor
Sibá Machado (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Sebastião Machado Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
FORÇAS ARMADAS. POLITICA ENERGETICA.:
  • Relato da viagem de S.Exa. ao Estado do Rio de Janeiro, quando visitou a Marinha brasileira e a Petrobrás.
Publicação
Publicação no DSF de 24/08/2007 - Página 28544
Assunto
Outros > FORÇAS ARMADAS. POLITICA ENERGETICA.
Indexação
  • PRESTAÇÃO DE CONTAS, VIAGEM, ORADOR, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), CONHECIMENTO, TRABALHO, MARINHA, AGRADECIMENTO, CONVITE, COMANDO.
  • REGISTRO, ESFORÇO, MARINHA, IMPLEMENTAÇÃO, TECNOLOGIA, ELOGIO, DESENVOLVIMENTO TECNOLOGICO, FABRICAÇÃO, SUBMARINO, DETALHAMENTO, EVOLUÇÃO, UTILIZAÇÃO, ENERGIA NUCLEAR, ENRIQUECIMENTO, URANIO, BENEFICIO, DEFESA NACIONAL, EXPECTATIVA, ORADOR, DESTINAÇÃO, RECURSOS ORÇAMENTARIOS, CONTINUAÇÃO, PROJETO.
  • REGISTRO, VISITA, PLATAFORMA CONTINENTAL, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), MAR TERRITORIAL, MUNICIPIO, CAMPOS, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), DETALHAMENTO, TRABALHO, PRODUÇÃO, PETROLEO, ELOGIO, DESENVOLVIMENTO TECNOLOGICO, BUSCA, AUTO SUFICIENCIA.
  • IMPORTANCIA, ESFORÇO, CONGRESSO NACIONAL, VALORIZAÇÃO, PESQUISA, BRASIL, REFORÇO, FORÇAS ARMADAS.

            O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o que me traz a esta tribuna é a prestação de contas da viagem que fiz ao Rio de Janeiro, em visita ao trabalho da Marinha brasileira, quando aproveitei para conhecer o trabalho da Petrobras, que faz a extração de petróleo na bacia de Campos.

            Primeiro, quero agradecer ao Almirante Moura Neto, Comandante da Marinha; ao Comandante do Submarino Tamoio, Alan; ao Comandante Bento, da Assessoria no Senado Federal, e todos aqueles que nos deram apoio nessa viagem.

            Viajamos com diversos Deputados Federais, entre os quais o Deputado José Pimentel e o Deputado João Almeida. Foi uma das experiências mais ricas deste ano.

            Tenho aproveitado alguns momentos, como Senador da República, para conhecer melhor o Brasil, além dos estudos na área de Geografia, também até para renovar o patriotismo. Foi isso que eu pude ver.

            Sr. Presidente, a Marinha nos deu uma pequena aula do esforço nacional para implementar tecnologias inovadoras, que empurram o Brasil para a soberania nacional. O que mais nos chamou a atenção foram os passos significativos dados pelo Brasil nessa direção, mas os brasileiros conhecem muito pouco dessas experiências.

            Sr. Presidente, foi-nos dito que o Brasil comprou, nos anos 90, tecnologia da Alemanha para fabricar submarinos na configuração que temos. A partir desse modelo de submarino, o Brasil já produziu mais quatro - temos cinco, portanto -, com tecnologia tão aprimorada que os próprios alemães, autores do projeto, já vêm ao Brasil copiar o modelo produzido por brasileiros. Isso é muito interessante.

            Mas digo a V. Exª que o curioso da viagem é que tive uma decepção. Primeiro, porque pensava, por ter visto em filmes, que um submarino proporcionaria uma viagem muito curiosa pelo fundo do mar, que eu poderia enxergá-lo lá de dentro. Qual não foi a minha decepção, porque não se vê absolutamente nada. O submarino é completamente fechado. Não é como o Nautilus, da obra de Júlio Verne, que vemos nos filmes. Mas eu imaginava que poderia enxergar o fundo do mar lá de dentro. Não podemos. É um aparelho 100% pilotado por mecanismos de computação e por outros artifícios da tecnologia que são utilizados.

            Mas uma dúvida sobre o grau de importância de um submarino em combate me foi tirada. Eles citaram um episódio da Guerra das Malvinas. Após o início dos combates, o único submarino dos argentinos, fotografado no porto antes da guerra no porto, não estava mais atracado lá. Por conta disso, a Inglaterra passou dias preocupadíssima em como proceder para combater aquele submarino argentino, e com tecnologia bem antiquada.

            E eles nos disseram ainda que o mundo caminha para valorizar ainda mais a energia nuclear, porque o segredo do submarino é ser silencioso, é conseguir manter-se oculto. É claro que ele não pode, em nenhum momento, aparecer. Eu perguntei como se abastece o submarino de energia elétrica no fundo do mar e como se fornece energia para dar propulsão aos motores. Todos os motores que tocam as hélices são elétricos. Para reabastecê-los, com a tecnologia de que o Brasil dispõe, os submarinos têm que voltar à tona, receber oxigênio para tocar os motores comuns, e esses motores realimentarem as baterias. É aí que mora o perigo numa situação de combate. Então, como o segredo dele é o silêncio, a ocultação é importante. Imaginem se forem ligados dois grandes motores:, todo o mundo vai saber onde ele está.

            Portanto, o mundo avança para a tecnologia nuclear. Eles disseram que os Estados Unidos têm hoje, à disposição, 70 submarinos, todos movidos a energia nuclear. Com a força nuclear, o submarino não precisa mais vir tantas vezes à tona para ser reabastecido; pode ficar dois meses ou até mais submerso. Daí ser esse o caminho da tecnologia pelo qual o Brasil precisa avançar.

