Discurso durante a 179ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem pelo transcurso do Dia do Professor.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA SOCIAL.:
  • Homenagem pelo transcurso do Dia do Professor.
Aparteantes
Cristovam Buarque, Romeu Tuma.
Publicação
Publicação no DSF de 16/10/2007 - Página 35139
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA, PROFESSOR, COMPARAÇÃO, PERIODO, HISTORIA, BRASIL, PERDA, PRESTIGIO, SALARIO, DIFICULDADE, EXERCICIO PROFISSIONAL.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), REGISTRO, SITUAÇÃO, PROFESSOR, DADOS, SALARIO, ESTADOS, ELOGIO, ESTADO DO ACRE (AC), MELHORIA, VALOR, CRITICA, INFERIORIDADE, ESTADO DO PIAUI (PI).
  • HOMENAGEM, JUSCELINO KUBITSCHEK, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, VALORIZAÇÃO, EDUCAÇÃO, PROFESSOR.
  • SUGESTÃO, INCLUSÃO, PREFEITO, APERFEIÇOAMENTO, PROGRAMA ASSISTENCIAL, BOLSA FAMILIA, ORIENTAÇÃO, TRABALHO.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Efraim Morais, que preside esta sessão - que coincide 15 de outubro, Dia do Professor, e uma segunda-feira; Senadoras e Senadores presentes na Casa; brasileiras e brasileiros aqui e os que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado.

Senador Eurípedes, estou aqui com um pronunciamento de 15/10/2003, data em que havia uma festa comemorativa do Dia do Professor. Desta vez não houve, porque, regimentalmente, só pode haver duas homenagens especiais por mês. Mas estamos aqui. V. Exª substituía o Professor Cristovam Buarque, atuante, vibrante e representando o povo de Brasília. E V. Exª está aqui num dos apartes que nos fez: Eurípedes Camargo, Bloco/PT - DF.

Então, revendo eu as coisas naquele dia... E nada muda. Ô Zezinho, interessante a vida. Senador Eurípedes, o Zezinho, que está ali, gente boa, funcionário nota 10... Aliás, tenho até que lamentar, porque ele é tão prestativo que traz lanche demais para nós. Então, ninguém consegue emagrecer aqui. Eu já engordei, João Pedro. Então, ninguém consegue emagrecer aqui. Já engordei, João Pedro, você entendeu? Porque ele, de vez em quando, traz um café, um queijinho. Mas há uma coincidência comigo e com o Zezinho. Mas houve uma grande mudança, Efraim. A nossa geração, João Pedro - leve isso ao Luiz Inácio... Terminei médico. É lógico, Deus fez o mundo e botou as mulheres. Eu fui atrás de uma mulher para mim. Onde? Interessante que o Zezinho, que está ali, me ouviu dizer isso, disse que, com ele, ocorreu a mesma coisa. Olhem como era o ideal. Então, nada mais natural do animal homem ir atrás da fêmea. João Pedro, fui atrás - aonde se ia? - nas escolas de ensino normal, onde havia as professorinhas. E realmente vi Adalgisa, fardadinha de normalista. Foi lá. Casamos antes de ela concluir o curso. Aliás, não teve nem colação, porque nascia meu filho Francisco Júnior, em 27 de novembro. E a mesma coisa aconteceu com o Zezinho. Ele foi buscar a mulher. Um lar feliz com a Dona Suely. É meu amigo, freqüento. E quis Deus estar adentrando o Romeu Tuma. Romeu Tuma! Ele, policial garboso, cheio de energia e de amor. Ô Senador Romeu Tuma, V. Exª foi buscar sua esposa lá, em uma escola normal. V. Exª lá, a professora, vestida de azul e branco, minha linda normalista! Aí Romeu Tuma foi buscar a professorinha dele, que ainda hoje está feliz aqui.

Então, nessa sessão era Papaléo presidindo a sessão, energicamente, no começo. No fim, pedi ao Papaléo Paes, Presidente daquela notável sessão, em que Romeu Tuma extravasou o seu amor à professora normalista, vestida de azul e branco, minha linda normalista... Ela ensinava nas periferias, pegava - dizia Romeu Tuma - carona nos caminhões de lixo com as outras professoras. Eu também peguei minha Adalgisinha também assim; o Zezinho. Eram sorridentes, alegres e cheias de vida. Hoje estão entristecidas, fraquejadas, sem esperança porque o Governo as trata mal.

