Discurso durante a 149ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Voto de lembrança ao ensejo, no dia 8 do corrente, do vigésimo aniversário da morte de Marcos Freire.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Voto de lembrança ao ensejo, no dia 8 do corrente, do vigésimo aniversário da morte de Marcos Freire.
Publicação
Publicação no DSF de 05/09/2007 - Página 30045
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • LEITURA, JUSTIFICAÇÃO, REQUERIMENTO, HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE MORTE, MARCOS FREIRE, EX SENADOR, EX-DEPUTADO, ELOGIO, ATUAÇÃO, ATIVIDADE POLITICA, OPOSIÇÃO, DITADURA, PARTICIPAÇÃO, REDEMOCRATIZAÇÃO, PAIS, QUALIDADE, EX MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA REFORMA E DO DESENVOLVIMENTO AGRARIO (MIRAD).
  • DEFESA, NECESSIDADE, BRASIL, VALORIZAÇÃO, CULTURA, MEMORIA NACIONAL, RECONHECIMENTO, EMPENHO, POLITICO, DEMOCRACIA.

     O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Para encaminhar. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o vigésimo aniversário de falecimento do Senador Marcos Freire não poderia passar, jamais, em branco.

     Requeiro, aliás, que esse voto de lembrança seja levado, após aprovado pelo Senado Federal, ao conhecimento da viúva do Senador Marcos Freire, Srª Maria Carolina Vasconcelos Freire, e de seus filhos.

     E leio, Sr. Presidente, a justificativa que embasa o requerimento que apresento à Mesa:

No dia 8 de setembro de 1987, uma notícia triste abalou o mundo político brasileiro. Um acidente aéreo, no sul do Pará, acabara de ceifar a vida de Marcos Freire, então Ministro da Reforma Agrária do Governo Sarney. Morria, em serviço, um dos mais brilhantes e destemidos parlamentares, que se destacara na luta contra a ditadura militar, pela restauração do regime democrático no País. Marcos Freire, natural do Recife, participara ativamente da política estudantil, desde os tempos em que cursava Direito na Universidade de Pernambuco, na década de 50. Logo depois de formado, em 1955, iniciou-se na vida pública, exercendo vários cargos na Prefeitura da capital pernambucana, ao mesmo tempo em que se dedicava também ao ensino. Foi Professor da Faculdade de Ciências Econômicas e, depois, em 1967, titular da cátedra de Direito Constitucional da Faculdade de Direito da Universidade de Pernambuco. Em 1968, deu início à sua vitoriosa carreira política, elegendo-se, com expressiva votação, Prefeito da cidade de Olinda, pela legenda do antigo MDB. Ficou, porém, apenas dois dias no cargo. Em sinal de protesto contra a edição do Ato Institucional nº 5 pelo Governo militar e da cassação do Vice-Prefeito, renunciou ao mandato e voltou ao magistério, lecionando na Escola Superior de Relações Públicas de Recife. Em 1970, resolveu retomar a atividade política, elegendo-se, então, Deputado Federal pela legenda do MDB, com a maior votação do Estado. Na Câmara dos Deputados, teve proeminente atuação. Foi Vice-Líder do Partido e um dos fundadores do célebre e valoroso “Grupo Autêntico”, a ala mais avançada e mais aguerrida do partido de oposição ao regime militar. Em 1974, candidatou-se ao Senado Federal, lançando o lema de campanha que ficou na história: “Sem ódio e sem medo”. Foi um daqueles 16 oposicionistas que naquele ano se elegeram para a Câmara Alta - lembro que o Brasil, àquela altura, tinha apenas 22 Estados -, surpreendendo o regime. Com a redemocratização, Marcos freire foi escolhido por Tancredo Neves para assumir o Ministério da Reforma Agrária e, em face da doença de Tancredo Neves, foi confirmado e nomeado pelo Presidente José Sarney. Marcos Freire foi exemplo de dedicação e honradez na vida pública. É um desses nomes que o Senado Federal, que ele dignificou com a sua atuação, não pode esquecer. É nome que deve ser sempre lembrado num País de tão pouca memória e tão carente de valores como ele. São 20 anos sem Marcos Freire, nome que faz jus à homenagem que ora propomos.

     Sr. Presidente, Marcos Freire é auto-explicável. Querido amigo, companheiro inesquecível, alguém que mostrava, a serviço do governo da transição democrática, a mesma competência e o mesmo espírito público dos seus tempos de atirar pedras no regime de força.

     Marcos Freire poderia estar conosco hoje, aconselhando-nos; poderia estar conosco hoje, na vida pública, participando dela diretamente ou não. Mas, em outras palavras, sei que esse requerimento haverá de ser assinado por todos os Senadores presentes a esta sessão, especialmente os Senadores de Pernambuco, que tanto o conheceram e que tanto o admiraram ao longo de sua trajetória.

     Imagino que este País não pode continuar sendo o País da desmemória, da não-memória; tem que ser um País que cultive os seus valores. Conheci poucos que possam ter sido tão afirmativos e tão construtivos na vida pública do País, em quadra histórica muito dura, como foi a quadra do regime autoritário, como o Senador Marcos Freire.

     Muito obrigado, Sr. Presidente.

     Era o que eu tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/09/2007 - Página 30045