Discurso durante a 201ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Apelo em favor da construção do gasoduto Urucu-Porto Velho. (como Líder)

Autor
Valdir Raupp (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Valdir Raupp de Matos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ENERGETICA.:
  • Apelo em favor da construção do gasoduto Urucu-Porto Velho. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 06/11/2007 - Página 38971
Assunto
Outros > POLITICA ENERGETICA.
Indexação
  • DEFESA, CONSTRUÇÃO, GASODUTO, LIGAÇÃO, BACIA DO URUCU, MUNICIPIO, PORTO VELHO (RO), ESTADO DE RONDONIA (RO), NECESSIDADE, ABASTECIMENTO, USINA TERMOELETRICA, IMPORTANCIA, APROVEITAMENTO, GAS, PAIS, INFERIORIDADE, CUSTO, REDUÇÃO, POLUIÇÃO, DESNECESSIDADE, IMPORTAÇÃO.
  • COMENTARIO, DIVULGAÇÃO, IMPRENSA, CRISE, IMPASSE, GOVERNO ESTRANGEIRO, CORTE, FORNECIMENTO, GAS, APREENSÃO, RISCOS, FALTA, ENERGIA, SOLICITAÇÃO, PROVIDENCIA, GOVERNO FEDERAL, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), INVESTIMENTO, OBRAS, USINA, FUNCIONAMENTO, OLEO DIESEL, REGIÃO SUDESTE, SUPRIMENTO, INDUSTRIA.

O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Jayme, Srªs e Srs Senadores, subo à tribuna, mais uma vez, para falar sobre gás. Há praticamente cinco anos nesta Casa, raro é o mês em que eu não faça pronunciamento sobre o assunto.

Falo muito sobre o gás da Bacia de Urucu. Já está sendo construído um gasoduto para Manaus, e, futuramente - já poderia até estar pronto -, o gasoduto Urucu-Porto Velho, para o meu Estado, a fim de abastecer uma térmica de 400 megawatts que está queimando óleo diesel.

Nos últimos dias, não temos lido outro assunto na imprensa nacional senão sobre a questão do gás: o gás que está faltando nos grandes centros brasileiros para veículos, o gás que está faltando para as termoelétricas construídas para gerar a gás, o gás da Venezuela, que é complicado, e já existe a ameaça de prejudicar o abastecimento na térmica de Cuiabá - como V. Exª disse hoje -, uma térmica que foi construída há 4 ou 5 anos para resolver o problema de energia elétrica da região de Mato Grosso.

Lamentavelmente, Sr. Presidente, com todo esse problema de gás no Brasil, com o problema do gás importado da Bolívia, já falam em importar gás da Nigéria. Esse gás seria trazido da Nigéria para o Brasil por barcaças criogênicas. E nós, com o gás sendo queimado, literalmente queimado, na atmosfera, nas chaminés do pólo petrolífero da Bacia de Urucu. Parte desse gás está sendo reinjetado no solo, porque não há para onde escoar. Ainda não existe nenhum gasoduto construído, e o gasoduto que tanto tenho cobrado, assim como os cobrados pelo Senador Rodolpho Tourinho, meu grande aliado, que brigava por gasodutos no Nordeste, até hoje não foram construídos, sobretudo o nosso, de Urucu-Porto Velho. E ressalto que tenho tido total solidariedade todas as vezes que falo sobre esse tema.

E o Governo, por intermédio das autoridades do setor, do Ministério das Minas e Energia, da Presidência da Petrobras e da Eletrobrás... Existe até uma frase, Sr. Presidente, do Presidente da Eletrobrás, Dr. Valter Cardeal, um homem renomado no setor elétrico brasileiro, creio que com renome internacional, que diz: “Não construir o Gasoduto Urucu-Porto Velho é um crime de lesa-pátria”. Ouvi isto dele várias vezes: “É um crime de lesa-pátria”. Há mais de cinco anos que se trabalha no projeto de construção desse gasoduto.

Quando Governador do meu Estado, criei a Companhia de Gás - Rongás, que está lá, instaladinha, bonitinha, para esperar o gás da Bacia do Urucu; foi construída a térmica de 400 megawatts para abastecer Rondônia e Acre - está aqui o Senador Sibá Machado, que é testemunha -; e foi puxada a linha de transmissão de Porto Velho até Rio Branco, 70% da energia consumida no Estado do Acre vai de Rondônia, mas vai a óleo diesel.

Senador Sibá Machado, se fosse para isso, se não fosse para trazer o gás, não seria necessário ter construído a linha de transmissão de Porto Velho a Rio Branco. Se fosse para queimar óleo diesel, não precisava ter construído uma térmica de 400 megawatts em Porto Velho. E as turbinas dessa térmica foram concebidas como de ciclo combinado: em um primeiro momento, queimariam óleo diesel; em um segundo momento, poderiam queimar gás. Para isso foi construída a TermoNorte, essa termoelétrica que queima 1,5 milhão de litros de óleo diesel por dia.

Realmente - e aqui reforço as palavras do Presidente da Eletrobrás, Dr. Valter Cardeal -, é um crime de lesa-pátria. Não construir o gasoduto Urucu-Porto Velho é um crime de lesa-pátria, porque o gás é 60% mais barato do que o diesel, é menos poluente, é nosso, não precisa importar, esse gás é da Bacia de Urucu.

Estão sendo perfurados novos poços na Bacia do Juruá, a 80km de Urucu. E para onde levar esse gás? Mas há pessoas no Governo que dizem que não precisa construir gasoduto. Não entendo. Esse gás não tem para onde ser levado. Ou vai para Manaus ou para Porto Velho, não há como transportá-lo para o Nordeste. Poderia até trazer para Cuiabá, mas teria de passar por Rondônia. Se for trazer para Cuiabá, deixa, então, em Porto Velho, abastecendo a térmica de Porto Velho, e não se constrói a linha de transmissão que está sendo contratada para interligar o sistema nacional. Por que interligar o sistema nacional agora se não há energia, se vai faltar energia no Brasil?

Estamos trabalhando também para construir as usinas do rio Madeira - Jirau e Santo Antônio -, que vão gerar 6.500 megawatts de energia. Existe a usina do rio Xingu, no Pará, a usina de Belo Monte, e várias outras pequenas usinas que estão sendo ou serão construídas no Brasil, porque vai faltar energia, Senador Sibá Machado. Quem não está vendo? O cenário está anunciado há muito tempo.

Eu falava aqui, há três ou quatro anos, que vai faltar energia no Brasil. E vai faltar, se o Governo não se mexer rápido para construir gasodutos, para construir usinas hidroelétricas. A Petrobras vai ter de entrar urgente, e sabe para quê? Para construir térmicas a diesel. Construir mais térmicas não a gás, mas a diesel, para queimar óleo diesel no Centro-Sul do Brasil, talvez no Estado de São Paulo, para sustentar as indústrias, para sustentar o crescimento do Brasil. Se queremos crescer 5%, 6% ao ano, devemos ter energia.

É o apelo que faço para Rondônia, mas que pode se estender para todo o Brasil, porque vamos ter problemas. É o alerta que faço neste momento.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/11/2007 - Página 38971