Aquele sorriso... Hoje, elas têm pesadelos com salários baixos, com o desrespeito - Papaléo já falou aqui -, sobretudo com o desrespeito que se tem com as professoras...

O Sr. Romeu Tuma (DEM - SP) - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - V. Exª enriqueceu o meu pronunciamento. Naquele tempo, o Papaléo, todo regimental, dizia assim - e eu pedia tempo para prorrogar, para extravasar os nossos sentimentos de gratidão e amor às professoras: “A tolerância já foi representada pelo aparte do Sr. Eurípedes Camargo. Os demais Senadores entendem que o Regimento deve ser cumprido e já abriram mão de seus apartes”. Mas quis Deus hoje encontrarmos aqui o Senador Papaléo Paes sorridente. Foi o primeiro a falar sobre a valia das professoras, e eu presidia e dizia que V. Exª vai ter toda a liberdade.

Concedo um aparte ao Senador Romeu Tuma.

O Sr. Romeu Tuma (DEM - SP) - Primeiro, Senador Mão Santa, queria cumprimentá-lo pelo seu aniversário; eu o fiz por telefone, mas fico lhe devendo o abraço, se V. Exª me permitir, quando descer dessa tribuna, pela alegria de ser seu companheiro nesta Casa, em que V. Exª, com tanta dignidade, tem conduzido seu mandato em defesa da sua Parnaíba. É claro que hoje, no Dia do Professor, temos a obrigação de levantar essa bandeira do ensino. Tenho na minha casa minha esposa Zilda, professora primária, depois diretora de escola, professora secundária. Fez toda sua carreira profissional no ensino.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - V. Exª se lembra da escola de Sapopemba?

O Sr. Romeu Tuma (DEM - SP) - Sapopemba. Quando fui candidato a prefeito, um adversário perguntou se eu conhecia Sapopemba. Eu comecei a rir, porque era onde eu levava minha senhora para dar aula, e ela criou a escola municipal na Igreja Nossa Senhora de Fátima; o padre ofereceu o salão para ela organizar uma escola municipal. Então, ela dava aula no Estado, na escola municipal. Mas o que me leva a este aparte a V. Exª, que está defendendo, com tanto entusiasmo, a história da educação - o Senador Cristovam Buarque fez um belo discurso, ouvi pelo rádio do carro -, é que hoje fui fazer um pronunciamento no 15º Curso Intensivo do jornal O Estado de S.Paulo, para jovens que são relacionados para fazer um tipo de curso de pós-graduação em matéria jornalística. Eu tive a oportunidade de falar sobre a importância da educação, da bandeira que Cristovam Buarque levantou em sua campanha à presidência da República; S. Exª não arrefeceu um minuto dessa luta, dessa discussão, e teve praticamente o apoio não só de V. Exª, como de vários membros deste Plenário. Se V. Exª me permitir, queria incorporar à homenagem que presta aos professores a minha homenagem, com bastante emoção, com muita força. O Ministro Fernando Haddad, hoje se declarando na CBN pela manhã - interpelado pelo jornalista: “Por que não há mais jovens vocacionados para o curso primário, para as escolas normais?” -, respondeu: “É problema de salário”. Resposta dele. Vocação existe, Senador Cristovam; nós encontramos vários jovens que querem lecionar, mas o salário não chega a R$900,00. E ele está lutando...

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Não é só o salário.

O Sr. Romeu Tuma (DEM - SP) - Não só salário, como condições de trabalho. E ele diz que está para sair um piso salarial para o ensino e melhores condições para o professor preparar suas aulas, Senador Cristovam. Não havia mais tempo, tinha que dar aula num município, no Estado, para poder formar um salariozinho que sustentasse sua família. Então, a queda no ensino está na razão direta da falta de tempo do professor para preparar as aulas, dedicar-se com entusiasmo e receber o que realmente merece - é claro, um pouco menos ou um pouco mais -, mas com o respeito do Estado, que representa a sociedade. Agradeço a V. Exª.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - V. Exª casou-se com uma professora há quantos anos?

