Discurso durante a 201ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Críticas à idéia de se conceder ao Presidente Lula a possibilidade de disputar um terceiro mandato.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. TRIBUTOS.:
  • Críticas à idéia de se conceder ao Presidente Lula a possibilidade de disputar um terceiro mandato.
Publicação
Publicação no DSF de 06/11/2007 - Página 38955
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. TRIBUTOS.
Indexação
  • COMPARAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, SITUAÇÃO, DITADURA, CRITICA, HIPOTESE, PRORROGAÇÃO, MANDATO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DESRESPEITO, DEMOCRACIA, COMENTARIO, COMPETENCIA, SENADO, PRESERVAÇÃO, INSTITUIÇÃO DEMOCRATICA.
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, SUPERIORIDADE, CARGO DE CONFIANÇA, IMPLANTAÇÃO, PROGRAMA ASSISTENCIAL, AUSENCIA, FORMAÇÃO, POPULAÇÃO CARENTE, ACESSO, MERCADO DE TRABALHO, DESVIO, RECURSOS, SAUDE PUBLICA, ORIGEM, CONTRIBUIÇÃO PROVISORIA SOBRE A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (CPMF), ESCLARECIMENTOS, OBJETIVO, CONTRIBUIÇÃO, CARATER PROVISORIO, PERIODO, CRISE, MERCADO FINANCEIRO, DESNECESSIDADE, PRORROGAÇÃO, IMPORTANCIA, REDUÇÃO, TRIBUTOS.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Mozarildo Cavalcanti, que preside esta sessão de segunda-feira, 5 de novembro, Parlamentares, brasileiros e brasileiras aqui presentes e os que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, Senador Sibá Machado, símbolo da nossa democracia, nascido no grandioso Piauí, na cidade de União, descendente dos bravos vaqueiros do nosso Piauí. Andou o mundo: São Paulo, lutando pela vida; foi para o Acre, tornou-se professor, líder sindical, entrou numa luta política e chegou a suplente de uma mulher brilhante, a Senadora Marina Silva. Essa é a beleza da democracia.

Aqui estou, Senador José Agripino, justamente há quatro anos, dez meses e cinco dias. E quero dar um testemunho: ninguém avançou nesta Casa culturalmente mais do que Sibá.

Vizinho que sou de Tasso Jereissati, fui uma vez Prefeito, duas vezes Governador e ele três vezes Governador do seu Estado. Mário Couto, no início do meu mandato, quando atravessávamos esse corredor, esse túnel feito por Petrônio Portella, o Tasso se virou e disse: “Mão Santa, o que você está achando disso?” Nós vínhamos da CAE, que (explicando para o povo) é como uma sala de aula, onde se discutem os problemas econômicos do País com responsabilidade. Eu, do meu jeito, disse: “Tasso, estou encarando isso como um curso, uma faculdade, uma universidade, uma pós-graduação, um mestrado. Olha, acabamos de sair de uma aula. E já temos de ir, às 14 horas, ao plenário. Temos de assinar o ponto, a freqüência eletrônica. Tem o diretor, que é o Sarney. Têm os colegas - você, mais íntimo, porque viemos do mesmo Estado.

Este é o Senado, que defini para nós. Nossa responsabilidade, José Agripino, é grande. Para isso, estou aqui. Saí de onde nasci, na Parnaíba, durante a madrugada, andei uns quatrocentos quilômetros de terra, passei pela cidade de Esperantina, onde o Prefeito Santolia fazia a Festa do Caju, uma das riquezas do Piauí. Amanheceu, peguei o avião e estou aqui. Muitos quilômetros. Não é só aquele meu conceito de que é bom, de que é uma Casa que nos enriquece pelos companheiros, pela hospitalidade, mas a nossa responsabilidade é maior. Jayme Campos, conheci seu irmão. Foi Governador e Senador, e eu era Governador. Esse é o meu conceito, que aqui é para nós.

Mário Couto, este Senado começou num desespero do maior líder ungido por Cristo. Moisés, cumprindo sua missão, não quis saber das dificuldades.

