Discurso durante a 211ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro do transcurso do Dia da Bandeira e reflexão sobre a democracia no País. Críticas à prorrogação da CPMF. Comentários a relatório do Tribunal de Contas do Estado do Piauí sobre inadimplência do Governo do Piauí.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. TRIBUTOS. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Registro do transcurso do Dia da Bandeira e reflexão sobre a democracia no País. Críticas à prorrogação da CPMF. Comentários a relatório do Tribunal de Contas do Estado do Piauí sobre inadimplência do Governo do Piauí.
Aparteantes
Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 20/11/2007 - Página 41043
Assunto
Outros > HOMENAGEM. TRIBUTOS. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, BANDEIRA, DETALHAMENTO, IMPORTANCIA, SIMBOLO, AMBITO NACIONAL.
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, TENTATIVA, PRORROGAÇÃO, CONTRIBUIÇÃO PROVISORIA SOBRE A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (CPMF), ELOGIO, KATIA ABREU, SENADOR, DESAPROVAÇÃO, CONTINUAÇÃO, CONTRIBUIÇÃO, PROTESTO, AUMENTO, CRIAÇÃO, CARGO EM COMISSÃO, DIREÇÃO E ASSESSORAMENTO SUPERIORES (DAS), DESRESPEITO, POPULAÇÃO.
  • COMENTARIO, LEITURA, TRECHO, JORNAL, JORNAL DO BRASIL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), DENUNCIA, CRESCIMENTO, INADIMPLENCIA, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO PIAUI (PI).

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Alvaro Dias, que preside esta sessão de segunda-feira, 19 de novembro de 2007, Srs. Parlamentares, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado: Televisão, Rádio AM e FM, Jornal do Senado, que, com muita competência divulga as sessões, e a Agência do Senado; Senador Alvaro Dias, o Dia de hoje, da Bandeira, foi homenageado com um pronunciamento de V. Exª.

Eu sei que o Presidente desta Casa, Tião Viana, fez uma festa em homenagem à Bandeira e que também, recentemente, deu uma entrevista em que não foi muito feliz. Naquela de Dinarte Mariz, que jocosamente, ô Senador Eurípedes, disse que esta Casa era melhor do que o céu, porque para ir para o céu tinha que se morrer, e aqui, não. Mas Dinarte Mariz disse aquilo jocosamente, ele que foi um bravo político. Aliás, Expedito Júnior, há um livro sobre ele escrito pelo nosso Agaciel. Ele foi um daqueles políticos típicos de Estados pequenos do Nordeste. Depois de sua luta, ele tinha sido governador de Estado, como eu, que governei o Piauí; como o Alvaro, que muito bem governou o Paraná. É uma luta! Então, ele, o Dinarte Mariz, disse aquilo em uma reflexão, Senador Eduardo Suplicy, no sentido de que os problemas de um Governador de Estado são enormes - e ele comparou.

Mas, Senador Alvaro Dias, eu vi a preocupação de V. Exª. Essa é uma homenagem à Bandeira, que é a Pátria. Esta Bandeira que aí está, Expedito Júnior. E eu falo com todo garbo, porque a bandeira do Piauí é a que mais se aproxima à do Brasil: as mesmas cores: o verde das matas e da esperança; o ouro das riquezas; o azul do céu; o branco da pureza de nossas mulheres, e o lema positivista. Este País recebeu uma influência extraordinária, naquele tempo, de Auguste Comte, filósofo positivista. E essa filosofia, Expedito Júnior, tinha o amor como princípio, a ordem como base e o progresso como fim. E, quando se deu o nascer da República, os nossos líderes bebiam dessa filosofia positivista de Auguste Comte. E colocaram “Ordem e Progresso”. E o Piauí, que veio atrás, a única diferença é que, ao invés de muitas estrelas, que significam nossos Estados, só tem uma, a maior do Cruzeiro do Sul, a Antares. Mas, cada um com sua história.

