Discurso durante a 206ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Posicionamento contrário à prorrogação da CPMF. Cobrança da instalação da ZPE de Parnaíba/PI.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
TRIBUTOS. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Posicionamento contrário à prorrogação da CPMF. Cobrança da instalação da ZPE de Parnaíba/PI.
Publicação
Publicação no DSF de 10/11/2007 - Página 39938
Assunto
Outros > TRIBUTOS. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • MANIFESTAÇÃO, POSIÇÃO, ORADOR, DESAPROVAÇÃO, CONTRIBUIÇÃO PROVISORIA SOBRE A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (CPMF), CRITICA, GOVERNO FEDERAL, TENTATIVA, PRORROGAÇÃO, CONTRIBUIÇÃO, DESRESPEITO, POPULAÇÃO, BRASIL.
  • ANALISE, PERIODO, HISTORIA, GOVERNO, JOSE SARNEY, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CRIAÇÃO, ZONA DE PROCESSAMENTO DE EXPORTAÇÃO (ZPE), IMPORTANCIA, BRASIL.
  • DEFESA, NECESSIDADE, IMPLANTAÇÃO, ZONA DE PROCESSAMENTO DE EXPORTAÇÃO (ZPE), MUNICIPIO, PARNAIBA (PI), ESTADO DO PIAUI (PI), EXPECTATIVA, APOIO, GOVERNO FEDERAL.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Geraldo Mesquita Júnior, que preside esta sessão de sexta-feira, 9 de novembro, Srs. Parlamentares, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que assistem à sessão pelo Sistema de Comunicação do Senado Federal - TV Senado, Rádio Senado AM e FM, Jornal do Senado e Agência Senado -, este é o melhor Senado da República nesses 183 anos. Eu sei que tem problemas, errare humanum est. Cristo, quando andou pelo mundo, fez o senadinho dele: reunia-se, tinha vinhos, pães, papo, conversa, mensagem. Era pequenininho, formado por 12 pessoas, ô Cristovam, 13 com ele, não é? Naquele senadinho de Cristo, rolou dinheiro, rolou traição, rolou forca. Se aquele de Cristo, pequenininho, tinha problema, como é que nós não vamos ter? Mas, este é. Primeiro, sexta-feira, nunca, nos 183 anos deste Senado... E Senado é para isso mesmo, somos os pais da Pátria.

Eu vou fazer 41 anos como médico, 16 de dezembro, médico mesmo. Geraldo Mesquita ali simboliza, Procurador da Fazenda, continuador de Rui Barbosa no amor ao Direito e à justiça, e o professor Cristovam Buarque.

Sexta-feira, Senado, Deus já disse, busque os mais velhos, os mais experientes e os mais sábios. Moisés ia desistir, bezerro de ouro, quebrou as leis. Busque os mais experientes e eles o ajudarão a carregar o fardo do povo. Aí, nasceu a idéia de Senado, melhorado na Grécia, na Itália do Renascimento, na França e aqui melhorada por Rui Barbosa e por nós.

Mas, o Senado é para fazer leis boas e justas. Nós temos tentado. Daí eu ser radicalmente contra a CPMF. A CPMF é uma mentira. Eu gosto do Luiz Inácio. O Luiz Inácio é gente boa. Eu acho a Marisa encantadora, ela parece a Martha Rocha quando era menina, bonita, olhos verdes, encantadora a primeira-dama. É uma figura. Mas eles têm de ouvir o Senado.

O Senado foi certo e clemente. Ele poderia ter sofrido um impeachment.

Esse negócio do Collor foi Mobral, um pecado venial.

Ele mesmo, Lula, no desespero, disse: “São uns aloprados”. Foi ele quem disse, e nós compreendemos. Não fui eu, não. Nós não fizemos o impeachment dele, porque o Senado é isto mesmo. Ele disse que não era, e nós, tolerantes, acreditamos. Então, veio o STF. Ele nomeou - quase todos foram dele. O Procurador carimbou. Não fomos nós, não. O STF carimbou 40 aloprados. Não é?

