Discurso durante a 165ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a visita do Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, ao Estado do Ceará, quando anunciou a correção das tabelas do SUS e o aumento do teto.

Autor
Inácio Arruda (PC DO B - Partido Comunista do Brasil/CE)
Nome completo: Inácio Francisco de Assis Nunes Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE.:
  • Considerações sobre a visita do Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, ao Estado do Ceará, quando anunciou a correção das tabelas do SUS e o aumento do teto.
Aparteantes
Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 27/09/2007 - Página 32908
Assunto
Outros > SAUDE.
Indexação
  • REGISTRO, VISITA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA SAUDE (MS), ESTADO DO CEARA (CE), ANUNCIO, CORREÇÃO, TABELA, VALOR, CONSULTA, SISTEMA UNICO DE SAUDE (SUS), GARANTIA, AUMENTO, SALARIO, MEDICO, RECURSOS, HOSPITAL, CONVENIO.
  • ADVERTENCIA, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, SAUDE PUBLICA, AMBITO REGIONAL, ALEGAÇÕES, CONTRADIÇÃO, SUPERIORIDADE, VERBA, SISTEMA UNICO DE SAUDE (SUS), RECEBIMENTO, REGIÃO SUL, REGIÃO SUDESTE, COMPARAÇÃO, NECESSIDADE, REGIÃO NORTE, REGIÃO NORDESTE.
  • EXPECTATIVA, MELHORIA, SAUDE PUBLICA, ESTADO DO CEARA (CE), CORREÇÃO, TABELA, SISTEMA UNICO DE SAUDE (SUS), AUMENTO, DESTINAÇÃO, RECURSOS, ADVERTENCIA, NECESSIDADE, SOLUÇÃO, PROBLEMA, FORMAÇÃO PROFISSIONAL, TRABALHADOR, AREA, SAUDE, SUPERIORIDADE, DIVIDA, HOSPITAL ESCOLA, IMPEDIMENTO, ABERTURA, SETOR, EMERGENCIA.
  • ANUNCIO, GREVE, MEDICO, MUNICIPIO, FORTALEZA (CE), ESTADO DO CEARA (CE), PROTESTO, INFERIORIDADE, SALARIO, BUSCA, PREFEITO, ACORDO, ENCERRAMENTO, PARALISAÇÃO.

O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, aproveita esta oportunidade de busca de acordo entre as Lideranças do Senado para destacar a visita do Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, e praticamente toda sua equipe ao meu Estado do Ceará.

É algo muito significativo, que foi, inclusive, bastante debatido no dia de hoje aqui, no Senado, a situação crítica em que vive a saúde pública, aquele sistema de saúde que atende as pessoas mais carentes, mais pobres do nosso País. Se não fosse o Sistema Único de Saúde, essas pessoas não teriam onde ser atendidas, não teriam sequer uma porta aberta para recebê-las. São os hospitais públicos estaduais, municipais e alguns poucos federais que atendem o povo pobre do nosso País.

Por isso, Sr. Presidente, quero destacar a visita do Ministro Temporão, que anunciou não só a correção das tabelas do Sistema Único de Saúde, para melhorar os recursos destinados aos profissionais e ao conjunto dos hospitais conveniados com o SUS, mas também o aumento do teto.

O nosso Estado do Ceará era um dos mais defasados e saiu do teto de R$ 86,00 per capita - para ver como é baixo em relação ao Brasil - e foi para R$ 107,00. O objetivo do Ministério é alcançar o teto de R$ 150,00, unificado, em todo o Brasil.

Hoje, contraditoriamente, para mostrar um problema paradoxal do Brasil, é exatamente nas regiões onde temos mais desenvolvimento, onde as famílias têm mais planos e seguros de saúde privados, que o teto é maior, ou seja, mais recebem do Sistema Único de Saúde. Então, São Paulo, Paraná, enfim, os Estados do Sul e Sudeste, em geral, recebem um teto muito maior do que os Estados do Norte e Nordeste, mostrando essa dissintonia, esse paradoxo que observamos no Sistema Único de Saúde.

O Ministro, em reunião com o Governador Cid Gomes, com a Prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, com o Secretário de Saúde do Estado e com o Secretário de Saúde do Município, anunciou essas importantes medidas, que geram um impacto para o Estado do Ceará de mais R$ 100 milhões, de imediato, retroativos a 1º de setembro. Isso resolve, é claro, uma parte crítica, mas ainda estamos longe de equacionar o problema da saúde em nosso País.