Atentai bem, Expedito Júnior! No Brasil, só conhecemos a República cem anos depois de ter nascido a democracia, pelo povo insatisfeito com os modelos de governo, onde predominavam os reis, pelo misticismo de dizer que o rei era um deus na terra, e Deus era o rei no céu. Mas, o povo sofrido deu o exemplo de sua força e foi às ruas gritando: liberdade, igualdade e fraternidade.

E isso resume; nasceu do povo esse modelo, que entrou mundo afora. Mas, aqui só cem anos depois. Cem anos! Fomos dos últimos, embora tenhamos que reconhecer que tivemos grande progresso com esse negócio de rei. O João VI quando veio para cá, com medo do Napoleão Bonaparte, trouxe trinta mil portugueses para a burocracia administrativa, o que representou um avanço em 1808.

E nós tivemos grandes reis! O nosso Pedro I. Olha que ele perdeu a mãe com um ano, o pai com cinco, ficou só; fez a Independência. Quando o seu pai lhe disse que, antes que algum aventureiro colocasse a coroa, que ele a colocasse na cabeça, referia-se a Simon Bolívar - esse aí que o Chávez anda decantando o nome. San Martín, na Argentina e no Chile, com as idéias libertárias, e Simon Bolívar no resto dos países latino-americanos. Então, estavam derrubando os reis. E o daqui conseguiu: fez a primeira constituição, um bravo, um herói. Tomaram o governo de Portugal, e ele deixou isso tudo para o filho, criança, Pedro II, e foi um herói. Chegou lá em Portugal e reconquistou o reino dele, tornando-se Pedro IV. Morreu muito jovem.

A história mostra isso. E o seu filho foi preparado: 49 anos! Ô Luiz Inácio, o Pedro II governou isso. Eu digo isto porque Luiz Inácio, outro dia, disse que estão falando do Hugo Chávez. Por que não falam de Tony Blair, da Margaret Thatcher, do Zapatero, de Helmut Kohl, da Alemanha, do Mitterrand - 14 anos, mas foi em eleição, porque a Constituição de lá define mandatos de sete anos - e sete mais sete são 14, ô Luiz Inácio.

Mas se o Luiz Inácio quer citar governos longos... Ô Alvaro Dias, ainda bem que ele não sabe inglês. Assim ele teria estudado a Rainha Vitória, que passou 64 anos governando. Parece-me que foi de 1837 a 1901. Mas o homem é o homem e a sua circunstância, Luiz Inácio - Ortega y Gasset. A circunstância, hoje, é dessa democracia, e a democracia foi se aperfeiçoando.

E o Tião, também não entendendo as coisas, disse que o Senado está sem estrelas. Ô Tião, nunca este Senado teve gente melhor do que hoje! Ô Tião, nunca este Senado teve tanta gente boa como hoje! Estrelas?! Aquilo foi o Dinarte Mariz, que, no momento, comparou com o céu.

Ouço o pronunciamento de Alvaro Dias hoje. Este Senado é a última... Olha a história de Roma, Tião Viana. Só dava certo quando eles gritavam: o Senado e o povo de Roma, o povo de Roma e o Senado. Aí, fizeram a Roma eterna, o Renascimento, a história, a democracia. Eles nunca, Alvaro Dias, se dessintonizaram. Temos de ser o povo; nós somos o povo. Aqui é o povo.

Ô Suplicy, o Senadinho de Cristo era composto por 13 com Ele - ou seja, só eram 12. Ele também teve o Senadinho Dele para fazer o planejamento Dele, baixar as normas Dele. Expedido Júnior, rolou dinheiro, rolou traição, rolou forca no meio de pão e vinho.

Este aqui também tem defeitos. O que há de ser? Mas entendo ser um dos melhores Senados da República. É o momento. Nunca antes na história, ô Suplicy, o Brasil esteve numa dificuldade como agora!

Eu sei da luta do Mário Covas, eu sei do Joaquim Nabuco, do Rui Barbosa. Nós estamos bem aí. O Fidel Castro existe. Eu estive em Cuba, eu sei. Eu não vou ter tempo para falar, mas eu entrei no Parlamento deles, Expedito Júnior. Ele disse que a democracia lá tem eleição, só não tem partido. Aí, eu fui. E a última eleição? Fidel Castro obteve 300 votos - e são 300 Parlamentares. O irmão dele, 300, e eles dizem que é uma democracia.

