A SRª ROSALBA CIARLINI (DEM - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada, Senador Mão Santa. V. Exª, presidindo os trabalhos desta tarde, deixa-nos realmente muito tranqüilos por esta sua característica democrática e de solidariedade para com os colegas.

            Sr. Presidente Mão Santa, Senador José Agripino, meu Líder, Senadoras e Senadores, gostaria, inicialmente, de falar sobre um fato que vivi no último final de semana, quando retornei, mais uma vez, ao meu Estado. E esta é uma rotina na nossa vida de Senadores, ou seja, semanalmente, irmos aos nossos Estados visitar as mais diversas regiões, entrar em contato com a população, ouvir a voz rouca das ruas, o grito do povo, para podermos, nesta Casa, unindo as nossas idéias e sentimentos, trabalhar em busca de melhores dias para o nosso Brasil e os nossos Estados.

            Pois bem, Senadores, estive em Natal, nossa capital, e também na cidade de Mossoró, minha terra natal. Lá visitei uma das maiores feiras de indústria e comércio que se realiza no Estado, uma feira que começou há vinte anos, ou seja, já está na sua vigésima edição. Por doze anos, como Prefeita, tive a oportunidade de incentivar, estimular, apoiar, enfim, de ver aquele evento crescer e agigantar-se, mostrando a força do nosso povo, o potencial da região oeste do nosso Estado para a indústria, para o comércio, para o desenvolvimento das mais diversas atividades, tais como a petrolífera, a agroindustrial, a salineira e a relacionada à carcinicultura.

            Essa feira tem sido um marco também nesse momento em que a cidade é reconhecida como um pólo de desenvolvimento econômico, que brilha exatamente pelo potencial e pela força de trabalho de seu povo, e que tem tudo para alavancar o desenvolvimento do interior, prioritariamente a região oeste, estendendo-se também pelas regiões vizinhas.

            Na Ficro - Feira Industrial e Comercial da Região Oeste, que visitei nesse final de semana e onde tive a oportunidade de passar por praticamente todos os stands - e eram cerca de trezentos -, emocionei-me em alguns momentos. Fui Prefeita da cidade e percebo agora o aumento no setor imobiliário, Senador Mão Santa. Empreendimentos imobiliários surgem verticalizando a cidade; não um ou dois, mas dezenas, muitos! Impressionante! E todos com bastante aceitação e sucesso, mostrando realmente a força de uma cidade que hoje também é um pólo educacional. Quando prefeita, já chegavam mais duas universidades, e a Esam (Escola Superior de Agricultura de Mossoró) hoje já é uma universidade federal. Temos novos cursos, como os de Medicina e de Enfermagem. Isso também é um ponto importante no desenvolvimento da região.

            Mas o crescimento imobiliário tem também outra razão, daí a minha alegria. Trabalhamos muito, lutamos muito, defendemos muito o saneamento básico para a cidade, cujo índice, no início da minha administração, era de 8% e, ao final, era de cerca de 60%. E esse trabalho vem tendo continuidade, graças à importância que mostramos ter os investimentos nesse setor para a saúde, para o desenvolvimento, para a atração de novos investimentos na área da indústria e do comércio.

            Tudo isso nos traz alegria, Senador Agripino. V. Exª esteve na feira, conhece a cidade, que também é sua cidade, viu o quanto ela se agigantou, com novos empreendimentos, novos hotéis, um shopping que chegou à cidade, o distrito industrial que está consolidado, e V. Exª viu a nossa luta para aproveitar o gás, trazendo essa energia barata. Assim foi possível também atrair para aquela cidade um pólo ceramista, um pólo de porcelanato e tantas outras indústrias que vêm ali se firmando.

            Por isso, minha alegria e satisfação por estar na minha cidade, com o meu povo, com os meus irmãos, visitando aquela feira, encontrando pessoas não somente da cidade, mas de outras regiões, de outros Estados, até do exterior. Realmente, estávamos certos quando investimos na educação, na saúde, no saneamento, na infra-estrutura, no distrito industrial, de forma a estruturar Mossoró para esse salto de desenvolvimento.

            Concedo um aparte ao Senador Agripino.

