Discurso durante a 204ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao septuagésimo primeiro aniversário de nascimento e o primeiro aniversário de falecimento do Senador Ramez Tebet, Presidente do Senado Federal, no período 2001-2003.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao septuagésimo primeiro aniversário de nascimento e o primeiro aniversário de falecimento do Senador Ramez Tebet, Presidente do Senado Federal, no período 2001-2003.
Publicação
Publicação no DSF de 08/11/2007 - Página 39298
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, ANIVERSARIO DE MORTE, RAMEZ TEBET, EX SENADOR, EX PRESIDENTE, SENADO, EX MINISTRO DE ESTADO, ELOGIO, VIDA PUBLICA, ETICA, CONTRIBUIÇÃO, DEMOCRACIA, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DO PIAUI (PI), PERIODO, GESTÃO, MINISTERIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Valter Pereira, peço permissão, diante de tantas autoridades presentes, Governador, Prefeitos, Senadores, Deputados, Vereadores, porque eu poderia esquecer alguns nomes, o que seria imperdoável, então, peço permissão para saudar todos naqueles que acredito sejam as mais abençoadas autoridades desta solenidade, o Rodrigo e a Simone, filhos do amor de Fairte e Ramez Tebet. Isso é muito importante.

Aprendemos, ô Simon, no livro de Deus, que ave boa dá bons frutos. Simon, V. Exª, Pedro Simon, lidera-nos aqui. E outro grande orador, que foi importante para o mundo, que não conhecera Pedro Simon, disse: “Nunca fale depois de um grande orador”. Vou ter de falar depois de vários bons, a oradora Marisa e o Pedro Simon. Isso foi Cícero, um Senador, quem disse.

Mas, Professora, Senadora, eu iria buscar lá na Grécia, mais atrás, o motivo disso. Existia um filósofo, Diógenes, que andava toda noite com uma lanterna. O povo de Atenas via Diógenes com a lanterna e indagava: “Que tanto procuras, Diógenes?” Ele disse: “Um homem de vergonha!” Aquele homem que Diógenes procurava nasceu em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul, e falava ali: Ramez Tebet.

Pedro Simon, a festa não é de Três Lagoas; não é do Mato Grosso do Sul; não é do Brasil. A festa é da decência e da virtude, bases da democracia. A festa é essa.

Mesmo tendo a dificuldade de falar depois de um Simon... Ô Jarbas, atentai bem, aqui está o PMDB dos sonhos de Ramez Tebet. Está vendo, Valter Pereira? Ali estão Pedro Simon, Jarbas Vasconcelos. Estamos aqui. É esse!

Mas, meu cirurgião - este é que é o “mão santa” mesmo, porque está lá, operando. André Puccinelli, médico cirurgião famoso. Olha, interessante a vida... 

Eu operei. Vou fazer 41 anos na profissão de médico. Deixei quando entrei no Governo, porque são muitas as complicações. V. Exª as está vivendo. Mas o interessante é que tive os meus pacientes mais importantes depois. Vamos dizer, era híbrido e me entreguei feito Governador do Piauí, como V. Exª, do Mato Grosso do Sul, mas encontrei, André, uns doentes muito importantes na minha vida, embora tenha vivido na medicina e, como V. Exª, tenho feito da ciência médica a mais humana das ciências e do médico um grande benfeitor da Humanidade. Mas é comum. Aqui está o exemplo: Juscelino Kubitschek era médico como nós, André Puccinelli.

Mas, Pedro Simon, tive dois pacientes muito importantes durante toda a vida. É o destino. Mário Covas. Não que eu fosse, mas o era. De repente, eu, Governador do Estado do Piauí, e ele, de São Paulo, na mesma época. E ele sofreu aquele drama todo. E nós chegamos. Eu era assim um confidente, não vou dizer um padre. E eu sempre, eu tinha de apelar, não para a cirurgia. Eu sabia que ele era atendido por luminares da ciência oncológica. Mas, besteira. Não vale nada. Tu estás engordando, ele chegou a me dizer. Aí, eu não vou deixar de engordar não, porque eu gosto de comer pastel. E saí para comer pastel com ele.

Mas o Mário Covas se encontrava naquele drama.

Atentai bem. Quando havia reuniões de Governadores, a pergunta era: O Mário Covas vai? Se ele não fosse, não havia.

Era o homem mais honrado e mais correto que eu conheci. Mas a doença dele se aproximava, porque, quando tinha, ele extravasava os problemas. Eu era o companheiro, o confidente, o médico e ia levando.

Ramez Tebet, depois. Eu o conhecia antes daqui. Aliás, não gostei da eleição dele para Presidente do Senado. Daí eu trazer, aqui, a gratidão do povo do Piauí, porque ele era Ministro da Integração Regional.