O Chávez existe, está aí. Eu falei do Simon Bolívar, mas o Chávez está aí. O mais sabido deles é o Correa, do Equador. Esse menos tempo do que o Fidel, do que o Chávez... Eu vi um deputado dele chorando ali, com medo de ser preso. Já fez...

A Bolívia está aí, com Morales. A Nicarágua está ali, e o Brasil está aqui. Luiz Inácio já mandou fazer pesquisas, Expedito. O que o povo... A democracia foi melhorando.

Luiz Inácio, eu o admiro! Eu votei em Vossa Excelência em 94, mas eu posso lhe ensinar História. Vossa Excelência é o maior líder do País. Eu não vou contestar a verdade, os números, mas essa democracia, uma das riquezas dele, Luiz Inácio, é a oposição. Governo, Suplicy, os índios tinham, na Pedra Lascada tinha. Sempre houve governo; oposição é que foi um aperfeiçoamento.

Rui Barbosa, 32 anos nesta Casa, o maior período dele, foi Governo, com Deodoro, com Floriano. Quando quiseram meter o terceiro militar, Luiz Inácio, o Rui disse... E vieram tentá-lo como estão nos tentando a todos. Agora mesmo, o Expedito Júnior disse: “Mas, Mão Santa, tu já mudaste?” Eles tentam.

Expedito Júnior, está ali Rui Barbosa, que também foi tentado quando quiseram meter o terceiro militar. Ofereceram-lhe de volta o Ministério da Fazenda, esse do Mantega, esse do dinheiro, a chave do cofre, esse com que todo mundo sonha! Alvaro Dias, ele disse: “Não troco a trouxa de minhas convicções por um ministério”. Ficou na oposição. Saiu, candidatou-se contra o governo, ganhou em Teresina do Piauí. Por isso estamos aqui. Entendeu, Expedito Júnior?

Olhe lá, ele venceu em Teresina. Nós somos um povo bravo. E eu quero lhe dizer o seguinte: ô Tião, Joaquim Nabuco foi oposição e engrandeceu esta Casa. Ele defendia os negros. Ele ficou sozinho, nem se reelegeu, e não pôde morar no Brasil, porque, Zezinho, ela era jornalista, e os jornais não queriam os artigos dele; ele era advogado, mas só os negros o procuravam, e não tinham dinheiro. Joaquim Nabuco teve de ir embora na oposição, mas foi reconhecido na Inglaterra, na França, em Portugal, no Chile, com o seu livro O Abolicionismo. E os escravos foram libertados.

Oposição é isso! Nós simbolizamos essa última. Ô Tião, nunca dantes um Senado foi tão acuado. Por quê? Não vou citar entidades se o povo está vendo.

Ô Kátia, de todas as instituições... A UNE se vendeu, se entregou. A UNE e todas. Isso foi o que Chávez fez bem aí, na Venezuela. Desmoralizou a justiça. Estive na Venezuela.

Expedito Júnior, gosto muito do Sarney. É meu amigo do Maranhão. Quando cheguei aqui, no começo do mandato, houve uma representação lá, e ele me designou. E é bom, e eu fui. Eu contei isso tudo que aconteceu. Ah, vai nada!

Olha, um quadro vale por dez mil palavras. De repente... Ô Kátia, Kátia, você está ligando para quem? Para Cristina Kirchner, a Presidenta que está aí?

Eu e Adalgisa andávamos lá, Expedito Júnior, com um motorista que disse: “Senador, este é o Ministério da Justiça”. E começou a meter o pau até no prédio, para se ver como se faz a opinião pública. É um prédio diferente, mas não é feio, não. Vou dar um exemplo. Expedito Júnior, o arquiteto Niemeyer fez a bela Brasília. Se eu escolher o Almeida, um bom arquiteto de Teresina, ele vem fazer um prédio aqui diferente, bom, no estilo dele. Então, lá aconteceu isso. Caracas tem uma arquitetura, e o prédio do Ministério da Justiça tem uma arquitetura diferente. O povo pára, vaia e joga pedra até no prédio.

