Discurso durante a 177ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa de investimentos na área de educação. Homenagem ao Dia das Crianças.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO. HOMENAGEM.:
  • Defesa de investimentos na área de educação. Homenagem ao Dia das Crianças.
Publicação
Publicação no DSF de 11/10/2007 - Página 34801
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO. HOMENAGEM.
Indexação
  • ANALISE, PRIORIDADE, EDUCAÇÃO, OBJETIVO, DESENVOLVIMENTO NACIONAL, CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, FALTA, INCENTIVO, LEITURA, APREENSÃO, ORADOR, INFERIORIDADE, QUALIDADE, ENSINO.
  • SAUDAÇÃO, PUBLICAÇÃO, PERIODICO, MUNICIPIO, PARNAIBA (PI), ESTADO DO PIAUI (PI).
  • HOMENAGEM, DIA, CRIANÇA, LEITURA, TEXTO, AUTORIA, MÃE, ORADOR.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Renan Calheiros, Parlamentares, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo Sistema de Comunicação do Senado, no meu entender, não é esta Casa, mas o Brasil que vai mal.

Ô Delcídio Amaral, entendo, como na reflexão de Sócrates, que só há um bem, o saber; e só há um grande mal, a ignorância.

Este País, Osmar Dias, está caminhando para a ignorância.

Eu gosto do Luiz Inácio, votei nele, considero a D. Marisa uma encantadora dama, mas estamos aqui, Renan, para ensinar o Presidente, ou, então, vamos fechar esta Casa. Nós somos os pais da Pátria.

Luiz Inácio disse que ler uma página de um livro dava mais canseira do que fazer uma hora de esteira. Haja besteira, Osmar Dias!

Agora, ele mudou e disse que gosta mesmo é de novela. Eu não sei qual foi a novela que o encantou, Gabiraldi.

Com relação a esse negócio de ele ter dito que era pobre, já contam que Abraham Lincoln também o foi, mas Abraham Lincoln foi buscar a sabedoria: lia a Bíblia, lia Shakespeare. E aí está. Ele ensinou muito e até definiu democracia como o governo do povo, pelo povo e para o povo. Ele disse e ensinou. O Abraham Lincoln foi esse exemplo.

Não precisamos, Luiz Inácio, buscar exemplos lá fora. Aqui mesmo: Juscelino sofreu. Esse negócio de dizer que é porque veio do Nordeste... Juscelino, essa visão de futuro, era órfão. Ô Paim, Juscelino, aos quatro anos, com a sua irmã do lado, viu seu pai passar em um caixão de defunto, vítima de tuberculose. Ele, filho de professora, precisou vender o anel, tentou o seminário e não conseguiu a vaga porque foi franco, dizendo que aquela não era a sua vocação. Juscelino lutou. Ele era filhinho de professora viúva, que lhe deu essa visão da necessidade de se buscar a sabedoria.

Está claro, Azeredo, que povos instruídos e alfabetizados são prósperos, ricos, saudáveis e felizes. Pode olhar! Povos sem saber estão aí, no mundo, cada vez mais miseráveis. Isso é o que nos preocupa, pois piorou, mesmo, a educação.

Estamos mal educados, ô Pedro Simon. As bibliotecas e os livros eram melhores.

Quem não se lembra daquele tempo em que, após cursarmos o primário, fazíamos o exame de admissão?

Todo menino com dez ou onze anos, ô Perillo, fazia o exame de admissão. A gente fazia um ditado - eu me lembro ainda de meu pai -, uma dissertação, uma composição, e sabíamos todos.

Isso se tornou um imbróglio, e o exemplo arrasta. Não foi um bom exemplo o que Luiz Inácio deu. O estudo está aí e os números estão aí. Em Matemática, somos o penúltimo em pesquisa feita; lêem e não entendem o que lêem. Isso é a grande desgraceira. Há falta de respeito, falta de conhecimentos, e o Brasil vive o pior momento da sua história.

Bem ali, Paim, no Chile, pequenininho, quando você salta no país, dizem-lhe, logo, o seguinte: “A polícia daqui não é corrupta!” É; isso quem me disse foi um motorista.