Infelizmente, existe este paradoxo absurdo: os mais desenvolvidos recebem mais do que os menos desenvolvidos. É claro que o Estado do Ceará, tampouco nenhum Estado do Norte ou Nordeste do País, quer diminuir o teto das regiões que hoje são mais bem aquinhoadas com os recursos do Sistema Único de Saúde. Não. Jamais. Principalmente no que se refere a São Paulo, Paraná ou Rio Grande do Sul. O que queremos é equalizar, chegar ao patamar em que esses Estados se encontram. Esse é o dilema.

Também queremos ressaltar que um dos problemas centrais do Sistema Único de Saúde são as escolas de formação de profissionais - médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, farmacêuticos -, que estão situadas nos hospitais universitários, que acumulam uma dívida hoje superior a R$ 500 milhões. Assim, aproveitamos a oportunidade da presença do Ministro Temporão no Estado do Ceará para colocar em suas mãos esse dilema. Nós temos, na prática, dois grandes hospitais com emergência: o Hospital Geral de Fortaleza, que mantém a sua emergência aberta; e o Hospital Municipal Instituto José Frota, onde nosso Senador Mão Santa fez as suas primeiras experiências na área de saúde. É lá, no Instituto José Frota, que temos a emergência mais significativa do Estado do Ceará. Embora seja hospital municipal, não atende só Fortaleza, tem caráter regional; ele é do Estado, mas atende outros Estados que usam os serviços daquela unidade de emergência da cidade de Fortaleza.

Então, explicamos para o Ministro José Gomes Temporão que ali, no Hospital Walter Cantídio, na Universidade Federal do Ceará, ligado ao MEC...

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Arruda...

O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PC do B - CE) - É um problema: MEC e Ministério da Saúde. Quando entra a dívida, ninguém sabe de quem é, se do MEC ou do Ministério da Saúde. E queremos resolver esse impasse.

O nosso hospital, onde V. Exª se formou em Medicina, na Universidade Federal do Ceará, precisa resolver o problema de uma dívida de R$ 12 milhões e abrir a sua emergência, porque não há como formar profissionais na área de saúde - médicos, enfermeiros, farmacêuticos, odontólogos -, se não há uma unidade de emergência para os profissionais médicos formados e, principalmente, para os que estão a se formar.

Ouço o Senador Mão Santa.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Inácio Arruda, tenho acompanhado o sofrimento e o drama dos profissionais da saúde, e um dos mais feios - como Boris Casoy diz “isto é uma vergonha” - foi detectar o salário de um médico do Instituto José Frota, antiga Assistência Municipal, onde eu, acadêmico, fui plantonista. Tirei o primeiro lugar no quinto ano de Medicina e ganhava um salário e meio, à época do Prefeito Murilo Borges, um general. O salário do médico hoje, pago pela Prefeita do PT - não sei como ela chegou a isso -, é de R$ 720,00. Eu sei o que é aquela luta. Fui interno ali por concurso. Era o plantão da Assistência Municipal, procurado por todo o Ceará, pelo Piauí e pelo Maranhão. E, mais ainda, quando Governador do Piauí, fiz um pronto-socorro. Como lá já era um pronto-socorro grande, busquei-o como modelo. Mas o profissional de lá, pago por este PT, que é uma desgraça nacional, recebe R$ 120,00. Isso é um absurdo! Foi a mais vergonhosa situação da classe médica. Não sei onde está o dragão do mar, o heróico povo do Ceará, que libertou os escravos em primeiro lugar e não liberta um médico que ganha R$ 720,00 no pronto-socorro mais procurado do Nordeste. É uma vergonha essa Prefeita do PT!

O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE) - E “pt saudações” para o aparte de V. Exª.

Os médicos estão mobilizados, discutindo, neste momento, com a Prefeita de Fortaleza, que esteve reunida com o Ministro. Ela recebeu essa herança, herdou também tudo isso.

Então, temos de resolver esse impasse dos profissionais da área de saúde, que estão mobilizados. Hoje, inclusive, é um dia de paralisação, bem cordata, aliás, porque não vão deixar que nenhum cearense, fortalezense ou pessoa de outro Estado deixe de receber o socorro. Mas é um protesto em relação aos salários pagos aos profissionais.

A Prefeita está buscando um acordo que permita que os profissionais saiam dessa situação vexatória - menos de um salário e meio, que era o que V. Exª recebia - e cheguem a um patamar de, pelo menos, três ou quatro salários mínimos como piso da categoria no Município de Fortaleza. É um esforço razoável do nosso Município, que tem uma população muito grande, a quarta do País, e é ainda muito pobre.

Sr. Presidente, agradeço pela oportunidade de fazer o registro da presença do Ministro da Saúde, que não fez referência, no nosso Estado, à ligação da CPMF com o problema da saúde, mesmo porque a CPMF já não é mais um problema só da saúde, ela virou uma necessidade orçamentária da União.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/09/2007 - Página 32908