O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Senador Alvaro Dias, que preside esta sessão, Parlamentares, brasileiros e brasileiras aqui presentes e que nos assistem pelo Sistema de Comunicação do Senado, Senador Mário Couto, Senadora Marisa, são os tucanos. Não são? Esse negócio de café com leite, nem São Paulo nem Minas. O nosso candidato é do Paraná. Você dobra o tempo, não dobra?

Olha aqui, e quis Deus chegasse a experiência, Shakespeare disse. Ô, candidato tucano à Presidência, do Paraná, nem café, nem leite, nem São Paulo, nem Minas: Alvaro Dias.

Senador Alvaro Dias, Senador Duque, há uma charge do jornal Diário do Povo. Reproduz esta imagem na TV do tamanho de um outdoor, faz de conta que sou do governo. O Presidente agora é o Alvaro Dias. Então, está aqui o Luiz Inácio de Pinóquio.

Presidente, votei no Luiz Inácio, na primeira eleição. Pinóquio, porque a CPMF é uma mentira. Não se pode partir da mentira. Está ali o Duque. Este Senado é grande por isto: somos poucos, mas de alta qualidade. Nós quatro aqui fazemos o melhor Senado desses 183 anos de história. Pode fazer uma CPI na vida de cada um. Não é esse negócio de Conselho de Ética. Pode fazer uma CPI em cima de cada um.

Ali, quis Deus, está o Duque. A mulher dele é bonita, empata com Adalgisa. Ela foi secretária de Getúlio Vargas, e ele era Deputado, galante, conversador... acabou conquistando. É um homem de experiência.

Essa pedagogia não entendo bem, não. Sei que apanhei muito de cinturão do meu pai. Mário Couto, você não apanhou? E era por besteirinha, a maioria das vezes era o diabo do dentista, que tinha uma broca - era complicada! - a pedal. Você lembra, Duque, você foi? Olha aí. Tinha no Paraná? A nossa Cláudia é novinha, não é do tempo da broca de pedal, só tem 25 anos. Mas a gente arrupiava, era a pedal ali para tirar um dente. E eu faltava com medo da broca e do dentista. Mas o meu pai era amigo do dentista. “Ô, Dr. Simplício, e o Francisco?” “Faz dois meses que ele não pisa lá.” Olha, pau, pois quem mente rouba. E apanhei muito. Foi bom, agradeço. Não sei, mas essa pedagogia, sou pela do meu pai, de quem estou contando a história e estou aqui.

Ô, Luiz Inácio, se o seu pai não lhe deu, não o estou julgando, nem a Vossa Excelência, mas esse negócio de mentira não dá certo. Primeiramente, ó, Deus, bote um raio neste Senado e acabe esse negócio se continuarmos a mentir para o povo brasileiro. CPMF, contribuição provisória. Provisória é provisória, foi de um tempo de crise mundial, dos tigres asiáticos. E um homem de bem, acreditado, fez isso: Adib Jatene.

Eu auxiliei cirurgia de Adib Jatene nos primórdios da cirurgia cardiovascular. Ele é da banda de V. Exª, nasceu no Acre, como o nosso Presidente Tião. Ele ganhou a confiança e pediu aquela contribuição para tirar a Saúde da crise. Não tirou. Quem fala isso sou eu, que vou fazer 41 anos de médico agora, no dia 6 de dezembro. No Piauí a gente fala “esculhambada.” Bota aí e pode-me levar para o Conselho de Ética: nunca a Saúde esteve tão esculhambada. São 41 anos como médico mesmo, de Santa Casa.

No Rio de Janeiro, está-se pegando negócio de carpintaria para abrir as cabeças. No Rio de Janeiro, tala de papelão para se engessar braço. O mosquitinho que o Oswaldo Cruz erradicou, o aedes aegypti - pega, dá picada, leva o vírus - era da febre amarela; agora o danado transmite a dengue. O danado já mandou buscar uns primos, já descobriram outros mosquitos, aedes não sei o quê - não estudei isso ainda. E o pior: mais tipos de dengue. Isso tinha acabado em 1950!