Luiz Inácio, eu ia num táxi quando o motorista disse-me: “Essa é a casa do Presidente Ricardo Lagos”. Ô Garibaldi, era um sobradinho e não vi nem policial lá. O motorista disse-me: ”Olha, ele é acostumado a receber autoridades. Ele mesmo serve os drinques e a mulher coloca a mesa”. E o país é a melhor das civilizações da América, porque eles buscam o saber. Lá, eles são educados.

Em Buenos Aires, às quatro horas da manhã, as livrarias estão abertas e todo mundo as respeita.

Ô Tião, aqui, falam dos acidentes provocados pelo álcool. Ontem, eu dizia que, nos Estados Unidos, a pessoa pode ter quatro ou cinco carros, mas jamais vai guiar bêbada. Ela chama um táxi para ir fazer uma refeição, ir a um jantar, porque vai tomar o seu uísque. Isso tudo é educação; é o que está faltando em nosso País.

Embora vivamos este momento, quero ser otimista, pois, na minha cidade, Parnaíba, foi lançado o Almanaque da Parnaíba de nº 82. Isso mostra o esforço da minha cidade e do meu Estado pelo saber e pela cultura.

Essa cidade, Paim, que deu ao Brasil Evandro Lins e Silva, João Paulo dos Reis Velloso e Assis Brasil, tem um centro cívico, um hino, uma bandeira e um almanaque.

Emocionado eu estou porque 12 de outubro é o Dia das Crianças e eu pude ler, Osmar Dias, um escrito de minha mãe.

Ô Pedro Simon, minha mãe era terceira franciscana como V. Exª. V. Exª é quem pode falar a respeito de franciscano, aqui, ninguém mais!

Tomo o que ela escreveu para prestar minha homenagem, no Dia das Crianças, a todas as crianças que não têm uma mãe poetisa como eu tive. “Ao meu filho Francisco, meu pequeno Querubim”.

Pedro Simon, ela diz:

Filho! Tu és o enlevo e o amor de minha vida

Dos sonhos que sonhei, tu és a realidade!

És a visão formosa e abençoada, descida

do céu para aumentar minha felicidade!

Estreitando-te ao colo, em preces entretida,

peço a Deus que te faça um anjo de piedade,

pois a vida só vale a pena ser vivida

por quem sabe visar da alma a imortalidade!

Como linda avezinha a esvoaçar contente,

qual borboleta azul trêfega e buliçosa

vives tu, filho, a rir e a saltar sorridente...

Às vezes a ralhar, repreendo-te queixosa:

“Tu és feliz demais!” E depois, mais paciente:

“Tu és um querubim nadando em mar de rosa!”

E com isso eu quero lembrar a todos nós que temos família que devemos prestigiar este dia 12 de outubro. Temos de lembrar Bilac, que disse: “Criança, não verás nenhum país como este”. Que possamos nós, pais e avós, alertar as nossas crianças para que tenhamos um futuro melhor para este País.

Discordo do Presidente da República, Luiz Inácio, quando desestimula o ler, o saber. Digo a V. Exª, Senador Mário Couto, que o que me fez chegar aqui foi acreditar em Deus, no amor que cimenta a família, no estudo e no trabalho. Não compreendo como essa gente, sem ler, sem estudar... De repente, eu estava operando tireóide.

Esse é o exemplo que temos que dar. Que possamos, então, plantar em nossas crianças esse amor ao ler e ao saber. Eu estou aqui feliz, e, se cheguei a esta Casa, foi porque quando eu fui prefeitinho e Governador do meu Estado...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Presidente Renan Calheiros, mais um minuto, por favor. Em um minuto, Deus ensinou e rezou o Pai-Nosso.

Se estou aqui, Paim, foi porque o povo do Piauí viu que plantei a semente mais importante: a do saber em meu Estado, a educação e o desenvolvimento universitário.

E eu queria alertar o Presidente Luiz Inácio para que não repita nunca mais aquilo. Errare humanum est, e ele errou.

Mas não repita. Agora ele corrigiu. Foi pior. Ele disse que não gosta de ler, ele gosta mesmo é de novela. Que é bom, é; mas encaminhe as nossas crianças a amar os livros e a buscar o saber, para a felicidade da nossa Pátria.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/10/2007 - Página 34801