Quanto à CPMF, Luiz Inácio, é para ouvir aqui. Eu votei nele. É aqui, foi criado para isso. Nesta sexta-feira, ouvi o melhor pronunciamento anticorrupção - maçonaria, Funasa, soldado - de um médico: Mozarildo Cavalcanti. Depois, Edison Lobão falou sobre a valia da escola técnica, defendendo-a.

Ô Luiz Inácio, V. Exª foi um felizardo. Este Brasil era organizado. Luiz Inácio estudou no Senai, uma escola-padrão organizada. Este País era organizado. Luiz Inácio teve o privilégio de crescer, com as dificuldades dele, num País de estadistas. O Senai era uma escola.

No Piauí, ele foi criado pelo meu tio e padrinho, José de Moraes Correia. Eu conheço a história. A minha família é de industriais. Quem exerce a presidência da Federação das Indústrias do Estado do Piauí é um irmão meu. O Senai é uma escola padrão. Então, o Luiz Inácio foi privilegiado, este País era organizado. Mas, hoje, Luiz Inácio, “é nós”.

Aí veio o Edison Lobão. Depois, Geraldo Mesquita, uma felicidade extraordinária, ele que é do Direito, do tributo, pelo cargo, com suas idéias, mostrando como é ridícula essa discussão da CPMF, o que ela simboliza na totalidade dos nossos impostos, que não atinge 40%. E ele mesmo, com a sua experiência e a sua função, antes de ser Senador, deu os caminhos, porque a própria máquina administrativa, combatendo a corrupção, combatendo a sonegação, combatendo o desperdício, a incompetência, poderia corrigir isso.

Eu sou conta a CPMF; sou mesmo. Agora, ô Cristovam, mandar o Wellington Salgado, com uns dados ridículos, a Roseana Sarney, com uns números ridículos, para cima de mim? Isso aqui não é brincadeira não! Eu vou fazer 41 anos de médico agora, ô Cristovam. Eles têm quase essa idade. Roseana, com números ridículos, vindo de um ministério de aloprados. Ridículos!

Esse nome “Mão Santa” veio foi do Maranhão. Foi o povo em gratidão, um aposto. Tutóia, Barro Duro. Levei uma Santa Casa nas costas.

Então, a CPMF é uma mentira. Mentira no nome: Provisória. Já começa mentindo. Já votamos, Senador Geraldo Mesquita. E vamos votar. É de quatro em quatro anos, como a Copa do Mundo. Tornou-se a copa da malandragem, a copa da safadeza, a copa da sem-vergonhice, de quatro em quatro anos.

Luiz Inácio tem razão. Ele disse que aqui havia 300 picaretas. Os 300 picaretas - vou conferir, vou pedir ao Luiz Inácio uma audiência - acho que aumentaram: é DAS, é mensalão, é cargo, é ministério, é dinheiro. E alguns ainda disseram: “vamos botar agora só por um ano”. Quer dizer, aí é o campeonato brasileiro, todo ano, da malandragem. Não está direito.

Rui Barbosa, Senador Geraldo Mesquita - V. Exª está aí e nunca dantes uma Presidência foi tão bem ocupada -, Rui Barbosa está ali porque ele disse que só há um caminho, uma salvação: a lei e a justiça. Isso não é lei! Foi aí, num momento de crise, um homem honrado conseguiu curvar o Congresso provisoriamente, pois o País passava por uma dificuldade financeira internacional, para socorrer a saúde. E piorou. Adib Jatene.

Eu trabalhei com Adib Jatene. Estudei cirurgia no nascedouro, no Rio de Janeiro, em 1969. Ele me ajudou, eu Governador de Estado, ele Ministro. Essa credibilidade é que fez provisória. Isso é como se bota um balão de oxigênio. Tu não vais andar com um balão de oxigênio a vida toda! Eu já recorri muito a isso. Ali, quando se está operando, o paciente entra em choque, cianose... Aquilo foi o oxigeniozinho que ele buscou para a saúde. Mas há muito tempo levaram foi o balão. A enfermeira segurasse; então, não ficou na saúde. Desviaram. A saúde está aí. Foi dito aqui.