Eu, Senador da República, representando o Brasil, para entrar no Congresso, fiquei esperando um coronel permitir. Era bicameral, como aqui, mas o Senado lá foi fechado. Não tem essa história de se fechar o Senado? Lá, foi fechado. Juntaram as duas numa só. Aí há 90%, e deixaram 10% para fazer a galhofa. É isso o que querem fazer no Brasil. Fala-se em fechar o Senado, mas é o Senado aqui que está resistindo; é a última resistência.

Foi, no Senado, que vocês, brasileiras e brasileiros, souberam que, sobre a CPMF, a única verdade verdadeira estava com esta mulher bonita e verdadeira: Kátia Abreu. Tudo o mais é mentira: que é provisória, que vai para a saúde, que é só para branco - até isso eles disseram na mídia. Esse preconceito contra pretos não existe entre os brasileiros: quem é mais rico do que o Pelé? Tanta coisa se disse para meter idéias na cabeça das pessoas sobre a CPMF! Tudo mentira!

Foi o Senado que teve a coragem de dizer aqui, ô Luiz Inácio. Estamos desmoralizados. Diziam que o Renan era fraco, era de Alagoas. Mas este Senado da República, quando o PT quis levar a nossa Heloísa Helena para a fogueira, reagiu - não queríamos tocar fogo na bichinha, não; ela defendia os velhos, os aposentados.

Fomos nós que tivemos a coragem de dar um aumento de 16,7% para os velhinhos. Fomos nós aqui, Tião Viana, mas derrubaram, vetaram. O Presidente passou para 4% o aumento dos velhinhos aposentados do Brasil. Na última reunião, nós é que fizemos o alerta de que o jogo da democracia só é feito quando o veto vem para ser discutido, para saber quem está massacrando e acabando com os velhinhos. Ao mesmo tempo, aos aloprados que vivem em torno de Luiz Inácio, aos 25 mil que entraram neste Governo sem concurso, pela porta larga da safadeza, da malandragem, da corrupção e da incompetência, deram um aumento de 140%.

O Senado o único lugar em que vocês vão ouvir eu dizer que há, entre esses aloprados, quem ganhe R$10.448,00 - os DAS-6. Talvez o Luiz Inácio, tão atarefado, viajando muito - e muito enganado pelos aloprados -, não saiba, mas muitos deles ganham R$10.448,00. João Tenório, pense nos pobres de sua Alagoas!

Ô Luiz Inácio! Dona Marisa, encantadora mulher brasileira, diga para Luiz Inácio pegar a televisão e olhar a cara deste homem. Sou médico-cirurgião, e vêm uns aloprados aqui - aí é que nos envergonha, Tião -, com os números mentirosos desse Mantega, falar em saúde para mim! João Tenório, olha para cá! Em 16 de dezembro vou fazer 41 anos de médico, mas de médico mesmo, cirurgião de Santa Casa, e uns aloprados, com dados falsos, querem me convencer de que a saúde melhorou com a CPMF? A mim, que denunciei que o dengue ia dar no que deu, que falava que a tuberculose estava voltando, que a malária estava acabando com a Amazônia? Não é negócio desses americanos não, é a malária mesmo que voltou.

É esta a saúde: as filas, o descaso. A saúde está boa para mim, que sou Senador, para nós, para quem tem plano de saúde, para quem tem dinheiro. E esses aloprados querem convencer-me disso?! Desafio agora, Luiz Inácio.

O Luiz Inácio é gente boa, é caridoso. Ele fez caridade, ele deu o Bolsa-Família. Quem é que pode ser contra a caridade? Mas a verdade, aquela que Cristo disse, Kátia - “Eu sou a verdade, o caminho e a vida” -, é aqui no Senado. Que brava essa mulher que está aí! Pensaram que podiam tocar fogo na Heloísa Helena e resolver alguma coisa: veio a Kátia e colocou essa CPMF em seu devido lugar, e os aloprados estão todos envergonhados. Mentira na origem do nome, mentira que vai para a saúde, mentira que só branco paga, pois pobre paga mais.

