Discurso durante a 174ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem de pesar pelo falecimento da Dra. Luciete Maria Pinheiro da Costa, ocorrido no dia 5 de outubro corrente, em Macapá. Critica a grave situação da saúde pública no Brasil.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE. HOMENAGEM.:
  • Homenagem de pesar pelo falecimento da Dra. Luciete Maria Pinheiro da Costa, ocorrido no dia 5 de outubro corrente, em Macapá. Critica a grave situação da saúde pública no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 09/10/2007 - Página 34268
Assunto
Outros > SAUDE. HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, MEDICO, ESTADO DO PIAUI (PI), VITIMA, AEDES AEGYPTI.
  • CRITICA, FALTA, VERACIDADE, DISCURSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, EFICACIA, QUALIDADE, SAUDE, BRASIL.
  • REGISTRO, NECESSIDADE, URGENCIA, INTERVENÇÃO, GOVERNO FEDERAL, SAUDE, BRASIL, MELHORIA, SALARIO, MEDICO.
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, MEDICO.

     O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Senador Papaléo, é constrangido que vou usar da palavra. Quero dizer a V. Exª que, como Senador da República e médico, assim como V. Exª, advertimos o Presidente Luiz Inácio e o Ministro Temporão sobre a gravidade da doença.

     Ô Luiz Inácio, pare de mentir para este País! Vossa Excelência disse que a saúde estava quase atingindo a perfeição. É imensurável a irresponsabilidade e a falta de conhecimento.

     Eu, aqui, como autoridade médica, digo que gastei os melhores anos da minha vida, ô Luiz Inácio, estudando, buscando a ciência para a consciência. Ô João Durval, com ciência e com consciência servi ao povo do meu Estado na área da saúde. Nunca antes esteve tão ruim a saúde neste País, Luiz Inácio!

     Não é mentindo... Aí está a dengue. A doença está cruel, e existe agora essa vítima, que, pela sua importância, nosso líder, médico, Presidente da Subcomissão, pranteia. Mas são muitas Lucietes e crianças doentes.

     Adverti, ô Luiz Inácio: a dengue não existe mais em Cuba. Vá lá e aprenda pelo menos isso! Você só quer aprender a ser eterno no poder. Na Colômbia, não há mais. Acabou.

     É o mesmo mosquitinho com o qual Oswaldo Cruz se celebrizou. O mosquito é o mesmo. Naquele tempo, era a febre amarela. Agora, ele transmite a dengue, que aumenta.

Heráclito Fortes, ia ao Piauí e fui visitar nosso querido e estimado Alberto Silva, aquele homem de experiência. João Durval, eu lhe disse: “Alberto, quando vai lá?” Ele respondeu: “Não vou, com medo da dengue”. E é na capital que ele ficaria. No interior, a doença está assolando.

     A dengue aumentou. Em Mato Grosso do Sul, há uma epidemia enorme; no Piauí, aumentou, como no Rio de Janeiro. E não é só a dengue, não; a malária também.

     Ô Luiz Inácio, Tião Viana é professor de doenças infecciosas. Lá, há uma sede de malária. Acompanhamos isso.

     Já fiz 40 anos de Medicina - vou fazer 41. No começo, receitávamos Aralem para casos de malária. E ela desapareceu. Sou testemunha disso. No meu consultório, o Aralem era o medicamento mais usado, Heráclito Fortes. Receitei muito em 1966, quando terminei.

     Ô Mário Couto, a doença desapareceu, porque havia serviço de saúde pública, o FSesp. E ela voltou fulminante.

     Tião Viana é do Governo, ô Luiz Inácio! Ele é professor, e você só fica com aloprados! Chame Tião Viana, que é do PT, irmão de Jorge Viana, para conversar e fornecer-lhe os dados, porque nós, aqui, só temos razão. Nós somos os pais da Pátria, essa é a razão do Senado. Eu aconselhei isso...

     E outra: tuberculose.

     Ô Luiz Inácio, você fica dizendo que perdeu um dedo e eu quero lhe dizer: quando fiz vestibular para Medicina, um exame deu que eu tinha uma mancha no pulmão e eu não poderia entrar. Eu havia passado no vestibular; entra, não entra; aí, o Professor Gilmar Teixeira Mourão - ainda me lembro do nome - disse: “Deixa o menino comigo. Pode matricular”. O Governo me tratou, deu-me Nicotubina, Fenateba e Hidrazida, e eu estou aqui, Luiz Inácio. Hoje, aumentou o número de tuberculosos. O Governo teve hospitais para tuberculosos, tirava aquelas abreugrafias, fazia campanhas de massa. Voltou a tuberculose, está aí. E agora...

     Ô Papaléo, V. Exª simboliza a grandeza da classe médica, faz da ciência médica a mais humana das ciências, é um benfeitor da Humanidade e até casou-se com a Medicina, pois sua esposa é médica. Quero dizer-lhe que dia 18 é o Dia do Médico. Vamos chamar os nossos companheiros heróicos, heróicos, que estão morrendo de fome.

     A Prefeita do PT, de Fortaleza, paga R$ 700,00 a um médico plantonista. Eu fui daquele hospital, fiz concurso na revolução, saudosa hoje. Murilo Borges me pagava, Heráclito, salário e meio como acadêmico. Ganhava mais do que um médico hoje. Lá, Papaléo, R$ 700,00 num pronto-socorro, imagine, no Nordeste! Deve ter uns 50 anos de pronto-socorro. O modelo para o que eu fiz, Heráclito Fortes, anexo ao Hospital Getúlio Vargas, fui buscar lá. Foi pelo Juracy Magalhães, prefeito, ampliado.

Então, R$ 700,00 ao médico!

     No dia 18 de outubro, lembro a V. Exª, é o Dia do Médico. Vamos convidar esses médicos heróicos, que subsistem a essa política que está acabando com a Medicina e com os médicos. Agora, se eles escapam da fome pelos salários que lhes pagam, são vítimas porque são mais propensos ao contato. Quantas Lucietes estão falecendo?

     Quis Deus que o Tião Viana chegasse agora para se associar à denúncia da irresponsabilidade que está havendo na política de saúde deste País.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/10/2007 - Página 34268