O Mozarildo começou no dia de hoje... Isso é importante, Cristovam, você não estava aqui. Lá no Piauí - eu quero lhe convidar - há 66 km de praia, mar caliente, eu podia estar agarrado com Adalgisa, tomando meu uísque, comendo um peixinho, nos verdes mares bravios, ventos nos acariciando, sol nos tostando, rio que nos abraça. Eu já lhe convidei. Você me levou, lá na sua, e não aceitou meu convite. Então, nós estamos aqui porque é crença. Eu acredito que isso é importante. Eu podia está lá, tomando um uisquinho. A turma sabe, os pescadores sabem o que é bom, Cristovam. Momentos de irresponsabilidade... Mas estamos aqui porque acreditamos.

Olha, eu ouvi o pronunciamento de Geraldo Mesquita. V. Exª hoje se superou. E eu gosto... Não conheci pessoalmente, assim, como Deus me colocou - convivemos alguns anos, governadores juntos -, o Darcy Ribeiro, mas li os livros dele - O Povo Brasileiro; Confissões, o último dele -, a história política dele.

Mas V. Exª hoje, Senador Cristovam Buarque, foi... É como anunciei: é bom para o Brasil. V. Exª pegou uma estrofe, fez um raciocínio, e o Geraldo Mesquita completou.

E estou aqui, agora, porque essa CPMF foi isso: mentira na aplicação, mentira na defesa. Ô Luiz Inácio, nós somos a defesa. Os aloprados pensaram que iam enganar o País. E eu venho, incorporando aqui Castro Alves - quando eu era menino, aprendi, em O Navio Negreiro: Ó Deus, ó Deus, onde estás que não nos atende? É isso. Mentira, Cristovam. Aí vem um aloprado, o Lupi, querer mandar na consciência de Cristovam Buarque? Um aloprado que devia ter sido afastado da vida democrática. Eu vi o Saturnino Braga chorando pela pressão de uma carta, para ganhar, com uma carta espúria, malandra, o mandato de Senador. E nós, pais da Pátria, driblamos a carta e o absolvemos, num momento difícil, em que estava até doente o Saturnino. Um malandro, aloprado daquele, querer fechar questão para Cristovam Buarque, para Osmar Dias, para Jefferson Peres? Aí acaba. Ó Deus, ó Deus, lance um raio aqui. Não dá. É mentira! Isso é mentira, mentira que eles saíram, o Mantega... Ô Mantega, te manca! Sair dizendo, sair discursando aí que só é imposto - começou aí - para branco que tem cheque. Até preconceito botaram. Os aloprados, Luiz Inácio... Branco que eles querem dizer é rico, não é? E nem é isso! Nós temos no STF um preto; aqui temos o Paim, de cor preta, e é o mais iluminado de todos nós; eu tenho um amigo, Paulo Carvalho, que foi presidente do meu Partido. Quer dizer... Até isso! Uns aloprados disseram que isso é coisa de branco! Onde é que nós temos esse preconceito? Há alguém mais idolatrado e respeitado que Pelé? E de dinheiro, também. Quer dizer, uns idiotas pensavam que a gente era idiota. Mantega, vá se mancar, aloprado! Ah... Ô, Luís Inácio! E, agora, com esse aí... E vem o Wellington Salgado com uns números... Roseana Sarney com uns números... Fechar questão em PMDB? “L’État, c’est moi”, Luís XIV. Eu posso dizer: o PMDB sou eu. Vocês perderam a eleição do PMDB. Ulysses estava aqui em 1974. Aprendam! Nós estamos aqui para ensinar. Em 1974, ele e Sobral Pinto... Havia 93 do PMDB neste Congresso. Sabe quantos votos ele teve? Teve 76, Luiz Inácio. E 17 não votaram no Ulysses, não votaram para Presidente. Acharam que não devia haver aquela solenidade. Eu acho que devia! Ulyssses fez o mais belo discurso. Petrônio Portella falava por Geisel. O Piauí entrou para a história. Mas aqueles 17 acharam que aquilo estava carimbando o regime e não votaram. Não foi fechada a questão, não. Isso no nascedouro.