Saúde. No Rio de Janeiro, neurocirurgia está se fazendo com material de marcenaria. Ô Suplicy, diga isso para o Luiz Inácio.

Não tem mais gesso no Rio de Janeiro, estão usando tala de papelão, galho mesmo para imobilizar coluna e perna.

Ô João Tenório, e as três cidadezinhas de Alagoas, do interior? Como estão?

Isto é o que eu quero dizer: não podemos construir uma sociedade partindo da mentira. Verdade é que este País tem 76 impostos - eu os li aqui num pronunciamento. Verdade é que, nos Estados Unidos, que são ricos, a carga tributária é de 22% ou de 23% do PIB. Verdade é que esses países que crescem estão tirando esse dinheiro de quem trabalha, de quem sabe produzir o dinheiro.

(Interrupção no som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Bote tempo aí, moça bonita. Eu é que te lancei à Presidência da República! Bote um tempo bom.

A SRª PRESIDENTE (Kátia Abreu. DEM - TO) - Senador, fique à vontade. Estenderemos seu tempo quando necessário.

O Sr. João Tenório (PSDB - AL) - Senador Mão Santa, V. Exª me permite um aparte?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Pois sim, vou já dar.

Estão estragando este País, estão transformando a democracia, lá de 1779, nascida nas ruas, numa cleptocracia, o governo do roubo. Aí se vão para a plutocracia: roubam e ficam ricos.

É o perigo, João Tenório!

E agora há esse campeonato da malandragem de quatro em quatro anos. A Copa é em 2014, João Tenório, a Copa é de quatro em quatro anos. Eu votei em 2003, quando disseram que ela ia acabar. A CPMF também é de quatro em quatro anos, mas agora é uma copa da malandragem, da falcatrua, da picaretagem. Como vamos permitir isso? De quatro em quatro anos, a mesma coisa. Vamos dar DAS, vamos dar mensalão, vamos dar obras para aquele, vamos dar dinheiro, vamos dar emprego... Está aí nas revistas: tem cargo na Petrobras em que aloprado está ganhando R$41 mil por mês. Quatro em quatro anos! Se deixarmos passar isso, estaremos instituindo a copa da malandragem, a copa da safadeza, a copa do mensalão. Temos de acabar com isso agora, João Tenório! Este Senado se afirma agora ou nunca mais. É agora!

O Senado e o povo de Roma. O Senado e o povo do Brasil. Disseram que esse dinheiro vai se acabar. Não vai se acabar não, João Tenório! João Tenório, esse dinheiro vai ficar na mão de quem presta, vai ficar na mão da dona-de-casa, vai ficar na mão do pai, do trabalhador. Pouco? Para eles, não; para eles, é muito, para pagar a consultinha, o remédio que o Governo não dá, a educação dos filhos. E é isso.

Este Senado só tem esse instante para se engrandecer. E quero lhe dizer, Padre Antônio Vieira disse, ô Kátia: “Um bem nunca vem só.” Mas eu digo: um mal nunca vem só. Lula, nós fomos clementes. Lula, no desespero, disse: “Foram os aloprados que fizeram tudo.” E nós podíamos ter pedido o impeachment dele.

Ô João Tenório, comparar com o caso Collor... Foi Mobral, foi negócio de brinquedo, foi pecado venial em relação ao que tem por aí.

Mas acreditamos em Luiz Inácio, nós todos do Senado. O homem clamou: foram os aloprados. O STF, nomeado por ele; o Procurador-Geral carimbou: foram os aloprados. E fomos clementes; e o povo, clemente, consagrou e pediu, ô Luiz Inácio. Mas o Padre Antônio Vieira disse que um bem nunca vem só e eu digo: um mal também nunca vem só, ô Kátia.

