Discurso durante a 154ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da matéria intitulada "Deportação recorde", publicada na revista Época, edição de 10 de agosto último.

Autor
Papaléo Paes (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AP)
Nome completo: João Bosco Papaléo Paes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA.:
  • Registro da matéria intitulada "Deportação recorde", publicada na revista Época, edição de 10 de agosto último.
Publicação
Publicação no DSF de 12/09/2007 - Página 31011
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, EPOCA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ACUSAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, AGILIZAÇÃO, DEPORTAÇÃO, ATLETA PROFISSIONAL, PAIS ESTRANGEIRO, CUBA, AUSENCIA, PRAZO, FORMALIZAÇÃO, PEDIDO, ASILO POLITICO.

            O SR. PAPALÉO PAES (PSDB - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Exmº Sr. Senador Flexa Ribeiro, Presidente da nossa sessão especial na tarde de hoje e autor do requerimento que nos ensejou esta bela festa de homenagem; Exmº Sr. Duciomar Costa, Prefeito da cidade de Belém do Pará, que foi nosso companheiro aqui no Senado Federal, onde exerceu sua função de Senador representando o Estado do Pará com muita dignidade, e cuja conduta nesta Casa queremos registrar, bem como a nossa admiração e a saudade que temos de S. Exª; S. Emª Revmª D. Orani Tempesta, Arcebispo de Belém; Srª Ann Pontes, Presidente da Paratur, aqui representando a Srª Governadora, também ex-Senadora, Ana Júlia Carepa; Exmº Sr. Deputado Nilson Pinto, representando a Bancada de Deputados Federais do Estado do Amapá; Sr. Presidente da Diretoria da Festa de Nazaré, Revmº Padre Ramos; demais autoridades presentes; senhoras e senhores, com muita honra também, registro que a TV Nazaré, que tem trinta repetidoras na Região Norte, está em cadeia com a TV Senado, dando oportunidade a que todos os habitantes da Região Norte que usam a fé como parte de suas vidas possam presenciar esta grande homenagem ao Círio de Nazaré, à Nossa Senhora de Nazaré.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, por mais que se queira e se esforce por fazê-lo, é difícil - se não impossível - traduzir em palavras o sentido, o significado e a dimensão do Círio de Nazaré. Dizer que é a maior e mais impressionante manifestação popular do mundo cristão ainda é pouco. Falar da gigantesca massa humana que se aglomera em torno da imagem que simboliza a Mãe do Deus feito Homem também é insuficiente para traduzir o espírito que move essa expressão pura de fé, de esperança, de gratidão, de religiosidade, enfim.

            O que me traz a esta tribuna, no instante em que o Senado Federal homenageia tão formidável acontecimento de cunho religioso e cultural, que se renova há mais de dois séculos, é a certeza de que verbalizo os mais sinceros sentimentos de minha gente amapaense. Sim, ainda que, em terras brasileiras, a origem do Círio se prenda a Belém, tendo na capital paraense seu núcleo central e mais conhecido, a prática se estendeu pela Região Norte, com ela interagindo de maneira natural e profunda.

            Veja-se, por exemplo, o caso do Amapá, que tenho a honra de representar nesta Casa. O Círio de Macapá acontece desde o já longínquo ano de 1934. Explicitando a vigorosa influência da cultura paraense sobre meu Estado, nosso Círio incorporou-se à cultura local e, em termos de religiosidade e da fé que anima os participantes, nada fica a dever ao modelo do qual se originou. A diferença, como seria natural, restringe-se tão-somente aos aspectos quantitativos, ao número de fiéis que dele participam, na proporção exata do número de habitantes de cada cidade.

            Tanto quanto em Belém, o Círio de Macapá ocorre, sempre, no segundo domingo de outubro. Em linhas gerais, obedece à mesma programação do de Belém. Por assim ser, nos dias que antecedem a data principal, a imagem sacrossanta de Nossa Senhora de Nazaré é trasladada também entre igrejas. Por meio de carreatas e de procissões, os macapaenses acompanham fervorosamente o cortejo que corta ruas, praças e avenidas da Capital nas mais diversas direções.

            O Senador Flexa Ribeiro fez uma narração do que acontece no Estado do Pará, que todos nós conhecemos - eu já acompanhei vários Círios no Estado do Pará -, e, lá no Amapá, nós, realmente, pegamos essa origem, essa cultura religiosa do Pará e conseguimos fazer também uma festa religiosa de Nossa Senhora de Nazaré que de fato nos deixa muito honrados.

            Adaptada às condições locais e plenamente incorporada à vida da cidade, a grande festa se desdobra nas mais distintas manifestações. Todas, sem exceção, voltadas para o mesmo objetivo: agradecer à Virgem Maria as graças alcançadas, buscar nela abrigo e proteção, além de cristalizar o sentimento de fé profunda que a todos anima. Assim, por todo o período de preparação e durante a culminância do Círio, Macapá participa de intensa programação religiosa, na qual se multiplicam as orações do terço, as missas e as pregações litúrgicas, sem faltar, é claro, o festivo arraial em honra de Nossa Senhora.

            Enfatizo, Sr. Presidente, Srs. Membros da Mesa, um aspecto do Círio em meu Estado que denota a extraordinária força popular de que se revestem suas celebrações. A população dos diversos bairros de Macapá, dos mais humildes aos considerados mais elegantes, assume, com alegria e disposição, a tarefa de organizar tudo e de tudo participar.

            Ao mesmo tempo, em clima de congraçamento absoluto, quando as diferenças sociais, econômicas, políticas e culturais são simplesmente esquecidas e superadas pela identidade na fé, setores do Estado também se sentem motivados a dar seu quinhão para o maior brilhantismo das comemorações. Órgãos do Executivo, do Legislativo, do Judiciário e do Ministério Público, por exemplo, se irmanam a associações profissionais, de moradores e de bairros para que, ano após ano, se consolide a tradição em torno do Círio de Macapá.

            De parabéns está o Senado Federal ao decidir-se pela homenagem ao Círio de Nazaré. Prova de sintonia fina com as mais legítimas manifestações da cultura popular brasileira, esta Casa interrompe por alguns momentos seus trabalhos rotineiros e volta a sua atenção para esses milhões de brasileiros que, em romaria, oferecem suas orações e exteriorizam sua crença no transcendente, sua inabalável fé em Deus, sua devoção à Mulher-símbolo da Cristandade.

            O Círio é justamente isso. Mais que uma festa trazida pelos colonizadores portugueses, ele se transformou em congraçamento de homens e de mulheres unidos pela fé. Muito mais que gesto mecânico de pessoas levadas pela rotina de tantos e tantos anos de celebração, o Círio de Nazaré é o momento do encontro de sentimentos elevados, aqueles sentimentos que, em suma, são o instrumento de humanização do próprio homem.

            Por isso faço este registro. Ao celebrar mais um ano de Círio, junto-me aos habitantes de minha terra, do meu Estado, o Pará, e de minha Região. Com eles, renovo minhas esperanças de um tempo melhor para todos. Com eles, renovo as súplicas dirigidas a Nossa Senhora de Nazaré, no comovido e humilde pedido de bênção a todos.

            Era o que eu tinha a dizer, e muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/09/2007 - Página 31011