Discurso durante a 148ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Cobrança ao Governo Federal do repasse de recursos para o combate à seca no Piauí.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CALAMIDADE PUBLICA.:
  • Cobrança ao Governo Federal do repasse de recursos para o combate à seca no Piauí.
Aparteantes
Marco Maciel, Mário Couto, Papaléo Paes, Wellington Salgado.
Publicação
Publicação no DSF de 04/09/2007 - Página 39857
Assunto
Outros > CALAMIDADE PUBLICA.
Indexação
  • RECLAMAÇÃO, NEGLIGENCIA, GOVERNO FEDERAL, ATRASO, REPASSE, RECURSOS, ATENDIMENTO, VITIMA, SECA, ESTADO DO PIAUI (PI), COMENTARIO, NOTICIARIO, IMPRENSA, COBRANÇA, PROVIDENCIA, MINISTERIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL.
  • CRITICA, CONGRESSO NACIONAL, AUSENCIA, APRECIAÇÃO, VETO (VET), PRESIDENTE DA REPUBLICA, ESPECIFICAÇÃO, IMPORTANCIA, DERRUBADA, VETO PARCIAL, RESTRIÇÃO, ORÇAMENTO, SUPERINTENDENCIA DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE (SUDENE), PERDA, POSSIBILIDADE, AUXILIO, SECA, REGIÃO NORDESTE, PROTESTO, REDUÇÃO, REAJUSTE, APOSENTADORIA, SUGESTÃO, PRESIDENTE, SENADO, EXAME, MATERIA.
  • REPUDIO, DECLARAÇÃO, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), AMBITO, CONVENÇÃO NACIONAL, SUGESTÃO, FECHAMENTO, SENADO, PROTESTO, AUTORITARISMO.
  • COMENTARIO, LEITURA, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, DIARIO DO POVO, ESTADO DO PIAUI (PI), AVALIAÇÃO, ATUAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), CONTRADIÇÃO, PERIODO, EXERCICIO, OPOSIÇÃO.
  • PROTESTO, DEMORA, GOVERNO, CONSTRUÇÃO, PONTE, ESTADO DO PIAUI (PI).

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Alvaro Dias, Senadoras e Senadores presentes, brasileiras e brasileiros no plenário, e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, este é o melhor Senado em 183 anos da República, Senador Tião Viana! Atentai bem! Segunda-feira, 3 de setembro. Buscai, nos Anais do Congresso: setembro já era Semana da Pátria, ninguém trabalhava. Este Congresso não vai faltar à Pátria. Em verdade, em verdade eu vos digo... Ó Senador Mário Couto, desliga esse telefone aí! Senador Mário Couto, veja daqui o nosso compromisso com a verdade. Ó Senador Romeu Tuma! Nós temos que buscar a verdade. Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Esta Casa está buscando a verdade. Hein, Senador Tião Viana? A verdade - não podemos arredar-nos da verdade. Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Sem verdade aqui, está todo mundo traindo a Pátria.

            Eu queria dizer que Sêneca, o grande filósofo, não era nem de Atenas nem de Esparta, era de uma cidade. Ele disse: “Não é uma pequena cidade; é a minha cidade”. Senador Marcos Maciel, eu digo “sou do Piauí!!” Aqui, no Diário do Povo, jornal do Piauí, vejam as manchetes: “Dinheiro para socorrer vítimas da seca não vem”. Só conversa esse Governo de Luiz Inácio. A primeira página do jornal Diário do Povo anuncia que o dinheiro para socorrer as vítimas da seca não vem. Foi lá o Governo, prometeu e está aqui.

            Mas há uma notícia boa. Barra se classifica como primeiro do seu grupo. Barra é um time de uma cidade cujo prefeito é do PMDB, Maninho Rego; e nós estamos ganhando de Manaus e outros.

            Agora, o interessante é essa charge do melhor chargista. Senador Mário Couto! Bota grande aí essa televisão... Quando é a turma do PT, a Ideli, a imagem sai grandona; quando somos nós, da Oposição, sai pequenina. Sai igual a um outdoor... Vou ver à noite: se estiver pequeno, o Presidente é o Senador Alvaro Dias agora, e nós vamos... Olhe aí, é a TV Senado.

            Veja esta charge: Mão Santa com um índio aqui e com um canhão, atirando no Luiz Inácio. Gostei do chargista. É danado de bom. Mas não é isso aqui não.