Duque, você se lembra dos mata-mosquitos? Entravam na casa da gente e combatiam a malária. Isso acabou, foi extinto. Quem diz isto sou eu. O Ministro da Saúde está aqui, na foto, gente boa, parece um galã da Globo.

Parece o teu irmão, Alvaro, todo charmoso.

Temporão, no começo da minha medicina, havia casos de malária. Vinham lá do Amazonas. Os remédios eram Aralen, Plaquenil. Desapareceu. Eu, médico, estou dando o testemunho. Voltou. Ou não? Está ali o homem do Amazonas. A malária lá está uma epidemia. Há um ano eu falo da dengue e agora que o Governo reconheceu que tem epidemia. O Boris Casoy dizia “isto é uma vergonha.” Aí o Luiz Inácio mandou tirar e ele tirou. Ficou uma vergonha maior e o homem desapareceu. Mas o Congresso ele não fecha, não!

Está ali o Mário Couto já preparado... Aqui é para ser a voz do povo. Mas, Alvaro Dias, é provisório, e dizer que vai para hospital? Não vai.

Eu recebi uma carta de um médico, idoso, aposentado... O que ele ganha, Duque, não dá para pagar o plano de saúde que ele tinha. A carta é grande, é longa, mostrando a verdade... Um médico! O plano de saúde foi aumentando e chegou a R$1.700,00, e ele ganha R$1.300,00. Sobrevive por causa do relacionamento médico. Ele teve um câncer e os colegas o ajudam. Esta é a verdade. A carta é grande. Eu não sabia que seria o Alvaro Dias o Presidente. Pela lei, eu só teria cinco minutos. Senão, eu teria trazido a carta. Eu vou viajar e dar para o Mário Couto ler na próxima. Amanhã o Mário Couto estará aqui. Carta de um médico.

A aposentadoria dele é de R$1.300,00. O plano de saúde que ele fez, pagando cinqüenta e poucos anos, está R$1.700,00. Hoje ele pede favor para se consultar. E essa é a saúde que o Luís Inácio diz que é quase perfeita. Olha as filas! Pessoas deitadas no chão... No Rio de Janeiro...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - É o espírito da lei e o Paraná sempre foi a Boca Maldita. V. Exª se lembra como surgiu a Boca Maldita? Não pode se lembrar. A Boca Maldita é a maior instituição... Depois deste Senado, é a Boca Maldita. A reunião é em 13 de dezembro. Eu quero voltar lá. Por quê? Porque na ditadura não se podia reunir. Os paranaenses estavam reunidos e chegou um militar e acabou com a reunião em 13 de dezembro de 1965. Aí, um paranaense virou para o capitão e disse: “Você é bicha!” Aí gritaram: “Bicha!” Aí criaram a Boca Maldita, que tem essa história... Foram os paranaenses, porque não tinham um Parlamento, e V. Exª os representa. V. Exª é autoridade. Eu estou falando também que eu recebi. Eu sou comendador da Boca Maldita, que é um dos orgulhos da minha biografia. Treze de dezembro foi o dia em que um militar quis acabar a reunião de amigos que almoçavam. O paranaense saiu na frente, quando todos os Parlamentos estavam fechados. Não preciso ir para a Boca Maldita, posso falar aqui mesmo.

O que eu queria dizer era isso sobre este Governo.

Saúde recebe R$120 milhões para eventos. O Augusto Botelho pulou para o PT, mas está querendo criar asas e voar de novo. Foi assinado ontem: R$120 milhões somente para eventos. Se dessem esse dinheiro para os hospitais, para as santas casas, daria para saldar as dívidas de todas as santas casas do País. Devemos ter austeridade, saber gastar, Temporão.