O Sr. Romeu Tuma (DEM - SP) - Há 48 anos.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Ganhou de mim. Eu vou fazer 39 com a Adalgisa.

O Sr. Romeu Tuma (DEM - SP) - V. Exª não sabe o que aconteceu comigo. Desculpe-me. Estava em Montevidéu como Parlamentar do Mercosul. Ela me ligou e disse: "Parabéns!" Eu disse:"Por quê? Saiu alguma coisa no jornal ou na televisão que eu tenha falado?" Ela disse: "Não. Hoje é nosso aniversário de casamento. São 48 anos. Estou cumprimentando você porque estou vendo que esqueceu." Eu falei: " Não. Eu fui à igreja e orei por nós dois. Pela nossa felicidade e de nossos filhos."

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - V. Exª está com 48 anos de casado? Vou fazer, de idade, 39 anos, no dia de São Sebastião. Só considero o tempo em que sou casado com Adalgisa; antes eu era uma pedra, um gelo baiano, não tinha vida.

Professor, quantos filhos a professora de Sapopemba lhe deu?

O Sr. Romeu Tuma (DEM - SP) - Quatro filhos, nove netos e um bisneto.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Empatamos, mas V. Exª ganhou nos netos. V. Exª é campeão mesmo.

Quero convidar V. Exª e a Professora Zilda para uma nova lua-de-mel lá no Piauí, no Delta. Mar caliente, ventos que nos acariciam, brancas dunas, rios que nos abraçam e a melhor gente.

O Sr. Romeu Tuma (DEM - SP) - Quero ver o Delta e ir ao Pantanal.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Professor Cristovam Buarque, V. Exª é também casado com uma professora?

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Também. Foi professora no começo da carreira.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Naqueles tempos elas eram sorridentes, esperançosas. A gente ia buscá-las na escola. Agora, estão todas decepcionadas, frustradas, desencantadas com a maneira como o Governo as trata.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Mas V. Exªs ganharam de mim. Só tenho 37 anos de casado.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Estou ganhando. Tinha de ganhar. Sou medalha de prata. A medalha de ouro é de Romeu Tuma.

Quantos filhos V. Exª tem?

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Duas filhas e uma neta.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Perde também. Uma neta perde. Sou medalha de prata. A medalha de ouro é de Romeu Tuma.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Senador Mão Santa, quero agradecer ao Senador Romeu Tuma as referências feitas à minha fala. Agradeço-lhe o aparte. Quero lembrar ao Senador Romeu Tuma e a todos que o projeto do piso salarial de que o Ministro falou hoje teve origem aqui nesta Casa. Foi um projeto que apresentei três anos atrás. Está avançando e deve ser aprovado em breve. O Governo Federal, entretanto, fez o mesmo que fez com o projeto do Senador Osmar Dias, o dos estágios: mandou um projeto do Governo, passando por cima do projeto que aqui tramita. Felizmente, na Câmara, está sendo reconhecida a autoria, e o projeto do Governo está sendo apensado ao projeto do Senado. O Senado deve lutar pela paternidade desse projeto, porque as pessoas lá fora hoje só vêem o Senado como casa de escândalos, como casa de - não vou dizer - tolerância, que poderia ter outro significado, mas como casa de aceitação de alguns comportamentos. É importante lembrar aos professores do Brasil que esse projeto nasceu aqui. O piso ainda é baixo, mas, como disse a Senadora Ideli hoje, vai beneficiar mais de um milhão de professores.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Professor Cristovam, peço permissão para integrar todas as palavras de V. Exª e para dizer que, como médico, como professor de genética que fui, não é preciso fazer nem exame de DNA: V. Exª é o pai não só da educação, mas do Bolsa-Família. É o pai. O Fernando Henrique andou transformando - vamos dizer que ele foi o padrinho -, mas o pai, não precisa de DNA, é V. Exª. O Luiz Inácio juntou e pode ser também padrinho de crisma ou de batismo, mas V. Exª é o pai do Bolsa-Família.

E está feito o convite também para V. Exª e a professora passarem uma lua-de-mel no nosso delta.

