Discurso durante a 200ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

A revoltante situação do sistema público de saúde, que justifica a rejeição da proposta de prorrogação da CPMF.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE. TRIBUTOS.:
  • A revoltante situação do sistema público de saúde, que justifica a rejeição da proposta de prorrogação da CPMF.
Publicação
Publicação no DSF de 02/11/2007 - Página 38948
Assunto
Outros > SAUDE. TRIBUTOS.
Indexação
  • IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, COMENTARIO, DISCURSO, SENADOR, DEBATE, PROBLEMAS BRASILEIROS, LEITURA, CORRESPONDENCIA, CIDADÃO, DENUNCIA, PRECARIEDADE, ATENDIMENTO, SISTEMA UNICO DE SAUDE (SUS), JUSTIFICAÇÃO, ORADOR, REJEIÇÃO, CONTRIBUIÇÃO PROVISORIA SOBRE A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (CPMF).

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Senador Alvaro Dias, entendi que o Congresso é importante, quando ouvi um dos pronunciamentos mais belos desta Casa, que foi de Affonso Arinos, no episódio Getúlio Vargas, no crime do Major Vaz, Tonelero, Carlos Lacerda baleado. O DIP, Departamento de Informação e Propaganda, do Governo Vargas, dizia que não era verdade. Afonso Arinos, da tribuna, disse: “Será mentira o órfão? Será mentira a viúva? Será mentira o mar de lama?” E Getúlio teve que tombar. Esta Casa é forte. Com esse sistema de comunicação, o povo brasileiro está atento e busca a verdade, que é dita aqui.

V.Exª hoje fez um pronunciamento de alta importância, sobre as perspectivas da honestidade no esporte brasileiro. O Senador Mozarildo Cavalcanti fez outro, denunciando que as ONGs são capazes de retirar recursos da saúde. Como ele mesmo classificou, são crimes hediondos. Não é só roubar. Chamei de “cleptocracia”. Ele foi mais: hediondo, falou em crime hediondo. O povo está atento. Todos recebemos; recebo muitos e-mails, e é imediato. Queria, então, comentar dois muito atuais, com a paciência de V. Exª. Um deles é sobre saúde.

O Mozarildo estava ali, e o Mário Couto também disse: “Leia, é atual.

Aqui tem que ser assim: “Ouça a voz rouca das ruas”. Nós somos porta-vozes do povo. Norberto Bobbio disse que uma das grandezas do parlamento - nós sabemos que é fazer leis boas e justas, fiscalizar o governo - é denunciar. E estamos aqui. Então é o povo, um cidadão, no momento atual, quando se discute saúde, CPMF. Esse e-mail é dirigido a mim e ao Senador Mário Couto.

Sistema Público de Saúde, José Aparecido Novaes Rezende. Preste atenção, este é o quadro. Ô, Luiz Inácio, Vossa Excelência disse que o nosso sistema está atingindo a perfeição: vamos respeitar o povo brasileiro, a inteligência.

Então, como isto aqui, são milhares e milhares, que se repetem. É um, é o povo. Mandou o e-mail ontem.

Caro Senador, vou fazer um relato de um fato que seria cômico se não fosse trágico.

Essa é a vida do povo do Brasil, Mozarildo, nós conhecemos. Mas poderiam dizer: “O Mão Santa está numa posição, o Mozarildo é contra Romero Jucá, o Alvaro Dias é dos tucanos”, mas aqui é o povo. O verdadeiro povo brasileiro.

Eu, José Rezende, aposentado, fui a um posto de saúde do SUS para uma consulta com um urologista, consulta esta que venho tentando desde abril/07.

Conseguiu ontem, 31 de outubro, uma consulta urológica. Eu e o Mozarildo, que somos médicos, sabemos das dificuldades das disúrias, das estrangúrias, do problema das dores de cálculo renal, do sofrimento do paciente urológico.

         Olha que ele começou em 7 de abril e conseguiu em 31 de outubro, às 11h, no Ambulatório Regional de Especialidade Maria Zélia, situado à rua Jequitinhonha, nº 360.

Cheguei ao Ambulatório às 9:45h oras, um local com um prédio enorme e, no fim do terreno, um prédio menor, onde havia uma enorme sala lotada de pessoas aguardando consulta (mais ou menos umas 40 pessoas). Ao lado dessa sala havia uma outra sala que apresentava uma fila de umas 20 pessoas, que aguardavam chegarem a um guichê para receberem informações ou receberem uma senha para serem atendidas na sala anterior que já estava lotada. Após algum tempo, finalmente chegou a minha vez; e, para minha surpresa, aquela fila não tinha nada a ver com o meu caso. Todavia não havia nenhuma indicação, placa ou aviso do motivo daquela fila. Havia simplesmente a palavra informações. Informado de que deveria me dirigir ao outro prédio, distante uns 200 metros, para lá me dirigi e novamente me deparei com uma sala enorme, maior do que a anterior, lotada, e com uma enorme fila para um guichê de informações, com somente uma pessoa atendendo. Chegando a minha vez, fui informado de que a minha consulta seria no setor 4. Fui ao setor 4, enfrentei outra fila e finalmente encontrei o local onde seria atendido. Estava indicado para eu permanecer em uma sala onde havia 8 pessoas aguardando a chegada do médico, uma delas estava aguardando desde 7:30h, porém o médico ainda não havia chegado. Próximo das 11h, o médico chegou e foi iniciado o atendimento, Fiquei bastante surpreso porque as consultas foram muito rápidas, nenhuma delas chegou a 5 minutos, tempo muito menor do que as filas que eu havia enfrentado. Quando chegou a minha vez, também foi bastante rápido, o tempo suficiente para preencher duas requisições de exame e uma receita de medicamento. Fui, então, orientado para voltar a 2 (segunda fila de informações). Voltei à fila, aguardei a minha vez e, para minha surpresa, fui informado de que a consulta não poderia ser marcada naquela hora e que eu deveria voltar na semana seguinte as 6h da manhã, senão não conseguiria senha para marcar a consulta.

Quanto aos exames, fui encaminhado para o setor 6.

O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PSDB - PR) - Senador Mão Santa, peço a V. Exª síntese, porque temos de iniciar a Ordem do Dia. O Senador Tião Viana está prestes a chegar, para iniciar a Ordem do Dia.

O Senador João Pedro também está aguardando para falar.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - É para ver como é complicada mesmo a vida. É o sofrimento. E é bom, pois o Senador Tião Viana é médico - ele está bom para aprender.

Lá fui eu em uma nova maratona à procura do setor 6. Finalmente, após uma interrupção da conversa, fui finalmente chamado, entreguei a minha identificação e os formulários solicitados a uma atendente. Ela olhou minha identificação, meus formulários e me informou que seria melhor eu procurar uma outra entidade para fazer os exames, pois lá eu deveria esperar mais de um ano para ser atendido. Caro Senador, essa situação que estou relatando não sei como pode ser classificada de revoltante, repugnante, não sei o quê. Agora o Governo quer nova prorrogação da CPMF. Para quê? O que foi feito desse dinheiro até agora? Gostaria que essa situação fosse comentada no Congresso. Será que os petistas criaram um pouco de vergonha ao apoiar esse governo indecente onde se fala de falcatruas, desmandos e nada em favor da população permanentemente humilhada e sofrida. Obrigado pela sua paciência.

Aqui é o povo do Brasil!.

Essa é a razão por que devemos enterrar a mentira da CPMF, para nascer um imposto verdadeiro, que vá para os que sofrem de problema de saúde.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/11/2007 - Página 38948