É o seguinte: nós não podemos fazer saúde com base numa mentira. “Eu sou a verdade, o caminho e a vida.” Devemos buscar a verdade. Dizer que a contribuição provisória é para a saúde isso é uma mentira! São duas mentiras.

Um chargista, que tinha de ser do Piauí, desenhou o Luiz Inácio com nariz de Pinóquio. Isso fica mal. Não quero isso. Eu gosto dele e quero ajudá-lo.

Outro jornal diz: “Mão Santa condena a inadimplência do Estado, que prejudica os servidores do Piauí.” O mesmo ocorre com outros Governos, não é só com o Piauí. Tiraram empréstimos para pagar o 13º salário. Acontece que os Governadores descontam dos funcionários. Eles estão como inadimplentes e o serviço de proteção ao crédito não os deixa comprar. Atentai bem!

O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PSDB - PR) - Senador Mão Santa...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Sr. Presidente, V. Exª vai me dar mais tempo porque vamos buscar a verdade.

Eu falava... O jornal Valor Econômico dizia que eram R$15 milhões ou R$17 milhões. “Calote do governo do Estado em bancos foi de R$67 milhões.” É o Governo do PT.

“Antônio Neto é notificado pelo TCE.” A retenção se deu no tempo do período eleitoral. Esse é o mar de lama, é o mar de corrupção.

E mais ainda: está aqui o Cláudio Humberto. Flexa Ribeiro, V. Exª é da Mesa? Recebemos a mídia, que não coloca a coluna de Cláudio Humberto, porque ele é firme, ele é corajoso, ele é que dá essas pontas. Peço que naquela mídia que o Senado paga para nós, Senadores, coloque o Cláudio Humberto, tem que colocar o jornal mais verdadeiro deste País, de Hélio Fernandes: a Tribuna da Imprensa. E olha a coragem dele aqui. Ouçam o que ele diz dessa Aeronáutica:

Só embromação.

Nelson Jobim completa amanhã três meses rolando o lero no Ministério da Defesa. Só conseguiu nomear um novo diretor para a Anac. E as empresas aéreas ainda obrigam o passageiro a viajar com o joelho quase no nariz.

O Ministro Nelson “Rolando o Lero” Jobim já descobriu que é mais fácil alisar sucuris da Amazônia do que engolir sapos em Brasília. O Governo é errado. Cada macaco em seu galho e esse macacão não está no seu galho. E esse é o Governo.

Portanto, vou encerrar agradecendo a V. Exª. Chegou o Flexa Ribeiro. Olha aí, a alternância do poder enriquece a democracia.

É lícito os tucanos sonharem, mas a história diz que já teve muito café-com-leite: São Paulo e Minas. Sugiro o Alvaro Dias, uma modernidade do seu Partido. Essas as nossas palavras.

Este Senado, este Senado! - não é negócio de Renan não, porque Renan saiu - a moral dele vai ser quando tivermos coragem de enterrar a CPMF. O dinheiro, Luiz Inácio - não engane o povo brasileiro -, não vai desaparecer, não. O dinheiro vai ficar nas melhores mãos: nas mãos santas da mãe de família, da dona-de-casa, do operário... Com esse dinheirinho, ele vai comprar o que o Governo não dá: segurança, saúde e educação. E Luiz Inácio, estou-lhe salvando para Vossa Excelência não ficar mentiroso. Lembro-me de que Vossa Excelência conquistou o meu voto porque Vossa Excelência, Luiz Inácio, dizia: “Por que o trabalhador não tem direito a tomar uma cervejinha no sábado, uma geladinha?” O trabalhador e o operário vão tomar a sua cervejinha. E eu votei. E o trabalhador fica com esse dinheirinho. Esse dinheiro vai ficar na família de cada um. São R$40,00, R$30,00 por mês na casa de um pobre. Quantos pães ou a cervejinha que o Lula prometeu para os operários? Eles vão ficar nas mãos honradas e honestas da dona-de-casa do Brasil.