            O Sr. José Agripino (DEM - RN) - Senadora Rosalba Ciarlini, V. Exª faz, com muita propriedade, pronunciamento sobre a realização da Ficro, em Mossoró, nossa cidade. Cheguei à Ficro - encontrei V. Exª, que já estava - às dez e meia da noite, porque tive um compromisso antes, em Macaíba, a inauguração de uma obra com o Prefeito Fernando. Como disse o Presidente da Acim, Vilmar Pereira, fui eu que, quando Governador, criei a Ficro. Fazia tempo que eu não ia lá, e fiquei orgulhoso do que vi. É o que V. Exª diz: fiquei orgulhoso da minha cria. Só que a cria não é minha; é sua, Senadora Rosalba, porque a Ficro é hoje o que é pela Prefeita que V. Exª foi. A cidade de Mossoró se arrumou. Era esburacada, feia, até que por lá passou a Prefeita Rosalba, que, em três mandatos, transformou Mossoró em uma cidade com mais de 50% de sua área, principalmente a área pobre, com saneamento básico - e muito antes de saneamento ser moda. Hoje, é moda saneamento, mas em seu tempo de Prefeito não era. V. Exª, que é médica pediatra, foi quem levou a peito a tarefa, dando um salto qualitativo na cidade, voltando para os pobres a saúde pública preventiva, assim como melhorou, e muito, o padrão cultural, pelas manifestações. V. Exª estimulou, com o Auto da Liberdade, com Chuva de Bala. V. Exª criou a Estação das Artes. Para os que não conhecem Mossoró, V. Exª transformou a antiga estação ferroviária desativada em um grande centro cultural, um enorme centro cultural, onde se encena o Auto da Liberdade com três mil figurantes. Na época da encenação, a TV Globo vai para lá. Mas poucos sabem que foi V. Exª que fez isso. Assim como foi V. Exª que fez o teatro Dix-Huit Rosado, um teatro que Natal não tem igual. A sua Recife, Senador Sérgio Guerra, olhe lá, se tiver um teatro à altura do teatro que a Senadora Rosalba fez em Mossoró. Tudo isso possibilitou que Mossoró tivesse suas avenidas Norte, Sul, Leste e Oeste, as obras de infra-estrutura que V. Exª fez, com a promoção social que V. Exª dedicou aos mais pobres, incorporando atividades produtivas, fomentando, como fomentou, na área rural, o cultivo comunitário de frutas como o melão, gerando emprego e renda, com a batalha pela implantação da Itagres, fábrica de cerâmica instalada de forma irreversível em Mossoró. V. Exª construiu de forma sustentada o que Mossoró exibe hoje, capaz de mostrar uma Ficro com trezentos stands de empresas, o que nos orgulha a todos. Mas isso tem uma história. São 12 anos de Prefeitura competente, séria e de mãos limpas. V. Exª é uma pediatra que tem quanto tempo de vida pública? Vinte anos? O que se questiona com relação à vida pública de V. Exª? Nada. O que V. Exª tem é uma folha de serviços prestados, uma folha limpa, do ponto de vista de padrão ético. Divido a alegria de ter ido também à nossa Mossoró visitar a Ficro. Fiquei lá até 1 hora da manhã. Terminei visitando o stand da Associação Comercial e Industrial de Mossoró (Acim), na companhia do Presidente Vilmar Pereira, nosso conterrâneo, para ter a felicidade de perceber o crescimento da economia da nossa cidade. Eu, que fui o idealizador e, digamos, o patrocinador da I Ficro, credito o sucesso da XX Ficro inteiramente à ação de V. Exª como Prefeita. Cumprimentos e parabéns.

            A SRª ROSALBA CIARLINI (DEM - RN) - Obrigada, Senador José Agripino.

            Gostaria também de reforçar a sensibilidade de V. Exª, como Governador, ao apoiar eventos como a Ficro, não somente em Mossoró, mas em todo o Estado.

            Hoje, as feiras de indústria e comércio estão disseminadas em todas as regiões, o que é de uma importância muito grande, para que haja intercâmbio, conhecimento e prosperidade dos negócios no interior e no Estado como um todo.

            Quanto ao saneamento básico, V. Exª acompanhou minha luta e meu sonho de ter a cidade totalmente saneada. Quase chegamos a essa façanha, graças também ao seu apoio, já como Senador, ao lado de Parlamentares da nossa terra, como o Deputado Betinho Rosado, que reconheço o quanto defendeu o saneamento, e toda a Bancada, que nunca se negou na hora em que era necessário o investimento. Mas a cidade de Mossoró, com recursos próprios, fez muito na área de saneamento. O que mais nos alegra, como V. Exª colocou, é que começamos pela área mais pobre.

            Senador Mão Santa, V. Exª é médico. Eu acompanhava as estatísticas da redução de doenças, da mortalidade infantil, e sabia o quanto o saneamento contribuía para aqueles índices de melhoria social e de saúde.