Jarbas, nenhum Ministro ajudou o Piauí como o Ramez Tebet. Aquele açude que apareceu esses dias na Globo, no Fantástico, eu concluí com a ajuda deles, o Petrônio Portella, Piracuruca, Mesa de Pedra, Salinas, dezenas e dezenas. Então, eu não gostei, porque nós perdemos o grande Ministro da Integração. Tanto é verdade que, traduzindo o respeito, a gratidão, o reconhecimento do povo do Piauí, eu outorguei a Ramez Tebet a maior homenagem: a Grã-Cruz da Ordem Estadual do Mérito da Renascença do Piauí. Aí chegamos aqui, bem ali, sentados, e ele começou a falar da doença.

Eu tinha perdido o cliente Mário Covas, meu companheiro Governador. E ele começou a contar, e eu, nesse otimismo, porque eu sou daqueles que acham que “a maior estupidez”, Pedro Simon - aliás, não fui eu quem disse, eu não vou roubar a frase do homem; foi Ernest Hemingway, no seu livro O velho e o mar -, Papaléo, ele diz: “é perder a esperança”. Então, Ramez Tebet começou a dizer ali - o André conhece -: “É, eu tive que operar, tive um câncer. Tiraram um rim”. Eu digo: “Besteira, moço. Besteira, isso lá vale nada. Tem dois, Deus é que sabe das coisas. Tem nada. Eu tirei foi muito rim lá na Santa Casa de Parnaíba.” Está tudinho... Eu vou morrer antes, o outro substitui, tira aquele, não é? Aí ele disse: “Não, Mão Santa”. Eu disse: “Ora, rapaz, espera, lá na Santa Casa, não tinha nem análise patológica, radioterapia, no Piauí, hein? Eu tirei, e os doentes estão aí, né?” E ele: “É. Mas não é assim, há vinte anos atrás eu tive um CA...” Aí é aquilo, né? Então, eu era, como fui do Mário Covas, o confidente, e acompanhando. E eu na mesma psicologia, nunca tirando a esperança: “Isso lá vale nada, rapaz. Vamos para frente, hein? Tem dois rins”. E ele: “Não, não sei”. E ele enfrentava.

Olha, nós já vimos muito doente, mas um homem mais - como o outro, Mário Covas, também -, de coragem, de firmeza; nunca se queixou de nada, apenas contava aquele calvário, a radioterapia, a quimioterapia, ele, que era um homem bonito, simpático, os cabelos caindo, e aquilo...

E eu dizia “Ramez, isso é assim mesmo; é a medicina.” Cadê o Moka? Um dia, esse Moka que estava aqui, foi candidato a Líder da Câmara. Ele já estava: “Mão Santa, vamos lá.” Aí, fomos. Ele, já sem força, pediu para dar uma parada ali: “Mas eu tenho de ir lá dar apoio, mobilizar, arrumar voto. Ele é meu afilhado.” Esse é o Moka. Ele era esse lutador. E ali, e eu aqui para estar olhando.

Ele encantava a todos. Eu contei a minha Adalgisa, que é a Fairte dele, que haveria essa solenidade. Aí, ela foi buscar essa gravata e disse: “Essa aqui foi o Ramez Tebet que lhe deu.” E isso tanto é verdade, Pedro Simon, que, no meu gabinete do Senador da República, só tem retrato de três homens, só de três homens: um, quando eu governei o Piauí, eu fui convidado pelo Padre Tonico, pela Igreja, a ser abençoado pelo Papa, o João Paulo. Em dezembro de 1995, estamos lá, entrando, eu e Adalgisa, e o Padre Abençoado. Outro retrato é meu, eu era muito novinho. E vocês têm de aprender, ó gente de Mato Grosso do Sul. Eu sou orgulhoso dos homens do Piauí. Eu só conheço um que se compara a Rui Barbosa: Evandro Lins e Silva, jurista.

É. Do Supremo Tribunal Federal. Não precisamos buscar exemplos outros, só no piauiense Evandro Lins e Silva, que, na ditadura, enfrentou os militares, mostrando que a Justiça era mais importante. E aqui, como Presidente - está lá, tem um retrato meu, eu era novinho, Papaléo - Petrônio Portella. André Puccinelli, o Petrônio tentando fazer minha cabeça para largar a Medicina, a melhor coisa do mundo, para entrar nesse negócio de política. Eu, bem novinho. E está lá junto com Petrônio Portella, que é o nosso orgulho. Mas vocês não só têm o jurista como também o Presidente desta Casa. Vou contar um quadro, que vale por dez mil palavras. Já os funcionários que aí andam sabiam da nossa possibilidade, da nossa admiração. Marisa, e, naquela hora, eu vou saindo pela noitinha quando vêm dezenas de funcionários: “Senador Mão Santa, queremos lhe dar uma missão.” Perguntei; “O que é?” Eles: “É, sabemos que o Ramez Tebet se aproxima muito de V. Exª. Então, queríamos que você conseguisse...” Ele já estava nas fraquezas, vinha para cá, ficava ali - ô homem forte -, mas a gente já sabia os prognósticos não é?