            “Senador propõe mudança em concurso” - é o pedido. Está aqui: “Recursos anunciados não chegam”. Li, há poucos dias, um discurso do Deputado Roncalli Paulo, que é tucano, denunciando o flagelo da seca no semi-árido. “Recursos anunciados por [nosso amigo] Geddel ainda não chegaram ao Piauí.” Wellington Salgado, V. Exª é que é bom de arrancar esses recursos. O Piauí é um prolongamento das suas Minas Gerais. “Dois meses após o anúncio de R$2 milhões para o Piauí, os flagelados ainda esperam pelo carro-pipa.”

            Eu iria fazer um requerimento para o nosso grande Ministro do PMDB, Geddel Quadros Vieira Lima, cumprimentando-o, com aquele rapapé, para ele ajudar, já que 40% do Piauí faz parte do semi-árido, e as pessoas estão com sede. Está na Bíblia: “Dai de beber a quem tem sede e de comer a quem tem fome”. Isso é elementar, mas o Governo do Luiz Inácio não faz nada nesse sentido. Está aqui o jornal.

            O Sr. Marco Maciel (DEM - PE) - Nobre Senador Mão Santa, V. Exª me concede um brevíssimo aparte?

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Eu gostaria de que seu aparte fosse longo, longilíneo, como o seu biotipo. Então, V. Exª dispõe do tempo que quiser no meu pronunciamento.

            O Sr. Marco Maciel (DEM - PE) - Agradeço a V. Exª. Nobre Senador Mão Santa. Quero congratular-me com V. Exª pela sua intervenção e chamar a atenção para as dificuldades vividas pelo Nordeste, sobretudo, com a ameaça de uma grave seca. Vi, pelos jornais e pelas informações recebidas que o Estado do Piauí é um dos mais atingidos. Portanto, quero solidarizar-me com V. Exª - e por que não dizer também - com a população dos outros Estados do Nordeste, inclusive com a de Pernambuco e esperar que o Governo Federal esteja atento às vicissitudes por que passa a região Nordeste. Conseqüentemente, possamos ter providências do Governo Federal que mitiguem o sofrimento do povo sertanejo neste momento.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Senador Marco Maciel, Senador Wellington Salgado, que é um Líder desse Partido, adverti muito o Senador Renan Calheiros. Eu cansei dizer aqui: “Renan, seja firme! Tenha firmeza! A fraqueza de V. Exª está evidente, quando V. Exª não teve a coragem de trazer um veto do Presidente da República. É do jogo democrático”.

            Ó Tião, eu sei das coisas! Se o Luiz Inácio não quis estudar para compreendê-la, eu li L’Esprit des Lois, de Montesquieu. São vinte volumes. Então, ele tem direito de vetar? Tem. Eu não vou tirar o direito do Luiz Inácio, ele é o Presidente; mas esta Casa, o Presidente do Congresso, Renan Calheiros, tem a condição de legalmente mandar buscar o veto para ser discutido aqui.

            É uma vergonha! Entraram na Justiça, e eu adverti. Entraram na Justiça, envergonhando a nossa Casa, porque o Congresso não traz para cá. Está vendo, Tião? Se V. Exª demorar na Presidência,...

            Ô Marco Maciel, por que é oportuno? Eu governei o Estado do Piauí. Teve seca, ó Papaléo! Mas havia um instrumento que nos ajudava: a Sudene. Ó Marco Maciel, você se lembra de que eles tinham o Dr. Leonides, do Piauí. Mas ele era específico disso e ficou ajudando os Estados do Nordeste com um pessoal que tinha know-how. A Sudene nós a criamos, e Luiz Inácio vetou o seu oxigênio: o orçamento da Sudene. Por isso, está essa desgraceira: todo mundo morrendo com sede e com fome. Visitei Fernando Monteiro, extraordinário Secretário de Defesa Civil. Roncalli Paulo, Deputado Estadual, que está chorando e implorando esses recursos, também foi da Defesa Civil. E a Sudene era fundamental.

            Ô Renan, e o veto que nós demos? Nós, os pais da Pátria, o melhor Senado da história. Para os velhinhos, 16,7%. O Luiz Inácio vetou e deu só 3,4% para os velhinhos aposentados. Isso tinha de voltar para cá para ser rediscutido e colocar esses “caras”, os 300 picaretas que o Lula denunciou no passado para podermos botar em outdoor. Por que eles não trazem para cá? Porque eles tinham de aparecer e rediscutir quem votou com os velhinhos 16,7%. Quem é que quer enterrar e está matando os velhinhos aposentados?