Eu, antes de Ulysses, estava em Parnaíba, com Elias Ximenes do Prado, no ano das eleições para o PMDB. E esses aí... Esses aí? O Presidente do PMDB, eu fui muito importante para a vitória dele, muito. O candidato dele era um macacão que até correu.

Fechar questão é querer dizer... Todo mundo sabe o meu ponto de vista, eu já o tinha defendido. Então, é um desrespeito. E eu não estou aqui para ser desrespeitado. Sou do Piauí. Eu já havia manifestado a minha consciência, com a minha independência, que é do Piauí... E eu vim aqui para produzir pelo Piauí. Presidente Sarney, eu quero lhe aconselhar, e posso. Eu represento a coragem e a verdade. Ulysses disse que, sem coragem, todas as virtudes desaparecem. Vamos fechar questão em uma coisa que o Presidente Sarney fez de extraordinário. Isso, sim! Mas nesse negócio? Hoje, para felicidade, o Geraldo - que nem estava lá - mostrou todo o raciocínio dele, em um debate qualificado, independente.

Presidente José Sarney, Wellington Salgado, Dona Roseana, peguem uma bandeira que presta. Eu posso dizer. Eu sou o general do PMDB. Não é conversa, não. Ontem, o Michel Temer veio aqui me convidar para almoçar com ele. Lamentei, porque costumo estar nas reuniões e não pude. Convidei-o também, como estou convidando vocês, a ir ao Delta do Parnaíba.

Esse negócio de fechar questão quem decide é a Executiva, é o Presidente do Partido. Isso não é PMDB. PMDB é liberdade, é respeito. Fui candidato, já ganhei eleições e perdi eleições. Alguns quiseram ir para o PT e foram, e eu respeitei, inclusive o Alberto Silva, que era Senador, que é o Presidente do Partido. Ulysses respeitou os dezessete que não votaram nele. Essa é a democracia.

Temos que ter bandeira. O Cristovam está aí porque ele tem a sua bandeira, a convicção. Olha aqui, ele ousou até demais. Platão: “Seja ousado, não em demasia.” Na primeira escola que ele criou. Seja ousado. Usou a ousadia. O Cristovam foi ousado demais, colocou uma bandeira que devia ser escrita e não um lema positivista de Augusto Comte e de outros brasileiros positivistas: “Ordem e Progresso.” Educação é progresso.

É uma bandeira. É simbolismo.

O Presidente Sarney tem uma coisa, e está aí. Isso é que eu considero desrespeitar... S. Exª fez a maior genialidade: a ZPE. Esse povo não sabe nem pegar bandeira. Foi um momento de inspiração extraordinária do Presidente Sarney, do PMDB. A ZPE sim!

Em 1988, estudioso, estadista que é, com visão de futuro, analisou a China. A China tinha 23 ZPEs. Ele foi lá, viu, estudou e criou em 1988. Participei, em Parnaíba... No fim do governo, além da generosidade que teve com o programa do leite, o melhor programa alimentar do Brasil... Um bem nunca vem só, como disse o Padre Antônio Vieira.

O SR. PRESIDENTE (Geraldo Mesquita Júnior. PMDB - AC) - Sem água oxigenada.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Sem água oxigenada. Olha a pureza!

E mantinha a família com a vaquinha, os bezerros na zona rural. Além de alimentar com o melhor alimento, fixava o homem com sua vaquinha no campo, evitando o êxodo para as capitais de pessoas com mão-de-obra não qualificada e essa violência que aí está.

Então, ele teve a inspiração do ZPE, do trabalho. Inspirou-se na China, que tinha saído da revolução.