Mas, José Agripino, ele entrou num desespero, numa dificuldade, como V. Exª está aí. V. Exª está no desespero, porque é o grande comandante hoje das oposições deste País. E Moisés, depois de tanta luta, não quis saber se faraó tinha exército, Mar Vermelho, seca. Ele disse: “Vou largar isso”. Quebrou tábua de lei, e o povo atrás do bezerro de ouro. Aí ouviu a voz: “Não desespere, continue sua missão, Moisés. Busque os mais velhos, os mais experientes, e eles lhe ajudarão carregar o fardo do povo”. Daí nasceu essa história. Nasceu na Grécia, foi melhorando pela Itália, com Cícero. Foi melhorando na França. Foi melhorando aqui com Rui Barbosa e conosco. Nós melhoramos essa história do Senado da República.

Somos, José Agripino, a única resistência deste País hoje. Eu conheço - eu ando, vocês andaram - as associações. E a UNE - e adentra aqui um professor -, comprometida com o Governo. Somos a única, não tem mais duas resistências. A nossa responsabilidade é aumentada.

E aí está o País. Ô, Sibá, permita-me, um homem - e quis adentrar o Cristovam Buarque -, iluminado como Cristovam Buarque, presidiu os Estados Unidos quatro vezes: Franklin Delano Roosevelt.

Guerra, recessão. Ele disse: “Com todo homem que vejo e é superior a mim em alguma coisa eu procuro aprender”. Sibá, permita-me, reconhecendo que ninguém evoluiu mais do V. Exª nesses quatro anos, dez meses e cinco dias. Mas Deus me permitiu nascer num forte lar intelectual. Minha mãe, Cristovam Buarque, poetisa, de Academia, tem livro publicado, A vida, um Hino de Amor, pela Vozes. Então, estudei, ela me ensinou, fui alfabetizado no colo dela. Desde menino, já li uns 50 livros de Abraham Lincoln.

Então, Sibá, aí está a nossa missão. Fui o primeiro que cheguei aqui e disse: Chávez. Tenho uma amizade muita intensa com o ex-Presidente José Sarney, que é vizinho do meu Estado. Eu, bem novinho, médico, José Agripino, encontrava-o em um restaurante na beira do rio Parnaíba. Ele era Deputado Federal e ia pedir votos no Maranhão, em Araióses, em Tutóia, em Barro Duro, em São Bernardo. E ia dormir na minha cidade, porque tinha um empresário da cera muito amigo dele, que o ajudava. Eu, novinho, médico, conversava com José Sarney. E chegando aqui, ele me designou para uma viagem para a Venezuela. Eu vi o referendo, eu fiz o diagnóstico. Quando cheguei aqui, disseram: “Não, não pode”. Está aí o Chávez do jeitinho que eu previ. Tenho estudado muita história. Está aí o modelo, Fidel Castro, o ícone.

José Agripino, na quinta-feira, um deputado do Equador estava choramingando aqui, pedindo-nos apoio. Olha a nossa responsabilidade! Não é mais com o Brasil, é com a democracia, que tem uma história longa: liberdade, igualdade, fraternidade. Ele estava chorando ali. Fui cumprimentá-lo. O Paim foi também. Ele era do Equador, e o mais aplicado é o Presidente do Equador. O Chávez já tem um bocado de anos, mas ele foi eleito outro dia, mas mudou.

Ô, Cristovam, sabe o que fez lá o Presidente? Cassou dezenove. Eles recorreram à Justiça. Era um país democrático. Um juiz concedeu a liminar, Mário Couto. Dez foram votar. O Presidente Rafael Correa prendeu os dez. Mandou prender o juiz. Os outros fugiram para a Colômbia.

A Venezuela está aí, o Morales, pintando e bordando. Nicarágua está aí. E o Brasil está aqui.

O Cristovam conhece mais o Luiz Inácio. Votei nele, é generoso, é do Nordeste. E a continuação do seu sonho foi um pouco deturpada, o Bolsa-Escola, que V. Exª imaginou, o Bolsa-Família. E acho que aí ele merece aplausos, porque é uma caridade - quem pode ser contra caridade? Não seria eu! “Fé, esperança e caridade”, disse o apóstolo Paulo. Mas o mesmo apóstolo Paulo disse que quem não trabalha não merece ganhar para comer. Mas é uma caridade.