E aí vai. Escândalos, Jornal do Brasil, ô Tenório, ô Sibá, ô Suplicy, você é de São Paulo, tem aquele complexo entre São Paulo e Rio de Janeiro. Este é um jornal do Rio do Janeiro, Jornal do Brasil, bota grandão: Escândalos que acontecem no... É de Weiller Diniz, Informe JB, escândalo, é no Piauí! O Piauí também propagou a epidemia. A dengue não está aí? Não é uma epidemia? A corrupção também chegou lá. Epidemia...

O Governador do PT, da escola dos aloprados... Aí era aquele negócio de eleição, não tinham dinheiro e tiraram um empréstimo consignado. Sabe o que é isso? Tiraram um empréstimo para pagar aos funcionários. Tirou o dinheiro do banco. Está aqui o relatório, Jornal do Brasil, repórter Weiller Diniz. Os números são grandes, mas é para os funcionários receberem o 13ª mês.

João Tenório, aí passou, ganhou a eleição e o PT levou todos os votos, além desses outros que o País todo conhece, no Piauí. Mas nunca pagou os bancos. Então, aquele funcionário está com o seu nome no SPC, não pode comprar, está perseguido e tudo o mais.

Então, suspeitas no Piauí. “Além de prejudicar os servidores, o governo do Piauí deu calote em dois bancos federais.”

Mas o Banco do Brasil, para esconder, disse que comprou o Banco do Estado e, segundo o Heráclito, por galinha morta. Olhem o rolo! Eles estão escondendo isso.

Leio:

Suspeita no Piauí.

O relatório do Tribunal de Contas do Estado acrescenta ainda que alguns dos credores não receberam repasses em nenhum dos meses analisados e o volume do bloqueio ilegal do dinheiro dos servidores aumentou em 1.700% entre janeiro de 2006 e abril deste ano. Em janeiro de 2006, a diferença entre retenção e repasse ficou em R$3,7 milhões e em abril deste ano já totalizava R$67 milhões.

É isso que nós temos que ter em conta: é o Senado de Roma e o povo, é o Senado do Brasil e o povo. Nós temos que combater é isto: esses aloprados, essa roubalheira.

E isso é o Tribunal de Contas do Estado, órgão do Governo.

Suspeita no Piauí 2.

Eis a conclusão do relatório do TCE: “Constatou-se que uma parcela significativa dos valores retidos dos servidores estaduais não teve a destinação adequada, qual seja, as contas bancárias dos consignatários favorecidos. É imperioso, contudo, que sejam oportunizados (sic) ao responsável o contraditório e a ampla defesa, ocasião em que se poderá avaliar a correção de sua conduta e afastar o que, a princípio, resta configurado como prática penal prevista no art. 168 do Código Penal” (apropriação indébita).

É o Tribunal de Contas.

Então, é isso que está se instalando no Brasil. No Brasil, a nossa democracia está morrendo, está se transformando numa cleptocracia, o governo do roubo. E no futuro, Tião Viana, não vai ter estrela, não, vai ter só plutocratas, plutocracia; só os ricos que roubaram, que se aproveitaram para passar essas ignomínias, essas imoralidades.

Então, estamos aqui para denunciar.

E este Senado, entendo, não vai faltar com o seu compromisso. E o nosso compromisso - está na Presidência o Senador João Tenório - é com a democracia, é resguardá-la.

Luiz Inácio, a democracia hoje, modernizada, ouve a oposição. É condição sine qua non. Ela só é permitida se houver alternância no poder. A Marisa é uma Primeira-Dama ímpar, inatingível, de quem nos orgulhamos. Mas atentai bem para onde está o perigo: não é o Luiz Inácio, ele não oferece perigo a ninguém. Votei nele em 2004. É um cabra bom, simpático! Eu quero até tomar um “mangueirinha” com ele, uma cachaça, é um papo bom... O perigo, atentai bem, João Tenório - V. Exª é um empresário empreendedor -, é que são 25 mil aloprados que não sabem fazer nada. Nunca fizeram um concurso, nunca trabalharam e entraram pela porta - isso na Bíblia, abra a Bíblia, Suplicy! - larga da corrupção, sem concurso, e estão aí no serviço público, nos cargos de chefia! São 25 mil!