Plantou, mas não aguaram. Ele ressurgiu aí com voz e o PMDB não apóia. Não vi nenhuma reunião, não vi nenhum deles pegar bandeira, esses tontos. Essa é a bandeira.

Eu vim aqui dizer o seguinte: a nossa ZPE lá da cidade de Parnaíba recrudesceu. O Sarney fez um pronunciamento de estadista. Aí a China disparou, crescendo 10%, até 14%. É exportação, tudo é chinês. Daqui a pouco chega até o leite chinês. Fui aos Estados Unidos, e o chinês só sabe dizer “ten dollars.” Um relógio é ten dollars, um rádio é ten dollars, tudo é ten dollars. Então, a ZPE que o Sarney... Uma foi na minha cidade, em 1988. Foi lá, no terreno... Ô Geraldo Mesquita, tem quantas aí? Ele criou muitas. Essa cidade, que é extraordinária, de Evandro Lins e Silva, de João Paulo dos Reis Velloso, de Antônio Augusto Velloso, de Raul Velloso, de Alberto Silva... Eles se movimentaram porque os técnicos agora fizeram um laudo, em 1988, e tentaram tirar de Parnaíba uma ZPE, o sonho, a semente plantada. É uma Zona de Processamento de Exportação. Eles têm benefícios, não pagam Imposto de Renda, IPI, Cofins e podem vender 20% para o mercado total. Ele teve dificuldade porque o Sudeste industrializado não quer concorrente.

Na visão de Sarney isso traria a diminuição dessa desigualdade regional, como quis Juscelino Kubitschek ao criar a Sudene e a Sudam, hoje fechadas. Eu digo: Presidente Sarney, é uma tristeza!

Quando eu era Deputado, eu vi um Deputado que foi Senador, pulou de lá para cá, até o apelidaram de “João do Pulo”, o homem mais inteligente que eu vi, foi chefe da minha companhia energética, e eu era Deputado Estadual com ele, uma das maiores inteligências. Ele dizia, Cristovam Buarque, que tinha dois brasis: o do Sul e o do Norte e Nordeste. A renda lá era o dobro da do Norte e do Nordeste. E no Nordeste havia dois nordestes. Naquele tempo só havia dois ricos: Bahia e Pernambuco. Os outros eram pobres: Piauí, Paraíba e todo o resto. Do maior para o menor, a diferença de salários mínimos era de quatro vezes. Agora, brasileiras e brasileiros, Luiz Inácio, nordestino, Presidente Sarney, é de 8,6 vezes a diferença do maior salário, que está em Brasília, renda per capita, para o menor, que está no Maranhão. E o Presidente Sarney pensou nessa ZPE, e estão aí...

Aí, agora, nesse renascer, querem isolar Parnaíba, porque falta estrutura - isso foi em 1988. Falta trem. Luiz Inácio, eu estou zelando por V. Exª. Ô Geraldo, eu vi o Prefeito da cidade de Parnaíba, eu vi o Governador do Estado, que é do PT, eu vi o Luiz Inácio, vi o Alberto Silva, idealista, que vocês conheceram, um engenheiro ferroviário, e eles falaram assim: em 60 dias os trens estarão funcionando, levando de Parnaíba a Luís Correia, ao litoral, e em 120 dias estarão funcionando para levar da capital até lá.

Não tocaram, Luiz Inácio, os “aloprados”, nem um dormente. V. Exª disse... V. Exª tomou banho no mar, que eu estou convidando aqui o Senador Cristovam Buarque e o Senador Geraldo Mesquita Júnior para conhecer, olhou as pedras do porto e disse: “Dez milhões de dólares um modelo reduzido.” Foi iniciado para terminar. E nada! Isso ficou como mentira, como é a CPMF.

Então, são estas coisas... Esta, sim, é uma bandeira boa para o PMDB, para o Presidente de Honra, que é o Senador José Sarney, o único Presidente que foi do PMDB que exerceu... Levantar estas ZPEs... A de Parnaíba, que ama o Presidente Sarney, a quem eu dei o título de cidadão parnaibano.