Então, acho que nós, os mais velhos, os mais experientes, temos de aprimorar aquilo que V. Exª sonhou: passar para os prefeitos, ampliar, dar a eles mais de 10% de recursos, mas o prefeito tem de qualificar essa gente e colocá-los para trabalhar. O trabalho dignifica.

E entre Luiz Inácio e Luiz Gonzaga... Votei no Luiz Inácio, mas Luiz Gonzaga é do meu sertão! Jayme Campos, você já ouviu Luiz Gonzaga? Eu ouvi, era menino, não era como hoje, não tinha ainda esses trios elétricos. Ô, Sibá, em frente da praça, num posto de gasolina que era do meu avô - era da Texaco -, botavam uma lâmpada, uma lapa de sanfona - ô, Mozarildo, você viu? Era grandona. Na Argentina, ela é pequenininha. E ele subia com uma lâmpada e cantava. O cântico é muito mais importante do que o discurso.

Mário Couto, a Bíblia tem os salmos. Davi dedilhava os seus sambas por meio dos salmos. Chamavam-se salmos. Luiz Gonzaga e Luiz Inácio. O Luiz Gonzaga, profeta, salmista, com sua sanfona, disse: “a esmola que se dá a um homem são ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão.”

Então, isso é para nós, pais da Pátria que devemos ser, os mais velhos, os mais experientes, a melhorarmos. Devemos nos preocupar com esse negócio de terceiro mandato. Só tem uma, não tem duas residências mais. Nunca vi um governo tão forte. Estudei muito história. Sei que o Senador Cristovam é professor, é mais sábio, é mais culto, mas eu nunca vi uma avalanche dessas.

Ulysses disse “ouça a voz rouca das ruas”. Eu ouço, Agripino. Eu venho ouvindo, ouvindo, ouvindo.

Olha, não é o Luiz Inácio; o Luiz Inácio é generoso. Eu só pediria que ele ouvisse a encantadora... A mulher é a melhor conselheira que pode ter, como eu tenho a minha, a Adalgisa, mas eu pediria que ele fugisse dos aloprados, porque o perigo é iminente. É muito simples.

Eu realmente tenho que agradecer a Deus! Mozarildo, eu não tive dificuldade. Minha família... Meu avô tinha dois navios, era industrial. Chegou no Piauí e colocou... Mas eu tenho meus méritos, porque eu podia ser um “rabo de burro”, um playboy, mas fui ser médico, cirurgião. Nunca soube o que era desemprego. Havia fila para me escolher. Cirurgião, fiz curso...

Mas o perigo é que agora, Mozarildo - imaginem vocês que estão aí -, a vida é difícil. A vida está ficando difícil e complicada, Senador José Agripino. Meu pai morreu balbuciando isso. Parecia aquele negócio bíblico... A vida está ficando difícil e complicada. Para mim não foi; foi fácil. Tenho que agradecer a Deus.

Mas eu vejo porque a minha profissão, médico de Santa Casa, me levou a conhecer... Alguns conhecem o que é Santa Casa. Mozarildo, há Santa Casa em seu Estado? Eu deixei de ter um hospital privado para levar uma Santa Casa nas costas. Eu operava muito! Talvez, Cristovam Buarque, eu tenha sido um dos cirurgiões que mais operaram na história do mundo e vou dizer o porquê: eu vinha, bem dotado - e fui porque quis -, para minha cidade, talvez apaixonado pela minha mulher Adalgisa, não sei, mais fui. Quando eu acabava de operar, Mozarildo, um paciente particular ou do instituto - havia vários naquele tempo -, a freirinha chegava e dizia: “tem cinco para operar”. Eu dizia: bote. Eram pobres, indigentes.

Eu raciocinava, Cristovam, que, na minha profissão, dinheiro é bom, não vou dizer que não é, mas, se não ganhava dinheiro, ganhava experiência, prática, e cirurgia é prática. E aí eu ganhei muito voto. Não sei o que é comprar voto, fazer título de eleitor, nunca gastei um tostão. Quer dizer, esta é a vida. Quero dizer que vejo agora e está clara a dificuldade.

