Discurso durante a 164ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Perplexidade com a recente demarcação, no Espírito Santo, de cerca de 11.000 hectares de terras pleiteadas por comunidades indígenas, pertencentes à Aracruz Celulose.

Autor
Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Gerson Camata
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INDIGENISTA.:
  • Perplexidade com a recente demarcação, no Espírito Santo, de cerca de 11.000 hectares de terras pleiteadas por comunidades indígenas, pertencentes à Aracruz Celulose.
Publicação
Publicação no DSF de 26/09/2007 - Página 32700
Assunto
Outros > POLITICA INDIGENISTA.
Indexação
  • PROTESTO, INJUSTIÇA, MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ), DEMARCAÇÃO, TERRAS INDIGENAS, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), DESAPROPRIAÇÃO, AREA, GRUPO ECONOMICO, FALTA, NEGOCIAÇÃO, DENUNCIA, ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG), MANIPULAÇÃO, MIGRAÇÃO, TRIBO GUARANI, LOBBY, INTERESSE ECONOMICO, CONCORRENCIA DESLEAL, PRODUÇÃO, CELULOSE.
  • ANALISE, FALTA, SEGURANÇA, INICIATIVA PRIVADA, INVESTIMENTO, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), ESPECIFICAÇÃO, PREJUIZO, TURISMO, PRAIA, LITORAL, OBSTACULO, CONSTRUÇÃO, SIDERURGIA, CAPITAL ESTRANGEIRO.

O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Espírito Santo assistiu estupefato, na semana passada, a um ato de S. Exª o Sr. Ministro da Justiça que proporcionou uma surpresa desagradável ao nosso Estado, decidindo favoravelmente à demarcação de cerca de onze mil hectares de terra pleiteados por “comunidades indígenas”, terras da Aracruz Celulose.

A surpresa foi desagradável porque a própria Aracruz Celulose vinha se dispondo a negociar, mas queria um registro feito perante a Justiça, porque esses “índios” que estão lá são gaúchos. Chegaram por lá, arranjaram umas ONGs, são das tribos guaranis, da divisa com o Paraguai, e, de repente, viraram índios capixabas e passaram a requisitar terras que não são absolutamente de heranças indígenas. Aliás, no Espírito Santo, nós nunca tivemos índios guaranis. As tribos que ocupavam o Estado do Espírito Santo eram tupiniquins, a 140 quilômetros do local que essas ONGs agora começaram a exigir da Aracruz.

A manipulação da verdade para criar um contingente de herdeiros fictícios das terras adquiridas pela Aracruz de proprietários legítimos só foi possível com a colaboração ativa de entidades interessadas em criar conflitos sociais. São organizações como o MST e a Via Campesina. Agora apareceu uma tal de Koinonia, uma organização mantida por empresas que competem com a Aracruz na produção de celulose. Aí entram a Fundação Ford, algumas igrejas da Noruega e do Canadá, que são grandes produtores de celulose. Eles alugam boeings, colocam os índios dentro e os levam para a porta da Aracruz em Portugal, na França, na Inglaterra. Os índios colocam uns cocares. Eles vão todos de paletó e gravata, mas, lá, colocam uns cocares e dançam na frente da sede. Aquilo sai em todos os jornais, dizendo que a Aracruz está tomando terras dos índios para produzir celulose.

O Ministro fez esse péssimo negócio, de repercussão para o Brasil e para a Aracruz. S. Exª não levou em conta documentos apresentados pela Aracruz Celulose que comprovam, efetivamente, que aqueles índios não são capixabas, não são tupiniquins: alguns são descendentes de paraguaios, e outros, gaúchos que foram se aproximando da região da fábrica. E, a cada vez, querem mais um pedaço de terra, alegando ser de outra tribo e que aquela tribo teria sido desmembrada de outra, e, cada vez mais, desejam mais terras da Aracruz Celulose.

Isso faz com que o Espírito Santo fique intranqüilo e que investidores que querem investir no Estado fujam de lá. Agora, com o Projeto Tamar e a criação dos parques marítimos, as praias do Espírito Santo ficaram impróprias para a construção de qualquer tipo de projeto turístico.

Eu até disse outro dia para a Ministra Marina Silva, nossa companheira Senadora, que ela tinha de dar uma passagem para os capixabas tomar banho de mar na Bahia, porque, no Espírito Santo, não se pode mais tomar banho de mar; tudo virou reserva marítima ou reserva de tartarugas. Então, não temos mais condição de explorar turisticamente o litoral do Estado do Espírito Santo.

Agora, com essa iniciativa do Sr. Ministro da Justiça, qualquer empreendimento na área rural, qualquer empreendimento do agronegócio fica ameaçado no Espírito Santo. Basta que apareça qualquer ONG como essa Koinonia, que invente ali dois ou três índios, dois ou três quilombolas, dois ou três não sei mais o quê, imediatamente o Governo concede a ela essas áreas, fazendo com que os investidores corram de projetos no Estado do Espírito Santo.

Agora mesmo, estamos recebendo a visita da maior siderúrgica chinesa, que deseja instalar - para isso, já assinou protocolo com a Vale do Rio Doce - a segunda maior siderúrgica do Brasil, na cidade de Anchieta. Mas já apareceram lá uns índios que vieram do Rio Grande do Sul, dizendo que o bisavô deles residia naquela região, e começaram a reivindicar terras, amparados por algumas ONGs, uns mal-intencionados e alguns extremamente sabidos.

Eu queria pedir ao Governo Federal mais atenção, mais cuidado com isso, para que não desestimulem as pessoas que desejam investir no Estado do Espírito Santo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/09/2007 - Página 32700