Então, aqui tem documentos de Lauro Andrade Correia, intelectual, ex-Presidente da Federação, que criou, na nossa cidade... Talvez ele tenha sido o melhor Prefeito, eu fui Prefeito, assim como Alberto Silva, mas tem coisas... Não é?! Nós realizamos muito, não vou dizer, mas tem coisas... O essencial é invisível aos olhos. Esse Lauro Correia deu para a cidade uma bandeira, um hino e o centro cívico. Ele manda um documento. Cristovam Buarque, eu não vou dizer que o Professor Iweltman é igual a você, mas é o que mais se aproximou, como São Francisco, de Cristo. É professor, é vereador, como Mitterrand disse que ia ser, é idealista. Ele está fazendo uma reunião marcada para se discutir, porque eles estão tentando tirar a ZPE de Parnaíba, porque não tem o trem para o qual o Luiz Inácio deu a palavra... Levou todos os votos, é lógico, mas não saiu...Todos os votos; e, agora, estão tirando.

É uma cidade que diminuiu. O domínio do PT é sempre isso. Aprenda, Geraldo, diminuiu a população em cinco mil. Foram embora, pois não têm esperança. Ernst Werner disse que a maior estupidez é perder a esperança de emprego, de trabalho. O Professor Iweltman fez um trabalho que mostra que diminuiu em mais de dez mil o número de matrículas naquela cidade; a renda per capita, segundo Joselito, agrônomo, é a metade, hoje, da cidade de Picos, em relação a São Paulo; e, nas belezas, ficou tão fraco esse domínio, que lá nós temos verdes mares bravios, o Delta, a Lagoa do Portilho e tal, o rio Igaraçu, que nos abraça, a Pedra do Sal, e nenhuma foi reconhecida como uma das maiores belezas naturais do Piauí; e sua gente, simbolizada por Evandro Lins e Silva. Então, nós precisamos dessas ZPEs.

Há também o trabalho de um empresário, um trabalho bem feito, chamado Renato Santos, que defende as ZPEs de Parnaíba. Olhe, ganhamos as eleições. Elias Ximenes do Prado, Deputado, Prefeito, eu estava com ele. Eu era o “primeiro-ministro”, Secretário de Saúde, liderei o PMDB. E terminava a primeira turma da Faculdade de Administração. Cheguei para o Prefeito e disse: “V. Exª não pode convidar todos os formandos, mas vamos pegar um e nomear Secretário de Administração, para simbolizar a crença no saber, no estudo.”

Sócrates disse que só tem um grande bem: o saber; só tem um grande mal: a ignorância. Luiz Inácio, quero tirar os “aloprados” que nadam no mar da corrupção e da ignorância de seu Governo. Esse é o diálogo. É isso que queremos. Não queremos nada pessoal. Deus já foi muito bom. Ele me fez nascer no Piauí, naquela praia, casar com uma mulher do Piauí, Adalgisa, ter quatro filhos piauienses. Meu filho Francisco Júnior, empresário, também manda um documento sobre as ZPEs.

Então, esse é o clamor por que venho aqui. Esse pedir, pedir, com humildade. Pedi e dar-se-vos-á, e a gratidão aprendi com minha mãe, Luiz Inácio. A gratidão é a mãe das virtudes.

Então, Vossa Excelência tem de ser agradecido, ganhou todas as eleições no Piauí. É dando que se recebe, e o que queremos é isso. Represento aquele povo, a verdade daquele povo. Lá, Vossa Excelência está rodeado de “aloprados”, mais do que aqui. É uma vergonha o número de “aloprados.” Muitos nunca trabalharam, nunca estudaram.

Ô Cristovam Buarque, o Estado vê. Sou neto do homem que foi o mais rico daquele Estado, teve dois navios, fábrica no Rio de Janeiro, ganhamos. Geraldo, nós vemos o meu patrimônio e o dos “aloprados” do Piauí. Não é o PT todo, não. O PT tem gente boa. O Vereador Jacinto Teles é um homem honrado, lutador. Outro dia pediu até a cadeia para a Presidente do PT; ele é Vereador do PT.