Para que se tenha uma noção, Senador João Tenório, o Bush, o líder da guerra, o rei da guerra, só nomeou 4.500; o Tony Blair saiu, o que entrou nomeou só 160 pessoas; Sarkozy, 350 ou 360. Então, são esses aloprados que estão atentando o Luiz Inácio. Quarenta ministros, e tem uns trinta que ninguém sabe, ninguém conhece, são aloprados também.

Então, eles estão vendo que, pelas regras da democracia, ou um raio cai aqui, porque aqui não é como o Boris Casoy que dizia: “Isso é uma vergonha!”, e evaporou-se. Para me tirar daqui é complicado. Por isso é que querem fechar o Senado. Então, a última resistência é zelar pela democracia, que é o maior patrimônio.

Senador Tião Viana, é esse o conceito que tenho. Aqui realmente não tem estrelas, mas tem homens com compromissos, e foi longa e sinuosa a chegada aqui. Já ganhei eleições, já perdi eleições, mas nunca perdi a vergonha e a dignidade. E isso eu acho que também a maioria. Está ali um do PT, Senador Eduardo Suplicy, homem de virtudes. Sei a riqueza que a família dele representa em São Paulo. Mas ele está aqui pela riqueza ética. Quando Vereador de São Paulo, Suplicy foi Presidente da Câmara e deu um choque, Luiz Inácio, de ética, de decência e de verdade.

Queremos que V. Exª tranqüilize a Pátria e dê um basta nos aloprados. Os aloprados estão vendo, eles têm as pesquisas - se fosse hoje, quem ganhava a eleição era José Serra. Os aloprados estão vendo e não querem arriscar. Estão fazendo a cabeça do Luiz Inácio: “Vamos ganhar a CPMF e, depois de ganhar a CPMF - somos os maiores mesmo -, colocamos o terceiro mandato.”

Ensinaram ao Luiz Inácio que a Margareth Thatcher ficou no poder 16, 17 anos; Tony Blair, Helmut Kohl... O Mitterrand ficou sete mais sete: quatorze anos. Duas eleições, porque lá a democracia é de sete anos. Mas não vá buscar neles solução, nem no Fidel. A Rainha Vitória ficou 64 anos, mas isso é outra história. Era 1837, e o reinado durou até 1901. Agora, é essa a nossa história.

Concedo a palavra ao Senador Suplicy.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senador Mão Santa, com respeito ao direito à reeleição, pode ficar tranqüilo que o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos assegurou, aos Senadores da Base do PT, que não há qualquer hipótese para se votar, no Congresso Nacional, o direito a uma nova reeleição presidencial. Com respeito ao assunto que V. Exª tratou na fase inicial do seu pronunciamento, eu gostaria de ler uma breve carta do publicitário Carlito Maia, datada de 16 de dezembro de 1991, em que ele, justamente, abordou o que V. Exª aqui mencionou: “‘Amor como base, a Ordem como meio e o Progresso como fim’, tripé em que se apoiou o filosofo francês Augusto Comte (1798 - 1857) para sistematizar a filosofia do positivismo, abraçada pelos generais anti-monarquistas, desaguando na República dos Bananas (15/11/1889). Mas na hora do dístico do novo pavilhão nacional, a confa: queriam o tripé de Comte, sim, mas implicaram com o ‘Amor’ (‘parece coisa de viado’, teria dito um), daí só Ordem e Progresso. Se fossem Acordem e Progresso, até que eu topava, mas, não, e deu no que deu. Amputaram a perna do ‘Amor’ no tripé, sempre caindo pelas tabelas, claro, tripé com duas pernas não se mantém em pé. Venho lutando, faz tempo, com o precioso apoio de Otto Lara, para que o ‘Amor’ esteja não só no lema como no coração dos governantes (os que o têm). Acho, porém, que uma bandeira sem vermelho não tá com nada: que tal um coração bem vermelhão na parte superior do globo azul do auriverde pendão? Como homem de comunicação, estou certo de que renderia boas manchetes na imprensa mundial. ‘Brasil tem amor na bandeira!’ O Brasil da gente se amando adoidado, a luz no fundo do túnel - uma glória. Então, vocês aí do Congresso? Amor, Ordem e Progresso! Salve o Amor! Viva o Brasil!”