            E a vergonha é quando Luiz Inácio, não temente a Deus, dá 140% de aumento para os aloprados, os 24 mil que foram nomeados sem concurso. O maior deles ganha R$10.448,00, DAS 6. É, Tião...

            Então, isso tudo é isso. E chega um pilantra lá no congresso do PT para pedir para fechar o Senado. Tião Viana, isso foi um tapa na sua cara. Eu sei que Cristo disse que se deve dar a outra face, mas eu sou é do Velho Testamento: “Olho por olho”. E aquele pilantra, no congresso, pediu para fechar o Senado, porque aqui estão os machos do País, que não vão deixar isto seguir Fidel Castro, o Chávez, o Equador, a Venezuela, a Bolívia e a Nicarágua, ô Luiz Inácio. É... Pediram isso no congresso do PT. Aqui não tiram.

            Tiraram o Boris Casoy, Luiz Inácio. Aqui não tiram porque o Piauí não deixa. Entendem a diferença?

            Mas aqui vai, e eu vou ler um artigo e trouxe este jornal. Ô Alvaro Dias, eu sou franco mesmo. Eu disse. Pensam que eu não disse? Eu disse para o nosso Presidente: “Olhe, rapaz, tire licença. Se eu fosse você...” Eu digo mesmo. “Chame o Tião, mande ele dirigir esse processo, e chame o Alvaro Dias para levar o barco do plenário, porque aí muda.” Eu disse. Eu sou franco. Não tem negócio de... Eu sou do Piauí. Está no Hino: “Piauí, terra querida, filha do sol do equador”. Na luta, teu filho é o primeiro que chega. Nós é que botamos os portugueses para fora desta Pátria, na Batalha do Jenipapo.

            Então, o requerimento para o meu amigo Geddel Vieira acudir os que estão morrendo lá. Mas por que eu trouxe este jornal? É do Piauí. Olhem bem. Eu gostei da charge: um canhão e “buff”. Mas há um artigo aqui muito bom. E é raro. Parece até que sou marqueteiro do Diário do Povo, mas não sou não. Já falei desse cara, que era o Carlos Castello Branco, do Piauí.

            Romeu Tuma... MST bom é Mão Santa e Tuma. Esse é o MST do bem. Zózimo Tavares. Eu disse... Ô Wellington Salgado, V. Exª tem orgulho da história de Minas, e o melhor jornalista da história do Brasil foi Carlos Castello Branco, do Piauí. Havia a coluna do Castellinho, na ditadura. Ele tinha essa coragem própria de nós piauienses. Mas, olhem aqui, Zózimo Tavares é a reencarnação. Esse artigo é tão importante, porque ele é um iluminado, é da Academia de Letras, autor de livros. Isso já ressaltei. Tuma, eu nunca o vi repetir artigos de outros autores. Ele que é o nosso Carlos Castello Branco. Isso me chamou a atenção. Escreve bem, é acreditado, é da Academia de Letras, ajudou Evandro Lins e Silva a fazer seu último livro.

            Então, ele transmitiu... Aí, Mário Couto, eu chamei. E de quem é? De Tomaz Teixeira, um jornalista que combateu a ditadura, na ditadura mesmo. Foi Deputado Estadual, bravo jornalista e presidente do PMDB nos anos difíceis, de chumbo. Aí ele transcreveu. Pensei: é uma anomalia, esse artigo deve ser bom. Porque o Zózimo, inspirado, escreve bem, não precisa copiar. E esse Tomaz Teixeira foi o homem que mais ajudou Alberto Silva a crescer. Alberto Silva, que foi nosso companheiro. Ele era o líder do Alberto Silva. E pensei: isso tem alguma coisa... Como é que o Zózimo está escrevendo... Ele escreve tão bem, talvez seja o melhor jornalista hoje da nossa Pátria, como Carlos Castello Branco foi no passado. “E se o PT fosse oposição?” Achei estranho, o Zózimo... Olhem aí o que diz Tomaz Teixeira:

Os brasileiros não aceitam petistas e o próprio Presidente Lula dizerem que o escândalo do mensalão não atingirá o presidente da República. Diante de tanta hipocrisia, de tanto descaramento político, é de se perguntar: como seria o escândalo do mensalão se o PT estivesse na oposição?