Não é o Luiz Inácio, que é gente boa, mas nas circunstâncias dele... Talvez a infância difícil o faça se encantar com o Aerolula, com viagens. Isso tudo é normal. Sei que ele não teve isso. Mas ele é gente boa. Aí é que está o perigo. Ele, mesmo no desespero, quando podíamos até pedir o impeachment dele, disse a nós, pais da Pátria, ele no desespero disse que estava rodeado de aloprados. Ele que disse, ele que clamou. Por isso o desacerto do Collor foi mobral diante... E nós, vendo a sensibilidade dele... Ele clamou, apelou, disse que estava rodeado de aloprados. Foi ele que disse. Aí o Ministro que ele mesmo nomeou carimbou quarenta ladrões aloprados em torno dele. Não fui eu, não fomos nós.

E o povo se comportou como nós, com clemência, mas aí está chegando o perigo. Homem bom, Marisa encantadora, mulher... Votei nele. Mas o perigo é que tem 25 mil brasileiros e brasileiras...

Ele usou o termo “aloprados”, pessoas que não sabem trabalhar, que não estudaram, famintas, que estão ganhando aí, muitos deles, Sibá Machado, R$10.448,00. No Livro de Deus, Mozarildo Cavalcanti, diz: “à porta larga da vagabundagem, da facilidade, da corrupção”. Entraram pela porta larga; não foi pela porta estreita. Entendeu, Mário Couto?

Então, esses 25 mil estão com medo das próximas eleições. Os nomes estão aí, as pesquisas estão aí. Se fosse hoje - as pesquisas são uma verdade; são o casamento da estatística com a matemática -, ganharia o Serra. No futuro, pode ganhar ate o Cristovam Buarque - seria um bem para o País - ou o Mário Couto. Mas hoje...

Então, os aloprados estão vendo. Aí olha para o time dele... Não sei por que não incluíram o Sibá Machado e o Paulo Paim, que são gente boa? Aí dos do time dele, nas pesquisas, eu estou ganhando de todos; só tem fraquinhos. É... Eles estão vendo, estão com as pesquisas. Fazem pesquisa a todo instante, Senador Cristovam Buarque. Então, aqueles que estão ali estão bem fraquinhos. O melhorzinho que pode ser - eu já votei uma vez nele - é o Ciro Gomes, mas também não é tão afinado. Olhem a realidade.

Então, esses aloprados, que são 25 mil... É muita gente... Cristovam Buarque, o Bush, o poderoso Bush só nomeou 4.500 pessoas nos Estados Unidos. O Bush, o poderoso Bush. Sou mil vezes mais o Luiz Inácio do que o Bush, que só nomeou 4.500. O Luiz Inácio nomeou quase 25 mil aloprados nos cargos sem mérito. Não teve o cuidado, José Agripino, de ver que Getúlio tinha criado o Dasp, que o Dasp tinha livro de chefia, de liderança, de critério de nomeação, escrito por Wagner Estelita. Você já leu, Mozarildo? Pois antes de voltar ao Governo de Roraima, leia Wagner Estelita, contratado do Dasp, Departamento Administrativo do Serviço Público. É um livro encantador. Getúlio era um estadista, era a competência.

O Franklin Delano Roosevelt veio duas vezes ao Brasil ouvir o Getúlio. O Perón veio, eles que vinham. Getúlio era... Então, tem isso. Aí botou em cima daquilo que era previsto, organizado, os aloprados. Esses 25 mil aloprados estão desesperados. Quarenta ministros! Não existe isso. O maior número que teve num governo no Brasil foi dezesseis. É gente demais. Mário Couto, V. Exª, que sabe muita coisa, sabe o nome de dez ministros? Eu não sei de seis. Se o brasileiro souber o nome de cinco, eu entrego meu mandato.