Mas, Senador Jayme Campos, esse negócio de professora... Eu olhei hoje aquela mídia que nós recebemos, Professor Cristovam, aquela mídia de capa azul. Eles recortam tudo que é assunto referente à política de quase todos os jornais do Brasil. Nada sobre o professor!

Luiz Inácio, Sócrates diz que só tem um grande bem: é o saber; e só tem um grande mal, a ignorância. No dia do professor, Luiz Inácio, vamos mudar esse negócio. Esta Casa só tem esta razão, sermos os pais da Pátria. Eu me envergonho de receber esses altos proventos se não tivermos uma experiência a dar.

Este poder só pode ser chamado de centro-poder; de contrapoder, só quando ele servir para frear e chamar a atenção dos outros. E nós podemos.

Ô Luiz Inácio, eu fui prefeitinho. Ali há um Prefeito campeão, foi Prefeito por várias vezes: Heráclito Fortes foi um extraordinário Prefeito de Teresina. Fez uma ponte em 100 dias. E eu que sou assim, fiz outra com 90. Era uma disputa salutar pela grandeza do Piauí. Saudável.

Jayme Campos, eu fui Governador e ele não foi. Eu vou fazer 41 anos de médico-cirurgião.

Ó Luiz Inácio, hoje é o Dia do Professor! Olhe: não há homenagem nenhuma para professor! Está aqui. Pode pegar o livro da mídia que vai para todos os Parlamentares, ex-Senador Eurípedes, nenhuma linha nos jornais do Brasil.

Então, quero fazer uma homenagem aqui ao Correio Braziliense, que fez um caderno extraordinário sobre o modo como vivem os professores.

E, de acordo com a Folha de S.Paulo - quero prestar uma homenagem ao PT do Acre, ó Luiz Inácio -, o PT do Acre é o que mais bem paga aos professores. Eu lamento, Heráclito, que o Governador do Piauí não tenha aprendido; é o que menos paga. Agora, está aqui a matéria sobre o Acre. Então, a nossa homenagem ao PT do Acre. A Folha de S.Paulo diz que o teto no Acre é R$1.580,00. É o maior do Brasil. Os nossos parabéns aos governantes do Partido dos Trabalhadores do Acre. Professor Cristovam, enquanto São Paulo paga R$8,05 por hora, o Governo do Acre paga R$13,16. Isso está na reportagem da Folha de S.Paulo.

Eu queria dizer, então, que os professores estão aí. Professor Cristovam Buarque, ó Luiz Inácio, as sociedades civilizadas... Ele está viajando tanto que não dá tempo para pensar. Luiz Inácio, Pedro II governou este País por 49 anos e viajou poucas vezes. Quanto a Getúlio Vargas, os outros é que vinham aprender com o grande estadista! Mas aquela frase que V. Exª disse, não a repita mais, ou seja, que ler uma página de livro dá uma canseira maior do que fazer uma hora de esteira. É muita besteira!

Eu recebi, Cristovam Buarque, uma carta. Esse negócio de que é pobre... Eu recebi uma carta de Maristela Kubitschek Lopes, que hoje deve ter mais ou menos a minha idade, porque quando Juscelino era presidente, debutaram as duas irmãs. Ela disse que ouviu o pronunciamento e disse: “Meu pai terminou a sua carreira política no Senado” - ele foi afastado, cassado, “Continue o trabalho. V. Exª muito se assemelha com ele porque foi médico como ele, cirurgião como ele de Santa Casa, teve uma passagem militar, foi prefeitinho, governador (...) Mas meu pai dizia e repetia que aprendeu com a mãe dele, professora.”

Professora, viúva com dois filhos órfãos, um casal. Juscelino, com quatro anos de idade, só viu o pai dele passando num caixão de defunto, porque morreu de tuberculose e não podia habitar a mesma casa. Juscelino teve uma vida difícil.

Então, ela disse que Juscelino dizia e repetia. Atentai bem, Lula! Luiz Inácio, não tem ninguém aqui do PT. Eles não gostam de aprender. Tinha o Cristovam, tiraram, o saber...Ignorância audaciosa, como dizia meu professor.