            Wellington Salgado, já lhe concedo o aparte. Deixe-me terminar o pensamento do jornalista, que é seu e de Minas.

Imagine o escândalo do mensalão, num eventual governo de José Sarney, FHC ou de Itamar Franco [nosso bom mineiro!]. Aquele PT, o partido mais radical dos últimos 50 anos no Brasil, teria um comportamento demolidor e destrutivo. As bandeiras vermelhas com o 13 do PT [...] tomariam conta das ruas com os militantes desses partidos. E gritariam o refrão muito usado [...]: “Fora fulano!”, “Fora beltrano!”, “Fora cicrano!”, “Impeachment Já!”, “Chega de roubalheira!”, “Xô ladrões!”

Lula, com cara amassada de insônia por noite mal dormida pela vergonha do escândalo do mensalão, execrando o PT e seu governo, com a denúncia dos 40 larápios com estreita ligação com o Palácio do Planalto, diz na televisão que o acatamento da denúncia contra os envolvidos serve para mostrar para o mundo a maturidade política do País e a liberdade das instituições em julgar o seu governo, o que caracteriza a estabilidade de nossa democracia. Que tal?

Se o PT fosse oposição, o Genoino rodaria a baiana na Câmara com cara de guerrilheiro frouxo; Mercadante arregaçava o seu bigode de paladino da moralidade pública, querendo uma CPI para apurar tudo e derrubar o presidente; Suplicy ficaria pregando o impeachment do presidente, em nome da decência e da ética; José Dirceu, com a cara de falso paladino da moral, pregava eleições já para aproveitar o escândalo e ter a chance quem sabe de emplacar Lula no poder; Marta Suplicy não perdoaria, aproveitaria para fazer um apelo às mulheres para que fossem às ruas e, juntas, ajudassem a pedir a destituição do presidente. Marta, com muita ira e vermelha de cólera, com certeza não conseguiria relaxar nem gozar. Todos dariam os braços e sairiam puxando o cordão de revoltados ao longo da Avenida Paulista, ex-palco de pregações e encenações de moralidade política dos petistas.

Mas, infelizmente o PT não está mais na oposição. De estilingue, passou a vitrine e agora é o maior símbolo do seu descalabro político, sem ética e sem moral. A corrupção, a ladroagem, a desfaçatez e a falta de vergonha apodrecem o partido que nasceu em nome da ética.

            Texto de Tomaz Teixeira, ex-presidente do PMDB do Piauí. Zózimo abriu sua coluna, e essa é a voz dos piauienses.

            Mas, Romeu Tuma, estamos aqui mostrando essa reação. E um quadro vale por dez mil palavras. Tenho aqui uma prova, o Senador Almeida Lima, que é de Aracaju. Modelo da ponte do Sesquicentenário de Teresina. Copiaram a de lá, estão há seis anos fazendo, e o Governo parado. Esse Governo aí. No mesmo rio, Mário Couto, com o dinheiro dos piauienses, operários piauienses, engenheiro do Piauí, construtora do Piauí, Lourival Parente, eu fiz uma ponte em 87 dias. E esse Governo, desde o início, está aí já com quase seis anos, e fizemos em 87 dias. O Heráclito fez, no mesmo rio, uma ponte em cem dias. É isso. As obras não terminam, é ladroagem, não tem dinheiro que chegue. É a corrupção.

            Com a palavra o Senador Wellington Dias, essa riqueza... Foi uma ofensa realmente, porque você é o Wellington Salgado. Desculpe-me. É aquele sal que está na Bíblia e que representa a grandeza de Minas Gerais.