Aí, eles disseram: “Nós queremos que ele vá ao nosso clube, porque nós queremos prestar uma homenagem a ele.” Eu olhei os funcionários e eles disseram: “Foi o melhor Presidente desta Casa para todos nós”. Eu sei que houve muitos, mas eu não posso analisar. Eu pensei até que havia sido o Petrônio Portella, porque é do meu Piauí, mas eu vi os funcionários. Tanto é verdade que todos nós... O Pedro Simon, uma vez eu o escolhi para o prefácio de um livro que nós publicamos. Deste aqui, o prefácio é do Ramez Tebet. Escolhi o Pedro Simon, do meu Partido, PMDB, que está ali, e o Ramez Tebet, fez o prefácio, em que ele diz:

(...) Por isso os piauienses o conduziram por duas vezes ao Governo do Estado, e por isso o escolheram como seu representante no Senado da República.

O coração do Senador Mão Santa pulsa no ritmo do coração do povo piauiense, e é a voz desse povo que fala por sua voz.

Mas eu queria dizer uma frase que nos enriquece e que está aqui no livro, em que ele dá um aparte num discurso aqui de 29/10/2003:

“Senador Mão Santa, V. Exª aqui tem um admirador. Um colega seu que uma vez esteve no seu Estado - V. Exª era Governador - e foi o suficiente para reconhecer a sua capacidade e seu dinamismo.

V.Exª ocupa hoje esta tribuna para defender, V. Exª não está atacando, V. Exª está defendendo aquilo que entende ser justo, principalmente para o seu Estado e para a região que representa.”

Esses são os estímulos. Esse é o significado de Ramez Tebet para nós que somos do PMDB. Ó Jarbas, nós sabemos a luta do PMDB. Vendo Ulysses Guimarães, Teotonio Vilela, Tancredo Neves, Juscelino Kubitschek, Ramez Tebet, ó Jarbas, valemos mesmo é pelos mortos? Os vivos que estão aí são vivos demais? Ramez Tebet, essa é a história.

Então, neste instante, para encerrar, com ajuda de Deus e exemplos, como homens de Ramez Tebet, ficará em nossa mente o nosso desejo de acertar. O PMDB, na sua grandeza, na sua plenitude, na pureza de Ramez Tebet, Pedro Simon, Jarbas Vasconcelos, Gerson Camata. Papaléo Paes era nosso. Ele morreu e voou pra os tucanos, no bom caminho. Agora, o Valter Pereira.

Estamos nesta mania de Copa, e vou falar em Copa. Vamos ser otimistas. Ramez Tebet era otimista. Lembro-me de que Pelé se contundiu, estava perdido e entrou Amarildo.

V.Exª, Senador Valter Pereira, é o Amarildo do nosso Partido. Tem que levantar e tem que seguir, tem que votar, como votava Ramez Tebet, pela paz e pela democracia. Ele deixou a salvação e vou terminar com palavras dele. Esse livro O Senado e os seus Presidentes, elaborado pelo Sr. Agaciel da Silva Maia, está aqui, ô Pedro Simon, o que deixou a luz, a orientação de Ramez Tebet não para Três Lagoas, para o Mato Grosso, mas para o nosso Partido, para o PMDB, para o Brasil, para a democracia, Jarbas.

O que diz Ramez Tebet em seu discurso de Presidente desta Casa. Consciente da situação do País, afirmou Ramez Tebet, faço dele as nossas palavras, a nossa luz:

O modelo econômico adotado, que tem o mérito da estabilidade da moeda e de proporcionar mais eficiência na prestação de serviços à população, ainda não se mostrou eficaz no combate às desigualdades sociais. Tenho a convicção de que o Brasil só será um país desenvolvido quando os brasileiros de todas as regiões tiverem iguais oportunidades de crescimento social e econômico. Esse é o nosso desafio e o desafio das próximas gerações.

E, para Presidente desta Casa... O meu candidato é o Pedro Simon. Seria o de Ramez Tebet como ele seria o nosso candidato.

E ele diz e orienta esta Casa para ela crescer e para defender a democracia e este Brasil.

O Congresso Nacional não é a Casa do radicalismo, da intolerância; o Congresso Nacional é a Casa da construção dos grandes debates, do entendimento.

Feliz o país que não precisa busca exemplos na história de outros países. O nosso exemplo é a vida de Ramez Tebet na política do Brasil.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/11/2007 - Página 39298