Mas ela repetia: “Meu pai disse que aprendeu com a mãe dele, professora Júlia, viúva: “Meu filho, não tenha vergonha de ser pobre; tenha vergonha de ser ignorante”. Juscelino. A filha Maristela Kubitschek Lopes me mandou uma carta. Essa é a homenagem da reflexão sobre aquele que foi o nosso ícone, aquele que foi pobre.

Ó professor Cristovam! Eu não sou contra esse negócio da Bolsa pela qual o senhor é responsável. Foi a sua cabeça que começou com esse negócio. Não precisa nem fazer DNA. Bolsa Escola, não é? Aí Fernando Henrique foi padrinho. Outro juntou e é a propaganda. Mas eu não sou contra o jeito que o Luiz Inácio está fazendo. Aí ele merece meus aplausos. É uma caridade. Como vou ser contra caridade? Ninguém pode ser contra. Deus me livre! Apóstolo Paulo: fé, esperança e caridade, que é amor. Não vou ser contra o apóstolo, não. Mas o mesmo apóstolo Paulo disse... Ó Luiz Inácio! Tem tanto evangélico bom. Os padres estão estudando menos, mas tem muito evangélico bom. E o Apóstolo Paulo diz: “Quem não trabalha não merece ganhar para comer.” É ele, eu fico com o Apóstolo Paulo. E fico, ó Professor Cristovam Buarque, lá do meu Nordeste, de onde veio o Luiz Inácio e o nosso sanfoneiro Luiz Gonzaga. Ele parece com o que tocou no meu aniversário: Vitor Bezerra e Forró Safado. A sanfona era grande. Eu vi. Mas - eu era menino e vi - Mas o Luiz Gonzaga não tinha nem palanque, não. Eu via... Não tinha nem palanque não, ó Cristovam; eles tocavam em cima do posto de gasolina, só havia uma lâmpada e o Luiz Gonzaga ali.

Então, eu sei que o Senador Cristovam Buarque disse que eu sou bonito, mas o cântico é um dom muito mais importante do que a palavra e a oratória. Ai está na Bíblia os salmos. Davi dedilhava a sua harpa, ainda hoje: “Jesus é o meu Pastor e nada me faltará.” Era um samba que ele tocou e ainda hoje a gente... E é verdade. É isso, e a gente comunica mais.

Então, Luiz Inácio, Vossa Excelência diz que não quer ler o problema, não gosta, mas há aquele samba que diz assim: “Uma esmola que se dá a um homem são ou mata ele de vergonha ou vicia o cidadão.” Esse é o Luiz Gonzaga. Ele é o salmista, é o profeta, do Nordeste.

Agora eu estou aqui para orientar o Luiz Inácio. Eu fui prefeitinho. O Senador Jayme Campos você foi quantas vezes prefeito?

O SR. PRESIDENTE (Jaime Campos. DEM - MT) - Eu fui três vezes.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Então, você pode me julgar. Prefeito sabe de tudo. Sabe de tudo! Ó Lula, Presidente! Sua Excelência, quer dizer que sabe de tudo.

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Eu dou valor aos prefeitinhos. É uma homenagem a V. Exª, que é tricampeão, foi três vezes Prefeito.

O SR. PRESIDENTE (Jayme Campos. DEM - MT) - Senador Mão Santa, concedo mais quatro minutos a V. Exª, pois está inscrito o Senador João Pedro.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Mas olhem como sabe tudo. Vocês sabem que o José Dirceu, prefeitinho sabe de tudo. Ele mora ali, na cidade, e sabe de tudo, conhece todo mundo; pede o voto mesmo. Senador Cristovam, vou só citar um fato, para o Luiz Inácio acreditar, porque ele está feito São Tomé: José Dirceu chegou em uma cidade do Paraná, todo bonitão, com cirurgia plástica, não sei o quê. E era diferente. O prefeitinho foi em cima e disse: “Cara esquisito!” Podem perguntar. Eu não sou de lá, não, mas a história é verdadeira. O Prefeitinho: “Rapaz, esse cara, o comportamento dele é esquisito, é diferente. Só bebe um copo de cerveja. Tem medo de se expandir” Ó prefeitinho: “Vamos observar. Esse homem é esquisito”. Olhe aí o prefeitinho, que sabe de tudo, Lula. Aí chamou a secretária, que o José Dirceu estava namorando, da Prefeitura. Mas mulher apaixonada... Ela se apaixonou... Ele a chamou: “Eu estou achando aquele homem esquisito, o comportamento dele.” Aí ela, apaixonada, disse: “É meu primo.” Aí o prefeitinho aliviou, mas desconfiou.