            O Brasil também avançou no enriquecimento de urânio. O mundo inteiro caminha atrás dessa tecnologia, e a nossa, mais uma vez, é uma das mais baratas, uma das mais ousadas.

            O próximo caminho que quero percorrer, a próxima visita que quero fazer é ao laboratório em Resende, para saber como se faz esse trabalho.

            Antes, visitei Angra dos Reis, pois estava querendo ver como se obtém energia a partir de fonte nuclear. Estive lá um dia e fiquei sabendo que Marinha é a produtora dessa energia, porque o Brasil não abre mão do monopólio da produção de energia nuclear.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como desafio a essa inteligência produzida no nosso País, os investimentos esperados pela Marinha para continuar esse projeto são da ordem de R$1,2 bilhão. Cabe a nós, a partir do novo Orçamento, pensar em como garantir que o mínimo necessário seja destinado à preservação dessa área do conhecimento nacional, mesmo por meio do PPA, que será redigido no atual mandato do Presidente Lula. Muitas dessas pessoas já estão próximas da aposentadoria e é preciso renovar esse conhecimento com jovens que a Marinha tanto recruta e pelos quais tanto se interessa.

            Fiz também uma a visita à Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, na base de produção de petróleo, ocasião em que visitamos a Plataforma P-37.

            Novamente, queremos agradecer à Petrobrás na pessoa do seu Presidente, José Sérgio Gabrielli; também quero agradecer, pela recepção carinhosa e pela atenção a nós dispensada, ao gerente da plataforma, o Sr. Rogério Luiz Pronen, o Sr. João da Mercês Santiago, técnico em enfermagem, e o Sr. Wagner Souza Rodrigues, brigadista e técnico de incêndio da plataforma.

            Então, a primeira curiosidade é: quantos dias um técnico passa em alto-mar? São 14 dias de trabalho por 21 dias de folga. O pessoal da produção trabalha ininterruptamente e o da manutenção, 12 horas de trabalho, revezando-se as turmas.

            Qual é o pulo-do-gato da Petrobras? Falo sobre isso, Sr. Presidente, porque a visita nos faz pensar um pouco melhor no nacionalismo e nos renova a paixão pelo Brasil, vendo brasileiros tão ousados. A Petrobras começou cavando poços de petróleo em profundidades consideradas muito baixas ainda, como 100 metros, 200 metros. Portanto, as plataformas eram fixas. Desciam aquelas grades, como descem aquelas torres de transmissão de eletricidade e, para baixa profundidade, os mergulhadores tinham de ir até lá e preparar o furo do poço e a instalação da torre de extração do petróleo. À medida que foram sendo descobertas jazidas novas e muito maiores, a profundidade foi aumentando. Hoje, a Petrobras produz petróleo em profundidade de até 900 metros de lâmina de água, sem contar 1.000 metros, 1.500 metros, até 2.000 metros de profundidade de rocha.

            Então, eu queria saber como são implantados esses equipamentos lá, no fundo, porque há uma pressão insuportável para que um ser humano desça até lá. Tudo agora é por computador. Há uma espécie de robô que desce lá e instala tudo, não sendo mais necessário descer do navio.

            É um enigma aquilo; por mais que explique, só quem é da área para entender direito. Mas fica em nós a curiosidade e a impressão de como é que se chegou àquele tipo de trabalho que a Petrobras desenvolveu. E é, portanto, hoje, a número um do mundo em extração de petróleo naquelas condições.

            O Brasil caminha para configurar definitivamente a sua auto-suficiência. O consumo nacional de petróleo hoje é de 1,9 milhão de barris diários. A Bacia de Campos produz 85% de toda essa produção nacional, e o Brasil estará alcançando, nos próximos quatro ou cinco anos, cerca de 1,8 milhão de barris/dia, produzidos somente ali em Campos.

            Sr. Presidente, quero dizer da emoção que tive nessa oportunidade e marcar um abraço e uma palavra de elogio muito profundo, muito fraterno aos técnicos da Petrobras.

            O Brasil, indiscutivelmente, é um País, como tanto se bradou, que ninguém segura. Nós temos a convicção de que, pelo sonho da independência, que tivemos durante muito tempo, por tanta luta social que fizemos no passado recente, tanto que se bradou às ruas das nossas cidades que o Brasil precisa ser um País solidário mas jamais um País submisso aos interesses internacionais, a Petrobras e a Marinha brasileira são a prova cabal de que estamos no caminho certo.

            Portanto, vale um esforço do Congresso Nacional, estudar melhor essa causa, dar um apoio mais consistente à área de pesquisa nacional.

            É preciso fortalecer muito profundamente todas as universidades. É preciso fortalecer o trabalho não apenas da Marinha, mas das Forças Armadas como um todo, haja vista que precisamos garantir a soberania nacional e a paz mundial.

            Portanto, Sr. Presidente, agradeço, mais uma vez, o convite que recebi e recomendo a V. Exª e aos Srs. Senadores que façam uma visita dessa natureza. Ali está o supra-sumo da inteligência nacional funcionando e provando ao mundo que é possível fazer coisas inimagináveis em um passado recente.

            Quero agradecer também a V. Exª a oportunidade que me concedeu e o tempo que ultrapassei. Agradeço, mais uma vez, ao Comandante da Marinha, Almirante Moura Neto, e ao Presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, a oportunidade que me deram de conhecer tão lindas experiências nacionais.

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/08/2007 - Página 28544