Então, essa gente toda está pressionando o Luiz Inácio a buscar o terceiro mandato. Quebrar aquilo que é a maior riqueza: a democracia. “Ah, mas o povo quer”. Não... A maior riqueza da democracia é a alternância de poder. Fidel Castro está lá. Fui lá, eu conheço aquilo. Ele diz que é democracia, e que o povo vota. Há o parlamento. São 300 dele e 300 do irmão dele. A Venezuela está aí. Chorava o Deputado do Equador aqui, a Bolívia, a Nicarágua. Então, é essa gente que fala; esta aqui é a última resistência.

Então, esta CPMF, Senador Mozarildo, temos de mostrar que o Senado é independente, Senador João Pedro, com muito respeito. Primeiro, acho que o José Agripino foi Constituinte. Foi? A Constituição só tem 250 artigos; nas Medidas Provisórias, 89. É medida provisória e tal engolindo... Ninguém pode construir um país baseado na mentira.

Eu falei bem do meu pai, mas ele me batia era de cinturão. No meu tempo não tinha esse negócio de Estatuto do Adolescente. Que nada! Apanhei, e muito, de cinturão.

Ô José Agripino, V. Exª apanhou? Eu apanhei de cinturão. Não havia esse negócio de Estatuto do Adolescente, não! Hein, Cristovam? Cristovam é pedagogo, e a maior parte das vezes foi por besteira, por mentirazinha. Mentia porque eu tinha medo do dentista. No consultório do dentista tinha uma broca, doía muito, não havia anestesia, a gente arrepiava, e o diabo do dentista era amigo do meu pai, Juvenal Gardênio. Meu pai pergunta ao Dr. Juvenal: “ E o Francisco?” “Ah, ele não vai lá não”. À noite, vinha o cinturão. Quem mente rouba. Era no cinturão. Foi bom.

Mas como nós vamos, José Agripino, construir uma sociedade baseada na mentira? A CPMF foi criada em um momento de crise internacional, o dinheiro seria para a saúde, que era uma porcaria. O melhor Ministro, Adib Jatene, convenceu a fazer contribuição provisória para aquela crise. Provisória é provisória. Agora, ficar como está, José Agripino! Este PSDB se manque e veja o sentido dele de Oposição.

De quatro em quatro anos a gente prorroga, aí é motivo para a negociata: dá dinheiro para Deputado, dá dinheiro para Senador, dá emprego. Isto é uma safadeza! Em 2003 e 2007 houve votação, e em 2011 outro festival de malandragem de traquinagem! Estamos enganando o povo. Não foi para isso que vim para cá, Senador Cristovam. Não me venha com essa conversa de PDT, que não é o PDT de Brizola! Cristo disse: “ Eu sou a verdade, o caminho e a vida”. Como se pode mentir? Provisória é provisória. Vejam: de quatro em quatro anos não acontece a Copa do Mundo? Aqui tem a copa da malandragem, da roubalheira, da sacanagem. Éh! Ou nós enterramos para fazer uma lei boa e justa. Não está correndo aí as emendas de Deputado não sei o quê, 10%, compra, dá, nomeia, Petrobras, companhia elétrica, Ministro cai, Ministro entra, Ministro cria... E daqui a quatro anos, de novo! É o campeonato que nós vamos criar? Ô Cristovam, tu vai obedecer aquele Lupi? Um desavergonhado que escreveu a página mais feia deste Senado! Desafio, alguma vez na vida, o seu presidente entrar aqui como Senador. A página mais feia foi ele quem a trouxe. Ô José Agripino, aquilo foi imoral. Por intermédio de uma carta, pegou o nosso representante do Rio de Janeiro, o Senador Saturnino Braga, um homem honrado, um dos melhores Prefeitos, e exigiu uma carta para negociar o mandato! E foi para o Conselho de Ética, e nós fomos clementes. V. Exª sabe. Ô Cristovam! Não tem esse negócio não. V. Exª é maior do que o Lupi. V. Exª é educação. Só tem educação se for a procura e a busca da verdade. Teu PDT tem de votar para enterrar. Outro dia eu vi um homem macho do seu Partido, o Senador Osmar Dias. Este é o pensamento dele. Aquele é o líder. Aquele é o presidente de fato. Eu até sonhei em ir para o PDT, mas se o Osmar Dias fosse o Presidente. Outra mentira: que os recursos da CPMF vão para a saúde. Agora sou eu quem fala. Ô José Agripino, V. Exª sabe tudo mais do que eu; homem de melhores pronunciamentos que já vi. Quanto ao negócio da mamona, no nascedouro, V. Exª disse que aquilo contrariava Henry Ford. “Maior quantidade, menor custo, menor tempo”. O custo não tinha economicidade. Cinco meses de naufrágio e caiu.