Então, Luiz Inácio, entregue essas bolsas, pois é caridade, é bom e merece. Foi bonito. Eles estão merecendo. Estão com fome. Os prefeitinhos vão pegar aquele volume, Senador João Pedro, do Luiz Inácio. Os prefeitinhos, Senador Cristovam, que foi Governador - Senador Jayme, não é verdade? -, vão pegar aquele monte de gente que merece ajuda e vão qualificá-los: se ele veio do campo e sabe plantar, é colocado para cuidar do jardim das praças, pois está tudo feio e acabado; se ele é “fortão”, bota para a Guarda Municipal, vai vigiar, acabar com a violência. Se é mulher e entende de culinária, bota para a merenda escolar. E vão dar cursos. Vamos botar essa gente, Luiz Inácio, através dos Prefeitinhos... Entregue! Deixe desse negócio de o PT dar em troca de voto! Os Prefeitos vão orientar para o trabalho, vão dar até um dinheiro a mais. Viu, Jayme? Você não daria 10% a mais? Aumenta-se a bolsa. Pede-se ao Governador. Ali, eles orientam para um trabalho.

Rui Barbosa está ali, Luiz Inácio! Ele disse que a primazia tem de ser dada ao trabalho e ao trabalhador, pois ele vem antes, ele é quem faz a riqueza.

O Padre Antônio Vieira, que andou a pé de Fortaleza, passando pela minha cidade, até São Luís, em 60 dias, construiu uma capela em Coca. Ele dizia que o exemplo arrasta.

Que exemplo vai dar um pai que está recebendo sem trabalhar para o filho, para o neto?

Então, vamos entregar isso! Vamos aprimorar! Venha esse seu Partido aqui... Cadê o Mercadante, que é bom, inteligente, um dos melhores deles? Venha, Tião. Vamos embora, Presidente! Vamos para o debate qualificado, para entregar as bolsas que nasceram da inteligência, depois foram modificadas por aí, por Fernando Henrique, pelo PT. E hoje são “bolsa-voto”, não sei o quê. É um rolo! Vamos orientá-los para o trabalho. Entregue-as aos Prefeitos. Os Prefeitinhos são gente boa! Com seu serviço social, em pouco tempo, João Pedro - este é o debate qualificado, é para isso -, eles vão ter uma profissão.

Eu falo, Luiz Inácio, como médico. Sou cirurgião, mas, no meu curso, eu ia aos hospitais. Os psiquiatras, eu os coloco para trabalhar; aquilo cura. Aliás, Voltaire disse que o trabalho tira logo três males: o tédio, a preguiça e a necessidade. Então, vamos orientar.

Os Prefeitos dão 10% a mais; os Governadores vão ganhar mais e vão se sentir...

Eu me transformo, no Dia do Professor, em professor do Luiz Inácio, porque assim não vai dar. Não vejo perspectiva. Essas são as nossas palavras.

Uma homenagem ao Professor Francisco Iweltman Vasconcelos Mendes, Vereador de minha cidade. Ele fez um livro sobre a educação e a sociedade da colonização na Parnaíba. Essas são as nossas palavras.

Trouxe também um livro da minha professora Maria da Penha Fonte e Silva, que descreve sobre a nossa cidade e os trabalhos.

Senador Romeu Tuma, não o Luiz Inácio, não nós Senadores, Deputados, empresários, banqueiros, sei que, com todo o sofrimento, com toda a desesperança, a única classe profissional que chamamos de mestres é a dos professores. Quer dizer, o mundo se curva: mestre, igual a Cristo. A eles, a nossa homenagem.

Não posso beijar nem abraçar, mas durmo todo dia com uma professora. Casei com Adalgisa, tirei-a da escola normal. E queria dar um ensinamento: a maior estupidez é perder a esperança. Não vamos perder a esperança de, por meio do estudo, levar este País para a prosperidade e a felicidade.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/10/2007 - Página 35139