(Interrupção do som.)

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Concluindo, Sr. Presidente: “Ah, só respeito a bandeira quando confio em quem a está empunhando”, conclui Carlito Maia, numa carta para o Painel do Leitor, da Folha de S. Paulo, em 16 de dezembro de 1991. Eu gostaria de informar, Senador Mão Santa, que essa idéia que nosso ex-colega Darcy Ribeiro também abraçou em O Povo Brasileiro, Otto Lara Resende, Carlito Maia e Jards Macalé, o cantor e compositor que fez um CD em homenagem a “Amor, Ordem e Progresso”, também abraçaram. A matéria foi objeto de projeto de lei, apresentado pelo Deputado Chico Alencar, na Câmara dos Deputados, justamente para que fosse acrescentada a palavra “Amor” à “Ordem e Progresso” na Bandeira brasileira. Entretanto, essa proposição, de 2003 - Projeto de Lei nº 2.179 -, recebeu parecer pela rejeição do Deputado Vic Pires Franco, com base em que “Ordem e Progresso”, incertos na Bandeira nacional, já se incorporaram ao inconsciente coletivo pátrio como representações de nossa nacionalidade, tendo, por tal fato, sido mantidos por mais de um século, embora, desde há muito, o positivismo tenha deixado de ocupar lugar relevante no pensamento brasileiro. Face ao exposto, ele opinou, no mérito, pela rejeição. Eu gostaria de dizer, Senador Mão Santa, que me parece que essa proposta tem sentido e quem sabe possamos considerá-la novamente, porque, se a matéria estivesse aqui para ser apreciada, se fosse votada a proposta do Deputado Chico Alencar, que hoje está no P-SOL, eu votaria favoravelmente à matéria.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Agradecemos a participação do Senador Suplicy quanto à homenagem ao Dia da Bandeira no nosso pronunciamento.

Não querendo mais exceder à bondade de V. Exª, que está superando todos os limites, eu apenas diria que, realmente, ninguém pode negar: Luiz Inácio, nosso Presidente, é o Líder majoritário deste País, e todos nós o aceitamos e queremos que ele acerte. Daí este pronunciamento, para que se respeite a alternância.

No meu Piauí, afastem-se todas as hipóteses, porque quero dizer que vim do Piauí orgulhoso.

Valter Pereira, no Piauí, houve um jornal cujo nome era Oitenta e Nove, dezessete anos antes de 15 de novembro de 1889.

Sibá, os intelectuais, o jornalista de Barras quis lembrar ao povo brasileiro a necessidade de se implantar a República. Foi como o profeta da República. Há dezessete anos, circulava em Teresina um jornal chamado Oitenta e Nove, e a nossa República foi proclamada em 15 de novembro de 1889.

Então, estamos aqui com esse mesmo ideal.

João Tenório, sei que sua Alagoas é a terra dos Governadores, mas Rui Barbosa ganhou as eleições em Teresina, no Piauí, e representou a firmeza daqueles nossos irmãos, que, em batalha sangrenta, expulsaram os portugueses.

Com a mesma firmeza: meu voto não se negocia.

Presidente Luiz Inácio...

(Interrupção do som.)

... o Pai-Nosso foi feito em 1 minuto, tem 56 palavras.

Aprendi no colo de minha mãe, Terceira Franciscana, que a gratidão é a mãe das virtudes: “Seja agradecido ao povo do Piauí, que o elegeu”, que elegeu o Governador do PT. E, no Piauí, hoje, V. Exª assumiu o compromisso com obras. O nosso porto, iniciado por Epitácio Pessoa; a nossa ferrovia, que Alberto Silva simboliza como engenheiro ferroviário; a nossa ZPE e as obras inacabadas.

Agradeça ao povo do Piauí pelo prestígio que sempre teve e construa as obras inacabadas.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/11/2007 - Página 41043