            O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Obrigado pelo aparte, mas o aparte era para ser feito no início do seu pronunciamento. Quer dizer, V. Exª falou de tantos assuntos, inclusive esse. Para mim, é uma honra muito grande ter um nome igual ao do Governador do Estado de V. Exª. Entendo perfeitamente a posição de V. Exª, que, no momento político, está contrário ao Governador. De qualquer maneira, se eu tivesse também o nome de Mão Santa, para mim também seria uma honra. Agora, Ex-Governador e atual Senador, no momento em que eu ia fazer o aparte a V. Exª era para falar de Floriano, uma cidade do Piauí pela qual eu tenho o maior carinho. Sei que lá não há problema de água, basta cavar um pouquinho que a água jorra. Conheço muito bem aquela região. Se fosse possível montar uma canalização para a região, que tem problema de água no Piauí, com certeza, aquela região iria contribuir muito para o Piauí. V. Exª sabe que o Piauí tem o maior lençol freático do Nordeste. Parece que foi colocado tudo embaixo do Piauí. Se V. Exª pegar o mapa, vai ver que água embaixo do Piauí não falta. Então, era só esta colocação, mas depois vieram tantos assuntos que vou ficar só neste, porque o Senador Papaléo também queria fazer um aparte a V. Exª. Quero, finalmente, dizer que eu tenho um carinho especial pela cidade de Floriano, do Estado de V. Exª, que costumo freqüentar de vez em quando e estou até com saudades de ir lá.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - A cidade de Floriano é abraçada pelo rio Parnaíba, que nos separa ou nos une ao Maranhão. O Piauí tem 19 rios, seis perenes, onde a água jorra. V. Exª sabe que o Piauí é o Estado do Nordeste que tem mais fronteira. Nós fazemos fronteira com o Ceará, com a Paraíba e com Pernambuco. Quarenta por cento do Estado está no semi-árido e há mais de uma centena de cidades dessa região que não tem água.

            É como Minas. Deus deu muito ouro para Minas, deu aquela figura do Tiradentes, que se sacrificou num momento melhor do que este, quando o Governo cobrava um quinto de imposto; agora é uma banda, uma meia. Quando veio a derrama e Tiradentes se sacrificou, o imposto, Papaléo, era um quinto, 20%; agora é a metade, é uma banda. Não quero que V. Exª dê o pescoço, mas Minas, que tem tanta gente boa, como Juscelino, que foi humilhado aqui e cassado.... É melhor ser otimista, porque o otimista pode errar, mas o pessimista já nasce errado e continua errado.

            Eu queria dizer que a mulher mais bonita do Brasil hoje é mineira. Fui convidado para dar um troféu a ela. Ela foi ao Piauí, convidada pelo nosso cronista social maior, o Nelito Marques, o nosso Ibrahim Sued. Ele me chamou para entregar o troféu da Miss. Eu estava na festa, e ele insistiu para eu falar. Falar em festa é chato. Sabemos disso, não é, Tião? Ele disse: “Diga alguma coisa.” No meio, eu só disse: “Ela empata com a Dona Adalgisa.” Quando cheguei à mesa, eu disse: “Menti. Que não me levem para o Conselho Ética, porque ela perde mesmo.”

            Mas quero dizer que Deus não deu uma praia para Minas. Então, façam uma lei aqui, um decreto: a praia de Minas tem de ser a praia do Piauí, do delta do rio Parnaíba, que tem 66 quilômetros. Então, façam uma lei boa.

            Mário Couto, quero ir à Ilha de Marajó.

            O Sr. Mário Couto (PSDB - PA) - V. Exª me concede um aparte?

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Concedo.

            O Sr. Mário Couto (PSDB - PA) - Para mim, seria uma grande honra receber V. Exª na Ilha de Marajó. Tenho certeza de que V. Exª já tem, naquela ilha, vários fãs, porque V. Exª defende os direitos daqueles mais necessitados. Eu queria apenas lhe perguntar uma coisa, que quero anotar aqui: como é o nome desse jornalista que escreveu essa matéria que V. Exª leu? Eu queria mandar um e-mail para ele, parabenizando-o pela singular inteligência que ele tem e pela grande realidade que expressou nessa matéria que V. Exª leu. Se V. Exª puder me dizer o nome agora, tudo bem. Senão, ao descer da tribuna, empreste-me esse jornal. Quero saber o nome desse jornalista, porque pretendo passar um e-mail para ele, pela brilhante reportagem que fez.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - O pai da coluna é Zózimo Tavares, é ele que sempre escreve. Mas ele cedeu - aí me chamou a atenção - para um jornalista, que foi Deputado, foi Líder do Senador Alberto Silva - e o Senador Alberto Silva deve muito da sua grandeza política -, foi Presidente do PMDB, e hoje tem um site. Ele escreveu lá, e o Zózimo captou e colocou aqui. E eu trago para o Senado Federal e para o Brasil ouvirem a voz dos piauienses.