            V. Exª mencionou muito bem que não era moda. Era a época em que todos diziam que político que fazia saneamento básico era esquecido, por se tratar de obra enterrada. Eu disse muitas e muitas vezes, tantas que até já esqueci o número, dezenas, centenas, milhares de vezes, em várias ocasiões: “Vamos fazer saneamento básico para melhorar a saúde do povo, porque o que me interessa não é obra que tem visibilidade, mas a fisionomia do povo, uma fisionomia de saúde, de bem-estar, de qualidade de vida, que sei que o saneamento básico proporciona”.

            V. Exª, que é médico, sabe, assim como o Senador Agripino, que foi Governador, por sua experiência, da importância do saneamento. Cada real investido em saneamento básico são R$4,00 que economizamos na saúde. E a saúde do brasileiro vai mal. Precisamos de mais saneamento para melhorar sua qualidade, além, como V. Exª bem tratou, de mais recursos para as Santas Casas, para as unidades, já que o povo brasileiro não se nega a contribuir. O povo brasileiro contribui diariamente, a cada instante, ao fazer suas movimentações bancárias, com recursos para a saúde. Esses recursos, que vêm da CPMF, foram criados exatamente para serem direcionados à saúde. Que sejam totalmente direcionados à saúde, para servir ao povo do Brasil e do nosso Estado!

            Concedo um aparte ao Senador Sérgio Guerra.

            O Sr. Sérgio Guerra (PSDB - PE) - Senadora Rosalba Ciarlini, é muito importante o pronunciamento de V. Exª. Como Senador, como brasileiro, gosto muito de ouvir palavras que são mais do que comentários. São considerações em torno de fatos verdadeiros, reais. Nós, de Pernambuco, acompanhamos o Rio Grande de Norte com muita atenção, assim como a Paraíba. Temos muitos amigos lá. E há uma integração, em certas áreas, de Pernambuco com o Rio Grande de Norte. Mas há vários consensos no Rio Grande do Norte, e um deles é sobre o trabalho de V. Exª em seu Município, que V. Exª governou por 12 anos. Trabalho continuado e seguro, que tem começo, meio e fim, que tem conteúdo, que é amplo - não são apenas palavras, não é apenas festa, mas principalmente desenvolvimento -, esse trabalho nos falta no Nordeste, em geral, e em muitas áreas, em particular. Há um certo encantamento pelo sucesso rápido da propaganda, da comemoração dos carnavais fora de época. Nada tenho contra isso, mas é preciso haver uma ação que suporte o desenvolvimento econômico, que dê condições de a população melhorar mesmo, de o emprego chegar, instalar-se e continuar. Tudo indica que essa ação tem sido feita no Rio Grande de Norte, em Mossoró, com muita firmeza. Temos muita satisfação de tê-la aqui no Senado, pela sua discreta e firme movimentação. E essa é a opinião de todos os que conheço, não apenas de seu amigo e admirador, Senador José Agripino, mas de todos. Dou-lhe os parabéns pela sua palavra de hoje!

            A SRª ROSALBA CIARLINI (DEM - RN) - Muito obrigada, Senador. Quero dizer o quanto são importantes suas afirmações, com a preocupação de ouvir e de também saber um pouco sobre o Rio Grande do Norte e sobre a Paraíba. Esse é o nosso Nordeste. É o Nordeste para o qual queremos, juntos no Senado Federal, somar forças, a fim de que haja dias melhores, oportunidades de trabalho, menos violência, mais saúde e mais educação. Isso passa exatamente por essas questões que V. Exª abordou. Agradeço a V. Exª suas palavras, que me deixam muito emocionada!

            Foi um trabalho sério, uma política que chegou para servir, não para ser servida. Cheguei para cumprir com minha obrigação. Recebi do povo da cidade a confiança por três vezes. A pediatra saiu do consultório, para, na administração, poder fazer por aqueles mais pobres e mais carentes. Conheci, na rua e no trabalho do dia-a-dia, indo a casas, o sofrimento da mãe, da família. Daí por que nossas ações foram sempre feitas com a parceria do povo no Orçamento Cidadão, que criamos exatamente para ouvir a população e para executar, em cada rua, em cada bairro, de acordo com os recursos que tínhamos ou de que íamos atrás, a ação que viesse realmente beneficiar a população.

            Fiquei muito feliz, porque, ao final dos nossos mandatos, tínhamos recebido muitos prêmios: o de Cidade Empreendedora, do Sebrae; prêmios internacionais, como o da Fundação Ford; prêmios nacionais, como o do BNDES e da Fundação Getúlio Vargas. Aliás, foram prêmios que trouxeram mais recursos, para que fossem reinvestidos nas mais diversas ações. Cito ainda os que recebemos da Organização Mundial da Saúde, pela saúde da mulher. Foram muitos os prêmios de gestão; na área de saneamento, também foram vários. Todos foram diplomas que a cidade recebeu. É o reconhecimento pela adesão ao Amigo da Criança, enfim, por todas essas ações.