Há outro, João de Deus Cunha, denunciando, Luiz Inácio, o apagão. Há outro, Nazareno, Deputado Federal, correto, honrado. Aliás, eu disputei o Governo do Estado, ganhei no momento, mas ele é um homem de muita valia. Há gente...

Então, Luiz Inácio, isso é o que nós queremos de imediato. Presidente Sarney, foi V. Exª que plantou isto: PMDB, minha Bancada. No meu rosto, tenho as cicatrizes da luta, do trabalho. Já ganhei e perdi eleições, mas nunca perdi a vergonha e a dignidade. Essa é a coisa.

Nós estamos aqui para ensinar, Luiz Inácio. É o Piauí, que deu um Presidente a esta Casa, Petrônio Portella, Flávio Marcílio, da Câmara; o Piauí de Evandro Lins e Silva, de João Paulo dos Reis Velloso, dez anos sendo a luz do progresso num período revolucionário. Vinte anos de mando, nenhuma indignidade, nenhuma imoralidade, nenhuma corrupção. Eu represento essa gente e venho aqui pedir, Luiz Inácio, aqui que é o caminho e a verdade. Esqueça esses “aloprados” que o rodeiam e vamos buscar a verdade. Ajude-nos a enterrar essa CPMF. Nós faremos a lei boa e justa.

Está aí o Cristovam Buarque. Não há uma lei para educação? Por que nós reverenciamos aqui Pedro Calmon, João Calmon, Darcy Ribeiro? Todos os simbolizados fizeram uma lei boa e justa para a educação: 25%. E eu a cumpri como Prefeito, eu a cumpri, Luiz Inácio, como Prefeito e Governador.

Por que não há uma lei boa e justa, Senador Geraldo Mesquita, para a saúde? Eu vim debater a Emenda nº 29, para a saúde, essa picaretagem, esse negócio provisório enganando o povo, esse balcão de negócios e de falcatruas. A saúde não merece uma lei séria? Serão 12%, 13%, 14%, 11%? Este Congresso, em poucos dias, saberá. É o que nós queremos.

Por que não foi dinheiro para a saúde? Aí estão a dengue e a rubéola. A rubéola em Cristovam Buarque e em Geraldo Mesquita não é nada. Mas, em mulher gestante, o filho nasce monstro. Eu conheci alguns. Voltaram a malária e a tuberculose. Hospitais do Rio de Janeiro operam cabeça com instrumentos de marcenaria; em fraturas ortopédicas de coluna, são usadas talas de papelão.

Esses “aloprados” estão enganando Vossa Excelência, Luiz Inácio. Ó Deus, onde estás? Ó Deus, que atendeu a Castro Alves naquele grito do navio negreiro, atenda-nos! Luiz Inácio, a melhor conselheira que você pode ter é sua mulher, Marisa. Eu estou assim, porque ouço minha mulher, Adalgisa. É hora, Luiz Inácio, de enterrar essa mentira e de fazer nascer uma lei. O exemplo, Luiz Inácio, foi de Deus, que buscou e deu as leis para Moisés, mostrando que são as leis que governam.

Então, estamos aqui. Quis Deus, ali está Rui Barbosa, respeito à lei. O Piauí lembra Evandro Lins e Silva, de quem nos orgulhamos, e quis Deus estar presidindo esta reunião de sexta-feira, talvez a mais importante pelos pronunciamentos sérios, um homem da lei.

Luiz Inácio, vamos enterrar essa falcatrua que é a CPMF, que é toda mentira, e fazer nascer a verdade, a lei. Jesus disse, ô Cristovam. Ele falava: “De verdade, em verdade, eu vos digo.” Ele não falou “de mentira, em mentira, eu vou governando, Luiz Inácio.” A CPMF é mentira.

Façamos uma lei boa e justa, como Deus entregou a Moisés para melhorar o mundo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/11/2007 - Página 39938