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Mas no quesito saúde, eu é que sei mesmo. Vou fazer 41 ano no exercício da medicina. A saúde piorou, piorou, piorou...Nunca dantes esteve tão ruim! Olhem a dengue! Oswaldo Cruz venceu o mosquitinho. Ô João Pedro! Ô meu Luiz Inácio, um Governo que não mata um mosquitinho, que não ganha uma guerra do mosquitinho, que voltou danado. A dengue maligna, hemorrágica, mata e aumenta a percentagem. A rubéola, nas gestantes, as mães, as mulheres. A rubéola, em gestante, faz nascer um filho monstro, voltou, voltou. A malária, ô Mozarildo - que é de lá -, havia desaparecido. Sou médico. Formei-me em 1966. Ô José Agripino!

O SR. PRESIDENTE (Mozarildo Cavalcanti. Bloco/PTB - RR) - Senador Mão Santa, faço-lhe um apelo no sentido de V. Exª encerrar o seu pronunciamento, porque V. Exª já usou os seus 20 minutos e mais 10. Peço-lhe que encerre. Há oradores inscritos. 

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Aí está a rubéola; a gestante pode ter filho monstro; a tuberculose; os hospitais... Então, é outra mentira. Esse dinheiro não foi para a saúde. Não foi para a saúde! No Rio de Janeiro - ô José Agripino -, fraturado de coluna e de braço usando tala de papelão; operando cabeça com material de marceneiro! Isto no Rio de Janeiro, imaginem no interior lá da sua Ilha de Marajó, Mário Couto! É outra mentira que eles querem defender. Não, Luiz Inácio. Você é gente boa, mas, para cá, não! Ó Deus! Ó meu Deus, solte um raio e acabe com este Senado, se for para fazermos essas falcatruas! Mentirosos! Sem-vergonhas! Começaram: só rico que paga CPMF, só quem tem talão de cheque. Olha, o sabonete - ô Luiz Inácio! - que a Dona Marisa toma banho - excelente criatura, que nos orgulha, uma excelsa Primeira-Dama -, o xampu que a Dona Marisa embeleza os cabelos e os fazem cheirosos, como a minha - ô José Agripino -, tem 52,8% de imposto. Se o produto custa R$ 2,00, poderia ser menos de R$ 1,00 para as pobres, as mulheres do operário, Lula. E esse dinheiro, Luiz Inácio, não é este Mantega, esses aí não! Temos mais quilômetros de entendimento do que todos aqueles que estiveram aí. Esse dinheiro não desaparece, não. Esse dinheiro, Mozarildo, brasileiros e brasileiras, vai ficar bem empregado. Vai ficar na mão da dona-de-casa, da mãe de família...

O SR. PRESIDENTE (Mozarildo Cavalcanti. Bloco/PTB - RR) - Senador Mão Santa, mais um minuto.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Pois é. São R$400,00, R$500,00, que o pobre vai economizar em um ano. Isso é muito para eles. Luiz Inácio,...

E quero saudar, Sr. Presidente, uma palavra de V. Exª. V. Exª dizia: “O operário, o trabalhador, todo sábado, tem o direito de tomar a cervejinha dele”. Por que não? Só os ricos? Esse dinheiro, na pior das hipóteses, vai ficar para o homem, para o trabalhador, para a família tomar a sua cervejinha. E ele vai ficar em boas mãos, pois a melhor economista que eu conheço é a mãe de família do operário, que consegue levar felicidade à família com tão pouco dinheiro.

Era a nossa palavra.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/11/2007 - Página 38955