            O Sr. Mário Couto (PSDB - PA) - Muito feliz essa reportagem. Quero parabenizá-lo pela sua brilhante explanação na tarde de hoje e quero, mais uma vez, dizer que tenho profunda admiração por V. Exª.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Senador Papaléo Paes, acho que vou conhecer a Ilha de Marajó antes do seu Estado. É o único que não conheço. Ao do nosso amigo Tião Viana eu já fui. Que beleza de Estado, de gente, de administração. O Amapá de V. Exª eu não conheço. Será que vou receber o convite do Senador Gilvam Borges? V. Exª vai deixá-lo passar na frente?

            O Sr. Papaléo Paes (PSDB - AP) - Não, vai ser meu o convite. Vamos preparar uma festa muito bonita para V. Exª, que é muito querido no meu Estado e que merece. Daqui a pouco, vou fazer uso da palavra e vou fazer uma referência sobre esse congresso, sobre esse encontro do PT, no qual muitos assuntos discutidos internamente atingem outros partidos. Ou seja, já perderam a ética nesse sentido. Mas quero registrar e lembrar ao povo brasileiro que o pilantra a que V. Exª se refere, que é esse tal de Ricardo Berzoini, já era chamado de pilantra pelos velhinhos, quando ele foi da Previdência Social e fez os velhinhos irem, até de maca, fazer seu recadastramento nos postos de recadastramento. Esse cidadão, que me parece ser de um regime totalitário, faz uma proposta de extinção desta Casa, do Senado Federal. Realmente, isso é mais um chamado de atenção para nós. Eu já fiz um pronunciamento sobre o assunto. Mais uma vez, chamo a atenção de todos para o risco que nós corremos na nossa democracia. Nós estamos vendo um caminho para o “chavismo”, e este é mais um sinal, porque esta Casa é uma casa da resistência, e o Governo sabe que não “pinta e borda” aqui dentro. Ele sabe muito bem disso. Então, nós temos que zelar por esta Casa, repudiar a ação desse homem, desse cidadão e dizer que o brasileiro precisa manter o seu regime democrático, porque este povo nasceu com a democracia e não pode se entregar para um Partido que teve, no início da sua formação, o fingimento de ser um Partido democrático. Muito obrigado.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Agradeço, incorporo e aceito o convite de ir...

(Interrupção do som.)

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Eu gostaria de concluir, Sr. Presidente Alvaro Dias, do Paraná, com a nossa fraternidade da Boca Maldita, pela qual fui homenageado.

            Para concluir, Sr. Presidente, eu gostaria de dar um conselho ao Presidente Renan Calheiros.

            Renan Calheiros, cada qual no seu cada qual, como diz um filósofo do Piauí, Virgílio Néri. Eu não sou do Conselho de Ética. Parece-me que ele vai se reunir na quarta-feira. Na terça-feira, Senador Renan Calheiros, traga para cá esses vetos. Ô Renan, estou lhe dando uma saída! É aí que V. Exª vai mostrar para o País a firmeza. Agora, pega o telefone, reúne e manda os vetos. Mande, por exemplo, o dos velhinhos, aquele em que o Luiz Inácio diminuiu o aumento. Nós demos 16,7%, e ele baixou para 3% ou 4%. Mande o da Sudene, pois estão morrendo na seca, e isso era papel da Sudene. Isso é para nós discutirmos. Mande também o da Anac. Um Deputado Federal fez uma emenda, que ele vetou, pela qual este Congresso poderia destituir quaisquer desses diretores que não tivessem competência para exercer os cargos. Isso para começar.

            O Senador Tião Viana, com sua inteligência privilegiada, tem outros vetos, que deveriam ser discutidos. Ele é para isso, Luiz Inácio.

            Quando eu era prefeitinho, os vereadores derrubaram meu veto. Quando era governador, os deputados estaduais derrubaram meu veto. Não estou aqui, Presidente Luiz Inácio, humilhado. Não! Estou exaltado, porque faz parte do entendimento do jogo democrático.

            Então, encaminharei, Sr. Presidente, este requerimento ao Ministro Geddel Quadros Vieira Lima, para minimizar o sofrimento do povo que enfrenta a seca no Estado do Piauí.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR MÃO SANTA EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Ofício ao Ministro Geddel Quadros Vieira Lima”.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/09/2007 - Página 39857