            Tudo isso me engrandeceu, mas o maior prêmio se deu quando, dois anos depois, candidata ao Senado da República, obtive uma votação inesquecível, nunca existente na cidade que administrei por três vezes. De um eleitorado de 150 mil pessoas, obtive 84% dos votos. É o povo dizendo que meu trabalho tinha sido, realmente, aprovado. Isso foi o que mais me gratificou, Senador.

            O que mais me emocionou foi receber do povo do Estado do Rio Grande do Norte a responsabilidade, a honra de vir aqui representá-los, sendo a primeira mulher a representar nosso Estado, trazendo a experiência do interior, a experiência de quem administrou uma cidade, de quem conhece de perto os problemas, porque os vivenciou. Não era no gabinete que eu resolvia as coisas, não! Elas eram resolvidas na rua, ouvindo o povo, o conselho sábio da população, procurando multiplicar o pouco que tínhamos, para ter muito mais; indo atrás de parcerias, estivessem no Brasil ou no exterior, como conseguimos com algumas fundações no exterior. Era a busca da experiência daqueles que já tinham administrado e que nos podiam dar soluções, como o Senador Agripino e muitos outros políticos da nossa cidade, unindo-nos sem discriminação, sem retaliação, para servir, para ver a cidade prosperar e encaminhar-se para o futuro, para ver as vocações da terra realmente terem seu espaço. E, hoje, é reconhecida como a cidade cultural do Estado, como a cidade do trabalho, que está crescendo a cada dia, fazendo com que as mais diversas atividades possam gerar emprego e renda.

            Foram mais de três mil pequenas e microempresas que fizemos, com o Programa Mão Amiga da Prefeitura, para que o pequeno pudesse ter sua oficina de fundo de quintal, sua pequena empresa e, principalmente, a dignidade do seu trabalho. Foi esse o trabalho que levei ao Rio Grande do Norte, de porta em porta, de rua em rua da cidade, para dizer que, nesta Casa, com essa experiência, quero ajudar todos os Municípios do meu Estado.

            É por isso, Senador Mão Santa, que, todo fim de semana, estou no meu Estado, nas mais diversas regiões, nas feiras, nos encontros, nos debates, nas palestras, participando das mais diversas atividades.

            Para finalizar, já que nossa preocupação maior é gerar emprego e renda, para que as pessoas possam ter, realmente, dignidade para enfrentar os desafios do dia-a-dia, gostaria de acrescentar que, como as feiras - que mostram o potencial da indústria, do comércio, dos serviços -, outros eventos precisam ser apoiados e divulgados, sejam os de negócios, os esportivos, seja a simples vaquejada, que acontece muito no seu Piauí, no Ceará e no Rio Grande do Norte, ou os eventos religiosos, como a festa das padroeiras, porque o nosso Nordeste tem uma característica natural para o turismo. Além das belezas naturais das nossas praias, que já são um atrativo, temos também de mostrar a força da nossa cultura. Temos de mostrar outros recantos do interior, tantos e tantos detalhes que pessoas de outras Regiões e de outros países não conhecem, pois a beleza atrai o turismo. Principalmente, temos de mostrar a força do nosso povo potiguar, sua hospitalidade - que é característica de todos os nordestinos.

            Todos esses eventos também levam ao desenvolvimento do emprego e da renda pelo turismo, uma atividade a que devemos, cada vez mais, dar condições de crescer no País. O Senador José Agripino sabe muito bem que, no Rio Grande do Norte, com a infra-estrutura que S. Exª implantou, com a visibilidade que deu às belezas do nosso Estado, começou o grande destino de Natal, a Cidade do Sol, uma capital belíssima, em que, hoje, o turismo impulsiona o desenvolvimento, gera emprego e renda.

            São essas questões que não queremos que fiquem restritas apenas à capital. Queremos que cheguem ao interior, porque, com o desenvolvimento por igual, de forma equilibrada, é que, realmente, vai haver um Estado e um povo com uma vida melhor, com mais oportunidades, e, conseqüentemente, um País melhor para todos.

            Eram essas as palavras que eu queria proferir, Senador Mão Santa. Agradeço a V. Exª a paciência, permitindo que eu falasse por algum tempo a mais. É importante fazer os relatos das visitas, do trabalho. Quando vamos ao nosso Estado, quando conversamos, quando ouvimos, estamos também trabalhando, para trazer a esta Casa a sensibilidade e a força do povo brasileiro.

            Muito obrigada.