O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, primeiro, muito obrigado pela generosidade de me ceder sua inscrição para que eu pudesse fazer este pronunciamento.

Cumprimento também V. Exª pela disposição, já manifestada pelo Presidente Tião Viana, do cumprimento estrito do Regimento Interno da Casa. O Regimento está acima de nós todos e acima do Presidente, que tem como obrigação fazê-lo ser cumprido nas sessões. E o estrito cumprimento do Regimento em duas sessões fez este Senado operar e votar mais proposições em dois dias do que nos últimos três meses.

De modo que é bom se cumprir o Regimento e é bom que todos colaboremos para que ele seja cumprido.

Sr. Presidente, na imprensa de hoje tem uma notícia que não é boa para os brasileiros. O Brasil, dos países da América Latina, exceto a Venezuela e a Argentina, é auto-suficiente em petróleo, mas tem o petróleo mais caro da América do Sul. Quer dizer, o Brasil alcançou auto-suficiência em petróleo; nós, brasileiros, ficamos orgulhosos, mas o povo não ganhou nada com a auto-suficiência, nada. Continuou pagando a gasolina mais cara da América do Sul.

Ora, de que adianta a auto-suficiência se dela não se beneficia o povo brasileiro? Poderia ter até uma gasolina importada que custasse metade do preço. É claro que por sobre a gasolina incidem 58% de tributos. Não é a Petrobras, portanto, a culpada.

Mas queria, Sr. Presidente Alvaro Dias, lembrar que V. Exª estava aqui quando, no governo passado, quebramos o monopólio do petróleo no Brasil. Naquela época, o Ministro das Minas e Energia - não me recordo o nome - foi à Comissão de Assuntos Econômicos, e fiz uma pergunta a S. Exª: se, quebrado o monopólio e aberta a importação de derivados de petróleo ou de petróleo por qualquer empresa, poderíamos, até que enfim, sonhar com o carro de passeio diesel no Brasil. S. Exª disse: “Claro! Aprovado, imediatamente os automóveis diesel vão ser fabricados por toda parte”. Já se passaram 10 anos.

Outro dia, fui ao Uruguai e “babei” de inveja dos uruguaios. Aqueles Corsas, aqueles Fords Ka, aqueles carros populares da Chevrolet, todos com motores diesel, fazendo 25Km ou 26Km com um litro de diesel. Perguntei: “Que maravilha! Onde esses carros são feitos?”. “No Brasil!” O Brasil produz carro de altíssima tecnologia, e os brasileiros estão proibidos de usá-lo. Sabem por quê? Porque é econômico. Carro econômico não pode, só para o gringo. Manda para o Uruguai, para a Argentina, para a Europa. Exportamos para o Cazaquistão. O Presidente do Cazaquistão esteve aqui. Nós, brasileiros, não podemos usar o carro.

Agora mesmo, li na imprensa que o Governo da Alemanha abriu um concurso para premiar o criador do veiculo mais econômico que ande nas ruas - não é veículo de laboratório.

Este ano, a Volkswagen produziu um motor diesel, utilizado em carros na rua, que faz 52 Km com um litro de óleo diesel. Portanto, não é um motor que está no laboratório sendo testado.

O Brasil poderia também lançar um prêmio como aquele: o criador do carro mais econômico e do carro movido a diesel.

Faço uma solicitação ao Presidente Lula, que tem o sentimento da classe média, do povo mais simples, do brasileiro operário - sei que o Presidente Lula tem esse sentimento. Tenho certeza de que na hora em que o Presidente Lula tomar conhecimento de que houve um compromisso que não foi dele, mas do governo passado, e que não foi cumprido, ele vai abrir o mercado para o carro bom que o brasileiro produz, que faz 26 Km com um litro de óleo diesel, que custa a metade do preço de um litro de gasolina. Não é só para gringo, tem de ser vendido no Brasil, com preço brasileiro, para que os brasileiros possam usufruir mais do direito que já têm de serem auto-suficientes em petróleo. Não adianta a auto-suficiência se o povo não se aproveita dela.

Sr. Presidente Lula, vamos pensar no Brasil, permitindo que carro diesel de passeio seja usado no País! Atualmente, os ricos que importam carros coreanos, japoneses, movidos a diesel, podem usá-lo para passeio, mas custam R$200 mil. No entanto, o brasileiro comum, que poderia comprar um carro diesel por R$25 mil, R$29 mil, R$30 mil e andar 26 Km com um litro de diesel, está proibido.

O Presidente Lula tem de pensar nisso e bater a caneta!

Muito obrigado, Sr. Presidente.