Fala da Presidência durante a 204ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao septuagésimo primeiro aniversário de nascimento e o primeiro aniversário de falecimento do senador Ramez Tebet, Presidente do Senado Federal, no período de 2001-2003.

Autor
Tião Viana (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Sebastião Afonso Viana Macedo Neves
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao septuagésimo primeiro aniversário de nascimento e o primeiro aniversário de falecimento do senador Ramez Tebet, Presidente do Senado Federal, no período de 2001-2003.
Publicação
Publicação no DSF de 08/11/2007 - Página 39288
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • ABERTURA, EXPEDIENTE, SESSÃO, DESTINAÇÃO, HOMENAGEM, DATA, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, ANIVERSARIO DE MORTE, RAMEZ TEBET, EX PRESIDENTE, SENADO, SAUDAÇÃO, PRESENÇA, FAMILIA, AUTORIDADE, ELOGIO, VIDA PUBLICA, CONTRIBUIÇÃO, DEMOCRACIA.

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Nos termos do Requerimento nº 1.131, de 2007, de autoria do Senador Valter Pereira e outros Srs. Senadores, o tempo dos oradores da Hora do Expediente será dedicado a homenagear o septuagésimo primeiro aniversário de nascimento e o primeiro aniversário de falecimento do Senador Ramez Tebet, Presidente do Senado Federal, no período de 2001 a 2003.

Tenho a honra de convidar para compor a Mesa o Sr. Rodrigo Tebet, filho do homenageado, o Senador Ramez Tebet. Convido também o Exmo. Sr. Senador Valter Pereira, autor do requerimento.

Srªs e Srs. Senadores, Srs. familiares, amigos e representantes públicos presentes a esta homenagem, um ano após seu falecimento, uma palavra define nosso sentimento em relação a Ramez Tebet: saudade. A ausência física denota a lacuna que não pode ser preenchida. Permanece, contudo, pairando sobre nós, a imagem de alguém que soube ser grande nas pequenas coisas, preciso na palavra certa e modelar nos gestos irrepreensíveis.

Ramez Tebet foi professor que fez escola.

Do princípio ao fim de sua trajetória como homem público, dos cargos exercidos em seu amado Mato Grosso do Sul à cadeira neste Senado que tanto dignificou, foi sempre fiel aos princípios que abraçou, jamais permitindo que a firmeza das posições pudesse ser confundida com deselegância ou, menos ainda, com ofensa pessoal.

Ramez Tebet não fugiu dos desafios.

Ainda que nunca se arvorasse como o ser iluminado a se posicionar um degrau acima do comum dos mortais, sabia perfeitamente distinguir o essencial do secundário.

Na hierarquia dos valores, tinha a compreensão exata do que não se podia transigir. Teve a oportunidade histórica de demonstrá-lo aqui, entre nós, quando da crise profunda e desgastante que se abateu sobre esta Casa em 2001.

Naquele contexto difícil, cujos desdobramentos poderiam ferir mortalmente a política brasileira, Tebet foi convocado por seus Pares para reconduzir o Senado Federal ao seu leito normal.

Mal tendo assumido o estratégico Ministério da Integração Nacional, missão que lhe fora confiada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso e vivamente apoiada por seus correligionários, não teve dúvida em atender à convocação de seus Pares.

Assumiu a Presidência do Senado consciente do que lhe cabia fazer. Entregou-se de corpo e alma à tarefa de apaziguar e desarmar espíritos, a única desejável naquele ambiente momentaneamente conturbado.

Agiu sempre movido pela convicção de que, acima dos interesses e das visões particulares de pessoas ou de grupos, estava em jogo a própria credibilidade de uma instituição essencial à democracia e ao espírito federativo da República brasileira.

Na prática, Ramez Tebet foi bem mais do que um Presidente que apenas completava o tempo restante de um mandato inconcluso. Foi nesse período, inclusive, que a Universidade do Legislativo, idealizada pelo Presidente Sarney, ganhou impulso adicional.

Firme, sem que isso se traduzisse em arrogância, logrou permitir que a Casa retomasse suas tarefas rotineiras, propondo, debatendo e votando temas de interesse nacional.

Paciente, sem que essa característica marcante de sua personalidade se confundisse com leniência, impôs ritmo adequado às funções administrativas da Casa.

Culto e sempre aberto às idéias novas, ousou colocar de pé a recém-criada Universidade do Legislativo Brasileiro, convencido de que ali se gestava uma experiência fadada a contribuir decisivamente para a elevação dos padrões da cultura política em nosso País.

Orador brilhante, dono de estilo inconfundível, possivelmente lapidado por sua passagem como acadêmico de Direito da tradicional Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro, a todos encantava, magnetizando as mais diferenciadas platéias. De sua passagem por esta Casa, à qual foi reconduzido, aliás, pela esmagadora maioria dos eleitores de seu Estado, ficaram registrados cerca de seiscentos pronunciamentos, quase todos de improviso e sempre abordando temas cruciais para o Brasil.

Homem de visão, Ramez Tebet também marcou sua passagem pelo Congresso Nacional pela exata compreensão do sentido e da importância das reformas de que o Estado brasileiro tanto carecia. Sem temer eventuais prejuízos eleitorais que o embate contra interesses muito particulares pudesse suscitar, postou-se corajosamente na defesa dos projetos considerados indispensáveis à modernização do Brasil. Uma vez mais, agiu como autêntico estadista. Imbuído do mais elevado senso de responsabilidade política, não se furtou a aceitar a relatoria dos projetos de indiscutível complexidade, que estavam longe de obter a unanimidade da Casa. Justamente por isso, sua marca está presente em decisões fundamentais para a vida brasileira que o Senado Federal teve a coragem de assumir.

Homem de Partido, impressiona a trajetória de Ramez Tebet em seu Mato Grosso do Sul. Do antigo MDB, trincheira de luta contra o autoritarismo e pela volta do Estado democrático de direito, ao sucessor PMDB, transformou-se em referência na política estadual.

Um breve olhar retrospectivo mostra que ninguém o superou no papel de catalisador das lideranças políticas que fizeram a pujança de seu Partido no Estado.

De sólidas convicções religiosas, Ramez Tebet constituiu família exemplar. O legado que deixou aos filhos é o de um homem de fé, otimista quanto ao futuro do Brasil e visceralmente comprometido com a ação política assentada na democracia, na justiça e na consecução do bem comum.

À frente da Prefeitura de Campo Grande, sua filha carrega a bandeira que o pai soube empunhar com dignidade e autêntico espírito público.

Ao Senador e amigo Valter Pereira, meus efusivos cumprimentos pela feliz iniciativa de propor esta sessão.

Ao PMDB, Partido onde Ramez Tebet lutou o bom combate, o meu reconhecimento e o reconhecimento de todos os Senadores pelo trabalho em favor das grandes questões nacionais e da governabilidade.

À Bancada do Mato Grosso do Sul, bem como ao conjunto desta Casa, expresso meu desejo de que o exemplo de Ramez Tebet a todos nos ilumine.

Isso nos engrandecerá.

Isso fará um bem imenso ao Brasil!

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/11/2007 - Página 39288